Más notícias do país de Dilma (16)

Depois de semanas de denúncias diárias na imprensa sobre a corrupção do Dnit, órgão do Ministério dos Transportes, veio, na última semana, a afirmação de que a Conab, do Ministério da Agricultura, “é pior que o Dnit” – “ali só tem bandido”. A acusação foi feita por quem conhece a Conab, Oscar Jucá Neto, que foi seu diretor financeiro e é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá.

No Dnit, houve mais de 20 demissões, e a presidente Dilma, a “mãe do PAC”, a gerentona do governo Lula, que deveria saber há muito tempo tudo o que acontece nos Transportes, apareceu como faxineira, paladina dos bons costumes. Mas não houve demissão alguma na Agricultura – nem sequer inquérito, investigação, coisa alguma.

Na mesma semana, enquanto continuavam a pipocar denúncias de irregularidades em diversas áreas do governo, a presidente apresentou como política industrial um programa que, como mostra a colunista Míriam Leitão, é “um incentivo a ineficiência e ao sobrepreço”.

“O País está sem rumo”, sintetizou o historiador Marco Antônio Villa. “Com tanto estardalhaço, Dilma nem acabou com a corrupção nem conseguiu fazer a máquina governamental funcionar. Dilma vai administrando (e mal) o cotidiano. A fantasia de excelente gestora, envergada no governo Lula e na campanha presidencial, revelou-se um figurino de péssima qualidade.”

Aí vai o 16º apanhado de notícias e análises que comprovam a incompetência do governo Dilma Rousseff. Embora reúna apenas textos publicados pela imprensa entre os dias 29/7 e 4/8, o apanhado é longo. É que a incompetência é muita.

(A desastrada – para dizer o mínimo – escolha de Celso Amorim para o Ministério da Defesa, que estará nos jornais da sexta-feira, ficará para o volume 17, com as notícias publicadas entre os dias 5 e 11.)

Corrupção e incompetência em tudo quanto é lado do governo 

* “A Conab é pior que o Dnit”, diz ex-diretor da Conab

          “O Diário Oficial da União publicou na semana passada a exoneração do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o administrador Oscar Jucá Neto. (…) Em sua edição passada, Veja revelou que o ex-diretor autorizou um pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa-fantasma que tinha como ‘sócios’ um pedreiro e um vendedor de carros. (…) Jucazinho decidiu contar o que sabe. (…) Em entrevista a Veja, Oscar Jucá revelou que existe um consórcio entre o PMDB e o PTB para controlar a estrutura de comando no Ministério da Agricultura. O objetivo é um só: arrecadar dinheiro. Nas mais de seis horas de conversa, o ex-diretor afirmou que a situação do Ministério da Agricultura é pior que a do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit). (…) Segundo Jucazinho, a Conab está tendo seu patrimônio dilapidado por operações imobiliárias fraudulentas que repassam aos padrinhos políticos dos diretores terrenos a preços muito abaixo do valor de mercado. Ele revelou o favorecimento a empresas de amigos e financiadores de campanha ligados aos partidos. Tudo isso, segundo afirma, se passando com o conhecimento e o aval do ministro Wagner Rossi, do PMDB, e do presidente da estatal, Evangevaldo Moreira dos Santos, do PTB. Diz o ex-diretor da Conab: ‘Ali só tem bandido’.” (Hugo Marques, Gustavo Ribeiro e Paulo Celso Pereira, Veja, 3/8/2011, edição que circulou a partir de 30/7.)

* Inércia diante da denúncia na Conab abala a credibilidade da intolerância à corrupção

“Célere no caso dos Transportes, o Palácio do Planalto quedou-se inerte diante do PMDB, a quem atribuiu a tarefa de ‘resolver’ o problema (a denúncia sobre a Conab). Da parte de quem transmitiu à sociedade a impressão de que o rigor seria a palavra de ordem de agora em diante, seria de se esperar alguma atitude. (…) A falta de clareza e de firmeza no trato do episódio que põe na berlinda o PMDB elide a credibilidade da presidente da República. Mais: levanta a suspeita de que o PR pode ter sido escolhido a esmo no meio do lodaçal para fazer o papel de contraponto numa investida meramente promocional da imagem de Dilma Rousseff. (Dora Kramer, Estadão, 3/8/2011.)

* O governo tinha sido avisado sobre o aparelhamento da Conab

“O governo de Dilma Rousseff foi informado de que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estava sendo aparelhada com objetivos eleitoreiros, mas manteve as indicações políticas. O órgão se tornou o novo foco de denúncias da gestão petista após um ex-diretor da empresa acusar seus colegas de ‘bandidos’. As indicações para a companhia, braço do Ministério da Agricultura, intensificaram-se a partir de 2007, com a adesão do PMDB a Lula. Em oito cartas a diversos ministérios, a Associação Nacional dos Empregados da Conab cobrou do governo explicações para nomeações de apadrinhados políticos sem intimidade com o setor.” (Andreza Matais e Natuza Nery, Folha de S. Paulo, 4/8/2011.)

* A Conab entra na Justiça para perder

“A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) entra para perder na Justiça contra seus devedores. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que, a cada dez ações contra empresas que perderam ou desviaram estoques do órgão, sete são ajuizadas fora do prazo, com risco de prescrição. O prejuízo potencial com o problema alcança R$ 1,2 bilhão.” (Fábio Fabrini, O Globo, 2/8/2011.)

* “Licitações viraram jogo de cartas marcas”

“Em matéria de negócios públicos, não são só os parlamentares que dão o mau exemplo e burlam a Constituição. A superauditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 142.524 contratos do governo federal assinados entre 2006 e 2010 mostra que as licitações viraram um jogo de cartas marcadas. A ponto de o TCU ter achado casos em que o governo contratou empresas que têm como sócios os servidores públicos do órgão que fez a licitação. Mais que isso: em meio a licitações de obras e serviços no valor de R$ 104 bilhões, o tribunal encontrou funcionários públicos que além de serem sócios de empresas que fizeram negócios com a União participaram da comissão de licitação que fez a contratação da própria empresa. Diante desse descalabro, a auditoria do TCU concluiu que “as irregularidades estão disseminadas entre todos os gestores”. A auditoria foi feita entre abril e setembro do ano passado no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg) e no Comprasnet, principais instrumentos de gerenciamento de todas as licitações e compras do governo federal.” (Rosa Costa, Estadão, 29/7/2011.)

* O PAC que funciona é o Programa de Aceleração da Corrupção

“O sistema de vale-tudo nas relações entre a burocracia do Executivo, parlamentares e as empresas que conhecem o caminho das pedras para fazer negócios com a área federal engendrou no governo Lula um outro ‘PAC’, mais bem-sucedido do que o original. Seria o Programa de Aceleração da Corrupção. Diga-se desde logo que conluios entre servidores venais, políticos de mãos sujas e negociantes desonestos não são uma exclusividade nacional e tampouco surgiram sob o lulismo. Mas tudo indica que a roubalheira na escolha dos fornecedores de bens e prestadores de serviços ao Estado brasileiro e nos contratos que os privilegiaram alcançou amplitude nunca antes atingida na história deste país nos governos petistas, e não apenas em função do patamar de gastos públicos. Mais decisivo para o resultado estarrecedor a que se chegou foi o perverso exemplo de cima para baixo.” (Editorial, Estadão, 30/7/2011.)

* Outros órgãos públicos têm os mesmos vícios do Dnit

“Se a presidente Dilma Rousseff fosse faxinar todos os cantos do governo onde a ingerência política contamina a gestão, permitindo, inclusive, a proliferação de bilionários aditivos nas obras públicas, a limpeza teria que ir além dos Transportes. Órgãos estratégicos como o Banco do Nordeste (BNB), a Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) protagonizam disputas por poder entrelaçadas a graves falhas de gestão, que abrem a porta a irregularidades. Outros, como as superintendências de Desenvolvimento da Amazônia e do Nordeste (Sudam e Sudene), além do Banco da Amazônia (Basa), são alvos de acirrada disputa entre caciques partidários da base aliada, mas a presidente está segurando as indicações políticas até agora. (Maria Lima, Roberto Maltchik e Fábio Fabrini, O Globo, 31/7/2011.)

* PP tem esquema no Ministério das Cidades como PR tinha no Transportes

“Assim como o PR transformou o Ministério dos Transportes em centro de operações partidárias nem sempre republicanas, o Partido Progressista (PP) vem atuando de forma similar no Ministério das Cidades, um dos carros-chefe do PAC, dono do terceiro maior orçamento da Esplanada, com investimentos de R$ 7,6 bilhões previstos para este ano. Dos gabinetes do Ministério, o tesoureiro do PP, Leodegar Tiscoski, assim como outros executivos ligados ao partido, libera recursos para obras consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União, algumas delas com recomendação de ‘retenção dos pagamentos’, e favorece empreiteiras que contribuem financeiramente para as campanhas eleitorais do PP.” (Revista IstoÉ, edição que chegou às bancas em 30/7/2011.)

* Obra no São Francisco custará R$ 1,8 bilhão a mais

“Com o início de operação adiado em dois anos, a transposição do Rio São Francisco vai custar R$ 1,8 bilhão a mais aos cofres públicos, informou ontem (terça-feira, 2) o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional). “O aumento de 36% no custo final da obra é compatível com os reajustes de preços da construção civil”, tentou minimizar o ministro. A construção de 750 quilômetros de canais de concreto que levarão águas do São Francisco a regiões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte tinha custo estimado em R$ 5 bilhões até o fim do ano passado. Esse valor foi revisto para R$ 6,8 bilhões. A transposição é a obra mais cara do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) bancada com a arrecadação de tributos.” (Marta Salomon, Estadão, 3/8/2011.)

* Deputado do PDT ganhou R$ 8,8 milhões da União

“Duas empresas do deputado André Figueiredo (PDT-CE) receberam pelo menos R$ 8,8 milhões do governo federal entre 2009 e 2011. O parlamentar vende material hospitalar para órgãos vinculados aos Ministérios da Saúde, Educação e Defesa. Segundo informações obtidas pelo Estado, o nome de Figueiredo aparece no relatório sigiloso do Tribunal de Contas da União (TCU) que trata dos contratos firmados entre empresas de parlamentares e o governo federal. (…) Para o TCU, esse tipo de contratação “descumpre” o artigo 54 da Constituição. De acordo com o artigo, deputados e senadores não podem firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público e ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada.” (Leandro Colon, Estadão, 4/8/2011.)

O descalabro nos Transportes

* Polícia Federal tem 74 inquéritos sobre Dnit e Valec

“A Polícia Federal conduz 74 inquéritos sobre obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em 20 Estados. A informação foi divulgada ontem (sexta, 29/7) pelo diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra. Ele assinalou que outros cinco inquéritos já foram instaurados para investigar contratos da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias. ‘Os inquéritos apuram crimes contra a administração pública’, destacou Daiello. Ele fez um retrato da atuação da PF no caso Dnit, após evento de posse dos novos delegados chefes de unidades da corporação em São Paulo. Por meio dessas investigações a PF busca provas de desvios de dinheiro público, licitações dirigidas e corrupção. (…) Os inquéritos foram abertos nos últimos 12 meses.” (Fausto Macedo, Estadão, 30/7/2011.)

* Obras do Dnit já custam R$ 2,6 bilhões acima do previsto

“Obras em andamento administradas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já tiveram acréscimos de preços de R$ 2,6 bilhões. Os aditivos contratuais são apontados como uma das maiores brechas para irregularidades no órgão. Dos contratos de obras em curso, 14% registram aditivos acima do limite legal, de 25% do preço inicial acertado. As informações foram colhidas por consulta feita pela reportagem no Sistema de Informação e Apoio à Tomada de Decisão (Sindec), instalado no Dnit. Seu uso para o acompanhamento do desempenho do departamento foi boicotado pela direção do órgão, afastada na crise que já vai completar um mês.” (Marta Salomon, Estadão, 31/7/2011.)

* “Mulher de novo coordenador do Dnit representa empresas”

“Promovido a coordenador-geral de Operações Rodoviárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em meio à crise, Marcelino Augusto Rosa comanda serviços milionários do órgão com empresas cuja representante é sua mulher, Sônia Lado Duarte Rosa. De um lado do balcão, o servidor, que responde a processo disciplinar da Controladoria Geral da União (CGU) por suposto favorecimento de empreiteiras, tem ascendência sobre contratos de sua área. De outro, é ela quem leva e traz documentos e pleitos de algumas das contratadas à sede da autarquia em Brasília. Sônia Duarte é procuradora de oito empresas, a maioria responsável pela sinalização de rodovias. Antes de assumir a Coordenação Geral de Operações – no lugar de Luiz Cláudio Varejão, exonerado pela presidente Dilma -, Marcelino já era interino do cargo e coordenava o setor de Segurança e Engenharia de Trânsito, responsável pela sinalização horizontal e vertical, entre outras atribuições. Graças a aditivos, algumas das clientes de Sônia conseguiram dobrar o valor de seus contratos nos últimos anos.” (Fábio Fabrini e Roberto Maltchik, O Globo, 29/7/2011.)

* Denúncia derruba o casal Dnit: é a 22ª queda

“Recém-promovido a coordenador geral de Operações Viárias do Dnit, Marcelino Augusto Rosa foi exonerado ontem (sexta, 29/7) após O Globo revelar que sua mulher, Sônia Lado Duarte Rosa, é procuradora de empresas que têm contratos milionários no órgão.” (Fábio Fabrini e Roberto Maltchik, O Globo, 30/7/2011.)

* Dnit desrespeita Constituição e paga R$ 287 milhões a empresa de deputado

“O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes(Dnit) pagou R$ 286,9 milhões, entre 2004 e 2010, a uma empresa de Djalma Diniz (PPS), ex-deputado em Minas Gerais. No período, Diniz era detentor de mandato parlamentar. A contratação, pela administração pública, de empresas de deputados é vedada pela Constituição Federal e pela mineira. A empresa do ex-deputado mineiro está entre as dez que mais receberam do Dnit no País no ano passado. Apenas em 2010, a Pavotec Pavimentação e Terraplanagem, da qual Diniz é sócio majoritário, recebeu do Dnit R$ 151,1 milhões para ‘manutenção’ e ‘adequação’ de trechos rodoviários em estradas federais de Goiás, Rio Grande do Norte, Piauí e Minas. Até então, o maior valor recebido pela empresa no período de um ano foram os R$ 36,3 milhões ganhos em 2009.” (Fernando Gallo e Marcelo Portela, Estadão, 30/7/2011.)

* Dirigente da Valec “dilapidou patrimônio”, alertou o TCU

“Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendaram que o atual superintendente financeiro da Valec, Cácio Antonio Ramos, fosse impedido de assumir cargos de confiança na administração pública por ter sido cúmplice, na avaliação deles, com a dilapidação do patrimônio da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Ramos foi o primeiro inventariante da empresa, cargo que ocupou por dois anos e meio, entre 2007 e 2009. A recomendação do corpo técnico do TCU ocorreu em 2009.

“Em um extenso relatório a respeito das consequências da concessão da malha ferroviária paulista, técnicos da 1.ª seção de controle externo do tribunal relatam descaso dos responsáveis pela Inventariança com roubos de parte do espólio da rede – vagões, fios, trilhos e outras peças – e também com a execução contratual das empresas que arrendaram parte dos ativos quando da privatização da RFFSA. No documento, os técnicos chegam a afirmar que Cácio Ramos e outras três pessoas causaram danos aos cofres públicos e incorreram em atos ilegais.” (Fernando Gallo, Estadão, 31/7/2011.)

* Surge a primeira denúncia de corrupção contra o novo ministro

“O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) protocolou ontem representação na Procuradoria-Geral da República pedindo que o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos (PR), seja investigado por suspeita de corrupção passiva, desvio de dinheiro e formação de quadrilha. É a primeira vez que Passos é envolvido em acusações desde o começo da crise nos Transportes.” (Fernando Gallo, Estadão, 3/8/2011.)

* Discurso do ex-ministro causa duplo embaraço a Dilma

“O discurso de Alfredo Nascimento saiu pior do que a encomenda para Dilma Rousseff de duas maneiras. Na primeira parte, diante do silêncio de petistas e aliados, o ministro demitido envolveu a presidente na crise dos Transportes – entre outros constrangimentos, disse que a alertou sobre o descontrole no orçamento da pasta, sem ser incomodado por isso. Na segunda parte, quando os governistas acordaram e se puseram a defender Nascimento, fizeram-no com tantos elogios – ‘gestor eficiente’, ‘figura pública exemplar’, ‘injustiçado’- que ficou no ar a pergunta: por que então Dilma o dispensou?” (Renata Lo Prete, Folha de S. Paulo, 3/8/2011.)

* Para impedir CPI, governo promete vaga no TCU e até inaugura ponte

“Tendo à frente a própria presidente Dilma Rousseff, que contou ainda com a ajuda de ministros e líderes na Câmara e no Senado, o governo conseguiu enterrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes requerida pela oposição. Para abortar a CPI, o Planalto prometeu acelerar obras, apoiar um candidato ao Tribunal de Contas da União (TCU) e até garantir a presença de Dilma na inauguração de uma ponte.” (João Domingos, Estadão, 4/8/2011.)

Até o balanço oficial mostra o PAC empacado

* Balanço oficial: nenhuma obra na área de transportes foi concluída

“O primeiro balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) na área de transportes – palco de crise política enfrentada pelo governo – mostrou que nenhuma obra ainda foi concluída, e que 69% delas ainda estão na fase de projeto ou aguardando licenciamento. No PAC 2, a meta geral é de que 74% das obras sejam concluídas até 2014 e 26% fiquem para depois. Ainda considerando o estágio das obras, 27% estão em execução e 4%, em fase de licitação. Levando-se em conta os valores investidos, 86% das obras estão com ritmo adequado, 10% em estado de atenção e 4%, preocupantes. De acordo com o relatório divulgado hoje (sexta, 29/7) pelo Ministério do Planejamento, coordenador do programa, o PAC 2 na área de transportes prevê quase 8 mil quilômetros de obras em rodovias e 55 mil quilômetros receberão recursos para sua manutenção.” (Andréa Jubé, Eduardo Rodrigues e Renata Veríssimo, estadao.com, 30/7/2011.)

* Balanço oficial: obras de saneamento na estaca zero em 15 Estados

“As obras de saneamento básico continuam travadas na segunda etapa do PAC. Balanço divulgado na sexta-feira, 29, pelo governo mostra que, em 2009, 73 municípios com mais de 50 mil habitantes de 21 Estados foram selecionados para receber o investimento da ordem de R$ 2,9 bilhões. Dois anos se passaram, todo o dinheiro foi contratado, porém, 15 Estados sequer iniciaram as obras. Pelos dados do programa, em média, 57% dos empreendimentos estão em andamento. Mas esse porcentual é influenciado pelo bom desempenho em seis Estados – Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. Segundo balanço, em 15 Estados os empreendimentos continuam na estaca zero.” (Lu Aiko Otta e Edna Simão, Estadão, 30/7/2011.)

 Economia

* O governo incentiva a ineficiência e chama isso de “política industrial”(1)

“O governo decidiu que nas compras governamentais vai preferir a indústria local. Muitos governos fazem isso. Mas ele estabeleceu que se a indústria local produzir com uma diferença de preço de até 25% a mais ela será escolhida. É um incentivo a ineficiência e ao sobrepreço. A indústria nacional precisará competir pelo aumento da eficiência. Essa decisão foi tomada para lavar os brios nacionais porque as Forças Armadas estão envergando uniformes chineses. Em vez de analisar os fatores que estão drenando a competitividade dos fabricantes de fardas nacionais, o governo estabelece que aceita que o produtor local cobre um quarto a mais no preço de cada uniforme e qualquer outro bem que o governo for adquirir. A China virou álibi para qualquer política.(…)

“E há uma velha lei da selva da proteção à indústria: quem paga a conta é sempre o consumidor. (…)

“As bondades de ontem serão pagas por todos nós, mas os industriais estão animados porque acham que isso é só o começo.” (Míriam Leitão, O Globo, 3/8/2011.)

* O governo incentiva a ineficiência e chama isso de “política industrial”(2)

“De um economista neoliberal ao saber da adoção desse sobrepreço de 25% para manufaturados e serviços nacionais, e ao ouvir Mantega dizer que ‘o mercado brasileiro deve ser usufruído pela indústria brasileira: – Ué, pensei que a idéia era os brasileiros usufruírem da indústria nacional, e não serem usufruídos por ela…” (Ancelmo Goes, O Globo, 3/8/2011.)

* O governo incentiva a ineficiência e chama isso de “política industrial”(3)

“Nos classificados do jornal chileno “El Mercurio”, encontrei um Gol 1.6, modelo mais avançado, oferecido pelo equivalente a R$30 mil, já incluídos os impostos. É cerca de R$10 mil inferior ao preço no Brasil, onde o carro é fabricado. (…) Não é só com automóveis. Nas farmácias de Buenos Aires, por exemplo, encontram-se cosméticos e remédios made in Brasil mais baratos lá. Logo, como se pode dizer que o problema maior da indústria brasileira é a competição predatória dos importados? Esse é o desvio da política industrial lançada pelo governo. Parte de um erro de diagnóstico, o de achar que indústria nacional perde competitividade por causa do dólar desvalorizado e da competição desleal dos estrangeiros. Esses problemas existem, mas não são os mais importantes.

“Esse equívoco completa outro, o de achar que o dólar está desvalorizado por causa da ação de especuladores no mercado futuro (de derivativos), alvo do pacote lançado na semana passada. São erros gêmeos. Nos dois casos, há uma visão nacionalista estreita, essa que localiza sempre um estrangeiro predador atrás de cada esquina. É confortável para os governantes, que posam de patriotas, acaba ajudando alguns setores empresariais, mas cobrando um preço de todos os outros. (…)

“Todos pagam impostos elevados, alguns ganham o benefício de pagar menos. O governo calcula que a renúncia fiscal do atual pacote será de R$25 bilhões em dois anos. É pouco. Só no primeiro semestre deste ano, o Tesouro arrecadou R$480 bilhões, um salto de 20% sobre o mesmo período de 2010. A mesma lógica vale para os juros. Reconhecendo que o custo do dinheiro é proibitivo, toda vez que monta pacotes o governo oferece, via BNDES, juros especiais, subsidiados, para este ou aquele setor. Para isso, o governo precisa colocar mais dinheiro no BNDES. E como arruma esses recursos? Ou com mais impostos ou tomando dinheiro emprestado na praça, pelo qual paga juros mais altos do que o BNDES cobra.

“Com esses dois movimentos, o governo puxa a carga tributária e eleva a dívida pública bruta, fator que pressiona a taxa de juros – não a especial, mas a de todo mundo. De novo, para oferecer juros menores a alguns, precisa cobrar mais juros de todos os outros.

“Resumo da ópera: esses pacotes podem até melhorar a vida de algumas empresas e setores, mas pioram a vida de todos os outros. Como não há dinheiro para subsidiar todos, a injustiça é generalizada e tudo termina com o consumidor brasileiro pagando mais caro.

“A competitividade geral da economia continua limitada não pelo dólar baratinho, nem pelos estrangeiros maldosos, mas pelos três fatores estruturais que conhecemos: carga tributária muito elevada (para custear os cada vez mais elevados gastos públicos, inclusive com subsídios), juros na lua e infraestrutura precária. Juros e gastos públicos, aliás, também explicam boa parte da valorização do real (e mais a entrada de dólares via exportação de commodities e para investimentos).”  (Carlos Alberto Sardenberg, O Globo, 4/8/2011.)

* Banco Central afrouxa as rédeas: inflação na meta, só em 2013

“O Banco Central (BC) já não está mais comprometido com o plano de fazer a inflação convergir para 4,5% (centro da meta) em 2012. A ata da reunião de 20 de julho do Comitê de Política Monetária (Copom) – na qual a Selic foi elevada em 0,25 ponto percentual, passando para 12,5% ao ano – sinaliza que o foco da autoridade monetária passou a ser colocar a inflação em trajetória de queda, mesmo que o centro da meta só seja atingido em 2013.) (Martha Beck, O Globo, 29/7/2011.)

* Rédeas afrouxadas, incentivo à inflação

“Especialistas em decodificar ata do Copom entendem que o objetivo de fazer a inflação voltar ao centro da meta (4,5%) acaba de ser postergado de 2012 para 2013, assim como poderá haver uma interrupção no ciclo de aperto monetário (juros). Os formadores de preço, então, se sentirão estimulados a fazer remarcações mais elásticas. Logo, haverá pela frente mais inflação, com os salários tendo menos poder aquisitivo, e assim por diante. É uma pena. Principalmente para os pobres, que o governo diz defender.” (Opinião, O Globo, 30/7/2011.)

* Elevando a inflação

“Ficamos assim: em 2010, o BC parou de elevar juros para não atrapalhar a eleição de Dilma Rousseff e, assim, comprometeu os resultados daquele ano e de parte deste. Agora, o pretexto é não elevar juros para manter o crescimento perto dos 5%. O risco é indexar a inflação num nível perigoso e obter menos crescimento econômico. (Carlos Alberto Sardenberg, Estadão, 1º/8/2011.)

* Capitalismo sem risco: dinheiro público para as obras da Copa

“Com as louváveis exceções dos estádios de Porto Alegre e de Curitiba, há dinheiro público enterrado em todos os estádios em preparação para a Copa. A realização de uma Copa do Mundo, assim como as Olimpíadas, é momento inescapável para juntar a necessidade de se fazer obras de infra-estrutura à oportunidade de atrair investimentos da iniciativa privada, ante a perspectiva de retorno futuro para a sociedade e investidores. No entanto, monta-se o projeto brasileiro no princípio de um capitalismo sem risco, espetando-se a fatura dos investimentos na conta do contribuinte e distribuindo-se os dividendos (administração de estádios etc) a uma iniciativa privada que tem alergia ao empreendedorismo).” (Editorial, O Globo, 29/7/2011,)

* O governo não tem uma política para os combustíveis

“Sem meios para elevar a oferta de álcool no curto prazo, o governo decidiu importar 1 bilhão de litros de álcool anidro. Parece ser uma medida paliativa, pois não há como evitar que os preços do etanol permaneçam elevados e se reflitam no índice oficial de inflação, admitiu a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. O melhor que o governo tem a fazer, imediatamente, é definir com clareza a política de médio e de longo prazos que pretende adotar para o setor sucroalcooleiro. Sem isso, será cobrado pela falta de investimentos e pelos prejuízos causados aos consumidores de álcool.” (Editorial, Estadão, 29/7/2011.)

           Em suma: é um governo incompetente

 * O país está sem rumo, o governo não consegue realizar nada

“Fingir indignação, falar em limpeza – quando o vocabulário doméstico invade a política, é sinal de pobreza ideológica -, dizer que agora, sempre agora, só vai aceitar indicações que tenham a ficha limpa, isso é um engodo. Quer dizer que no momento em que formou o Ministério a ficha limpa era irrelevante? Ficha limpa é para coagir aliados? E que aliados são esses que são constrangidos pelo currículo?

“Os sucessivos reinícios de governo são demonstrações de falta de rumo e de liderança. O PAC não é um plano de governo. É uma junção aleatória de obras realizadas principalmente pelo governo e por empresas estatais. É um todo sem unidade alguma. Não há uma concepção de projeto nacional, nada disso. Além da falta de organicidade, os cronogramas de todas as obras estão atrasados. O governo não consegue realizar, de forma eficaz, nenhum empreendimento. Quando algo chama a atenção, não é por seu efeito para o desenvolvimento do País. Muito ao contrário. É por gasto excessivo, desvio de recursos, inutilidade da obra ou atraso no prazo de entrega. E, algumas vezes, é uma cruel somatória desses quatro fatores.

“O País está sem rumo. (…)

“Com tanto estardalhaço, Dilma nem acabou com a corrupção nem conseguiu fazer a máquina governamental funcionar. E quem perde é o País. (…)

“Dilma vai administrando (e mal) o cotidiano. A fantasia de excelente gestora, envergada no governo Lula e na campanha presidencial, revelou-se um figurino de péssima qualidade. Como nos velhos sambas, a quarta-feira já chegou. Um pouco cedo, é verdade. O carnaval mal começou. E dos quatro dias de folia, nem acabou o primeiro.” (Marco Antônio Villa, historiador, no Estadão, 3/8/2011.)

* Assusta a forma como Dilma escolhe seus assessores

“É assustador verificar com o passar dos dias e das noites a nada tranquilizante capacidade de escolha de assessores pela presidente Dilma Rousseff. De início, quando era tão somente ministra do governo Lula e teve de se desincompatibilizar para disputar a Presidência da República, ela decidiu deixar em seu lugar uma senhora da qual o País guarda triste lembrança: a demitida ministra Erenice Guerra – e sua suspeitíssima família.

(…) Ao formar o seu Ministério, ela agiu sem critério que preservasse o interesse público e distribuiu cargos a pessoas que não mereceriam recebê-los. Por esse novo deslize acabou sofrendo solavancos, decorrentes de escândalos envolvendo avanço no dinheiro público. É inacreditável que a presidente não tenha o cuidado de avaliar melhor as pessoas às quais entrega fatias do poder. É igualmente inacreditável que não se lembre de como ficaram comprometidos recentes protagonistas do mensalão e que a eles tenha entregue cargos de grande importância.” (Aloísio de Toledo César, Estadão, 30/7/2011.)

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Para que as cotas, então?

 * Política de cotas não aumenta número de pobres na Universidade

“Apesar da adoção de políticas afirmativas e do aumento de vagas, a proporção de estudantes das classes C, D e E nas universidades federais ficou estagnada, nos últimos 15 anos. É o que revela levantamento divulgado ontem pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). A pesquisa mostra, porém, que aumentou a parcela de alunos com origem na escola pública, assim como a de pretos e pardos. O levantamento foi realizado ano passado e contou com a participação de 19.691 universitários (3% do total). A definição de classe econômica seguiu critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep).

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 No capitalismo de Estado do lulo-petismo, uma mão suja a outra

* “Oi banca R$ 300 mil de peça estrelada por neta de Lula”

“Depois de socorrer uma empresa do filho do ex-presidente Lula, a Oi vai financiar peça de teatro que terá no elenco uma neta do petista. A produção, que busca patrocínio há um ano e três meses, conseguiu a ajuda após promover na mídia a participação da jovem. A peça Megera Domada, de Shakespeare, marcará a estreia de Bia Lula, 16, filha de Lurian Lula da Silva, nos palcos. A Oi é a única empresa até agora a patrocinar o projeto via Lei Rouanet. A tele vai bancar R$ 300 mil, quase metade do custo da produção, de R$ 639,4 mil. A captação ‘salvou’ a peça, prevista para estrear em novembro, e só foi possível porque o Ministério da Cultura, na gestão de Ana de Hollanda, ampliou por um ano o prazo para a produção encontrar patrocínio. (Nádia Guerlenda Cabral, Andreza Matais e Fernanda Odilla, Folha de S. Paulo, 31/7/2011.)

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 Para não esquecer que Toffoli vai julgar o mensalão

* Eremildo, o idiota, absolve o ministro

“Eremildo é um idiota e está convencido de que o ministro José Antônio Toffoli foi à ilha de Capri movido pela admiração que tem pelo escritor russo Máximo Gorki, que viveu numa casa do pedaço, apelidada de ‘Vila Vermelha’, e pelas boas lembranças que Lenin guardou do lugar. O ministro recusou-se a explicar quem pagou a estadia, mas um advogado de suas relações confirmou que patrocinou as diárias dos amigos que convidou para seu casamento. Toffoli diz que ‘não tem mais nada a acrescentar”. Por idiota, Eremildo entendeu que o ministro não quer discutir se deixou gorjetas para a criadagem.” (Elio Gaspari, Folha de S. Paulo e O Globo, 31/7/2011.)

 4 de agosto de 2011

Outros apanhados de provas da incompetência de Dilma e do governo:

Volume 1 – Notícias de 20 a 27/4

Volume 2 – Notícias de 28/4 a 4/5

Volume 3 – Notícias de 4 a 6/5

Volume 4 – Notícias de 7 a 10/5

Volume 5 – Notícias de 10 a 17/5

Volume 6 – Notícias de 17 a 21/5

Volume 7 – Notícias de 22 a 27/5

Volume 8 – Notícias de 28/5 a 2/6

Volume 9 – Notícias de 3 a 10/6

Volume 10 – Notícias de 11 a 17/6

Volume 11 – Notícias de 18 a 23/6

Volume 12 – Notícias de 24/6 a 8/7

Volume 13 – Notícias de 15 a 21/7

Volume 14 – Notícias de 22 a 28/7

 Volume 15 – Notícias de 29/7 a 4/8