Caridade não tem idade

Tão pequenas, aquelas crianças passavam horas na rua, em dias muitos quentes, às vezes frios, abordando motoristas de carros parados no farol. “Compra, moço, compra, dona”. Ofereciam garrafas de água. Era como um esmolar, de resultado difícil. Em um dia destes, tiveram uma boa surpresa. Um motorista comprou todas as garrafas que tinham. Como ficaram contentes os pequenos, e o irmão mais velho, que os vigiava… Puderam voltar cedo para casa.

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Só que não!

Certo dia de há muito tempo… A Prefeitura de São Paulo anunciou que a praça à frente da antiga Estação Rodoviária, a Júlio Prestes, seria remodelada. Naqueles dias, este que vos escreve cuidava da pauta de reportagens da editoria de Geral, cobrindo férias do titular. Eis o que concebeu. Continue lendo “Só que não!”

Textinho genérico

Os melhores amigos dos idosos são o cachorro e o remédio para a pressão alta. É verdade que este último pode sair caro. O “remedinho” chega a mais de R$  100,00, como acontecia com o usado por este que dedilha as teclas do laptop. No entanto, citando o número do CPF e do plano de saúde, baixava para R$ 91 ,00. Foram anos com valores altos. Continue lendo “Textinho genérico”

R de Reportagem

Naqueles velhos tempos, tudo era singelo no exercício do jornalismo. A máquina de escrever, as laudas de papel… O que fez, por exemplo, o enviado especial da Folha de S. Paulo a Corumbá, para cobrir o confinamento do ex-presidente Jânio Quadros, em 1968? Ora, em seu quarto de hotel datilografou, na máquina portátil trazida de São Paulo, um texto com o que havia apurado durante o dia. Depois, de um telefone do hotel, ligou para certo número no jornal. Continue lendo “R de Reportagem”

Do nada se vai ao longe

Personagem para uma história: uma garota de 18 anos. É tudo o que me ocorre diante da tela em branco do laptop. O que faço com a jovem? Bem, coloco-a em um cenário promissor… isso quando criar um, o que ainda não aconteceu. No entanto… vamos dizer que ela esteja em uma loja de carros, com o pai. Opa, já tenho alguma coisa. O pai vai comprar um carro para a filha. Por quê? Fácil. Ela conseguiu entrar na faculdade. Continue lendo “Do nada se vai ao longe”

Não pecarás

— Tira essa mão daí! 

O sujeito levou um susto com a voz surgida não sabia de onde, e rapidamente retirou a mão da blusa entreaberta da namorada. O casal recompôs-se, mas não havia mais clima para nada. Ergueu-se do banco e se foi. Continue lendo “Não pecarás”

Admirável mundo doido

Ora, minhas amigas e meus amigos, estou pensando em me dar menos trabalho para escrever os textos deste nosso blog. Na verdade, já me sinto bem ultrapassado pelas maravilhas correntes nos dias de hoje. Vou dar as iniciais do que estou falando: IA.

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Uma praça…

Ah, o banco de praça… Cenas que atravessam os tempos. Lá estão os velhos, sentadinhos, vendo o tempo passar. Outros, piedosos, jogam alimentos aos pombos. Um casal de namorados, uma mãe com seus filhinhos…

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Resistir além da vacina

Ora, o idoso vai ter que exercer a arte do transformismo para garantir o seu direito de ir e vir. Terá que vencer a repressão dos filhos, adoráveis, mas com excesso de zelo. Veja só. Até poucos anos atrás, tendo abandonado (compulsoriamente) o volante de um carro, pegava seu ônibus, depois o metrô, e atendia a seus compromissos.
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Mário de Andrade caminha

Mário de Andrade caminhava pela Rua Barão de Itapetininga. Sem pressa. O centro da cidade o atraia. Espiou a vitrine de uma livraria, cogitou tomar um café. Mas foi em frente. Na mesma toada branda chegou à Praça da República. Cumprimentou mentalmente o prédio do Colégio Caetano de Campos, deu mais alguns passos e… entrou na estação do metrô.

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Simples assim

Laurinha entrou na sala de almoço com o bolo recém confeitado. Coberto de chantili, cerejas por cima, uma obra de culinária. Sucesso garantido, no encontro com colegas de escola que teriam à noite. Colocou-o sobre a mesa de refeições, muito feliz. E deixou a sala. Estava em seu quarto, quando ouviu o grito de pavor de sua irmã, a Beth. Quase se chocam no corredor. Continue lendo “Simples assim”

Carrocinha de cachorro

Nos tempos em que se amarrava cachorro com linguiça, assim dizia antiga expressão, a carrocinha de pegar cães de rua recolheu um cãozinho branco, pequenino e muito peludo. Havia escapado de sua casa, por alguns momentos. Seu dono, quando se deu conta do que acontecia, entrou em desespero. Um menino de seis anos que amava Pirulito, assim chamado o bichinho. Continue lendo “Carrocinha de cachorro”