Más notícias do país de Dilma (85)

As coisas estão tão feias neste país, após dez anos de lulo-petismo, os valores andam tão violentamente aviltados, que as pessoas mais calmas, ponderadas, demonstram que sua paciência, sua calma, sua ponderação estão acabando.

Outro dia, no Estado de Minas, o sempre afável, believer Fernando Brant desabafou, sob o títula catilinário de “Quousque tandem? – até quando?: “O que vemos acontecer e o que se fala no Brasil de hoje, e certamente também de outros tempos, é de desanimar. Os eleitos para administrar a nação, está cada vez mais evidente, não estão preparados para enfrentar os desafios que o Brasil precisa superar para alcançar a grandeza que nosso povo merece.”

Outro sujeito afável, ponderado, o antropólogo Roberto da Matta, vociferou um artigo intitulado “Eu não aceito!”:

“Um lado meu pergunta ao outro se não estaria na hora de sumir do Brasil. Se não seria o momento de pegar o meu chapéu e deixar de escrever, abandonar o ensino das antropologias, desistir do trabalho honesto, beber fel, tornar-me um descrente, aloprar-me, abandonar a academia (de ginástica, é claro), deixar-me tomar pela depressão, desistir de sonhar, aniquilar-me, andar de joelhos, dar um tiro no pé, filiar-me a uma seita de suicidas, mijar sentado, avagabundar-me, virar puxa-saco, fazer da mentira a minha voz; e – eis o sentimento mais triste – deixar de amar, de imaginar, de ambicionar e de acreditar. Abandonar-me a esse apavorante cinismo profissional que toma conta do País – esse inimigo da inocência -, porque minha cota de ingenuidade tem sido destroçada por esses eventos. Eu não posso aceitar viver num país que legaliza a ilegalidade, tornando-a um valor. Eu não posso aceitar um conluio de engravatados que vivem como barões à custa do meu árduo trabalho.”

Essa malta que, após a eleição de um petista, se apossou do Estado brasileiro como um bando de gafanhotos, repete uma cantilena contrária à privatização de estatais durante os governos que antecederam o deles. Faz isso com competência – tanto que o PSDB ficou com vergonha de defender as privatizações e mostrar as óbvias vantagens obtidas com elas.

Pois essa mesma malta está fazendo um esforço tremendo – com muito sucesso – para dilapidar a Petrobrás, esse patrimônio gigantesco que é em parte do governo mas em parte da sociedade. O PT tomou de assalto a Petrobrás, privatizou a empresa para seus próprios interesses, e deu no que deu. E a oposição não consegue sequer berrar contra isso.

É de deixar indignado qualquer bom frade de pedra.

Aí vai a 85ª compilação de notícias e análises que comprovam a incompetência do lulo-petismo como um todo e do governo Dilma Rousseff em especial. Foram publicadas entre os dias 1º e 7 de fevereiro.

O lulo-petismo lutando para desmontar a Petrobrás

* Intervenção equivocada e demagógica nos combustíveis

“O governo interveio de maneira equivocada na política de preços para os combustíveis, e os reflexos negativos dessa intervenção vão perdurar ainda algum tempo sobre esse setor vital para a economia. Com o crescimento da frota de veículos, era de se esperar que houvesse uma expansão considerável no consumo dos combustíveis. Mas, para angariar dividendos eleitoreiros, o governo resolver segurar os preços domésticos dos principais derivados (óleo diesel e gasolina), ignorando a lei de oferta e procura. Ao desatrelar os preços domésticos das cotações internacionais, o governo eliminou a única referência que poderia ter um mercado que ainda prevalece um monopólio de fato, em razão de a Petrobrás deter o controle de todas as refinarias existentes no país.

“Os preços da gasolina, do óleo diesel e do GLP são bem visíveis para a a maioria das pessoas. Já os dos demais derivados, não. A alta do querosene de aviação pesou nos custos das companhias aéreas, e uma parte acabou repassada ao valor cobrado pelas passagens. O encarecimento da nafta pesou na cadeia de produtos petroquímicos, plásticos e até farmacêuticos. O combustível usado nos navios pesou sobre os fretes marítimos. Então, é evidente que a contenção dos preços mais visíveis dos combustíveis teve mais propósito demagógico do que efetivamente uma preocupação econômica. Ajuda a segurar a inflação, mas a estatal subsidia a manobra.

“As consequências são sentidas no salto do consumo de gasolina, o que obrigou a Petrobrás a importar enormes volumes do produto, em condições que lhe são financeiramente desvantajosas. A empresa tem acumulado receitas aquém do que obteria se não houvesse essa intervenção demagógica. São recursos que estão fazendo falta nos pesados investimentos que a empresa realiza para aumentar sua produção, inclusive de derivados que hoje importa. E esse enfraquecimento ficou claro para os mercados. No dia seguinte ao anúncio do reajuste de 6,6% dos preços da gasolina e do diesel as ações da empresa caíram fortemente (5%) nas bolsas. Por essa reação, constata-se que os mercados financeiros não acreditam que a companhia entrará em uma trajetória de balanços bem mais saudáveis. E segunda-feira, a companhia deve divulgar seu resultado de 2012, um dos piores dos últimos tempos.

“Mais cedo ou mais tarde o governo terá de desfazer essa política míope, não apenas para não continuar prejudicando a Petrobrás, mas também porque indiretamente tem afetado outros segmentos importantes, como o etanol. Uma parte do explosivo aumento do consumo de gasolina (suprido consideravelmente por importações) decorreu da escassez de álcool hidratado no mercado interno.

“O intervencionismo governamental quase sempre é maléfico, exatamente por estar sujeito a influências político-eleitorais. Mesmo sendo uma companhia de capital aberto, a Petrobrás não ficou imune a esses efeitos nocivos.” (Editorial, O Globo, 2/2/2013.)

* Lucro da Petrobrás é 36% menor que o de 2011 e resultado é o pior em oito anos

“A Petrobrás anunciou ontem (segunda, 4/2) à noite que seu lucro líquido em 2012 foi 36% menor do que o de 2011. Foi o pior resultado da companhia desde 2004, quando obteve R$ 16,88 bilhões. O lucro líquido do ano passado somou R$ 21,182 bilhões.

“Em mensagem endereçada a investidores e acionistas, a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, credita o resultado inédito em oito anos ao ‘aumento da importação de derivados a preços mais elevados’, mais a desvalorização cambial, ‘o aumento de despesas extraordinárias, como a baixa de poço secos’, e a queda de 2% na produção de petróleo na comparação com o ano anterior.

“Graça avisa na mensagem que as perspectivas para este ano não são animadoras. ‘Em 2013 será possível alcançarmos uma produção de óleo somente no mesmo patamar de 2012’, escreveu. A presidente justifica a previsão pessimista à obrigação de promover com urgência a manutenção de plataformas petrolíferas.” (Sergio Torres, Estadão, 5/2/2013.)

* Uso político da Petrobrás pode atrasar pré-sal, alertam analistas

“O uso da Petrobrás como instrumento de política macroeconômica poderá afetar o cronograma da produção do pré-sal. Analistas avaliam que, ao controlar os preços dos combustíveis para conter o avanço da inflação e ao tornar as regras de conteúdo nacional mais rígidas para desenvolver a indústria brasileira, o governo pode dar um tiro no pé e atrasar projetos na mais promissora fronteira petrolífera.

No Plano de Negócios 2012-2016 estão previstos investimentos de US$ 67,7 bilhões no pré-sal, 58,7% do montante reservado para a área de Exploração e Produção no período. ‘O governo vem segurando os preços dos combustíveis para controlar a inflação e forçando a barra em alguns projetos para ampliar o conteúdo nacional, levando a Petrobrás a ter que comprar mais caro aqui no Brasil ou adiar projetos porque os fornecedores não conseguem entregar as encomendas a tempo. Se a empresa continuar a ser conduzida assim, vai ter dificuldades no pré-sal. Isso não vai inviabilizar projetos, mas vai atrasar o desenvolvimento dessas áreas’, diz Walter de Vitto, analista de petróleo e gás da consultoria Tendências.” (Danielle Nogueira e Bruno Villas Bôas, O Globo, 5/2/2013.)

* Valor da Petrobrás cai ao menor nível desde a megacapitalização; presidente diz que 2013 vai ser “muito mais difícil”

“A presidente da Petrobrás, Graça Foster, mandou ontem (terça, 5) um aviso a quem imaginava que a Petrobrás começaria neste semestre um processo de recuperação financeira e produtiva em relação a 2012, quando o lucro foi o mais baixo dos últimos oito anos e a produção caiu 2,35% em relação a 2011. ‘2013 vai ser muito mais difícil ainda’, alertou.

“A queda de 36% no lucro (R$ 21,2 bilhões) em 2012, divulgado na noite de segunda-feira, associada ao anúncio feito nesta terça ao mercado de uma política diferenciada na distribuição de dividendos derrubou as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da companhia. Com um tombo de 8,3%, os papéis lideraram o ranking das maiores perdas do principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa.

“Em pouco mais de um mês, a Petrobrás acumulou uma perda de R$ 30 bilhões em seu valor de mercado na Bolsa. A companhia encerrou o pregão com valor de R$ 224,830 bilhões, abaixo, portanto, do valor da empresa antes da megacapitalização de 2010. Em 23 de setembro daquele ano, antes da maior oferta de ações já realizada na história das bolsas de valores de todo o mundo, o valor de mercado da Petrobrás encerrou em R$ 252,648 bilhões, segundo dados da consultoria financeira Economatica. No dia seguinte, após o aumento de capital, o valor de mercado atingiu R$ 362,806 bilhões.

“Essa é a primeira vez que a companhia propõe um valor de dividendos para as ON de cerca de metade do anunciado para as PN (preferenciais). O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, admitiu que a decisão foi tomada para preservar o caixa da Petrobrás.

“Segundo ele, a empresa precisaria desembolsar mais R$ 3,5 bilhões para oferecer às ON o mesmo dividendos proposto às PN.” (Sergio Torres, Sabrina Valle e Mônica Ciarelli, Estadão, 6/2/2013.)

* Pressionada pelo governo, Petrobrás vive uma encruzilhada

“A Petrobrás está numa sinuca. Para atender ao maior consumo de gasolina e diesel no mercado interno, a empresa precisa fazer investimentos em novas refinarias para ampliar a oferta de derivados e, assim, reduzir gastos com importação de combustíveis. E, para que os investimentos sejam executados, a empresa precisa aumentar a geração de caixa. No entanto, sua principal fonte de receita — a venda de derivados no Brasil — enfrenta restrições, já que seu acionista controlador, a União, não permite que os preços do diesel e da gasolina acompanhem a cotação do petróleo no mercado internacional, temendo o impacto sobre a inflação. Diante dessa situação, a alternativa que resta à empresa é se endividar mais, dizem analistas.

“Semana passada, a Petrobrás reajustou a gasolina em 6,6% e o diesel, em 5,4%, mas a presidente da Petrobrás, Graça Foster, disse ontem que a alta não foi suficiente para repor as perdas decorrentes da defasagem de preços em relação aos cobrados no exterior. A avaliação da direção da empresa é que a mistura do álcool na gasolina, a partir de maio, dará fôlego à petrolífera, mas que a produção ‘vai caminhar de lado’ e que será difícil atravessar 2013. ‘A situação da empresa é preocupante e o cobertor é curto’, disse uma fonte.” (Danielle Nogueira e Geraldo Doca, O Globo, 6/2/2013.)

* “A Petrobrás paga um preço devastador pela sujeição aos interesses político-partidários do Palácio do Planalto”

“Com lucro de R$ 21,18 bilhões em 2012, 36% menor que o do ano anterior e o mais baixo em oito anos, a Petrobrás paga um preço devastador pela sujeição aos interesses político-partidários do Palácio do Planalto. Investimentos mal planejados, orientação ideológica, loteamento de cargos e controle de preços de combustíveis comprometeram a eficiência e a rentabilidade da empresa e a desviaram de seus objetivos principais. Os danos impostos à companhia são parte da herança desastrosa deixada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessora.

“Desde o ano passado a nova presidente da estatal, Maria das Graças Foster, vem tentando corrigir seu rumo. Mas a interferência nos preços permanece, os reajustes são insuficientes e a geração de caixa continua prejudicada. Mais dificuldades surgirão neste ano, avisaram ao mercado, nessa terça-feira, dois dos principais dirigentes da Petrobrás. Pelo menos esse dado positivo acompanhou a divulgação das más notícias: a presidente da empresa e o diretor financeiro, Almir Barbassa, falaram sobre a situação e as perspectivas da companhia com uma franqueza incomum durante a maior parte dos últimos dez anos.

“Os problemas vão muito além de uma piora temporária das condições financeiras. A produção de petróleo e gás no Brasil, no ano passado, equivalente a 2,35 milhões de barris diários, foi 0,9% menor que a de 2011. Com a parcela produzida no exterior a média diária alcançou 2,59 milhões de barris equivalentes, volume 0,8% inferior ao do ano anterior. A meta de 2,02 milhões de barris diários, fixada para 2012, continuará valendo para este ano, com possibilidade de desvio de 2% para mais ou para menos. Se o desvio ocorrer, advertiu a presidente, será provavelmente para baixo. Não há possibilidade física, deixou claro a presidente, de um aumento de produção.

“As previsões para o ano incluem também, segundo Maria das Graças Foster, mais R$ 6 bilhões de baixas correspondentes a poços secos. Além disso, nenhum novo projeto deverá ser iniciado em 2013. A empresa continuará empenhada em realizar os investimentos já programados, mas o total aplicado, de R$ 97,7 bilhões, deverá ser R$ 5 bilhões maior que o anteriormente previsto. A empresa continua analisando a qualidade econômica dos projetos enquadrados em 2012 como ‘em avaliação’. Ao assumir o posto, a nova presidente anunciou no ano passado a intenção de rever os planos e prioridades. Não se anunciou, na ocasião, o abandono de nenhum projeto, mas ficou clara a disposição de submeter o programa da empresa a uma revisão crítica.

“Sem perspectiva de maior produção a curto prazo, a empresa terá de continuar importando grandes volumes para atender à demanda crescente de combustíveis. Isso será inevitável mesmo com o aumento da parcela de álcool misturada com a gasolina. A necessidade de maior importação foi uma das causas da redução do lucro no ano passado. O controle de preços foi um complicador a mais. A presidente da empresa reafirmou a intenção de continuar buscando o realinhamento de preços. Mas isso dependerá de como o governo pretenda enfrentar a inflação. Se insistir na manipulação de preços, os problemas da Petrobrás poderão agravar-se.

“Com dificuldades de geração de recursos, a companhia foi forçada a aumentar seu endividamento. Com problemas de caixa, a diretoria decidiu pagar dividendos menores aos detentores de ações ordinárias do que aos demais acionistas, explicou Barbassa. Disso resultará uma economia de R$ 3 bilhões para investimentos, acrescentou.

“A Petrobrás necessitará de novo aumento de capital, segundo alguns analistas. A presidente da empresa negou essa possibilidade neste ano. Seja como for, o passo mais importante deve ser a consolidação de um novo estilo administrativo, moldado segundo objetivos típicos de uma empresa de energia. A Petrobrás será beneficiada, também, se as suas encomendas de equipamentos e serviços forem decididas com base em critérios empresariais. Não é sua função assumir os custos de uma política industrial. Ter sucesso como uma gigante do petróleo já é um desafio mais que suficiente.” (Editorial, Estadão, 6/2/2013.)

* A Petrobrás simplesmemente não dá conta de tudo o que o governo exige dela. Assim se desarruma a Petrobrás e a economia do país

“Depois que a própria direção reconheceu o desastre de 2012 e previu que resultados ainda piores podem vir em 2013, é preciso entender que a Petrobrás não está dando conta das tarefas de que foi investida.

“É areia demais para seu caminhão. Não consegue cumprir todas as metas impostas pelo governo. Não se mostra capaz de, ao mesmo tempo, aumentar a produção, ajudar no combate à inflação, fazer caixa para o enorme programa de investimentos, servir de alavanca para a indústria nacional de fornecimentos e, ainda, contribuir decisivamente para as contas públicas de Estados e municípios, com polpudos pagamentos de royalties.

“Essa múltipla trombada entre objetivos de política econômica é recorrente no governo Dilma – que também quer derrubar os juros a níveis recordes, puxar o câmbio para dar competitividade à indústria, emplacar um ‘pibão grandão’ a cada ano, manter a inflação mais ou menos controlada, investir centenas de bilhões de dólares por ano sem ter poupança para isso e continuar gastando à vontade para fazer uma política anticíclica e, além disso, tentar ostentar um mínimo de austeridade fiscal.

“O resultado é a progressiva desarrumação da economia, provavelmente nas mesmas proporções em que estão sendo desarrumadas as finanças da Petrobrás. Pelo menos a presidente, Graça Foster é mais sincera sobre estragos na área dela do que tem sido o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre os estragos na área dele.

“A política de congelamento de preços dos derivados de petróleo é da mesma qualidade que a política de congelamento de preços e salários imposta pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Mas não é só por isso que ela é condenável. É, também, por sabotar a capacidade de investimentos da Petrobrás. Ou o governo Dilma revê o Plano de Negócios da Petrobrás ou revoga esse regime de preços dos combustíveis.

“Há seis anos não é realizada nova licitação de áreas para exploração de petróleo. O governo Dilma finalmente concordou em fazer mais duas: uma na área do pós-sal (acima da camada de sal), agendada para maio, e outra, no pré-sal, prevista para novembro.

“O novo marco regulatório exige que, nas licitações do pré-sal, onde o regime de concessão será de partilha, a Petrobrás será obrigada a entrar em todos os projetos com participação de, ao menos, 30% em cada um. Entre as áreas a serem licitadas está o Campo de Franco, comprovadamente uma jazida gigantesca de óleo e gás. Significa que o prêmio a ser pago pelos vencedores da licitação dessa área pode chegar a dezenas de bilhões de dólares. Ou a Petrobrás será obrigada a concorrer com novos e enormes desembolsos ou a licitação será novamente adiada – até que a capacidade de investimentos da Petrobrás seja recomposta. Outra hipótese será a revogação da exigência dos 30%.” (Celso Ming, Estadão, 7/2/2013.)

A inflação em alta

* O governo fez o contrário do que deveria para reverter as expectativas ruins sobre a inflação

“As expectativas de inflação estão em franca deterioração. Há apenas quatro semanas, as cerca de cem instituições do mercado ouvidas semanalmente pelo Banco Central apontavam para evolução do IPCA ao final de 2013 de 5,49%. Agora, trabalham com projeção média mais alta, de 5,68% – como mostrou ontem a pesquisa Focus. Os cinco analistas que mais acertam suas estimativas anteriores (os ‘Top Five’) vão algo além: preveem para este ano inflação de 5,69%.

“A última projeção do Banco Central saiu no Relatório de Inflação divulgado em dezembro. Lá foi apontada uma inflação de apenas 4,8%. Em reiteradas ocasiões, o Banco Central deu indicações de não contar mais com a inflação na meta (4,5%) em 2013. Até dezembro, preferiu dizer que a convergência viria, embora “de forma não linear”. A autoridade monetária já não garante o compromisso de obter a inflação na meta dentro do ano-calendário, como determina a lei. Seu nível de tolerância cresceu. (…)

“Uma forma de garantir uma rápida reversão das atuais expectativas ruins de inflação seria um compromisso firme do governo Dilma com a condução austera das contas públicas e com a obtenção de um superávit primário robusto. Mas a conversa que se ouve lá no Ministério da Fazenda vai na direção oposta: é necessário gastar mais para produzir uma política anticíclica.” (Celso Ming, Estadão, 5/2/2013.)

* “Política econômica não é ciência exata, claro. Mas também não precisa ser assim tão improvisada”

“A redução recente da conta de luz derruba a inflação. O aumento da gasolina e diesel vai na direção contrária. Diz a presidente Dilma que a queda na luz é muito maior do que a alta da gasolina, que pesa diretamente no bolso do consumidor e, pois, no índice de inflação.

“Certo?

“Depende: se você usa muito o seu carro, sua conta será maior. Além disso, o diesel provoca aumento no custo do frete rodoviário, que tem impacto em praticamente tudo que se produz e consome no Brasil.

“Se não chover e, por isso, houver aumentos significativos nas contas de luz ao longo do ano, isso dá mais inflação. Com ganhos de produtividade, dá menos.

“O adiamento dos reajustes de tarifas de transportes coletivos no Rio e em São Paulo, a pedido do governo federal, alivia a inflação de janeiro e fevereiro. Mas esse aumento terá que sair em algum momento a partir de meados do ano. Mais inflação.

“A volta progressiva do IPI dos carros, desde janeiro, aumenta preços e, pois, causa inflação.

“Mas a eliminação do Pis-Cofins e IPI da cesta básica, anunciada pela presidente, vai derrubar a inflação mais à frente.

‘Há, porém, uma bronca de deputados federais. Eles aprovaram o fim dos impostos sobre a cesta básica no ano passado e a presidente Dilma vetou. E agora? Deputados aliados dizem que não se pode cortar o IPI porque isso reduz o repasse de impostos federais aos municípios.

“Tudo considerado, qual inflação colocar no cenário? E quanto aos municípios, por exemplo: quanto colocam de repasse federal em suas previsões?

“Política econômica não é ciência exata, claro. Muitos dizem que não é sequer ciência. Mas também não precisa ser assim tão improvisada.” (Carlos Alberto Sardenberg, O Globo, 7/2/2013.)

Está tudo errado nas decisões sobre a economia

* Uma trágica comédia de sucessivos erros

“Não foi por falta de aviso. Inúmeros analistas alertaram para o jogo de perde-perde que o governo estava jogando na área de combustíveis. O consumidor acha que paga demais, o investimento no setor de transporte perdeu uma fonte de arrecadação, os produtores de etanol ficaram confusos. A Petrobrás tem perdas, o déficit externo da empresa cresceu, a poluição aumentou.

“O governo vem errando há anos no setor de combustíveis. Deu incentivo anos seguidos, através de redução do IPI, para o carro particular, sem investir na melhoria das vias urbanas e nas rodovias. Uma fonte importante para esse financiamento era a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, a Cide. Ela foi sendo reduzida para não aumentar o preço da gasolina na bomba.

“O fato é que o consumidor não sentiu alívio porque ora foi o álcool que ficou mais caro, ora foram os postos de gasolina que elevaram preços. Mas a Petrobrás ficou na estranha situação de ter que importar gasolina a um preço maior do que poderia cobrar das distribuidoras. Para diminuir a perda da estatal, o governo foi reduzindo impostos que incidem sobre o produto e assim o consumo foi aumentando. Incentivou o aumento da demanda de um combustível que precisava ser importado.

“Incentivar a gasolina, cuja produção interna é insuficiente, já é bem esquisito, mas fazer isso aumentando o prejuízo da Petrobrás e o seu déficit da balança comercial é realmente sandice. No ano passado, o Brasil importou US$ 9,1 bilhões a mais do que exportou no grupo combustíveis e lubrificantes. O rombo, na verdade, é maior, porque a Receita alterou as regras para o envio das estatísticas e grande parte das importações feitas em 2012 será contabilizada em 2013.

“Além disso, esse produto cujo consumo o governo incentivou durante tanto tempo tem dois efeitos colaterais ruins: piora a qualidade do ar, aumentando doenças respiratórias; torna incerto o planejamento das empresas que fazem o combustível derivado da cana-de-açúcar. Canavieiros deixaram de investir em renovação de canavial, usinas programadas deixaram de ser instaladas, usineiros preferiram exportar açúcar. O etanol ficou mais escasso e, portanto, mais caro, até porque a gasolina estava subsidiada. Todo investimento feito em ter uma frota de carros flex foi inútil porque os carros, tendo duas opções, preferiam a gasolina. Houve um tempo tão maluco que o Brasil começou a importar etanol após passar anos brigando para derrubar barreiras ao etanol brasileiro no mercado americano.

“Os equívocos da política energética vão muito além do setor em si. O vice-presidente da Abimaq, José Velloso, explicou que 35% das 1500 empresas que participam da associação estão direta ou indiretamente ligadas à cadeia de óleo e gás. Por isso, o fraco desempenho da Petrobrás, com atrasos em projetos importantes, e também o travamento do setor sucroalcooleiro afetaram as encomendas de máquinas nacionais. ‘Há cinco anos não há rodadas de licitação decampos de petróleo, a refinaria Abreu e Lima sofre atrasos constantes, o Comperj ainda não saiu do papel. O setor de álcool travou, porque o subsídio à gasolina tirou competitividade do produto. Mais de um terço das empresas da Abimaq têm relação com o setor de petróleo e gás. Então os equívocos da política energética nos afetaram bastante nos últimos anos. Houve menos encomendas de máquinas por causa disso’, disse Velloso.

“E como se tudo isso não bastasse, as ações da Petrobrás despencaram durante esse período porque o mercado está convencido de que ela é usada para objetivos que não têm racionalidade econômica. Nada justifica, por exemplo, o gasto com uma refinaria feita sob encomenda para o petróleo venezuelano e na qual a Venezuela se negou a fazer os investimentos prometidos.

“Os subsídios e isenções tributárias são dados para informar à economia sobre a direção que o governo pensa ser a mais adequada ao longo prazo. Até agora, os sinais dados foram que se deve consumir bastante gasolina, abandonar o álcool, emitir mais gases de efeito estufa, gastar o volume de dinheiro que for necessário para que o petróleo da Venezuela tenha uma usina no Brasil, e reduzir a tributação que seria destinada aos investimentos das rodovias e transportes coletivos. E o dono do carro continua achando a gasolina cara demais.” (Míriam Leitão, O Globo, 1º/2/2013.)

* O México avança, como o Chile, a Colômbia, o Peru. O Brasil anda para trás, como Argentina, Venezuela…

“Em grave crise de segurança pública, o México há tempos deixou de frequentar o noticiário econômico. Passada a euforia do início da década de 90, no período de Carlos Salinas de Gortari — depois, abatido politicamente por várias denúncias de corrupção —, o país entrou num ciclo de incertezas, amplificadas por mais uma grave crise financeira. O fortalecimento da China atraiu linhas de montagens que o Nafta havia levado para a fronteira mexicana com os Estados Unidos, e o país estacionou, enquanto o Brasil, impulsionado pela estabilização econômica do Real, ganhou grande força.

“Agora, por uma trapaça das conjunturas históricas dos dois países, as situações se invertem: o México renasce — apesar dos problemas de segurança —, e o Brasil rateia no esgotamento dos efeitos positivos das reformas da Era FH e não consegue criar condições para outro salto.

“O elemento catalizador desta nova fase mexicana tem sido o novo presidente, o jovem Peña Nieto, 46 anos, eleito pelo velho PRI, mas com uma agenda animadora de governo, por reformista. E assumiu com grande trunfo: um documento, ‘Pacto pelo México’, com as reformas, assinado também pelos partidos de oposição. É como se fosse FH em 1995, sem um PT para mover-lhe dura oposição. O entendimento se reflete na composição da equipe de governo, em que há representantes de várias correntes.

“Estão na mira de Nieto mudanças para dar flexibilidade à economia: o fim de monopólios, como o das telecomunicações e energia, revitalização da Pemex (a petroleira estatal), inspirada no que foi feito com a Petrobrás (pré-PT); reforma tributária, na Educação, etc.

“Ajuda o plano de governo de Peña Nieto o fato de a economia do México já se encontrar em boa fase. Somado ao mal momento da economia brasileira, esta circunstância chama ainda mais a atenção dos investidores para o país.

“Os números mexicanos são de causar inveja a brasileiros: a economia cresceu algo na faixa dos 4% no ano passado — o dobro da média verificada na última década —, com uma inflação também no nível dos 4%. Para comparar: o Brasil sai de 2012 com um ‘pibinho’ no nível de 1% de expansão, uma inflação já próxima dos 6% e lépida.

“Mesmo com juros de 4,5% (7,25% no Brasil), o mercado financeiro do México, segundo o Financial Times, atraiu, nos primeiros nove meses de 2012, US$ 57 bilhões, mais que cinco vezes o fluxo para o Brasil. (O Brasil, registre-se, procurou afastar este dinheiro, devido ao câmbio, mas não deixa de ser um dado para análise).

“O jornal inglês chama o México de um ‘Tigre Asteca’ que sai ‘da sombra do Brasil’. A considerar que o governo brasileiro tem assustado os investidores com ações intervencionistas e se aliado no continente a bolivarianos chavistas, enquanto o México se junta, além dos EUA, ao Chile, Colômbia e Peru, para abrir-se ainda mais ao exterior, a diferença entre os dois países tende a ficar mais nítida. Em prejuízo do Brasil.” (Editorial, O Globo, 1º/2/2013.)

* A desorganização das finanças públicas e as declarações infelizes das autoridades paralisam os investimentos e mantêm a economia estagnada

“Reconheça-se ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, o direito de, em defesa da política que vem praticando o governo ao qual serve com obediência incondicional, dizer o que lhe passar na cabeça a respeito de questões econômicas e financeiras nacionais. Reconheça-se também, no entanto, o direito de cidadãos responsáveis de discordar do ministro quando afirma, como fez logo após conhecidos os dados consolidados das contas públicas de 2012, que ‘a política fiscal brasileira é sólida e vai continuar’. Mais do que discordar, talvez seja prudente precaver-se: quanto mais o governo do PT persistir nessa política, pior ficará a situação.

“Diante de números divulgados nas últimas semanas do ano passado e de diversos atos e decisões do governo para evitar a explicitação de uma deterioração ainda mais aguda das finanças públicas, era previsível que os resultados fiscais de 2012 seriam ruins. Pois os dados consolidados agora divulgados pelo Banco Central, envolvendo as contas do governo central, dos Estados, dos municípios e das empresas estatais (exceto Petrobrás e Eletrobrás) mostram que a situação é pior do que se pensava.

“O setor público consolidado alcançou, no ano passado, superávit primário de R$ 104,951 bilhões, resultado equivalente a 2,38% do Produto Interno Bruto (PIB), inferior ao de 2011, de 3,11% do PIB.

“Esse resultado ficou também abaixo da meta definida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de R$ 139,8 bilhões. Mas a LDO previa que, em caso de necessidade, o governo poderia abater da meta o total ou parte dos investimentos inscritos no PAC. Para cumprir a meta, o governo lançou mão dessa possibilidade com largueza.

“A lei permitia que, por esse mecanismo, o governo reduzisse a meta do superávit primário em até R$ 40,6 bilhões. Na véspera da divulgação dos resultados consolidados, o Tesouro Nacional anunciou os resultados do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) em 2012, mostrando que os investimentos do PAC totalizaram R$ 39,3 bilhões. Como investiu menos do que o abatimento permitido, este será menor, mas alcançará R$ 34,849 bilhões. Esse valor equivale a praticamente 90% do total de investimentos do PAC no ano passado.

“Esta é apenas uma das manobras do governo para cumprir a meta do superávit primário, que deveria ser usado para reduzir sua dívida. Nos últimos meses de 2012 foram autorizadas duas operações de antecipação de pagamento de dividendos pela Caixa Econômica Federal, no total de R$ 6,19 bilhões. O BNDES antecipou pagamentos de dividendos, no valor de R$ 5,36 bilhões. Além disso, o governo retirou R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano, criado em 2008 para ser utilizado em momento de maior dificuldade econômica ou de baixo crescimento, não como fonte de recursos para o Tesouro tentar equilibrar suas contas. Essas e outras manobras contábeis engordaram as receitas do Tesouro em R$ 40,4 bilhões no ano passado. Sem elas e sem o abatimento dos investimentos do PAC, o resultado seria bem menor, mas refletiria com mais clareza a política fiscal do governo Dilma.

“O governo ‘cumpriu rigorosamente todas as determinações legais’, justificou-se o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Quanto a isso, ele não tem com o que se preocupar. Nem ele nem seus superiores ou subordinados estão sujeitos a sanções administrativas ou judiciais por causa da condução da política fiscal, pois o que fizeram está, de fato, dentro da lei.

“O que se pergunta é por que, num período de dificuldades – principalmente para o setor público, que viu sua receita crescer bem menos do que vinha crescendo, o que dificultou a obtenção das metas fiscais -, os problemas não foram reconhecidos com clareza. Diante da desorganização das finanças públicas que as maquiagens provocam e de declarações infelizes das autoridades, resultados como os que acabam de ser divulgados alimentam as desconfianças que já paralisam os investimentos e tendem a manter a economia estagnada.” (Editorial, Estadão, 1º/2/2013.)

* Mantega fala num exercício com o duplipensar, com o uso da novilíngua

“De vez em quando a inflação preocupa, disse muito singelamente o ministro Guido Mantega, num aparente surto de veracidade. Disse bem: de vez em quando. Se fosse uma preocupação mais constante, a inflação estaria muito mais próxima da meta, ou, melhor ainda, a meta seria muito mais baixa e mais parecida com a de países governados mais seriamente. Estaria na faixa de uns 2% a 3%. Mas surtos como esse são raros. O governo continua brincando com os preços, mas o ministro fala durante a maior parte do tempo como se estivesse em outro mundo, num exercício parecido com o duplipensar ou com o uso da novilíngua,

Não se combate inflação com o câmbio, disse Mantega, enquanto o Banco Central (BC) jogava dólares no mercado e derrubava a cotação para pouco menos de R$ 2,00. Só os juros e outros instrumentos típicos da política monetária servem para conter a alta de preços, garantiu o ministro, em Brasília, discursando para prefeitos. O prefeito paulistano, Fernando Haddad, confirmava a decisão de manter as tarifas de ônibus até junho, para atenuar o impacto do aumento dos combustíveis. Durante anos, o governo freou os preços da gasolina e do diesel para limitar a inflação e assim prejudicou a Petrobrás. Agora depende de prefeitos e governadores para limitar o efeito de um ajuste atrasado e insuficiente. Mas algum incômodo será causado ao consumidor, porque ‘acabou a Cide’, a contribuição cobrada sobre os combustíveis, admitiu o ministro, Não dá mais – esse o recado ministerial – para compensar com a redução da Cide o encarecimento da gasolina e do diesel. Mas desde quando esse tributo faz parte do arsenal da política monetária?

“Ao mesmo tempo, o BC mantém a taxa básica de juros em 7,25%. Afinal, essa é a decisão da presidente da República, embora os instrumentos monetários, segundo o ministro da Fazenda, sejam os únicos adequados – ou os mais apropriados – para o combate à inflação. Poderia também ter mencionado a moderação fiscal, mas quanto a isso ele se mostra muito tranquilo. A política fiscal brasileira, garantiu, é das mais transparentes do mundo, tudo sai no Diário Oficial, e o uso do Fundo Soberano para o reforço das contas foi perfeitamente legítimo. Transparente, nesse caso, é parte da novilíngua. Escrachada e escandalosa seriam palavras mais adequadas para qualificar a maquiagem, denunciada até por gente habituada a apoiar esse governo.” (Rolf Kuntz, Estadão, 2/2/2013.)

* Empresas não têm confiança no governo

“Manhosa, impertinente, desafiadora, a realidade insiste em contrariar a presidente Dilma Rousseff e seus auxiliares. Os juros reais caíram para níveis não vistos em períodos recentes, bancos controlados pela União emprestam dinheiro como nunca, tributos foram reduzi­dos para diferentes setores, o governo continua a gastar como se não tivesse havido forte redução no ritmo de crescimento das receitas tributárias, mas nada disso está trazendo os resultados esperados. Talvez o consumo interno continue forte, pois o mercado de trabalho mantém-se bem, com o emprego e a renda dos trabalhadores ainda em alta, mas a produção patina, os investimentos produtivos diminuem e a inflação, teimosa, não cai – às ve­zes parece querer subir. A desvalorização do real não estimulou a produção industrial nem as exportações como se pretendia – e agora pode alimentar a inflação -, as finanças públicas claudicam, a atividade econômica não cresce no ritmo esperado e até o processo de geração de empregos, que tanto prestígio trouxe ao governo, um dia se esgota. (…)

“O governo quer que as empresas invistam. Para isso, no entanto, precisa reconquistar a confiança delas. Estabelecer coerência entre suas palavras e seus atos é um bom começo. E isso depende só dele mesmo.” (Jorge J. Okubaro, Estadão, 4/2/2013.)

* “O intervencionismo do governo é pernicioso para as empresas, para o mercado e para o País”

“O mau desempenho da economia nos dois últimos anos não explica inteiramente as perdas que o mercado acionário brasileiro vem sofrendo, na comparação com os resultados de outras bolsas de valores. O baixo crescimento da economia (…) por certo desanima os investidores do mercado acionário, muito suscetíveis aos resultados das empresas e às tendências da economia real. Mas essa característica natural do mercado acionário está sendo visivelmente perturbada pelo ativismo econômico excessivo do governo do PT, que turva as expectativas dos investidores, lança dúvidas sobre a segurança das aplicações e produz ainda mais pessimismo.

“Dessa combinação não se poderia esperar resultados diferentes dos que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vem apresentando. Depois de ter superado 70 mil pontos em janeiro de 2011, o Ibovespa, que mede a variação dos papéis mais negociados, manteve-se em torno de 60 mil pontos nos últimos pregões. É uma redução de cerca de 14% em dois anos. A título de comparação, observe-se que, depois de ter crescido 7,5% em 2010, o PIB aumentou 2,7% em 2011 e cerca de 1% no ano passado. Os dois últimos resultados são muito fracos, mas não negativos.

“Desde janeiro de 2010, a cotação da ação preferencial da Petrobrás, uma das mais negociadas na Bovespa, caiu mais de 40%. O valor de mercado da empresa despencou de US$ 199,3 bilhões no início de 2010 para cerca de US$ 107 bilhões na semana passada, uma perda de mais de US$ 90 bilhões em três anos. Tendo sido a segunda maior empresa de gás e petróleo das Américas, atrás apenas da ExxonMobil, a Petrobrás agora ocupa a quarta posição, atrás também da Chevron e da colombiana Ecopetrol.

“E por que a Petrobrás caiu tanto? Utilizada politicamente pelo governo do PT, a empresa perdeu eficiência, teve de reduzir seus programas de investimentos em exploração e refino para, por pressão do Palácio do Planalto, investir no caro programa do pré-sal e, assim, viu cair sua produção e foi obrigada a importar combustíveis.

“Transformada, também, em instrumento da política de preços do governo petista, teve que suportar, com graves ônus financeiros, o congelamento dos preços dos combustíveis, que vem importando em quantidades crescentes, porque não ampliou sua capacidade de refino. Estima-se que, só no passado, essa política insensata de importar por determinado preço e vender por outro, menor, tenha imposto perdas de R$ 20 bilhões à Petrobrás. Com razão o mercado reduziu o preço de suas ações. O recente aumento da gasolina não muda substancialmente o quadro.

“Situação semelhante o governo impôs às empresas do setor elétrico – inclusive a principal estatal federal, a Eletrobrás -, com seu programa de renovação de concessões associada à redução das tarifas para consumidores residenciais e industriais. A redução das tarifas resultará em graves ônus para as empresas, razão pela qual algumas controladas por governos estaduais se recusaram a aderir ao programa. O mercado, também nesse caso, agiu como o esperado, e as ações das elétricas despencaram.

“Há algum tempo, o governo interveio na gestão da Vale, uma empresa privada na qual o governo ainda tem alguma presença, o que igualmente provocou a reação do mercado.

“O intervencionismo do governo em empresas cujos papéis estão entre os mais negociados na bolsa de valores é pernicioso para as empresas, para o mercado e para o País.” (Editorial, Estadão, 4/2/2013.)

A desorientação da política energética

* A manobra da conta de luz mais barata, uma trapaça tarifária-eleitoral

“Mais do que simplesmente usar outra vez de maneira inescrupulosa os mecanismos da contabilidade criativa – de que vem lançando mão com frequência cada vez maior para tentar encobrir sua inapetência política para limitar seus gastos às receitas que legitimamente tem auferido -, o que o governo do PT fez para anunciar a redução das tarifas de energia elétrica foi enganar o consumidor e comprometer programas de administrações futuras.

“Por meio de complexa manobra contábil-financeira, legal, mas ardilosa, o subsídio implícito na redução tarifária – estimado em R$ 8,46 bilhões em 2013 e em valor semelhante em 2014 – não será fornecido diretamente pelo Tesouro Nacional, o que deixa a impressão enganosa de que não terá custos fiscais, mas implicará o comprometimento antecipado de receitas futuras. Os benefícios que a presidente Dilma Rousseff oferece no presente, para alcançar popularidade que lhe assegure boa posição na disputa eleitoral de 2014, somente serão pagos depois que ela deixar o poder – mesmo que seja reeleita.

“Ninguém é contra a redução das tarifas de energia elétrica. Mas, para alcançar esse objetivo, o governo agiu atabalhoadamente e impôs ao setor um programa de renovação de concessões que implicou a redução compulsória das tarifas. Dadas as exigência econômico-financeiras implícitas nas regras para renovar suas concessões, que vencem a partir de 2015, empresas controladas por governos estaduais desistiram da renovação.

“Sem a participação dessas empresas, não seria alcançada a redução tarifária média de 16,2% para consumidores residenciais e de até 28% para a indústria nas condições anunciadas pela presidente em setembro do ano passado, quando se conheceram as normas para a renovação das concessões que vencem nos próximos anos. Com as empresas estaduais, a parte da redução tarifária que caberia ao Tesouro foi estimada em R$ 3,3 bilhões.

“A política energética do governo vem sendo severamente criticada, por causa da frequência dos apagões. O atraso na definição de grandes obras de geração hidrelétrica, o descompasso entre essas obras, quando executadas, e as de transmissão de energia – que gera situações absurdas como a de uma usina entrar em operação e não poder despachar a energia gerada porque as obras dos linhões estão atrasadas – e, em consequência, o maior uso da geração termoelétrica para compensar a perda de capacidade das hidrelétricas em razão do baixo nível de suas represas igualmente alimentaram as críticas.

“Trata-se de um setor pelo qual a presidente tem interesse especial, pois, antes de chefiar a Casa Civil, foi ministra de Minas e Energia na gestão Lula.

“Em resposta às críticas cada vez mais fortes, e estimuladas pela redução da capacidade das hidrelétricas em razão da estiagem do ano passado e pelas dificuldades para o cumprimento da promessa de redução de tarifas, a presidente anunciou, num rompante característico de seu modo de agir quando irritada, redução ainda maior do que a prometida, mesmo em condições mais difíceis. A queda será de 18% para as residências e de até 32% para as indústrias.

“Como tem feito com o superávit primário, também neste caso o governo Dilma utilizou manobras contábeis. A Itaipu Binacional tem uma dívida com a União, contraída para a construção da usina. Essa dívida vem sendo paga em parcelas anuais, de cerca de R$ 4 bilhões, e vence em 2023. O que o governo fez foi antecipar o pagamento de parcelas, por meio da venda desses créditos ao BNDES. O dinheiro recebido é transferido para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que subsidia a tarifa.

“Trata-se de uma antecipação de receitas. Na década de 1990, esse tipo de operação levou à quebra dos bancos estaduais, entre os quais o Banespa, e à desorganização das finanças dos Estados, só recompostas por meio de ampla renegociação de suas dívidas e, posteriormente, pela edição da Lei de Responsabilidade Fiscal. Imaginava-se que essa prática não mais fizesse parte do arsenal de espertezas dos gestores de dinheiro público.” (Editorial, Estadão, 2/2/2013.)

* É absolutamente impossível calcular nos cenários do ano o preço que se vai pagar pela energia

“A tarifa de luz caiu 18,5%, para todos os consumidores residenciais no Brasil, desde 24 de janeiro, conforme anunciado pela presidente Dilma. Assim, na conta a pagar em fevereiro, já aparece o desconto referente aos últimos setes dias de janeiro. Em março, a redução plena.

“Para comércio e indústria, a redução também está em vigor e o percentual é maior, podendo chegar a até 30%.

“Portanto, consumidores e investidores podem programar seus gastos e negócios incorporando nos cenários esta importante redução de custo de um item econômico crucial.

“Certo?

“Certo, porém: consumidores pelo país afora receberam contas de luz de janeiro com aumentos autorizados em meses anteriores pela Agência Nacional de Energia Elétrica, nos processos regulares de revisão de tarifas. Foi assim, por exemplo, no Rio, em Campinas (SP) e na Paraíba – neste último caso por causa do aumento do ICMS, imposto estadual.

“Outro porém: por causa da falta de chuvas e, pois, do nível baixo dos reservatórios das hidrelétricas, boa parte da energia brasileira vem neste momento das termoelétricas, movidas a gás, diesel ou carvão. Esta energia é mais cara, as distribuidoras já estão pagando mais, mas só poderão cobrar dos consumidores em revisões tarifárias futuras. Estas revisões dependem, é claro, do tempo de utilização das termoelétricas, o que, de sua vez, depende das chuvas. Ou seja, nesse item, a conta de luz vai subir, mas não se sabe quanto nem quando.

“Terceiro porém: a partir do segundo semestre deste ano, algumas geradoras e distribuidoras passarão por um processo regular de revisão da produtividade, que pode levar a uma redução da conta ao consumidor. Quanto? Não se sabe.

“Como, pois, calcular nos cenários do ano o preço que se vai pagar por esse importante insumo?” (Carlos Alberto Sardenberg, O Globo, 7/2/2013.)

A responsabilidade do PT no achincalhe da política

* PT se dedica com afinco ao populismo, estimula o culto da personalidade e a desmoralização da massa crítica

“O PT faz acordo para levar um denunciado e um investigado pelo Ministério Público às presidências do Senado e da Câmara, financia partidos para atraí-los à base governista, correligionários de altas patentes são condenados à prisão e, segundo o presidente do partido, a ‘oposição apartidária’ é que desmoraliza a política. Que tal?

“Isso para falar do presente, sem contar o passado de uma vida dedicada a desancar Deus, o mundo e seu Raimundo. Os correligionários de hoje eram os ‘picaretas’, ‘ladrões’ e ‘bandidos’de ontem, contra os quais o PT prometia combate ferrenho quando, e se, chegasse ao poder.

“Pois há dez anos chegou e é o que se vê: não bastasse se aliar, festeja os piores tipos, elevando o que antigamente formava o baixo clero à condição de cardinalato do Congresso.

“E com a tranquilidade dos puros, mas a sagacidade dos astutos, Rui Falcão, o presidente do PT, acusa Ministério Público e meios de comunicação independentes de tramarem contra a atividade política.

“Oferece lições que dariam ensejo a preocupações quanto à sanidade do professor, não flertassem firmemente com o ridículo. Diz Falcão: ‘São esses a quem nomeei que tentam interditar a política no Brasil. Quando desqualificamos a política a gente abre espaço para aventuras golpistas. A gente abre espaço para experiências que no passado levaram ao nazismo e ao fascismo’.

“Faltou acrescentar um fator essencial na desconstrução do valor democrático numa sociedade: o populismo (ovo da serpente do autoritarismo), ao qual o PT se dedica com afinco no estímulo ao culto da personalidade e à desmoralização da massa crítica.

“A ofensiva é clara: o petista ataca a ‘oposição apartidária’ porque sabe que a partidária está dominada, nas cordas, sem força para preservar o indispensável exercício do contraditório sem o qual restam o silêncio, a concordância, a eliminação do debate, a alternância.

“E o objetivo é esse mesmo: exercer o poder sem ser contraditado em nada e por coisa alguma, a fim de que apenas a voz do poder da vez prevaleça.” (Dora Kramer, Estadão, 1º/2/2013.)

* Lula, José Dirceu e Rui Falcão disputam entre si um torneio de descaramento

“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e o presidente do PT, Rui Falcão, para seguir a efetiva ordem de importância de cada um na hierarquia da agremiação, parecem ter tirado o dia, anteontem, para disputar entre si um acirrado torneio de primarismo, descaramento e mistificação. Em Cuba, participando de um daqueles convescotes ideológicos cheios de ar quente e vazios de idéias – no caso, uma ‘Conferência pelo Equilíbrio Mundial’, no Palácio de Convenções de Havana -, Lula demonstrou surpreendente sintonia com o espírito já um tanto fanado da new age, ao pedir ao público que mandasse ‘energia positiva’ para o caudilho venezuelano Hugo Chávez. (…)

“Mas o apelo ao despacho de energia cósmica para revigorar o autocrata de Caracas até que passa, com um pouco de caridade. O que fica é o exemplo confeccionado por Lula para a ocasião, a fim de ilustrar a sua enésima diatribe contra as ‘elites’ em geral e a imprensa em particular por seu suposto ‘ódio’ contra Chávez, a argentina Cristina Kirchner, o uruguaio Pepe Mujica e o boliviano Evo Morales pelo bem que fariam aos pobres. (Ele omitiu o equatoriano Rafael Correa.) ‘No Brasil’, afirmou, voando baixo, ‘a imprensa não suporta que os pobres viajem de avião.’ O que os viajantes, ricos, remediados ou pobres, não suportam – e o que a imprensa denuncia – é a situação dos obsoletos aeroportos brasileiros, que o lulismo no poder não cuidou de apetrechar para o aumento do número de voos e passageiros. A mídia, a mesma que o ajudou a decolar do sindicalismo para a grande política – como certa vez, em um momento de franqueza, ele admitiu -, é o bode expiatório de há muito escolhido para livrar o PT do acerto de contas com seus próprios malfeitos.

“Desde o julgamento do mensalão, ela tem a companhia da Justiça. O Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs aos mensaleiros penas compatíveis com o crime de lesa-República que se esbaldaram em cometer, e o titular do Ministério Público Federal, Roberto Gurgel, por ter encaminhado à instância adequada as acusações do publicitário Marcos Valério contra Lula, em vez de lançá-las ao lixo, capitaneiam a ‘ofensiva da direita contra o nosso projeto político’, nas palavras de Dirceu (10 anos e 10 meses de prisão, além de multa de R$ 676 mil). Em um ato da CUT, no Rio, ‘pela anulação do julgamento do mensalão’, o mensaleiro-chefe acusou o STF de violar os direitos individuais e a democracia. No seu vale-tudo mental, atribuiu o noticiário da imprensa sobre as mazelas dos políticos ora à intenção de ‘amanhã dar um golpe’, ora à intenção de inibir o Congresso de regular a mídia. Às vezes, nessas horas, a verdade assoma em meio à fabulação. No caso, a pouca vontade do próprio PT em mobilizar as massas para a defesa dos mensaleiros.

“‘Aonde (sic) estão os nossos?’, perguntou retoricamente Dirceu para se queixar de que ninguém ‘foi para a tribuna denunciar’ a decisão de Gurgel de dar curso às denúncias de Marcos Valério. Por sua vez, Andréa Haas, mulher do condenado ex-dirigente do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato (14 anos, 8 meses, R$ 1,3 milhão), pediu aos companheiros ‘que não sejamos esquecidos, como até hoje fomos’. Não será o desalento petista que motiva as exortações de Dirceu e a campanha que promete encetar contra o STF? Não será também o que leva o deputado Rui Falcão a abrir ao máximo a sua ‘torneira de asneiras’, como fazia a boneca Emília das histórias de Monteiro Lobato? São tantas que não é fácil escolher a que merece ir ao pódio. Entre a imputação ao Ministério Público de ter ‘atuação partidária’ e o imperativo de combater a oposição ‘sem cara, mas com voz’ que ‘tenta interditar a política no Brasil’, o Oscar vai para esta obra de arte: ‘Quando desqualificamos a política (…), a gente abre campo para experiências que, no passado, levaram ao nazismo e ao fascismo’ (apud, Rui Falcão).” (Editorial, Estadão, 1º/2/2013.)

* Renan Calheiros é o presidente do Senado, para regozijo de Lula & Cia

“Renan Calheiros é presidente do Senado Federal. A Casa está de joelhos. Cinquenta e seis senadores renderam-se aos interesses subalternos do caciquismo político que transformou o Congresso Nacional no mais desprestigiado poder da República. Cumpriu-se, de resto, mais uma etapa importante da consolidação do projeto de poder do lulo-petismo. Mais uma vez, os detentores da hegemonia política no plano federal demonstraram sua habilidade em usar a mão do gato para atingir seus objetivos. (…)

“Para os brasileiros que acompanharam pela televisão as sessões plenárias do julgamento do processo do mensalão pelo STF, a transmissão ao vivo da eleição de Renan Calheiros e da melancólica despedida de José Sarney foi ilustrativa, didática mesmo, por escancarar a falta de cerimônia com que muitos dos nobres parlamentares se esmeram em usar as palavras para esconder o que pensam e dissimular suas verdadeiras intenções. Sob esse aspecto, o comportamento dos petistas foi memorável. (…)

“O que é verdadeiro é o regozijo de Lula & Cia. com Calheiros na presidência do Senado. Trata-se de um exímio operador, habilitado como poucos ao toma lá dá cá que viabiliza o apoio do Congresso às matérias de interesse do Palácio do Planalto. Certamente isso terá um preço, que não será baixo. Mas Lula já ensinou e Dilma parece estar aprendendo que há sempre um preço a pagar.” (Editorial, Estadão, 2/2/2013.)

Outras más notícias na Economia

* Balança comercial tem o pior resultado mensal dos últimos 24 anos

“A balança comercial teve em janeiro o pior resultado mensal dos últimos 24 anos. O déficit foi de US$ 4,035 bilhões por causa do aumento das importações, que atingiram o recorde de US$ 20,003 bilhões.

“As exportações, por sua vez, totalizaram US$ 15,968 bilhões. O saldo negativo do mês passado foi agravado por operações de compra de petróleo e derivados realizadas ainda no ano passado pela Petrobrás.

“Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responsável pelos dados, cerca de US$ 1,6 bilhão das importações em janeiro se referem a compras feitas pelas estatal ainda em 2012.

“A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, disse ontem (sexta, 1º/2)  que ‘é possível’ que ocorram novos déficits comerciais em fevereiro e março. Ela informou que a Petrobrás estima que mais US$ 2,9 bilhões de operações feitas em 2012 ainda sejam incorporados nos dados das importações nestes dois meses. ‘Em março termina a averbação do estoque de operações que foi internalizado no ano passado’, disse. ‘É natural que o saldo positivo comece a se refletir depois de concluída essa averbação da Petrobrás.’

“O maior déficit comercial da série histórica do ministério, iniciada em 1990, era de dezembro de 1996, de US$ 1,787 bilhão. Embora admita que o resultado negativo de janeiro deste ano tenha sido ‘expressivo’, Tatiana disse que a análise deve considerar o crescimento do comércio exterior do País nos últimos anos.” (Renata Veríssimo, Estadão, 2/2/2013.)

* Queda de 2,7% na produção industrial é o pior resultado desde o início da crise

“A produção da indústria brasileira caiu 2,7% em 2012, o pior resultado desde a crise internacional de 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi generalizada, com perdas em todas as categorias.

“A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ajudou os segmentos beneficiados, mas a recuperação se deu de forma errática e localizada. O destaque no ano foi o recuo de 11,8% na fabricação de bens de capital, o que representa um sinal negativo para 2013.

“A queda na fabricação de caminhões em 2012 teve grande influência. No entanto, houve contribuição também dos resultados negativos de outros segmentos que formam os bens de capital, o que indica um recuo disseminado nos investimentos.” (Daniela Amorim e Fernanda Nunes, Estadão, 2/2/2013.)

* Governo adia despesa para melhorar as contas

“O governo adicionou mais um item ao seu kit de maquiagem do resultado das contas públicas de 2012. Além de sacar recursos do Fundo Soberano, receber antecipadamente dividendos das estatais e inflar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Tesouro Nacional empurrou cerca de R$ 5 bilhões em despesas de dezembro para janeiro. Dessa forma, reduziu os gastos e engordou o saldo do ano.

“Técnicos da Fazenda admitem que houve um ‘remanejamento’ de despesas, mas não informaram o valor. O cálculo de R$ 5 bilhões foi feito pelo economista-chefe da corretora Convenção Tullet Prebon, Fernando Montero.

“O economista chegou a essa conclusão analisando o comportamento dos gastos ao longo de 2012. Ele verificou que, em comparação ao ano anterior, as despesas vinham crescendo a um ritmo de 6,9% até novembro, mas deram uma freada em dezembro, fechando o ano com uma alta de 5,4%.

“Isso é justo o contrário do que ocorre tradicionalmente. Normalmente os gastos, principalmente os de investimento, dão um pulo em dezembro. Montero esperava uma expansão real de 7% nas despesas em 2012.” (Lu Aiko Otta, Estadão, 1º/2/2013.)

* Governo cria mais um artifício para atingir meta fiscal

“O governo federal vai flexibilizar a meta fiscal de 2013. A equipe econômica vai criar um mecanismo que permitirá contabilizar até R$ 20 bilhões das desonerações de impostos como parte da economia para o pagamento de juros da dívida pública, o chamado superávit primário.

“Formalmente, o governo vai manter o compromisso de fazer um esforço fiscal de R$ 155,9 bilhões, equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas, na prática, a economia poderá ser bem menor. Por lei, parte das despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pode ser descontada da meta fiscal. Para este ano, o abatimento máximo é de R$ 45,2 bilhões.

“Com o novo artifício, o governo poderá poupar até 41,8% menos do que o inicialmente previsto e, ainda assim, terá, legalmente, cumprido o esforço fiscal prometido.

“Ao sinalizar já no início do ano quais são os mecanismos que poderá usar para fazer um esforço fiscal menor, o governo tenta se blindar de críticas como as recebidas no mês passado, por ter adotado diversas manobras contábeis para fechar as contas de 2012. Além disso, o novo mecanismo preserva o espaço que a equipe econômica quer ter para reduzir impostos e, assim, estimular a economia, depois de um ano de fraco crescimento.” (Iuri Dantas e João Villaverde, Estadão, 6/2/2013.)

* Capitalizações fazem dívida federal ultrapassar históricos R$ 2 trilhões

“O esforço do governo para turbinar a economia em 2012 mediante injeção de dinheiro em bancos públicos acabou contribuindo para que a dívida pública federal em títulos atingisse um novo patamar histórico. Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Tesouro Nacional, o estoque fechou o ano passado em nada menos que R$ 2,008 trilhões, o que representa um crescimento de R$ 142 bilhões ou 7,6% em relação a 2011. Desse total, R$ 76 bilhões corresponderam a emissões de títulos feitas ao longo do ano para capitalizar BNDES (R$ 55 bilhões), Caixa Econômica Federal (R$ 13 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 8,1 bilhões). (…)

“O resultado de 2012 mostra que a dívida fechou o ano em 45,5% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 45% do PIB em 2011. Esse indicador inclui tanto a dívida mobiliária federal interna como a dívida externa. A primeira encerrou o ano passado em R$ 1,916 trilhão e a segunda, em R$ 91,3 bilhões.” (Martha Beck, O Globo, 6/2/2013.)

8 de fevereiro de 2013

Outros apanhados de provas da incompetência de Dilma e do governo:

Volume 60 – Notícias de 13 a 19/7.

Volume 61 – Notícias de 20 a 26/7.

Volume 62 – Notícias de 27/7 a 2/8.

Volume 63 – Notícias de 3 a 9/8.

Volume 64 – Notícias de 10 a 16/8.

Volume 65 – Notícias de 17 a 23/8.

Volume 66 – Notícias de 24 a 30/8.

Volume 67 – Notícias de 31/8 a 6/9.

Volume 68 – Notícias de 7 a 13/9

Volume 69 – Notícias de 14 a 20/9.

Volume 70 – Notícias de 21 a 27/9.

Volume 71 – Notícias de 28/9 a 4/10.

Volume 72 – Notícias de 5 a 11/10.

Volume 73 – Notícias 26/10 a 1º/11.

Volume 74 – Notícias de 2 a 8/11.

Volume 75 – Notícias de 9 a 15/11.

Volume 76 – Notícias de 16 a 22/11.

Volume 77 – Notícias de 23 a 29/11.

Volume 78 – Notícias de 30/11 a 6/12.

Volume 79 – Notícias de 7 a 13/12.

Volume 80 – Notícias de 14 a 20/12/2012.

Volume 81 – Notícias de 4 a 10/1/2013.

Volume 82 – Notícias de 11 a 17/1/2013.

Volume 83 – Notícias de 18 a 24/1/2013.

Volume 84 – Notícias de 25 a 31/1.

17 Comentários para “Más notícias do país de Dilma (85)”

  1. Sérgio, sou obrigado a concordar, de novo, com você, sábias as palavras abaixo por mim compiladas inescrupulosamente:

    “Essa malta que…repete uma cantilena contrária à privatização de estatais durante os governos que antecederam o deles. Faz isso com competência – tanto que o PSDB ficou com vergonha de defender as privatizações e mostrar as óbvias vantagens obtidas com elas”.

    Mais que verdadeira, a sua indignação dispensa o reacionarismo e fel do quarto poder.

    Pois essa mesma malta está fazendo um esforço tremendo – com muito sucesso – para dilapidar a Petrobrás, esse patrimônio gigantesco que é em parte do governo mas em parte da sociedade. O PT tomou de assalto a Petrobrás, privatizou a empresa para seus próprios interesses, e deu no que deu.
    E a oposição não consegue sequer berrar contra isso.

    É de deixar indignado qualquer bom frade de pedra.

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