Mais umas do Napoleão

Definitely, o Napoleão do Norte não está dando sorte em grande parte de seus decretos executivos — muitos sob a mira da Justiça e vários já bloqueados judicialmente — e suas ações diplomáticas, digamos, em matéria de política externa. Continue lendo “Mais umas do Napoleão”

Caetano Veloso, o Brasil dos evangélicos e a necessidade de diálogo

O show de Caetano Veloso e Maria Bethânia, que correu o país ao longo do último ano e cuja turnê se encerrou neste final de semana em Salvador, teve um momento emblemático: a interpretação por Caetano de “Deus Cuida de Mim”, do pastor Kleber Lucas. A reação dividida do público, que variou entre frieza e desconforto, evidenciou o desafio que o Brasil enfrenta ao dialogar com o universo evangélico, uma força cultural, social e política que já representa cerca de um terço da população e cresce de forma avassaladora. Continue lendo “Caetano Veloso, o Brasil dos evangélicos e a necessidade de diálogo”

Sem anistia

Não é por Antônio Cláudio, que arrebentou o relógio histórico de Dom João VI no Palácio do Planalto. Tampouco por Fátima Mendonça, conhecida como Fátima Tubarão, que botou pra quebrar dentro do STF, ou por Débora Rodrigues, aquela da pixação com batom – “perdeu mané”- na estátua da Justiça. A anistia é para Jair Bolsonaro. Como se fosse em nome dos condenados dos atos do 8 de janeiro, para os quais se lixam, o ex e os seus turbinaram o debate da anistia e, de quebra, querem ainda mudar a Lei da Ficha Limpa para reduzir inelegibilidades. Como este país normaliza absurdos, os dois temas têm chances reais de sucesso. Continue lendo “Sem anistia”

O Brasil em ruínas: a História sucumbe ao abandono

No Brasil, não basta o tempo corroer lentamente as estruturas físicas de construções históricas. Nosso patrimônio cultural, carregado de significados e símbolos, também sucumbe às tragédias anunciadas. O desabamento do teto da Igreja do Convento de São Francisco, em Salvador, na Bahia, se soma a uma longa lista de catástrofes nas nossas instituições culturais. Não foi apenas uma estrutura que caiu: foi mais um golpe em nossa memória coletiva, mais uma prova de como deixamos o passado se perder pela negligência.

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Trump contra o mundo

Na leitura mais otimista, as medidas protecionistas de Donald Trump tomadas contra o México, Canadá e China – responsáveis por 43% das importações americanas – criam enorme instabilidade e imprevisibilidade no comércio mundial. Na mais preocupante, colocam o mundo diante do risco iminente de uma guerra comercial global. O fato de o presidente dos Estados Unidos ter suspendido por um mês as medidas contra os dois países com os quais tem imensas fronteiras não afasta o risco da generalização do conflito comercial, com Trump indo contra tudo e contra todos.  Seu próximo alvo é a União Européia. Continue lendo “Trump contra o mundo”

Um acordo de canalhas

Javier Milei deve estar enfurecido, ainda que o adjetivo passe longe do baixo calão que o presidente argentino costuma usar quando contrariado. Depois de lamber as botas de Donald Trump – na posse, antes e depois dela -, Milei viu seu ídolo escolher a Venezuela como primeiro destino externo de uma delegação oficial de seu governo, chefiada pelo líder republicano Richard Grenell. Uma traição ao único presidente sulamericano aliado de primeira hora. Continue lendo “Um acordo de canalhas”

Sinal vermelho para Lula

Até agora a avaliação do governo Lula expressava a divisão do país praticamente ao meio, quadro que vinha desde a eleição presidencial. Quem era eleitor de Lula avaliava positivamente o governo, aprovando seu desempenho. Quem não votou no presidente se posicionava de forma oposta, avaliando negativamente sua gestão. As oscilações, para um lado ou para o outro, aconteciam na margem de erro das pesquisas, em um quadro praticamente congelado. Continue lendo “Sinal vermelho para Lula”

A gambiarra da vez

Sem explicar como pretende agir – “nós não queremos antecipar nem especular antes de concretizar os estudos para que possam ser anunciados” -, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, anunciou que “serão anunciadas ponto a ponto” medidas de redução de impostos para baixar o preço dos alimentos, tendo como parâmetro as cotações internacionais de produtos similares. O anúncio sem anunciar o que será anunciado traduz com clareza o improviso das ações do governo Lula, quase sempre reativas, feitas no afogadilho depois de o caldo derramar.   Continue lendo “A gambiarra da vez”

Nova ordem

A nova ordem mundial que, dizem, instala-se hoje pela voz do novo Napoleão de hospício a sentar numa cadeira presidencial, começa pela tomada do canal dos panamenhos, a  tomada do Canadá dos canadenses e a tomada da Groenlândia dos dinamarqueses. Tal como fizeram no século 19, quando tomaram dos mexicanos os territórios que representam, a partir de então, quase todo o sul e o sudoeste dos Estados Unidos (Texas, Novo México, Arizona, Califórnia y otras cositas más).  Continue lendo “Nova ordem”

O longo caminho para a democracia

Quarenta anos após, persiste uma visão preconceituosa  sobre a forma como o Brasil deixou a ditadura para trás, com a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções. Continue lendo “O longo caminho para a democracia”

Galípolo sob pressão

Nos últimos dois anos, o Banco Central sobre a presidência de Roberto Campos Neto esteve sob fogo cerrado de Lula. Neste apagar das luzes de 2024, o presidente voltou novamente suas baterias contra a elevação da taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Continue lendo “Galípolo sob pressão”

Querido Papai Noel

Em um país tão perverso, no qual o imprescindível equilíbrio das contas públicas esbarra em um Parlamento que limita o reajuste real do salário mínimo e ao mesmo tempo libera o fura-teto nos ganhos dos privilegiados de sempre, é difícil se imbuir do espírito do Natal. Nem os mais otimistas, entre os quais me encaixo, encontram ânimo diante da sucessão de escárnios perpetrados em todas as esferas e níveis de poder. Mas é Natal, então, escoro-me na ficção do bom velhinho, a quem se remetem desejos – mesmo os impossíveis. Continue lendo “Querido Papai Noel”