Um bar corta a noite

Cortando a noite fria, a 80 quilômetros por hora, o bar do Santa Cruz é um lugar especialmente aconchegante: balcão alto, mesinhas baixas cercadas por poltronas macias. A cadência da marcha – as rodas batendo-se com os trilhos – embala a freguesia e a conversa. E madrugada a dentro muita coisa pode acontecer a bordo do trem mais famoso do País.

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Confortos na selva

Carlinhos era o aluno mais admirado da classe, por sua ousada inventiva. Textos memoráveis, que ora irritavam sua professora (e o diretor da escola), ora os deixavam surpresos e felizes. Só tinha um problema: às vezes escorregava para o absurdo.

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Caminhar e algo mais

Da janela do seu quarto, o idoso vê o percurso de sua caminhada. Quinhentos e cinquenta metros que margeiam o lago de Vila Galvão, em Guarulhos. Assim, nos fins de tarde, quando a temperatura ameniza, deixa sua casa e logo está entre os caminhantes, homens e mulheres, uns tantos da assim chamada terceira idade.

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Extra! Edição especial.

Como, direis? Isto é um blog, não um jornal.

No entanto veja o leitor o que aconteceu. Mostrávamos no blog o texto contando que, em uma madrugada de setembro de 1978, o pessoal que acabara de fechar a edição do Jornal da Tarde estava muito tranquilo com sua bebidinha, no Bar do Alemão, quando surge um contínuo da redação esbaforido: “O papa morreu”. Continue lendo “Extra! Edição especial.”

O dia em Estadão e JT mudaram para a Marginal

O que tem a queda do presidente Bordaberry, do Uruguai, a ver com a mudança de O Estado de S. Paulo? Tem que são quatro e meia da tarde neste sábado de mudanças, e o Estadão está fechando a sua última edição na redação velha, da Rua Major Quedinho. E precisa fechar cedo, para facilitar as coisas. Continue lendo “O dia em Estadão e JT mudaram para a Marginal”

Aquela noite, no bar

Certa noite, dirigindo o carro pela Avenida Antártica, este que vos escreve passou pelo Bar do Alemão e quase caiu duro. O ponto habitual do pessoal do Jornal da Tarde para uma bebidinha depois do trabalho estava com as portas baixadas! Em frente, na calçada, havia uma seleta de notívagos. Continue lendo “Aquela noite, no bar”

Ah, o realismo fantástico

O caixão com o corpo do Gabriel Garcia Márquez teve que ser levado na mão, por trezentos metros. Vencida mais ou menos a metade, um homem que segurava uma das seis alças (parece que era o Vargas Llosa) sentiu-se mal e teve que desistir. A alça ficou vazia, mas os que continuaram perceberam que algo estranho se passava. Parecia que o caixão estava menos pesado. Continue lendo “Ah, o realismo fantástico”

Alô? E vem a voz salvadora

Jornalistas… telefonistas… O que tinham a ver uns com as outras, nos tempos da pré-informática? Veja esta situação. Em certa madrugada de julho de 1979, este que vos escreve estava deitado na cama de um hotel de Manágua, na Nicarágua, olhando para o teto. Um tanto desolado. O dia anterior havia sido de grande agitação, diante da possibilidade de que o ditador Anastásio Somoza deixasse o poder. Os guerrilheiros sandinistas estavam cada vez mais próximos.
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Caramba! Roubaram o celular

Quem passa pela Rua São Bento, onde começa a Avenida São João, no Centro de São Paulo, só precisa erguer os olhos para saber as horas. Ali, sob alto pedestal, está um antigo relógio público, com seu grande mostrador. Haverá, nos dias de hoje, quem se importe com ele? A resposta é sim! Ninguém é louco de tirar o celular do bolso para ver as horas e ser atacado por um trombadinha. Continue lendo “Caramba! Roubaram o celular”

Notícia: o crime da mala

No texto anterior, este que vos escreve citou rapidamente o nariz de cera, prática usada nos jornais de há muitas décadas. Era uma espécie de preâmbulo, que antecedia a notícia propriamente dita. Agora, para melhor entendimento, reproduzo trecho da primeira página de O Estado de S. Paulo na edição de 9 de outubro de 1928. Continue lendo “Notícia: o crime da mala”

Agradáveis locais de trabalho

Nariz de cera (texto com obviedades que no século passado abria as notícias dos jornais):

O conforto no trabalho, tão desfrutável nos dias de hoje, não era possível em outros tempos porque dependia-se da papelada. E esta, documentos, ofícios, correspondência, notas fiscais, achava-se guardada nas gavetas dos portentosos arquivos de aço e outros meios físicos. A informática facilitou tanto as coisas, que, hoje, até mesmo as mesas de escritório e as salas de reunião estão ficando dispensáveis.

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