Reza a lenda que o Brasil só começa a funcionar depois do Carnaval. O Congresso, o Supremo e o governo Lula fazem valer o dito mesmo quando a folia só acontece em março. Passados 45 dias de 2025, o país não tem orçamento, o STF não pegou no tranco, e o governo continua sem norte, premido entre a força do Centrão, a inflação dos alimentos e a impopularidade recorde do presidente Lula. Para que o ano tenha início no pós-Momo, vem aí mais um acordo espúrio: anistia para os patrocinadores das emendas secretas. Continue lendo “Sem anistia 2”
Sem anistia
Não é por Antônio Cláudio, que arrebentou o relógio histórico de Dom João VI no Palácio do Planalto. Tampouco por Fátima Mendonça, conhecida como Fátima Tubarão, que botou pra quebrar dentro do STF, ou por Débora Rodrigues, aquela da pixação com batom – “perdeu mané”- na estátua da Justiça. A anistia é para Jair Bolsonaro. Como se fosse em nome dos condenados dos atos do 8 de janeiro, para os quais se lixam, o ex e os seus turbinaram o debate da anistia e, de quebra, querem ainda mudar a Lei da Ficha Limpa para reduzir inelegibilidades. Como este país normaliza absurdos, os dois temas têm chances reais de sucesso. Continue lendo “Sem anistia”
Um acordo de canalhas
Javier Milei deve estar enfurecido, ainda que o adjetivo passe longe do baixo calão que o presidente argentino costuma usar quando contrariado. Depois de lamber as botas de Donald Trump – na posse, antes e depois dela -, Milei viu seu ídolo escolher a Venezuela como primeiro destino externo de uma delegação oficial de seu governo, chefiada pelo líder republicano Richard Grenell. Uma traição ao único presidente sulamericano aliado de primeira hora. Continue lendo “Um acordo de canalhas”
A gambiarra da vez
Sem explicar como pretende agir – “nós não queremos antecipar nem especular antes de concretizar os estudos para que possam ser anunciados” -, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, anunciou que “serão anunciadas ponto a ponto” medidas de redução de impostos para baixar o preço dos alimentos, tendo como parâmetro as cotações internacionais de produtos similares. O anúncio sem anunciar o que será anunciado traduz com clareza o improviso das ações do governo Lula, quase sempre reativas, feitas no afogadilho depois de o caldo derramar. Continue lendo “A gambiarra da vez”
Querido Papai Noel
Em um país tão perverso, no qual o imprescindível equilíbrio das contas públicas esbarra em um Parlamento que limita o reajuste real do salário mínimo e ao mesmo tempo libera o fura-teto nos ganhos dos privilegiados de sempre, é difícil se imbuir do espírito do Natal. Nem os mais otimistas, entre os quais me encaixo, encontram ânimo diante da sucessão de escárnios perpetrados em todas as esferas e níveis de poder. Mas é Natal, então, escoro-me na ficção do bom velhinho, a quem se remetem desejos – mesmo os impossíveis. Continue lendo “Querido Papai Noel”
De costas para o país
O elemento Marçal
Desde junho do ano passado, quando o TSE tornou Jair Bolsonaro inelegível, pretensos herdeiros começaram a colocar suas fichas na mesa, movimento que se intensificou com o indiciamento do ex pela Polícia Federal. Alguns mais afoitos, como o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil), outros menos, como os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) – já descartado do baralho -, o do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e o de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), o preferido. Correndo por fora, Michele Bolsonaro (PL) e o autodeclarado plano B, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O que os engarrafados postulantes à direita e boa parte dos analistas parecem desprezar é o elemento Pablo Marçal, que só não disputará a Presidência em 2026 se for judicialmente impedido. Continue lendo “O elemento Marçal”
De erro em erro
Populares e populistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex Jair Bolsonaro têm colecionado erros quase juvenis, inadmissíveis em políticos tão experimentados. A biruta do capitão pode até ser compreensível pelo indiciamento da Polícia Federal, que o aponta como mentor da trama golpista. Já a de Lula, não. Na semana em que tinha a faca e o queijo nas mãos, o presidente preferiu misturar a seriedade do necessário ajuste das contas públicas à marquetagem barata. Além de perder feio, aliviou o ex, desviando os holofotes das revelações sobre a tentativa de golpe.
Brasil é simbólico para Biden
Primeiro presidente dos Estados Unidos a pisar na Amazônia durante o mandato, agenda prevista para este domingo, Joe Biden deve usar o encontro do G20, no Rio, para fixar seu legado como o líder mundial que mais se dedicou às causas ambientais e ao enfrentamento das mudanças climáticas. No mínimo, seu sucessor Donald Trump terá muito trabalho para anular o que foi feito nos últimos anos e, assim, exercer seu negacionismo. Continue lendo “Brasil é simbólico para Biden”
Só Kamala salva
Aflição e medo. Não era assim que o mundo costumava enxergar as eleições nos Estados Unidos, país símbolo da democracia que até pouco tempo a exalava por todos os poros. Tudo mudou com Donald Trump – e pode piorar ainda mais. Se Trump vencer, consolida-se a ideia de que os fins justificam os meios sórdidos, as mentiras e as ilegalidades. Se perder, ele não aceitará a derrota, assim como fez em 2020, minando ainda mais a confiança dos americanos nos pilares da democracia. Para Trump, modelo para outros democratas de araque, a conta é simples: ou ele vence ou a eleição não vale. Continue lendo “Só Kamala salva”
O golpe em curso
Está tudo traçado e sendo executado para ressuscitar Jair Bolsonaro como candidato à Presidência em 2026. Os resultados do primeiro turno das eleições municipais, que deixaram o PL do ex muito bem na fita, combinados aos movimentos do próprio capitão – “sou candidato” – e de seu filho 01, senador Flávio Bolsonaro, expresso em artigo publicado sexta-feira em O Globo, não deixam dúvida: a ideia é criar ambiente para o golpe, mandando às favas a inelegibilidade determinada pelo TSE. Continue lendo “O golpe em curso”
Tudo por dinheiro
Dez anos depois de banir as doações de empresas e de torrar só neste ano quase R$ 5 bilhões do pagador de impostos para financiar campanhas eleitorais, os políticos preparam um mix de custeio público e privado para turbinar as candidaturas – que já valeria para 2026. Como nem de longe partidos políticos pensam em andar com suas próprias pernas, sustentados por seus apoiadores, tramam a combinação diabólica do ruim com o muito pior. Continue lendo “Tudo por dinheiro”
Política podre incita violência
Brasil, a terra do nunca
O governo Lula liberou mais de R$ 900 milhões – R$ 513 milhões extra-orçamento e outros R$ 400 milhões via BNDES – para combater os incêndios que impactam 60% do país, consumindo parte da Amazônia, do Pantanal e do Cerrado. Antes tarde do que nunca. O problema é que no Brasil tudo é tardio e, mesmo quando as “emergências” são previamente anunciadas, as ações beiram o nunca. Vale para o fogo e a seca, para chuvas torrenciais. Não existem planos A, B, nem com qualquer letra, só corre-corre e improviso. Nem agora, nem em governo algum. Continue lendo “Brasil, a terra do nunca”
Urnas podem derrubar mitos
A 20 dias de o país ir às urnas para escolher 5.569 prefeitos e 58.442 vereadores, alguns mitos sobre as eleições municipais parecem estar caindo por terra. Na 13ª eleição do século 21, antigas escritas ainda valem, algumas delas no sentido inverso do que muitos previam. A saber: Continue lendo “Urnas podem derrubar mitos”