Más notícias do país de Dilma (106 – Parte Dois)

Enquanto a cortina de fumaça lançada pelo governo sobre reforma política fazia os jornais darem manchetes com uma quem sabe constituinte ou um talvez plebiscito, as más notícias da economia continuavam pipocando diariamente.

Por exemplo:

O governo federal consome R$ 611 bilhões por ano; com o PT, cargos comissionados chegaram a 22.417;

A Presidência vai comprar três batedeiras de bolo – por R$ 7.560,00;

O preço do maquiador de Dilma subiu 681%;

Só cinco de 42 obras para mobilidade urbana foram iniciadas. E só duas têm mais de 10% dos trabalhos feitos;

O IGP-M subiu 0,75% em junho e chegou a 6,31% em 12 meses;

O Banco Central reviu suas projeções para o ano e passou a apostar em cenário de menos crescimento e mais inflação;

Mais manobras contábeis: o governo mexeu de novo nas regras do BNDES, e o Tesouro repassará R$ 8 bilhões para Caixa Econômica; segundo escreveu Míriam Leitão no Globo, “a vida é curta para entender tanta confusão que o governo tem feito nas contas públicas. Elas são reveladas diariamente”;

A balança comercial teve déficit de US$ 3 bilhões no primeiro semestre, o pior resultado em 18 anos;

A Bolsa de Valores perdeu 22,14% no primeiro semestre, a maior queda desde 2008, o ano da grande crise financeira global

A produção industrial caiu  2% em maio, muito mais do que a previsão de analistas; perdas foram generalizadas;

A intenção de compra do consumir é hoje a menor em 11 anos.

Eis aí a segunda parte da 106ª compilação de notícias e análises que comprovam a incompetência do lulo-petismo como um todo e do governo Dilma Rousseff em especial. Foram publicadas entre os dias 28 de junho e 4 de julho.

A máquina inchada, caríssima (1)

* Reunião de 39 ministérios é a mais perfeita tradução de gigantismo, ineficiência e desperdício

“A presidente da República registra uma queda de popularidade abrupta e tão profunda como nunca antes se viu neste País e sua reação é convocar uma reunião ministerial. ‘Para mostrar que o Brasil não está parado.’

“Espetáculo síntese da estrutura mastodôntica de ineficiência inequívoca, de irrelevância administrativa e politicamente distanciada do que seria o critério de coalizão apoiada na execução de programas de governo.

“Tanto é que o Planalto sempre exibiu com certa jactância a indiferença funcional da presidente para com a maioria dos ministros.

“Em suas edições de domingo e segunda-feira, O Globo traz notícia sobre isso em dois retratos da máquina desenhados a partir de números oficiais. Um deles mostra a discrepância entre os orçamentos autorizados e o dinheiro aplicado pelo governo federal desde 2003, em saúde, saneamento, educação e transportes. Outro diz respeito ao custo da máquina ministerial.

“Para a saúde, apenas 39,3% dos R$ 50,6 bilhões disponíveis foram aplicados; em saneamento, 48,6% dos R$ 16,7 bilhões; na educação, 61,3% dos R$ 53,3 bilhões; em transportes, 60,5% dos R$ 118,5 bilhões. Pergunta inevitável: adianta destinar mais R$ 50 bilhões para programas de ‘mobilidade urbana’ e a totalidade do dinheiro dos royalties (ainda inexistentes) do pré-sal para a educação se o governo não dá conta de investir o que já tem?

“Os dados sobre as despesas com os 39 ministérios mostram que somam R$ 611 bilhões por ano: destes, R$ 192 bilhões gastos para pagar 984.330 funcionários. Havia 24 pastas no fim do governo Fernando Henrique, Luiz Inácio da Silva criou onze e Dilma Rousseff acrescentou mais quatro. A quantidade de gente em cargos ditos de confiança (ocupados pelo critério Quem Indica) é a maior desde 1997: 22.417.

“Precisa plebiscito para o poder público entender que assim não é possível? Não é a reforma política que dará resposta a isso. É – para usar um chavão – a vontade política de fazer as coisas de modo mais decente e eficiente.

“Digamos que nesse momento de queda de popularidade e intenções de voto não seja fácil a presidente da República propor uma alteração de hábitos. Em tese, os partidos já agastados com ela ficariam ainda mais conflagrados.

“Na prática talvez não seja assim. A pesquisa do Datafolha mostrou que sobrou para todo mundo: presidente, governadores e prefeitos. Só que a União, dona de todos os bônus quando as coisas vão bem, acaba arcando com o maior ônus quando as coisas vão mal.

“De onde cabe ao Planalto e à presidente Dilma Rousseff abrir o caminho para a recuperação. As propostas vazias de pactos, sugestões mirabolantes como a da Constituinte exclusiva e votação apressada de projetos no Congresso já se mostraram ineficazes.

“Podem até fazer frente à emergência, mas ficam vencidas quase que na mesma hora devido à impossibilidade fática de se acreditar na sinceridade (e, sobretudo, na consistência dos resultados) da correria.

“Uma reunião ministerial tampouco faz verão. É – usando outro lugar comum – mais do mesmo, remendo inútil para estancar a sangria. O remédio é ir ao ponto. O modelo causa revolta? Mude-se o modelo.

“O governo achou que acertou quando a pesquisa apontou 68% de apoios ao plebiscito. Foi até pouco, pois a população não se oporia mesmo a ser consultada. Como já se viu na discussão suscitada pelo tema, a proposta é mais fácil de ser apresentada do que de ser executada.” (Dora Kramer, Estadão, 2/7/2013.)

A máquina inchada, caríssima (2)

* Governo federal consome R$ 611 bilhões por ano; com o PT, cargos comissionados chegaram a 22.417

“É como se um paquiderme tentasse voar ou correr e seu peso o impedisse de avançar. Assim é o governo federal e sua gigantesca máquina administrativa. Nos últimos anos, com crescimento econômico fraco, o consumo dessa máquina é cada vez maior. Por conta disso, os manifestantes entoam nas ruas coros que cobram eficiência, e, agora, até mesmo quem pega carona nessa estrutura, como os partidos aliados, já defende o corte na carne. Especialistas avaliam que a União gasta muito e mal, e defendem uma reforma administrativa que reduza gastos, aumente a eficiência da gestão e enxugue o número de ministérios. Os números impressionam. A máquina administrativa do governo federal utiliza a mão de obra de 984.330 servidores para fazer seus 39 ministérios funcionarem – eram 24, no final do governo Fernando Henrique Cardoso; e 35, no último ano da gestão Lula. Hoje, o custo anual chega a R$ 192,8 bilhões só com o gasto de pessoal.

“Somando o custeio de todas as pastas do Executivo – sem considerar investimentos -, o valor é astronômico: R$ 611.053.640.813. Somente secretarias vinculadas diretamente à Presidência da República são 14 – a mais recente, a da Micro e Pequena Empresa, foi criada para dar lugar ao aliado PSD, que nomeou o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, crítico contumaz do PT.

“Na discussão emergencial que surgiu depois que as manifestações mostraram força nas ruas, o governo fez várias sugestões, ainda objetos de discussão. O PMDB, que ficou irritado por não ter sido consultado, embora tenha Michel Temer na Vice-Presidência, andou espalhando que uma das boas medidas seria a reforma administrativa, cortando, inclusive, nos ministérios do partido.

“Professor da Escola de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando Holanda Barbosa disse que o governo federal deveria pensar em fazer a reforma em até três anos: ‘A reforma administrativa deveria cortar metade destes ministérios. Não faz sentido ter os vários que temos aqui. Ela começaria dando exemplo de que estas pastas não deveriam ser usadas para a troca de apoios’, sugeriu o professor.

“Enxugar a estrutura ministerial também é uma medida apontada por Ruy Quintans, professor de Finanças, Economia e Gestão do Ibmec: ‘Os Estados Unidos governam o mundo com cerca de 15 ministérios. A gente tem 39. Será que precisamos de tantos?”

“Boletim Estatístico de Pessoal, feito pelo Ministério do Planejamento, mostra que o número de pessoas que tinham, em janeiro, cargo comissionado na administração direta, autarquias e fundações do Poder Executivo federal bateu recorde. Chegou a 22.417, o maior desde 1997, quando teve início a série histórica.” (Chico de Gois e Juliana Castro, O Globo, 1º/7/2013.)

A máquina inchada, caríssima (3)

* Presidência vai comprar três batedeiras de bolo – por R$ 7.560,00!

“A Presidência da República publicou um edital de licitação para comprar três batedeiras para equipar as cozinhas do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto. Vai pagar um total de R$ 7.560,00.” (Lauro Jardim, Veja, 3/7/2013.)

Um exemplo escabroso

* O preço do maquiador de Dilma subiu 681%!

“Os repórteres Fernanda Odilla e Filipe Coutinho cavoucaram uma cifra que poderia ajudar a doutora Dilma e o ministro Guido Mantega a entender os fenômenos da inflação de serviços e da prodigalidade com que se torra o dinheiro da Viúva.

“Em nove pronunciamentos em cadeia nacional feitos até dezembro passado, cada maquiagem da doutora custou R$ 400. Nos três ocorridos entre dezembro de 2012 e março deste ano, cada serviço custou R$ 3.125, uma alta de 681%. Nem quando Yara Iavelberg levou-a para um corte no famoso Jambert o realce custou tanto. Dinheiro público tem um zero a mais.

“No seu salão paulista, Celso Kamura, que cuida do visual da companheira em Brasília, cobra R$ 680 por um trato no cabelo e na estampa.” (Elio Gaspari, O Globo e Folha de S. Paulo, 30/6/2013.)

Governo incompetente, obras que não andam

* Só cinco de 42 obras para mobilidade urbana foram iniciadas. E só duas tê m mais de 10% dos trabalhos feitos

“Pelo ritmo das obras executadas pelo governo federal em parceria com estados e municípios desde 2011, o brasileiro não será beneficiado tão cedo pelos R$ 50 bilhões prometidos semana passada pela presidente Dilma Rousseff para resolver os gargalos de mobilidade urbana nas metrópoles. Se realizado, o investimento seria dez vezes maior que o previsto para as obras da Copa e mais que o dobro do previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para as grandes cidades. Infelizmente, não há motivos para a população se animar.

“Um estudo do cronograma de execução do PAC da Mobilidade mostra que boa parte dos R$ 18 bilhões prometidos para essas obras em 2011 — destinados às cidades com mais de 700 mil habitantes — ainda não saiu dos cofres do governo por causa de problemas como o vai e vem de decisões, a burocracia e a falta de projetos de estados e municípios. Dois anos e meio depois, apenas cinco dos 42 empreendimentos selecionados tiveram suas obras iniciadas, e só dois têm mais de 10% das obras realizadas.

“A mais adiantada delas é o BRT de Brasília, que vem sendo tratado de forma diferenciada por ser fundamental para a Copa. Boa parte dos projetos selecionados não tem projeto executivo pronto para ser licitado e, até no governo, ninguém crê que alguma dessas obras ficará pronta antes de 2014. Isso significa que se o governo repetir com os R$ 50 bilhões o que ocorreu com o PAC Mobilidade — alardeado como programa prioritário — nenhuma obra com esses recursos deve sair do papel antes de meados de 2016.

“Segundo o governo federal, os R$ 50 bilhões serão dinheiro novo, que se somarão aos R$ 22,4 bilhões destinados ao PAC Grandes Cidades, aos R$ 5 bilhões previstos para as obras de mobilidade da Copa e aos R$ 7,2 bilhões do PAC Médias Cidades.

“A análise das decisões tomadas pelo governo federal ao longo dos últimos três anos explica parte dos atrasos no PAC da Mobilidade. No segundo mês do governo Dilma, em fevereiro de 2011, o Ministério das Cidades publicou as regras para os investimentos neste programa. De acordo com a pasta, as cidades teriam cerca de 40 dias para inscrever suas propostas e, até a primeira quinzena de junho, seriam anunciados os selecionados para receber os recursos. A partir daí, os governos estaduais e prefeituras teriam oito meses para entregar os projetos detalhados, e as obras poderiam começar. Ou seja, pelo plano inicial, todas as obras deveriam começar no primeiro semestre de 2012. Não foi assim.

“Apesar de ter sido mantido o prazo para a entrega das propostas originais, o atraso começou na divulgação pelo ministério. Adiado duas vezes, o anúncio das propostas selecionadas acabou só ocorrendo em abril do ano passado — dez meses após o previsto, quando, pelo cronograma original, as obras já deveriam estar começando. Em seguida, foi a vez de o prazo para a entrega dos projetos detalhados também ser ampliado. Em vez de oito meses, os governos estaduais e prefeituras passaram a ter 18 meses para fazê-lo. Por causa disso, o governo federal até hoje não recebeu sequer os projetos de muitas das obras escolhidas.

“Pelo novo cronograma, a data-limite para recebimento dos projetos vai até 31 de outubro deste ano, 20 meses após a previsão original, e a data final para formalização dos contratos só termina em 31 de dezembro. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, diz que o maior problema para a realização das obras é a falta de projetos por parte das prefeituras e governos estaduais. Segundo ele, as alterações nos prazos foram feitas a pedido dos governos parceiros, que não tinham como entregar os documentos exigidos.” (Paulo Celso Pereira, O Globo, 30/6/2013.)

A inflação alta

* IGP-M sobe 0,75% em junho e chega a 6,31% em 12 meses

“O IGP-M variou 0,75% em junho, ante estabilidade em maio, com destaque para a alta dos preços no atacado, puxados pela cotação da soja no mercado internacional. Os dados foram divulgados ontem (27/6) pela FGV.

Em 12 meses, o índice – usado como referência para reajuste dos aluguéis – tem alta de 6,31%. ‘O resultado de junho interrompeu a desaceleração do índice vista desde setembro (0,97%) do ano passado. O número deste mês está impactado pelo aumento da soja, do preço do farelo de soja e um pouco do câmbio’, explicou Salomão Quadros, responsável pelo levantamento.

“Dos componentes do IGP-M, o IPA, que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do indicador, teve alta de 0,68%, ante deflação de 0,30% em maio. A soja em grão (11,38%) e o farelo de soja (18,34%) foram os grandes responsáveis pela alta. Para Quadros, no entanto, o aumento no grão é oriundo de especulações sobre se a grande safra americana esperada para este ano irá se concretizar. ‘Essa dúvida deixa de existir quando começar a colheita, em agosto ou setembro. Isso quer dizer que, se a safra for grande como se espera, essa alta será devolvida.’’ (Roberta Scrivano, O Globo, 28/6/2013.)

* O governo indica para o mercado que sua política vai continuar frouxa, sem combate de fato às causas da inflação

“O governo decidiu manter por mais dois anos uma das maiores metas de inflação do mundo – 4,5% com margem de tolerância de 2 pontos para mais ou para menos, na prática, apenas para mais, porque nada permite prever um combate mais sério à alta de preços. Com essa decisão, o governo indicou ao mercado a continuação de uma política frouxa. Fortaleceu, mais uma vez, portanto, a expectativa inflacionária. Não há tolerância à inflação, tem repetido a presidente Dilma Rousseff, mas os fatos desmentem seguidamente suas palavras. Como o Executivo continuará tolerante, o Banco Central (BC) será o responsável, como tem sido, por qualquer esforço real de estabilização dos preços. Abandonado por quase dois anos, esse esforço foi retomado, recentemente, com dois aumentos de juros. Consultores e especialistas do setor financeiro, no entanto, continuam projetando números bem acima da meta para este ano e para o próximo. É preciso fazer muito mais para mudar a expectativa.

“A meta de 4,5% começou a valer há oito anos, inicialmente com margem de 2,5 pontos, reduzida para 2 pontos a partir de 2006. A decisão de estendê-la até 2015 amplia a divergência entre a política brasileira e as estratégias seguidas em países com melhor desempenho econômico. Outros países latino-americanos têm crescido mais com inflação menor e anunciaram há alguns meses metas mais baixas para a alta de preços. Inflação elevada mais atrapalha do que favorece o crescimento, como tem sido lembrado em documentos do BC. Outros governos partilham dessa percepção. Em Brasília, parece ainda predominar a tese oposta, embora o País atravesse o terceiro ano consecutivo de preços em alta com crescimento abaixo de medíocre.

“Economistas do setor privado continuam elevando as projeções de inflação. As últimas estimativas apontam 5,87% para este ano e 5,88% para o próximo, segundo a pesquisa Focus, do BC, divulgada nessa segunda-feira. De acordo com a mesma pesquisa, os especialistas preveem para a taxa básica de juros um nível médio de 8,25% em 2012. Para o final do ano está prevista uma taxa de 9,25%. Os juros básicos, atualmente de 8%, devem, portanto, continuar em alta, mas sem derrubar a inflação em 2012 e 2013.

“O pessimismo do mercado é justificável. Juros básicos mais altos podem ter algum efeito sobre os preços, mas ele tende a ser limitado, quando outros componentes da política alimentam generosamente a demanda. A política fiscal continua expansionista, embora o governo continue prometendo ajustar as contas públicas às metas anunciadas. A maioria dos esforços, no entanto, é voltada para outros fins.

“O governo tenta manter os incentivos fiscais ao consumo e o crédito farto, impulsionado principalmente pelos bancos oficiais. Em mais uma demonstração de teimosia, as autoridades insistem nessa linha de ação, apesar do resultado pífio alcançado até agora. Ao mesmo tempo, o ministro da Fazenda e seus auxiliares se empenham na descoberta de truques contáveis para maquiar as contas públicas e disfarçar a continuada piora das finanças federais.

“O IPCA aumentou 6,5% em 12 meses e bateu de novo no limite de tolerância. De janeiro a maio subiu 2,88%. Só chegará a 4,5% se aumentar mensalmente 0,2% nos sete meses de junho a dezembro. Se o aumento médio ficar em 0,3%, já abaixo do padrão dos cinco meses anteriores, o resultado final será 5,06%. Essa projeção embute um considerável otimismo.

“Mesmo assim o ministro da Fazenda poderá anunciar mais uma ano de vitória no combate à inflação. Ele costuma falar sobre o assunto como se a meta fosse qualquer ponto até o limite de 6,5%. Oficialmente, é 4,5%. O resto é margem de tolerância, criada para acomodar problemas especiais. No caso brasileiro, no entanto, o problema especial é o próprio governo, incapaz tanto de promover o crescimento e a modernização da economia quanto a estabilização dos preços. Sem querer, o próprio governo reconhece a sua incapacidade, ao manter por tantos anos uma das metas mais altas do mundo.” (Editorial, Estadão, 2/7/2013.)

A economia estagnada

* BC revê projeções para o ano e aposta em cenário de menos crescimento e mais inflação

“Depois da decepção com o Pibinho no primeiro trimestre, o Banco Central já trabalha com um cenário de crescimento menor e preços mais altos. De acordo com relatório divulgado ontem, a previsão de expansão do PIB este ano passou de 3,1% para 2,7%. De outro lado, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 5,7% para 6%. O número poderia ser ainda pior se o BC não tivesse, na última hora, incluído nas contas a redução das passagens de ônibus anunciada por causa dos protestos nas ruas de todo o país. A queda das tarifas foi determinada após 7 de junho, último dia com informações incluídas no documento divulgado ontem. No entanto, os técnicos não atualizaram o valor do dólar, o que poderia jogar para cima as projeções de índices de preços.

“Segundo especialistas, o arranjo favoreceu o número do BC. O diretor de Política Econômica da autarquia, Carlos Hamilton Araújo, não explicou o motivo de não ter atualizado o valor do dólar. Disse apenas que ‘não era oportuno’. No fim do ano passado, a equipe econômica foi acusada de maquiar as contas públicas com manobras fiscais. Questionado se uma mudança não poderia afetar a credibilidade do BC, ele disse que não responderia ‘ilações’ feitas por uma repórter. ‘Não há (manipulação). Procuramos ser o mais transparente possível.’

“Para Antônio Madeira, economista da LCA Consultores, a decisão é justificável, mas acabou favorecendo o BC. ‘Atualizar o valor do ônibus é simples e mexer em câmbio significa ter de fazer alterações em todo o sistema, mas isso tudo jogou a favor do número do BC’, afirmou Madeira.

“Na avaliação do BC, a economia terá uma expansão maior dos investimentos: a projeção passou de 4% para 6,1%. Já o consumo das famílias, que tem servido como motor do crescimento, foi revista de 3,5% para 2,6%.

“O economista Sérgio Vale, da MB Associados, criticou o documento, afirmando que ele continua sem sinalizar os caminhos do banco e reforça uma visão de indexação da economia. ‘Ele tem uma visão de atividade ainda forte que não é mais o caso. É um documento para justificar o injustificável, dado que a decisão foi muito abrupta e totalmente diferente do que o banco pensava apenas algumas semanas antes, quando a inflação já estava muito elevada. Pior ainda, ela está sistematicamente acima de 4,5% há muito tempo’, disse o analista.

“O Banco Central admite que a inflação está alta. No entanto, para o diretor de Política Econômica, isso não significa fora de controle. Apesar de o BC afirmar que existe probabilidade de 29% de o teto da meta ser estourado neste ano, Hamilton acredita que a inflação terminará o ano menor do que os 5,84% vistos no ano passado. De acordo com ele, a promessa do presidente do BC, Alexandre Tombini, ‘está de pé’, apesar de a projeção mostrar o contrário. Carlos Hamilton lembra que a previsão oficial não leva em consideração as próximas ações do Comitê de Política Monetária (Copom), numa indicação de que a taxa de juros (Selic), que está em 8% ao ano, deve continuar a subir.” (Gabriela Valente, O Globo, 28/6/2013.)

* O Banco Central está mais pessimista; está tudo pior do que se havia imaginado

“O Banco Central está mais pessimista. Foi isso que ficou claro no Relatório de Inflação do segundo trimestre, divulgado ontem. A previsão de inflação subiu, e a estimativa para o PIB diminuiu. Algumas premissas foram alteradas para pior. O centro da meta ficou para ser atingido, algum dia, no próximo governo. Os juros continuarão subindo.

“A previsão de crescimento do PIB foi reduzida de 3,1% para 2,7%, enquanto a estimativa para a inflação subiu de 5,7% para 6%. Aí está o dilema: a inflação exige juros mais altos, o crescimento baixo pode ser uma barreira para a política monetária.

“O BC vinha prometendo uma inflação menor do que a do ano passado, que havia ficado em 5,8%. Só que nos vários cenários do Banco Central, o IPCA não irá para o centro da meta, de 4,5%, nem mesmo no primeiro trimestre de 2015.

“É por isso que vários analistas ontem mudaram suas projeções. Passaram a achar que os juros subirão mais e por mais tempo. Há economistas convencidos de que mesmo piorando suas estimativas o Banco Central ainda está sendo otimista.

“Na quarta-feira (26/6), no Congresso, o ministro Guido Mantega falou em buscar o déficit nominal zero. Não se comprometeu com data, mas só de falar nisso é curioso. Esse déficit nominal zero, ou seja, o equilíbrio nas contas públicas totais, após o pagamento de juros, é aquela proposta feita pelo ministro da Fazenda da época, em 2005, Antonio Palocci. A então ministra Dilma Rousseff achou a proposta ‘rudimentar’ e disse que era preciso ‘combinar com os russos’. (…)

Na linguagem do Banco Central, ‘o balanço de riscos para o cenário prospectivo se apresenta desfavorável’. Ou seja, está tudo um pouco pior diante do que havia imaginado antes.” (Míriam Leitão, O Globo, 28/6/2013.)

* Cresce o risco do pior dos mundos: a estagflação

“O Brasil corre um risco cada vez maior de caminhar para um quadro de estagflação — que combina inflação elevada sem crescimento econômico. Economistas afirmam que esse cenário ainda não está configurado, mas ganha corpo a partir de quando o IPCA roda acima do centro da meta de 4,5% há pelo menos três anos, e a economia cresce abaixo de seu potencial.

“Cálculos do governo e do mercado indicam que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) potencial brasileiro — espaço para o crescimento da economia sem gerar inflação — é de cerca de 3,5%, sendo que este ano dificilmente vai ficar acima de 2,5%. Em seu último relatório de inflação, o Banco Central reviu para baixo a estimativa de crescimento, que agora está em 2,7%. E projetou para cima a inflação, que já está em 6%.

“Já a pesquisa Focus mostra que as principais instituições financeiras do país vêm sucessivamente revendo para baixo a taxa de crescimento de 2013, que está em 2,46%. A inflação está projetada em 5,86%, embora o Banco Central esteja elevando os juros. ‘Num certo sentido, já temos características de uma estagflação. A inflação já se faz notar no bolso das famílias e isso incomoda. Como o governo tratou a alta dos preços como uma coisa episódica, demorou a elevar as taxas de juros. Agora, corremos o risco de os juros não serem fortes o suficiente para trazer os preços para baixo, mas terem poder suficiente para bater no PIB’, alerta o chefe do Centro de Estudos Monetários da FGV, José Júlio Senna.

“O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, lembra que os indicadores de inflação e PIB estão caminhando na direção oposta à desejada pelo governo, o que sinaliza um perigo de estagflação: ‘A economia cresceu apenas 0,9% em 2012 e este ano continua abaixo do potencial, apesar dos estímulos dados pelo governo. Já a inflação está bem mais perto do teto do que do centro da meta.”

“O ex-diretor do BC e chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, lembra que o termo estagflação foi criado nos anos 70 para descrever uma situação criada depois do choque do petróleo, quando boa parte do mundo entrou em recessão. Na época, o Brasil foi muito afetado porque não tinha fundamentos sólidos e a dívida externa era muito alta. ‘Lá atrás havia um risco real de insolvência. Isso não existe hoje, aliás, estamos longe disso’, diz Freitas.

“Mas o economista da CNC destaca que o governo não está conseguindo ganhar a confiança dos investidores porque a política fiscal não é clara e ainda há muita insegurança jurídica, o que compromete ainda mais o crescimento da economia: ‘O governo agora fala, por exemplo, em rever regras de reajuste para pedágios. Isso é mudar no meio do caminho, é ruim, gera um prêmio de risco.

“A mesma avaliação é feita pelo também ex-diretor do BC e presidente do Conselho Regional de Economia do DF, Carlos Eduardo de Freitas. Ele destaca que o governo não tem conseguido coordenar as políticas fiscal e monetária de modo que a inflação está subindo e a atividade não reage: ‘Há sintomas de estagflação. A política econômica dá sinais ambíguos e isso faz com que uma turbina bote o avião para frente e outra para trás. A presidente Dilma disse que não acreditava em políticas de combate à inflação que comprometessem o crescimento. Agora, ficou com mais inflação e menos crescimento.

“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considera a avaliação equivocada, já que a economia tem apresentado crescimento, e o governo tem conseguido manter a inflação dentro da meta. ‘Falar em estagflação é um equívoco enorme. Não tem estagnação na economia brasileira. Em estagnação estão os países europeus’, afirmou.” (Martha Beck, O Globo, 30/6/2013.)

As contas desarranjadas

* As falas de Mantega não convencem, e especialistas cobram ações concretas para melhorar as contas públicas

“O esforço do governo para mostrar que está comprometido com o equilíbrio das contas públicas ainda não foi suficiente para melhorar a percepção dos analistas sobre a economia. Especialistas afirmam que não basta apenas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter começado a falar claramente qual será o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) de 2013 ou afirmar que novas desonerações serão compensadas para não prejudicar o lado fiscal. É precisar fazer algo concretamente.

Em entrevista ao Globo, Mantega assegurou que qualquer renúncia adicional terá como contrapartida um corte de gastos de custeio ou um aumento de outros tributos. Na visão de especialistas, é preciso fazer logo mudanças na política fiscal.

O economista da consultoria Tendências Felipe Salto afirma que a estratégia utilizada pelo governo para fechar as contas, como o abatimento de despesas com investimentos e desonerações da meta de superávit primário ou a antecipação cada vez maior de dividendos de estatais, prejudicam a credibilidade do país e precisam acabar. ‘Como o governo fez uma série de medidas equivocadas, o quadro não vai se reverter apenas no gogó. É preciso mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mostrando que a meta de primário é outra. Também é preciso abandonar manobras como o abatimento de gastos do PAC e desonerações da meta’,  afirma Salto.

A meta oficial de primário de 2013 prevista na LDO é equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, diante da dificuldade de fechar as contas, Mantega já anunciou que vai abater do resultado R$ 45,2 bilhões com desonerações e investimentos, o que deixará a meta em 2,3% do PIB.

“Salto afirmou ainda que o governo elevou demais seus gastos e por isso vem precisando utilizar cada vez mais dividendos de estatais para reforçar as receitas. Ele lembra que o Tesouro Nacional tem emitido cada vez mais títulos a um custo elevado para reforçar o capital de bancos públicos, que depois precisam pagar dividendos à União. ‘O governo sempre utilizou dividendos no primário, mas agora essa receita chega a R$ 30 bilhões (por ano). Isso afeta a credibilidade’, disse Salto.

O especialista em contas pública Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), defende que o governo lance um plano de longo prazo mostrando em quanto tempo pretende chegar ao déficit nominal zero (que se dá quando o governo consegue pagar todas as suas despesas incluindo os juros da dívida pública). Mantega já afirmou que esse resultado pode ser atingido em alguns anos, mas não se comprometeu com prazos. ‘Um plano com prazo para se atingir o déficit nominal zero, devidamente aprovado pelo Congresso, seria um sinal concreto de compromisso com o equilíbrio das contas’, afirma Mansueto, acrescentando: ‘Acredito que o governo está, de fato, preocupado com a política fiscal, mas ele se colocou numa situação difícil, pois fez desonerações demais e tem despesas de custeio difíceis de cortar. Eu ainda não vi nenhum sinal concreto de mudança.’” (Martha Beck, O Globo, 1º/7/2013.)

* Mais manobras contábeis: governo mexe de novo nas regras do BNDES

“Ao mesmo tempo que preparam um corte adicional do Orçamento de R$ 15 bilhões para recuperar credibilidade, o Ministério da Fazenda criou mais uma manobra fiscal para ajudar a fechar as contas do governo. Desta vez, uma alteração contábil permite o ingresso de dividendos no caixa e reforça receitas para cumprir a meta fiscal do ano.

“ Decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União na sexta-feira (28/6) à noite alterou o estatuto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para incluir mudanças na forma de distribuição de dividendos para seu acionista, a União. A alteração no estatuto ocorre pouco tempo depois de o governo ter editado a Medida Provisória (MP) 618 que autoriza o Tesouro Nacional a injetar mais R$ 15 bilhões, em títulos públicos, para reforçar o capital do BNDES.

“ Os superdividendos pagos pelo banco têm sido uma das principais fontes de receita do Tesouro para reforçar o caixa do governo e engordar o superávit primário, que é a economia feita para pagamento de juros da dívida. Várias mudanças em 2012 permitiram um pagamento maior de dividendos: o banco lucrou R$ 8,2 bilhões e pagou R$ 10,6 bilhões ao governo.

“ As alterações na legislação, antecipando ou facilitando a entrada de dinheiro no Tesouro, são classificadas por analistas como manobras contábeis e fragilizam a credibilidade da política fiscal do governo. Ao julgar as contas de 2012, o TCU chegou a dizer que o País corre risco de ‘argeritinização’, pois não é possível saber, com antecedência, o que entrará na conta do superávit primário.

“ Ao mesmo tempo, em que pagou mais dividendos, o BNDES recebeu aportes do Tesouro por meio de empréstimos de longo prazo, que não entram no cálculo da dívida líquida do setor público. Esse vaivém de recursos é chamado de contabili dade criativa pelos especialistas, sem efeito fiscal efetivo.

“ Pelo decreto de sexta-feira, o banco fica autorizado a pagar dividendos complementares, antes que as reservas de lucro para futuro aumento de capital e para margem operacional atinjam os limites previstos. A permissão terá de ser dada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Assim, as reservas poderão deixar de ser constituídas e seus saldos distribuídos a título de dividendos. Para isso, é preciso que os recursos sejam compensados por instrumentos que sirvam como capital em linha com as normas bancárias.

“O reforço dos dividendos é fundamental para o governo cumprir o objetivo fiscal fixado por Mantega, de superávit primário de 2,3% do Produto Interno Bruto, chamada de ‘meta Mantega’. O objetivo, reforçado pelo pacto de responsabilidade fiscal proposto por Dilma Rousseff semana passada, foi assumido como resposta à crise de credibilidade da política fiscal. Mas é de difícil execução.” (Adriana Fernandes, Estadão, 1º/7/2013.)

* E mais manobras contábeis ainda: Tesouro repassará R$ 8 bilhões para Caixa, o que ajudará no pagamento de mais dividendos ao governo

“O governo montou mais uma operação financeira para receber dinheiro de bancos públicos em troca de emissão de papéis da dívida. A Caixa Econômica Federal recebeu um aporte de R$ 8 bilhões do Tesouro Nacional, que ajudará o banco a repassar ao governo dinheiro na forma de dividendos.

“Essa injeção de recursos do Tesouro, por meio de títulos vendidos no mercado, foi autorizada a título de cobertura do subsídio e dos riscos de inadimplência do banco com o novo programa Minha Casa Melhor de crédito para a compra de eletrodomésticos, móveis e computadores.

“Mas segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o aporte foi maior que o necessário para garantir o repasse de dividendos pela Caixa. O banco estava próximo de atingir o limite de capital permitido pelas regras de saúde financeira, que são conhecidas como acordo de Basileia.

“Sem esse aporte do Tesouro, a Caixa não teria como pagar dividendos ao governo, pois descumpriria regra de Basileia. No ano passado, a Caixa pagou R$ 7,7 bilhões em dividendos e teve lucro líquido de R$ 6,1 bilhões. Dividendos são cotas do lucro a que cada acionista tem direito.

“Analistas do mercado tratam esse tipo de operação para aumentar o pagamento de dividendos como manobras, chamadas de contabilidade criativa, porque não seguem regras conhecidas e sim, normas de ocasião como decretos publicados de última hora. O Tribunal de Contas da União (TCU), ao julgar as contas do ano passado, disse que manobras fiscais criam risco de ‘argentinização’ do País.” (Adriana Fernandes, Estadão, 2/7/2013.)

* “Ao dar seguidos tiros no pé, o governo só tem contribuído para a perda da credibilidade, fragilizando a economia em momento delicado”

“A política fiscal no Brasil está em descrédito, a ponto de essa desconfiança já se refletir no conceito atribuído ao país pelas agências internacionais de classificação de risco. Como reação a esse descrédito, declarações recentes da presidente Dilma e de autoridades fazendárias pareciam demonstrar que o governo iria este ano abandonar a chamada ‘contabilidade criativa’, pela qual buscara ‘melhorar’ a aparência dos resultados das finanças públicas nos últimos dois exercícios.

“Admitindo que o esforço fiscal será menos ambicioso em 2013 — superávit primário fixado em 2,3% do PIB e não em ilusórios 3,1% —, o governo prometeu atingir as metas recorrendo a um cálculo convencional, como, aliás, era feito no passado, quando o ajuste nas finanças públicas se tornara uma questão de sobrevivência da economia brasileira. Mas não basta o discurso, pois o governo está naquela condição da mulher de César: tem de provar sua sinceridade.

“Surpreendentemente, sob o pretexto de agilizar transferências de recursos entre o Tesouro e o BNDES (banco de fomento integralmente controlado pela União), o governo mudou regras relativas ao recolhimento de dividendos pela instituição financeira.

“Essa mudança deve originar uma receita extraordinária de R$ 1,2 bilhão para o Tesouro, mas é, outra vez, um truque no mesmo espírito da ‘contabilidade criativa’ que desencadeou esse processo de perda de credibilidade da política fiscal.

“Ao persistirem nessa prática, as autoridades econômicas não conseguirão convencer quem quer que seja da seriedade da política fiscal no Brasil. Não é por conservadorismo ou simples antipatia ao governo Dilma que as críticas à política fiscal se acumulam.

“A inflação está em patamar perigoso, no topo da meta que o Banco Central tem a missão de alcançar (6,5%). O xadrez da economia mundial está passando por um momento de mudanças expressivas, com os Estados Unidos voltando a atrair capitais, enquanto a China perde fôlego.

“Nesse quadro, os mercados financeiros se agitam, e as economias que estiverem em posição mais fragilizada podem sair chamuscadas. O risco de a inflação fugir ao controle, em tal conjuntura, não é desprezível, por pressão da desvalorização da moeda nacional. E isso sem que o país consiga sair da armadilha do baixo crescimento.

“É uma questão tão séria que o Banco Central resolveu adotar, internamente para avaliação dos rumos da economia, uma metodologia que acompanha a evolução das receitas e despesas do setor público sem levar em conta essas receitas e despesas extraordinárias, incluindo as resultantes da ‘contabilidade criativa’. Fica difícil entender por que o governo insiste em dar tantos tiros no pé.” (Editorial, O Globo, 3/7/2013.)

* “A cada dia o país fica sabendo de mais maquiagens feitas nas contas públicas”

“A vida é curta para entender tanta confusão que o governo tem feito nas contas públicas. Elas são reveladas diariamente. Em dois dias desta semana se ficou sabendo que o BNDES teve mudança de seu estatuto para transferir mais dividendos para o governo e receberá mais R$ 15 bilhões do Tesouro; a Caixa também receberá mais R$ 8 bilhões. E a Eletrobras terá capital de giro coberto pelo BNDES.

“O banco, que é feito para financiar investimento e que nos últimos anos tem entrado em operações polêmicas, agora vai emprestar R$ 2,5 bilhões para a Eletrobras usar como capital de giro, o dinheiro do dia a dia. Isso porque a estatal teve um prejuízo de R$ 6,8 bilhões pela mudança feita às pressas pelo governo no setor elétrico.

“O Tesouro tem montado operações financeiras para receber mais dividendos das suas estatais, e, por isso, as financia ou capitaliza com endividamento público. A dívida pública aumenta, mas isso não entra na contabilidade da dívida líquida. E com essas transferências o governo recebe dos bancos e estatais um volume expressivo de dividendos. Mais expressivos até do que os lucros auferidos pelas instituições. A Caixa pagou dividendos de R$ 7,7 bi e teve lucro de R$ 6,1 bilhões no ano passado. E agora recebe novo aporte de R$ 8 bilhões do Tesouro, a quem tinha pago os dividendos.

“A lista das criaturas é enorme. Teve a maneira como foi feita a capitalização da Petrobras, em que o dinheiro passeou tanto que dívida virou receita. Há descontos no superávit primário de gastos feitos. Descontam-se até as desonerações, o que significa contar como tendo entrado no caixa dinheiro do qual se abriu mão.

“Mas o mais nefasto é esse mecanismo de endividamento do Tesouro para transferir para os bancos públicos, que assim aumentam e antecipam dividendos. Segundo o Valor de ontem (3/7), o Tesouro Nacional recebeu R$ 3,6 bi de antecipação de dividendos do BNDES, Caixa e Banco do Brasil, em junho, para fechar as contas do semestre. É circular: o Tesouro se endivida, coloca nos bancos, que antecipam para o Tesouro dividendos.

“Essa máquina de fazer dinheiro sem limite pode ser vista no gráfico abaixo, extraído do blog do economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. Ele mostra o total de dinheiro emprestado pelo Tesouro ao BNDES, cerca de R$ 378 bilhões, e o que isso significa em termos de PIB: 8,3%. Para se ter uma ideia, em dezembro de 2007, havia apenas R$ 6,6 bi emprestados, o que correspondia a 0,2% do PIB. Em 2007, antes de tudo isso começar, o BNDES pagou R$ 924 milhões de dividendo ao Tesouro. Em 2012, foram quase R$ 13 bilhões.

“O governo fala em ‘robustez fiscal’ e ninguém mais acredita. Os números são gritantes, não há mais como esconder. O expansionismo do gasto público brasileiro se dá através desses mecanismos, e o governo afirma que tudo isso é ‘robusto’. Hoje, todo mundo já sabe que os números da contabilidade oficial brasileira não são o que parecem ser. A cada dado divulgado, gasta-se um tempo enorme para entender onde está o truque. Ele sempre está em algum lugar.” (Míriam Leitão, O Globo, 4/7/2013.)

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A crise maior é de confiança

* “Nenhum governo sem rumo preserva sua credibilidade por muito tempo”

“O governo precisará de muito mais que reservas acima de US$ 370 bilhões, uma boa safra e um nível de emprego ainda elevado para enfrentar com alguma tranquilidade os próximos meses e – bem pior – a aproximação das eleições de 2014. Para avançar sem grande risco, a presidente Dilma Rousseff terá de reconquistar a confiança geral em sua política e, portanto, no futuro do País. Nenhum governo sem rumo preserva sua credibilidade por muito tempo, e a falta de rumo e de realizações relevantes é hoje evidente até para os menos informados. Os mais informados perceberam a piora do quadro econômico há muito mais tempo e isso explica a hesitação dos investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros. Mas o mal-estar é hoje muito mais amplo do que há alguns meses. A profusão de bandeiras e de cobranças nas manifestações de rua das últimas semanas é sintoma de algo muito mais sério que falta de foco. É uma reação às falhas dos administradores e políticos em todos os campos importantes para a maioria dos cidadãos, como a educação, a saúde, a tributação, o transporte, os preços ao consumidor e, naturalmente, a moralidade pública.

“Quem acompanha a economia percebe logo as turbulências em formação. Os dados continuam mostrando um cenário preocupante. As contas externas vão mal, o déficit comercial é disfarçado por exportações fictícias de equipamentos petrolíferos e o investimento direto estrangeiro é insuficiente para cobrir o rombo em transações correntes. Há um bom volume de reservas, mas ninguém pode prever quantos dólares serão necessários para conter uma crise de confiança mais grave. Um governo prudente evitaria esse risco.

“Há uma forte ligação entre a piora das contas externas, a fraqueza da indústria e o baixo nível de investimento. A queda de 2% em maio quase anulou o pequeno crescimento da produção industrial no ano. Além disso, a fabricação de máquinas e equipamentos voltou a cair, indicando uma nova retração dos investimentos empresariais. Mesmo a recuperação registrada estatisticamente nos meses anteriores havia resultado, em boa parte, da maior demanda de caminhões e de equipamentos agrícolas. Havia sido, portanto, concentrada.

“Também o consumo tem avançado mais lentamente, apesar do emprego ainda elevado e da oferta de crédito ainda generosa. Todos esses dados combinam perfeitamente com as últimas pesquisas sobre expectativas do empresariado industrial e dos consumidores.

“Longos anos de baixo investimento diminuem a eficiência e a capacidade competitiva da indústria e, portanto, seu potencial de expansão. O incentivo ao consumo pode produzir alguma animação temporária, mas os poucos benefícios gerados por essa política – veja-se a estagnação dos últimos dois anos e meio – já se esgotaram. Sem investimento, a geração de empregos tende a ser menor e, de alguma forma, os consumidores percebem esse perigo, como têm indicado as pesquisas.

“Diante da estagnação econômica, da inflação, dos protestos populares e da crise de confiança, o governo responde com a proposta de um plebiscito extemporâneo e com promessas de mais ações destinadas ao fracasso. O governo anuncia ao mesmo tempo a manutenção de incentivos ao consumo, truques contábeis para arrumar as contas públicas, improváveis cortes de gastos e mais impostos para reforçar as receitas do Tesouro. Bastaria isso para comprovar a desorientação da presidente e de sua equipe.

“A falta de rumo e as decisões erradas também se refletem no declínio do Ibovespa, o principal índice da bolsa. Esse indicador, dizem especialistas, é distorcido pelo peso de algumas ações, como as da Petrobrás. Mas o mau estado dessa empresa é consequência inegável de intervenções desastradas do governo. O desastre do Grupo X – mais um estouro de bolha – também é mais que um evento de mercado. Afinal, o crescimento desse grupo foi em boa parte facilitado pelo apoio financeiro do governo e pela ação política do ex-presidente Lula – mais uma aposta errada.” (Editorial, Estadão, 4/7/2013.)

E ainda tem outras más notícias na Economia

* Balança comercial tem déficit de US$ 3 bilhões no primeiro semestre, o pior resultado em 18 anos

“Com importações batendo novo recorde e as exportações em baixa, a balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 3 bilhões no primeiro semestre deste ano, o pior resultado para o período desde 1995, quando houve um saldo negativo acumulado de US$ 4,227 bilhões. As vendas externas somaram US$ 114,5 bilhões nos seis primeiros meses de 2013 e os gastos no exterior, US$ 117,5 bilhões. No acumulado do ano, o valor importado aumentou 8,4% ante o mesmo período do ano passado. Já as exportações caíram 0,7%.

“Entre as razões para o saldo negativo está o registro tardio de US$ 4,6 bilhões em importações realizadas pela Petrobras no ano passado, que só foram computadas no sistema no primeiro semestre de 2013. Por outro lado, as exportações de petróleo caíram 48,5%, devido ao aumento da demanda interna e à redução da produção pela estatal petrolífera no período. Segundo a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, se as operações de comércio exterior da Petrobras fossem excluídas das contas, haveria um superávit de US$ 8,9 bilhões.

“As compras de combustíveis e lubrificantes ocorreram em outubro, novembro e dezembro de 2012, mas não entraram integralmente no Sistema Integrado de Comércio Exterior. A defasagem foi possível graças a uma instrução normativa da Receita Federal que deu mais tempo para a estatal contabilizar as operações. Embora o governo negue manipulação dos números, na prática a medida fez com que o resultado de 2012 não fosse ainda pior. No ano passado, a balança registrou superávit de US$ 19,4 bilhões, o menor desempenho em 10 anos.

Se os US$ 4,6 bilhões tivessem sido registrados até dezembro, o resultado cairia para US$ 14,8 bilhões. ‘O motivo da instrução normativa foi uniformizar procedimentos de importação em diferentes portos do país. A obrigatoriedade é que os documentos sejam originais e, portanto, há um prazo maior para apresentação desses documentos. Antes, os fiscais aceitavam cópias’, explicou Tatiana no começo do ano.

“Além disso, caíram as exportações de semimanufaturados e básicos, principalmente por causa da crise na Europa. Nas importações, houve crescimento das compras em todas as categorias de itens: bens de capital, combustíveis, bens de consumo e matérias-primas.” (Eliane Oliveira, O Globo, 2/7/2013.)

* O rombo no comércio externo é ainda pior do que mostram as contas maquiadas do governo

“O buraco de US$ 3 bilhões no comércio exterior, o pior resultado no primeiro semestre em 18 anos, foi menos feio que o resultado real mascarado nas contas oficiais. De janeiro a junho, as exportações de manufaturados, no valor de US$ 42,77 bilhões segundo o governo, foram infladas com vendas fictícias, no valor de US$ 2,43 bilhões, de plataformas para extração de petróleo. Só em junho esse tipo de operação proporcionou uma receita meramente contábil de US$ 1,63 bilhão. Esse valor corresponde a dois terços do superávit comercial de US$ 2,39 bilhões registrado no mês pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A melhora efetiva na conta comercial, depois de um semestre de resultados muito ruins, foi bem mais modesta do que poderia parecer à primeira vista e combina muito com o desempenho ainda fraco da indústria.

“Mesmo inflada pela exportação fictícia de plataformas, a receita das vendas externas, de US$ 114,52 bilhões de janeiro a junho, ainda foi 0,7% menor que a dos primeiros seis meses de 2012. Ao mesmo tempo, o gasto com importações, de US$ 117,52 bilhões, foi 8,4% maior que o de um ano antes. Houve alguma reação em junho, mas bem menos notável que a indicada pelos números oficiais.

“Descontado o valor da plataforma (US$ 1,63 bilhão), a receita do mês ficaria reduzida a US$ 19,6 bilhões e seria apenas 1,29% maior que a de um ano antes. A variação teria sido menor 1,5% que a das compras externas. As importações começaram a crescer mais que as exportações em 2007. Essa tendência foi interrompida na recessão, mas logo ressurgiu.

“A erosão do superávit comercial, mais acentuada a partir de 2011, resultou de vários fatores com pesos diferentes em diferentes momentos. A valorização do real encareceu as exportações e barateou as importações. Isso resultou em parte da grande oferta de dólares, mas a inflação acentuou o desajuste cambial. Custos importantes, como o da mão de obra, reduziram o poder de competição dos produtores nacionais.

“Mesmo sem o aumento real dos salários, no entanto, os exportadores já estariam em desvantagem, por causa da tributação e dos problemas de logística, para citar apenas dois fatores de grande relevância. Além disso, erros diplomáticos dificultaram o acesso dos produtores a mercados do mundo rico e tornaram o comércio brasileiro muito dependente do Mercosul, de alguns compradores da vizinhança e da China.

“Uma das consequências dos vários erros cometidos pelo governo – na diplomacia e na política interna – foi a dependência crescente das exportações de commodities, isto é, de produtos básicos e semimanufaturados. Neste ano, as vendas desses dois tipos de produtos, embora menores que as de um ano antes, ainda proporcionaram, em conjunto, 60,4% da receita de exportações. As exportações de manufaturados (37,3% do valor total) aumentaram 0,4%, mas graças, em grande parte, à receita contábil das operações com as plataformas.

“A piora da conta comercial é evidente, apesar da confusão introduzida nos números pelas estranhas práticas do governo. Parte das importações de combustíveis e de lubrificantes de 2012 só apareceu nos registros neste ano. Nesse caso, a distorção foi limitada, porque as compras ocorreram e acabariam entrando nas contas. A distorção mais grave é a das exportações fictícias permitidas pelo Repetro, regime especial criado nos anos 90 e reformulado várias vezes na década seguinte.

“Por esse regime, uma empresa do setor de equipamentos para petróleo pode realizar uma exportação meramente contábil para uma subsidiária da Petrobrás. Esse mesmo equipamento é em seguida usado no Brasil mediante aluguel. O sistema foi criado para reduzir a tributação paga pela Petrobrás e por outras companhias dedicadas à pesquisa e extração de petróleo e gás.

“No mercado financeiro, a projeção mais recente é de um superávit comercial de US$ 6 bilhões, menos de um terço do obtido em 2012, de US$ 19,41 bilhões. No começo do ano, projetava-se um saldo de US$ 15 bilhões.” (Editorial, Estadão, 3/7/2013.)

* Bolsa perde 22,14% no primeiro semestre, a maior queda desde 2008, o ano da grande crise financeira global

“A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o primeiro semestre com uma queda de 22,14%, o pior resultado para o período de início de ano desde 1972. Quando se leva em conta também o período de fim de ano, a Bovespa teve em 2013 o pior desempenho semestral desde 2008, quando caiu 44% no segundo semestre. E o pior, segundo os analistas de mercado, é que as perspectivas não são boas.

“Só em junho foram registradas perdas de 11,31%, quase metade da queda acumulada em 2013. Trata-se do pior primeiro semestre do índice Bovespa desde 1972, quando houve queda de 31,44%, segundo levantamento feito pela empresa de dados financeiros Economática, a pedido do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Naquela época, o mundo enfrentava a crise do petróleo – que provocou recessão e elevou a inflação em vários países.

“Se a comparação for feita com todos os semestres, e não apenas com a primeira metade do ano, as coisas mudam. A eclosão da crise global em 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers, teve impacto maior nas ações do que a crise do petróleo. Na segunda metade de 2008, o Ibovespa registrou a maior perda semestral da história, com queda de 42,25%.

“Para o analista sênior do BB Investimentos, Hamilton Alves, boa parte da deterioração recente da Bolsa está relacionada à mudança no humor dos investidores, diante da apreensão sobre o fim dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). Quando o Fed retirar os estímulos para a economia, haverá redução de dólares no mercado e fuga de capitais dos países emergentes para os Estados Unidos. Os investidores já estão antecipando este movimento.

“Também pesa sobre a Bolsa o rebaixamento da perspectiva da nota de risco de crédito (rating) do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P). A ameaça de mudança na nota é reflexo das dúvidas sobre a política econômica e pode limitar a entrada de recursos no Brasil. ‘É um fator muito sério, porque impede muitos fundos de aplicarem no País’, disse Alves.

“Os protestos de rua também afetaram a Bolsa. Para acalmar os manifestantes, prefeituras, governos estaduais e governo federal suspenderam reajustes de tarifas de ônibus, de pedágio e de energia elétrica. Aos olhos dos investidores, aumentou o risco político de se aplicar recursos em companhias concessionárias de serviços públicos.” (Claudia Violante e Olívia Bulla, Estadão, 29/6/2013.)

* Economia para pagar juros da dívida ficou 26% menor que em 2012

“Em 12 meses, economia para pagar juros da dívida está em 1,95% do PIB, abaixo da meta de 2,3% para 2013 O setor público poupou R$ 5,7 bilhões em maio, 114% acima do superávit registrado no mesmo mês do ano passado. Apesar da melhora da arrecadação com receitas extraordinárias, a economia que o governo faz para pagar juros da dívida ainda está longe da meta, já ajustada, de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2013. Nos últimos 12 meses, o chamado superávit primário é de R$ 88,8 bilhões (1,95% PIB). No ano, o setor público economizou R$ 46,7 bilhões, 26% a menos que nos cinco primeiros meses do ano passado. Os números foram divulgados ontem (28/6) pelo Banco Central, que, pela primeira vez, anunciou que trabalha com três cenários para as contas públicas. Um deles, inédito, prevê a manutenção do superávit atual para o ano.

Nos cálculos do BC, se o superávit primário ficasse no nível atual, a relação entre a dívida pública e o PIB, o principal indicador da saúde das contas públicas, seria de 34,9%, praticamente estável em relação ao nível atual de 34,8%, que é o mais baixo registrado até hoje. Já o déficit nominal – o que falta para cobrir todos os pagamentos dos juros ficaria em 2,7% do PIB. Também é menos do que o acumulado nos últimos 12 meses (2,87%). O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, deixou claro, porém, que a autoridade foca no cenário que leva em consideração a meta prometida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Se o governo cumprir esse objetivo, a dívida/PIB ficará em 34,6% do PIB (o menor resultado da História) e o déficit nominal chegará a 2,4% do PIB, mais baixo que em 2013, quando foi de 2,47%. Segundo Maciel, o cenário central é de 2,3% do PIB.

Maciel ainda divulgou as previsões no caso de o governo cumprir a meta original de 3,2% do PIB. No entanto, elas não são nem levadas em consideração pelos economistas do mercado financeiro, que já descartaram há tempos a possibilidade de um superávit primário tão alto.

O gesto do BC foi visto por analistas como uma tentativa de mostrar que, mesmo se nada mudar, a situação não sairia do controle. A novidade, porém, aumentou o tom das críticas à equipe econômica. Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luiz Otávio Leal, o BC tentou ser esperto e mostrar que não será o fim do mundo se nenhum esforço fiscal for feito, não trará nenhum problema de solvência para o Brasil. No entanto, segundo o analista, divulgar um terceiro cenário causou mais incômodo. ‘Está uma confusão geral, e esses três cenários só mostram que nem o governo sabe onde vai chegar’, afirmou o economista. ‘Mesmo com esse crescimento no mês, as contas públicas mostram tendência de deterioração. O investidor percebe isso e pode piorar suas projeções para o Brasil, diminuindo o fluxo de dinheiro para cá’ – disse o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho.” (Gabriela Valente, O Globo, 29/6/2013.)

* “Desconfiança de investidor com o país derruba bolsa e pressiona o câmbio”

“A desconfiança cada vez maior dos investidores, especialmente os estrangeiros, com os rumos da economia brasileira provocaram um estrago ontem (2/7) na Bolsa de Valores de São Paulo. O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa, fechou em queda de 4,24%, maior perda percentual desde 22 de setembro de 2011, e encerrou o pregão nos 45,228,95 pontos, menor nível desde 22 de abril de 2009.

“Diversos profissionais atribuíram o resultado delicado desta terça-feira ao ‘conjunto da obra’, ou seja, ao cenário difícil no País, aliado ao pânico provocado pela derrocada das empresas do grupo X, de EikeBatista. ‘Foi um pouco de tudo. Produção industrial mais fraca, plebiscito, reformas, manobras fiscais do governo, tudo entrou na conta hoje (ontem)’, resumiu Hersz Ferman, da Elite Corretora, ao citar o desconforto do investidor com a situação da economia doméstica. Segundo ele, a parte macroeconômica do Brasil está fraca, com crescimento ruim e ‘política fiscal indo para um lado e monetária, para outro’, ‘Além disso, ocorreram manifestações e o governo começa a adotar medidas mais populistas que colocam em dúvida o ambiente regulatório do País’, disse.

“A queda das bolsas europeias pela manhã e as preocupações com o grupo X já sinalizavam, durante a manhã, viés de baixa para.a sessão, confirmada pelo resultado da indústria brasileira, que foi o estopim para as vendas. ‘Normalmente, a produção industrial não faz verão na Bovespa, mas hoje (ontem) as ordens de vendas partiram daí’, afirmou Pedro Galdi, da corretora SLW. A produção industrial recuou 2% em maio ante abril.

“A avaliação corrente é de que o governo não está conseguindo fazer a economia andar, como reforçaram ainda os números da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabravé) as vendas de automóveis e comerciais leves desabaram 11,08% em junho ante maio, Com inflação alta, dólar em trajetória de elevação e, agora, preocupação política, formou-se um cenário delicado para se investir nas ações domésticas. E o investidor, principalmente o estrangeiro, procura outros ativos – mesmo entre os emergentes, a avaliação é de que há opções melhores do que o Brasil.” (Cláudia Violante e Fabrício de Castro, Estadão, 3/7/2013.)

* Indústria cai 2% em maio, muito mais do que a previsão de analistas; perdas foram generalizadas

“Demanda fraca e estoques altos fizeram com que a indústria brasileira fechasse maio com queda de 2% na produção em relação a abril. O resultado frustrou, em muito, as expectativas dos analistas do mercado, que previam recuo de 1,1%. Com isso, alguns bancos já começam a rever suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) no segundo trimestre, após do crescimento de apenas 0,6% da economia nos três primeiros meses do ano.

“A queda da indústria em maio praticamente zerou o avanço da produção nos dois meses anteriores. Mas, no acumulado do ano, o setor ainda apresenta alta de 1,7%. Em relação a maio do ano passado, a produção cresceu 1,4%.

“A retração da indústria frente a abril foi generalizada. O resultado negativo atingiu todas as grandes categorias. E apenas 22% dos ramos pesquisados tiveram alta. Foi o menor patamar desde dezembro de 2008, no auge dos efeitos da crise financeira internacional, quando apenas 18% dos ramos industriais registraram avanço de produção.

“Segundo André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE, influenciaram no resultado da indústria a inflação, a inadimplência elevada e o endividamento das famílias, além da queda nas exportações. E, pela primeira vez, o aumento dos estoques apareceu como um fator determinante. O IBGE não mede a variação de estoques mas, na semana passada, sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou avanço de 6,7% em maio para 8,2% em junho na proporção de empresas que consideram manter estoques excessivos.” (Clarice Spitz, Sérgio Vieira e Roberta Scrivano, O Globo, 3/7/2013.)

* “A economia piorou, aumentou o pessimismo. E a resposta do governo aos desafios não faz sentido algum”

“Aumentou o pessimismo em relação à economia brasileira. A queda da produção industrial de 2% em maio — período anterior ao início dos protestos de rua — mostra uma vez mais o resultado dos equívocos da política econômica. A resposta do governo diante dos novos desafios não faz sentido algum. As projeções para o PIB do ano estão sendo revistas para baixo.

“Além disso, ronda a economia o medo da crise do grupo de Eike Batista e a dúvida sobre que empresas ou bancos podem ser afetadas pelos problemas do empresário. Para piorar, o mundo passa por novo período de mudanças e deslocamento do ativos.

“O economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, acha que a produção industrial tende a encolher mais no segundo semestre: ‘Vai murchar porque a venda de veículos em comparação com o ano passado estará em queda. Da ótica da demanda, o que deu errado foi o consumo das famílias, que diminuiu por causa da alta da inflação. As pessoas tiraram os outros bens do orçamento e deixaram apenas o essencial, e por isso o consumo das famílias foi de apenas 0,1% no primeiro trimestre.’

“A queda de 2% da produção industrial de maio vem após dois meses de alta — março e abril —, uma queda forte em fevereiro, que ocorreu depois de alta forte em janeiro. Enfim, apesar da montanha-russa, o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, acha que a tendência é de queda. ‘A política econômica aumentou o grau de incerteza na economia. As demandas por melhorias na qualidade dos serviços públicos são legítimas, mas tudo tem um custo enorme. O governo respondeu impondo aos seus parceiros uma enorme incerteza jurídica nos contratos’, disse Cunha.

“Cunha acha que o IPCA de junho deve ficar entre 0,3% e 0,35%, o que elevaria a inflação acumulada no ano para 6,70%. E isso porque em um terço do mês houve o efeito da redução dos preços dos transportes. No segundo semestre, há o aumento sazonal de alimentos e o efeito do dólar está afetando até os preços que cairiam no mercado externo.

“José Roberto confirma isso e cita o exemplo da soja, que subiu apesar de estar em época de queda: ‘O trigo já subiu 50%, a safra de arroz é pequena, o feijão está alto. Em queda, apenas o milho e café. Mas está havendo este ano uma elevação do risco climático da safra americana, apesar de ter aumentado a área plantada. Ela foi produzida numa janela climática muito pequena — entre as inundações do corn belt (cinturão do milho) — isso significa que a chuva e a estiagem têm que ocorrer nos momentos certos, do contrário, afetam grande parte da safra.

“Então os preços de alimentos continuarão pressionando a inflação brasileira. Ao mesmo tempo, o ambiente de falta de confiança na economia está produzindo uma redução na produção. ‘É muita surpresa negativa ao mesmo tempo e isso está afetando as expectativas dos empresários e do consumidor. Mas o que mais preocupa é a qualidade da resposta do governo à crise. O governo não pode desconhecer tão olimpicamente as críticas que têm sido feitas pelos mais diversos setores à contabilidade criativa e continuar criando truques contábeis sucessivamente’, disse José Roberto.

“Uma crise dessa proporção, com investidores estrangeiros fugindo da bolsa brasileira por falta de confiança na política econômica e pelo medo dos efeitos dos problemas do grupo de Eike Batista, a economia parando, a inflação ainda alta, e o governo faz novos truques para apresentar estatísticas nas quais ninguém acredita. Na política, o governo mobiliza todos os seus esforços em torno de um plebiscito que está longe de ser o centro dos problemas do país neste momento.” (Míriam Leitão, O Globo, 3/7/2013.)

* Intenção de compra das famílias cai para menor nível em 11 anos

“A intenção de compra do consumidor no 3.º trimestre de 2013 caiu para o menor nível em 11 anos. Pesquisa do Programa de Administração de Varejo e da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA) com 500 paulistanos na 1.ª quinzena de junho, antes dos protestos, revela que 50,4% dos entrevistados pretendem adquirir algum bem durável ou semidurável entre julho e setembro.

“Esse resultado é o menor para o 3.º trimestre desde 2002. Naquele ano, a intenção de compras no 3.º trimestre havia sido de 21,9%. Quando comparada com o trimestre anterior, a intençãodecomprasdo3.º trimestre é 8,8 pontos menor. Ante igual período de 2012, a queda foi de 3,4 pontos porcentuais. ‘O que afeta o consumo é a confiança do consumidor e as condições atuais são desfavoráveis’, afirma o presidente do Conselho Provar/FIA e responsável pela pesquisa, Claudio Felisoni de Angelo.

Ele observa que em 8 das 13 linhas de produtos pesquisadas o consumidor reduziu a intenção de compras no 3.º trimestre em relação a igual período de 2013. O destaque é para os imóveis, com queda de 52,8% e carros, com recuo de 38,9%.

“A pesquisa mostra que o desempenho de um conjunto de variáveis está jogando contra o ritmo de compras.No3.º trimestre deste ano, a sobra de orçamento para consumo, depois de pagas as despesas obrigatórias, é menor: 8,3%, ante 12,3% no 3.º trimestre de 2012. Além disso, a inadimplência média, de 7,8%, continua alta.” (Márcia De Chiara, Estadão, 4/7/2013.)

Copa do Mundo, uma das heranças malditas que Lula deixou

* “A operação Copa 2014 é uma vasta transferência de renda da população para a Fifa, as patrocinadoras do megaevento e as empreiteiras”

“Todos podem protestar em todos os lugares – exceto nas imediações das sagradas arenas da Copa das Confederações. Essa foi a mensagem enviada pelas autoridades na ‘semana quente’ das manifestações populares. Sem intervenção policial, manifestantes cercaram palácios e interromperam vias expressas. Em São Paulo, o eixo sensível da Avenida Paulista, onde se concentram hospitais, foi liberado para os protestos. Contudo, nas cidades-sede do evento, batalhões de choque delimitaram um ‘perímetro de segurança nacional’ e atacaram manifestantes pacíficos que tentavam ultrapassá-lo. A regra do protesto ilimitado excluiu os ‘territórios internacionais’ sob controle efetivo da Fifa. Nunca, numa democracia, um governo nacional se curvou tão completamente a uma potência externa desarmada.

“A bolha policial de isolamento dos estádios estendeu-se por dois a três quilômetros. Não se tratava de assegurar o acesso de torcedores às arenas, mas de impedir que as marcas dos protestos ficassem impressas sobre as marcas da Fifa e das empresas patrocinadoras. ‘A condição prévia para a Copa é a cessão temporária da soberania nacional à Fifa, que assume funções de governo interventor por meio do seu Comitê Local’. Neste espaço, dois anos atrás, Adriano Lucchesi e eu definimos a Copa do Mundo de 2014 como uma ‘festa macabra’ justificada pela ‘lógica perversa do neopatriotismo’.

“Não fomos os únicos, nem os primeiros. O jornalista Juca Kfouri deplorou o triunfo dos bons companheiros Lula da Silva e Ricardo Teixeira na hora da escolha do Brasil como sede do megaevento de negócios travestido de competição esportiva. O ex-jogador Romário honrou seu mandato parlamentar denunciando sistematicamente a farra de desvio de dinheiro público, que ainda faz seu curso. ‘A Fifa é o verdadeiro presidente do Brasil hoje’, explicou com a precisão e a simplicidade de que carecem tantos doutos cientistas políticos. Mas a rapinagem dos piratas ficou longe da mira dos partidos de oposição, que preferiram ocupar assentos periféricos na nave da Copa, compartilhando os brindes erguidos em convescotes de autoridades, empresários e cartolas. Alguém aí está surpreso com a aversão dos manifestantes ao conjunto de nossa elite política?

“3 x 0. No domingo, encerrou-se o ensaio geral para o que será a Copa mais cara da História. A festa macabra custará, no mínimo, R$ 28 bilhões, quase quatro vezes mais que a realizada na África do Sul em 2010 (R$ 7,3 bilhões) e perto de três vezes mais que as Copas na Alemanha em 2006 (R$ 10,7 bilhões) e no Japão/Coreia do Sul em 2002 (R$ 10,1 bilhões). ‘Com o dinheiro gasto para construir o Mané Garrincha poderiam ter sido construídas 150 mil casas populares’, calculou Romário. Ele tem razão: a arena de Brasília, a mais cara de todos os tempos, custou R$ 1,7 bilhão.

“Obedecendo a uma compulsão automatizada, o ministro Gilberto Carvalho apontou um dedo acusador para a imprensa, que ‘teve um papel no moralismo, no sentido despolitizado’ das manifestações populares. No mundo ideal desse senhor ‘politizado’, uma imprensa chapa-branca monopolista, financiada pelas empresas estatais, desempenharia a função de explicar aos saqueados que o saque é parte da ordem natural das coisas. ‘Sem a imprensa, não somos nada’, concluiu Jérôme Valcke, o zagueiro de várzea da Fifa, que também gostaria de ter um ‘controle social da mídia’.

“Um séquito de analistas especializados na arte da empulhação se dedica, agora, a criticar os cartazes dos manifestantes que contrapõem a Copa à ‘saúde’ e à ‘educação’. No seu pronunciamento desesperado do final da ‘semana quente’, Dilma Rousseff recorreu aos sofismas desses analistas para exercitar o ilusionismo. Os recursos queimados na fogueira das arenas ‘padrão Fifa’, disse a presidente, são ‘fruto de financiamento’, não dinheiro do Orçamento. Mas ela não disse que a fonte dos financiamentos concedidos pelo BNDES são títulos de dívida pública emitidos pelo Tesouro, nem que a diferença entre os juros reais pagos pelo Tesouro e os juros subsidiados cobrados pelo BNDES é coberta pelos impostos de todos os brasileiros, da geração atual e da próxima.

“A ‘verdade técnica’ da presidente não passa de um véu destinado a esconder o significado financeiro da festa macabra promovida pela Fifa e pelo governo brasileiro. No seu conjunto, a operação Copa 2014 é uma vasta transferência de renda da população para a Fifa, as empresas patrocinadoras do megaevento e as empreiteiras contratadas para as obras civis. Uma CPI da Copa revelaria as minúcias da rapinagem, destruindo no caminho governantes em todos os níveis que se engajaram na edificação de elefantes brancos com recursos públicos. É com a finalidade de evitá-la a qualquer custo que uma corrente de parlamentares resolveu aderir à ideia de uma CPI da CBF. Sob a pressão das ruas, cogita-se da hipótese de entregar os escalpos de José Maria Marin e Ricardo Teixeira numa bandeja de prata para salvar a reputação das autoridades políticas cujas assinaturas estão impressas nas leis e nos contratos da Copa.

“‘O Brasil nos pediu para sediar a Copa do Mundo. Nós não impusemos a Copa do Mundo ao Brasil.’ Joseph Blatter, o poderoso chefão da ‘família Fifa’, não mente quando repete seu mantra preferido. O Brasil, na frase, significa Lula da Silva. A Copa mais cara da História é a síntese perfeita do legado político do presidente honorífico. À entrada do Mineirão, no jogo entre México e Japão, funcionários a serviço da Fifa arrancaram das mãos de dois torcedores cartazes onde estavam escritas as palavras proibidas ‘escola’ e ‘saúde’. Os batalhões de choque em postura de batalha no perímetro de ‘segurança nacional’ da Copa e os agentes da censura política em ação nos portões das arenas protegem mais que a imagem da Fifa e das marcas associadas. Eles protegem, sobretudo, a imagem de Lula, o regente da festa macabra.” (Demétrio Magnoli, Estadão e O Globo, 4/7/2013.)

E, para fechar a semana, a desfaçatez do presidente da Câmara

* Dias depois das multidões na rua, o deputado usa avião da FAB para passear com a família!

“Nada ilustra mais exemplarmente o que as ruas estão criticando do que o uso de um avião da FAB para trazer ao Rio no último fim de semana parentes e amigos do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves para assistirem ao jogo do Brasil na final da Copa das Confederações. Ele desculpou-se, admitindo que errara ao dar carona a parentes, mas alegando ter direito a avião da FAB por que teria um almoço de trabalho com o Prefeito do Rio Eduardo Paes.

“Ora, Eduardo Alves não precisava de avião da FAB para vir ao Rio, pois tem direito a passagens pela Câmara e, sobretudo, é um homem rico. Admitir o erro já é um avanço, e restituir o dinheiro uma necessidade. Mas o fato de a viagem ter se realizado em meio à convulsão das ruas agrava o desvio, mostrando que políticos como o presidente da Câmara não entenderam nada do que está acontecendo no país.

“Mais do que reformas políticas, mais do que plebiscitos ou constituintes, o que o clamor das ruas pede é uma nova postura de nossos homens públicos, uma nova maneira de se relacionar com a coisa pública. Em vez de uma reforma política proposta como a solução mágica para os problemas, o que o povo quer é mais eficiência e transparência no gasto público de todos os que têm mandato.” (Merval Pereira, O Globo, 4/7/2013.)

5 de julho de 2013

Outras compilações de provas da incompetência de Dilma e do governo:

Volume 90 – Notícias de 8 a 14/3.

Volume 91 – Notícias de 15 a 21/3

Volume 92 – Notícias de 22 a 28/3.

Volume 93 – Notícias de 29/3 e 4/4.

Volume 94 – Notícias de 5 a 11/4.

Volume 95 – Notícias de 12 a 18/4.

Volume 96 – Notícias de 19 a 25/4.

Volume 97 – Notícias de 26/4 a 2/5.

Volume 98 – Notícias de 3 a 9/5.

Volume 99 – Notícias de 10 a 16/5.

Volume 100: Notícias de 17 a 23/5.

Volume 101: Notícias de 24 a 30/5.

Volume 102: Notícias de 31/5 a 6/6.

Volume 103: Notícias de 7 a 13/6.

Volume 104: Notícias de 14 a 20/6.

Volume 105: Notícias de 21 a 27/6.

Volume 106 (Parte Um): Notícias de 28/6 a 4/7.

9 Comentários para “Más notícias do país de Dilma (106 – Parte Dois)”

  1. 1)Barbosa usou dinheiro público para ver jogo, diz jornal
    O presidente do STF viajou ao Rio de Janeiro para acompanhar o amistoso entre Brasil e Inglaterra no camarote de Luciano Huck e Angélica.O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Joaquim Barbosa, viajou com dinheiro público para o Rio de Janeiro para acompanhar um jogo da seleção brasileira, segundo informação do jornal O Estado de S.Paulo.

    2)Temer volta atrás e diz que o ideal é que resultados do plebiscito valham para 2014
    Após afirmar que não havia mais tempo para a consulta popular, Temer divulga nota dizendo que esta não é a posição do governo.
    Com informações da Agência Brasil

    3)Comunicação é pauta de protestos, mas não do governo.

    Nesta quarta-feira (3), em São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, centenas de pessoas foram às ruas protestar contra a Rede Globo. Movidas inicialmente pela crítica à cobertura da mídia acerca das manifestações de junho, elas cobraram mais diversidade e a efetivação de políticas que ampliem as vozes que circulam na esfera pública midiática.

    Apesar das críticas à mídia, o Governo Federal mantém-se calado quando o assunto é a democratização da comunicação. Os cinco pactos lançados pela Presidenta Dilma Rousseff – equilíbrio fiscal, mobilidade urbana, saúde, educação e Reforma Política – em nada interferem na brutal concentração que marca o sistema midiático brasileiro. Já ao anunciar outras medidas, nesta segunda-feira, após reunião com a equipe ministerial, mais uma vez a Presidenta se furtou a colocar as mãos no vespeiro dos grandes meios de comunicação de massa.
    Por Helena Martins.

    4)Plebiscito fica para 2014 e mudanças, para 2016
    Segundo o vice-presidente, Michel Temer, não há mais tempo para a consulta popular se realizada neste ano.
    por Agência Brasil — publicado 04/07/2013 13:58.

    5)O passe livre e o desafio das concessões
    Um trabalho bem feito levaria, pelo menos, até o 2º semestre de 2014. Mas a pressa do governo antecipou o prazo.
    Os movimentos de rua, impulsionados pelas redes sociais, abriram uma nova realidade política para o futuro; mas criaram um problema presente de governança.
    Os movimentos de rua, impulsionados pelas redes sociais, abriram uma nova realidade política para o futuro; mas criaram um problema presente de governança.
    por Luis Nassif.

    6)Projeto que destina royalties do petróleo para educação e saúde é aprovado.
    Brasília – O plenário do Senado aprovou na terça-feira 2 o substitutivo do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para o projeto de lei que destina 75% dos recursos dos royalties do petróleo e dos rendimentos do Fundo Social à educação e 25% à saúde.
    Mariana Jungmann
    Repórter da Agência Brasil

    7)Congresso recebe sugestões sobre a reforma política.
    Brasília – O governo apresentou ao Congresso, na manhã de terça-feira 2, as sugestões de temas para a formulação do plebiscito sobre a reforma política. São elas: a forma de financiamento das campanhas, do sistema eleitoral, a possibilidade do fim da suplência de senador, a manutenção das coligações partidárias e o fim do voto secreto nas votações do Congresso.

    Ivan Richard e Carolina Gonçalves
    Repórteres da Agência Brasil

    8)Produção industrial cai 2% entre abril e maio.
    Rio de Janeiro – A produção industrial brasileira caiu 2% entre abril e maio deste ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira 2 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Pesquisa Industrial Mensal do IBGE mostra que a maior queda foi registrada na categoria de bens de capital (máquinas e equipamentos usados no setor produtivo), de 3,5%.

    Os bens intermediários, insumos industriais para o setor produtivo, tiveram redução de 1,1% na produção. Quedas também foram registradas nas categorias de bens de consumo duráveis (-1,2%) e de semi e não duráveis (-1%).

    Nos últimos 12 meses, a produção industrial acumula queda de 0,5%. Apesar disso, na comparação com maio de 2012, houve aumento de 1,4%. No acumulado do ano, houve crescimento de 1,7%.]

    por Vitor Abdala
    Repórter da Agência Brasil

    9)Balança comercial tem maior déficit semestral desde 1995.

    Brasília – A balança comercial (diferença entre exportações e importações) registrou déficit de US$ 3 bilhões, no acumulado de janeiro a junho, o pior resultado desde 1995, quando o déficit chegou a US$ 4,225 bilhões. Em 2012, no mesmo período, o saldo comercial teve superávit de US$ 7,061 bilhões.

    Por Mariana Tokarnia.

    10) Superávit primário bate recorde em maio.
    Por Kelly Oliveira

    Brasília – O superávit primário do setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e as empresas estatais – ficou em 5,681 bilhões de reais em maio, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira 28, pelo Banco Central (BC). O superávit primário é a economia que o governo faz para o pagamento de juros da dívida pública. O resultado é o maior para o mês desde 2011 (7,5 bilhões de reais).

    11)BC reduz projeção de crescimento para 2,7%.
    O Banco Central (BC) reduziu a projeção de crescimento da economia para este ano de 3,1% para 2,7%. A estimativa sobre a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e serviços produzidos no País -, foi divulgada nesta quinta-feira 27 no Relatório de Inflação. Elaborado trimestralmente, o documento traz ainda nova projeção para a inflação em 2013, que deve chegar a 6%. A projeção anterior era de 5,7%.

    12)Estimativa de instituições financeiras para crescimento da economia cai para 2,46%.

    Brasília – A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no País, caiu pela sexta vez seguida, de acordo com a pesquisa semanal do Banco Central (BC), ao passar de 2,49% para 2,46%. Para 2014, a projeção caiu de 3,2% para 3,1%.

    A expectativa para o crescimento da produção industrial passou de 2,50% para 2,56%, este ano, e de 3,2% para 3,1%, em 2014.

    por Agência Brasil

    13)Índice de Confiança do Consumidor atinge o menor patamar desde 2010
    A proporção de consumidores que consideram boa a situação atual da economia diminuiu de 18% para 17,9%. Os que a julgam ruim aumentaram de 32,9% para 35%
    por Agência Brasil

    14)Em 2012, os ricos ficaram mais ricos
    População com patrimônio pessoal elevado teve nível recorde de riqueza. O Brasil é o décimo primeiro colocado no ranking
    por Paloma Rodrigues.

    Os bens dos indivíduos com patrimônio pessoal elevado disponíveis para investimento retomaram a trajetória ascendente em 2012. O efeito ocorreu devido à recuperação global dos mercados acionários e imobiliários. O crescimento médio foi de 10%, alcançando o volume recorde de 46,2 trilhões de dólares, após o recuo de 1,7% registrado em 2011. É o que mostra o relatório sobre a Riqueza Mundial 2013, divulgado na semana passada pela Capgemini e RBC Wealth Management.

    15)Vox Populi / CartaCapital: Inflação preocupa 88% dos brasileiros
    A percepção sobre a alta de alimentos é citada por 93% dos entrevistados na pesquisa.

    Pesquisa feita em parceria entre o instituto Vox Populi e a revista CartaCapital mostra que 88% dos brasileiros estão preocupados ou muito preocupados com a inflação. Apenas 9% dos entrevistados disseram não se importar com o aumento dos preços.

    Enquanto 60% da população do País considera que nos últimos meses os preços dos produtos “aumentaram muito”, 32% consideram o aumento “relativo”. Outros 6% veem os preços como “estáveis” e apenas 1% acredita que eles diminuíram.

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