Este site foi criado no final de novembro de 2009 para reunir alguns textos que escrevi ao longo da vida. Agrupa também textos de amigos meus. E, já que o espaço existe, passo a colocar aqui o que me der na telha escrever de agora em diante – queixas, reclamações, pau no que acho absurdo, comentários sobre os mais diferentes temas.
Uma coletânea do passado, misturada com uma espécie de blog de leitor de jornal, um espaço para exercer o sacratíssimo jus sperneandi. Só que, ao contrário dos blogs, não há qualquer pretensão ou compromisso de atualização constante.
Basicamente é isso.
Aí abaixo, me alongo um pouco, porque gosto de me alongar – mas são detalhes. .
Algumas explicações
Não há nenhuma novidade nisso de reunir textos já publicados. Vejo que vários conhecidos estão fazendo isso na internet, e resolvi seguir o bom exemplo deles. A experiência de fazer o 50 Anos de Filmes, em que reuni o que escrevi sobre cinema, para publicação ou simplesmente para mim mesmo, foi e está sendo extremamente prazerosa e gratificante. Antes de pôr no ar o 50 Anos de Filmes, tive dúvidas: não seria uma coisa um tanto pretensiosa tornar públicas anotações feitas para mim mesmo, contando minhas impressões pessoais sobre os filmes? De fato é – mas tanta gente escreve sobre cinema na rede. Que mal há em ser mais um? E, depois, fui vendo que muita gente recebeu bem o site.
A partir desses dois fatos – o exemplo de vários colegas, e a boa experiência com meu site sobre filmes –, decidi fazer este 50 Anos de Textos.
O nome é uma certa forçação de barra, basicamente para remeter ao título do 50 Anos de Filmes. Mas vou seguir o que fiz com os comentários sobre filmes, e publicar indicando o ano em que os textos foram originalmente escritos. Não vai chegar a 50 anos, mas também não vai ficar longe disso; comecei a escrever bem cedo.
Os textos do passado são sobre de tudo em pouco. Boa parte é sobre música, mas há de tudo.
Em 37 anos de jornalismo, acabei escrevendo poucos textos meus mesmos – e em geral como free lancer, fora do meu trabalho básico. Passei quase toda a minha vida profissional editando os textos dos outros. Comecei no Jornal da Tarde em 1970, mas não cheguei a ficar dois anos na reportagem: logo fui colocado como copydesk (a expressão nem se usa mais; hoje fala-se fechador), depois como sub-editor, depois editor, e mais tarde, em várias outras publicações, redator-chefe, editor-chefe, editor executivo – denominações diversas para o sujeito que cinzentamente cuida de melhorar o que os outros fazem e assinam. Servicinho, além de cinzento, um tanto desagradável – mas alguém tem que fazer, e pagavam bem, e então foi assim minha vida profissional.
Para ter meu nome assinado, tinha que trabalhar fora do horário normal de fechamento, das sete, oito, às vezes dez horas de trabalho na redação.
São esses trabalhos que reuni aqui. Não me envergonho de dizer que alguns são até bem bons.
Um espaço para a indignação e o aplauso
Desde que o 50 Anos de Filmes está no ar, deu vontade de publicar textos sobre outros assuntos que não cinema. A emoção de ver Roberto Carlos no Maracanã me fez botar entre um filme e outro um texto extasiado sobre o artista. Mas é a política, em especial, que deixa a gente com vontade de espernear, berrar, dar a opinião. Quando Marta Suplicy baixou mais o nível de uma campanha eleitoral do que Collor havia feito contra Lula no episódio Lurian, e tentou ganhar a eleição para a Prefeitura de São Paulo insinuando que seu adversário na corrida era homossexual, não consegui conter a indignação, e escrevi sobre isso no site de filmes, para contrariedade dos leitores a fim de ler só sobre cinema. Em todos os casos em que saí do tema filmes para falar de outros assuntos, teve gente que não gostou – e com razão. Então este site vai servir para eu pôr aqui o que tiver vontade de falar sobre qualquer assunto. E o 50 Anos de Filmes volta a ser só sobre cinema.
Botar texto na internet não custa nada, não agride a natureza, não destrói floresta. Então, por que não?
E existe sempre a possibilidade de alguém gostar do que a gente escreveu. Vejo isso no 50 Anos de Filmes – é de fato uma bela experiência. E, claro, há a possibilidade de detestarem profundamente as opiniões da gente. O que é ótimo.
Meus agradecimentos. E um aviso
Faço um grande, um especial agradecimento ao Carlos Bêla, sujeito de imenso talento, designer, diretor de arte, músico, blogueiro, extraordinário em tudo que faz. De novo, como já havia feito antes no 50 Anos de Filmes, construiu este site com paciência de Jó e boa vontade dos anjos. Nenhum agradecimento ao Carlos, por mais superlativos que tenha, será o suficiente.
Agradeço a Mary, minha mulher, companheira, camarada, cúmplice, que publicará textos aqui, e a Fernanda, minha filha, pessoa extraordinária, uma dádiva divina, prêmio da loteria, que a cada dia admiro mais, pelo incentivo e apoio que sempre me deram. Agradeço também a Suely Rossanez, grande amiga, mãe da Fernanda, e a Paula Galícia, pela ajuda que permite apresentar aqui meus textos da era PC – pré-computador.
Agradeço imensamente aos amigos que aceitaram o convite para dividir este espaço comigo. Tenho a certeza de que os textos deles são o que de melhor há e haverá aqui. Digo isso com toda sinceridade, sem falsa modéstia – até porque, no dia em que o Criador distribuiu esse atributo, eu não estava presente. Não tenho falsa modéstia – e tive a sorte de ter amigos brilhantes.
E, finalmente, um aviso. Ao contrário do que fizeram, com uma rapidez ansiosa e sem qualquer contestação, os jornais e revistas brasileiros, e a exemplo dos portugueses, mais cuidadosos, serenos, não aderi a essa recente reforma ortográfica. Considero-a desnecessária, sem sentido, sem lógica – uma imensa bobagem.
Sérgio Vaz
São Paulo, novembro e dezembro de 2009