Más notícias do país de Dilma (83)

Dona Dilma foi para o palanque. Verdade que sem uma milionésima parte da categoria palanqueira de seu criador – mas foi. Até posou para fotos com um gibão de couro no interior do Piauí, na sexta-feira, 18 de janeiro – enquanto, por coincidência, o pobre Estado vivia um apagão de energia que durou uma hora.

No palanque piauiense, prometeu para este ano um crescimento “sério, sustentável e sistemático”. Não explicou por que 2011 e 2012, após oito anos de governo do seu criador, não foram brindados com o crescimento SSS que agora promete para 2013, mas tudo bem. No palanque tudo se permite.

Nem tinha passado uma semana inteira, e já na quarta-feira, 23, ocupou cadeia nacional de rádio e TV – paga com o nosso dinheiro, nosso, dos contribuintes – para fazer discurso palanqueiro sobre queda nas tarifas de energia.

O governo lulo-petista é feito de incompetência gerencial, mentiras e mistificações – para não falar do que Dona Dilma chama de malfeitos, e em português escorreito quer dizer roubo, roubalheira, corrupção.

Prometer energia mais barata é irresponsável, demagógico, populista, mistificador. Todo mundo sabe, ou deveria saber, que não há jantar de graça. O desconto na conta de luz – feito para prejuízo das empresas da área, sem diminuição da absurda carga tributária – custará ao Tesouro Nacional R$ 8,4 bilhões. Que serão pagos, é claro, pelos contribuintes – nóis mesmos.

Dilma está oferecendo um descontinho na conta de luz do consumidor em troca de arrancar dele próprio, consumidor, R$ 8,4 bilhões – e, de quebra, ameaçar de quebra as empresas privadas da área de energia. Sim, porque empresa pública não quebra – o Tesouro banca, quer dizer, nóis mesmos bancamos.

O jornalista Carlos Marchi fez umas contas. Com o custo extra de R$ 8,4 bilhões sobre o qual Dona Dilma não falou em seu palanque eletrônico (pago por nóis mesmos), daria para construir 21 mil escolas de primeiro grau, na base de R$ 400 mil por escola, as quais comportariam 4,2 milhões de alunos.

“O setor de energia está nitidamente à deriva no Brasil e a razão principal é a sua utilização para fins políticos e eleitoreiros, pondo fim a um planejamento de longo prazo. Ao adotar uma agenda populista e eleitoreira, principalmente a partir de 2008, o governo levou o País a ser importador de combustíveis, etanol e a apagões de energia elétrica”, escreveu Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, no Estadão.

“A politização da energia é o maior fator de risco ao suprimento. O governo está vendendo ao país a quimera da energia barata”, escreveu Míriam Leitão em O Globo.

Mas a mistificação na área de energia é apenas um dos problemas graves. A inflação é alta, o crescimento econômico é pífio, e todas as medidas do governo – dezenas delas, metralhadora giratória à toa – sobre a economia parecem guerra de foice no escuro.

Sentadinha na cadeira presidencial, a figura que foi vendida ao país como gerentona competente já se mostrava a mesma Dilma que conseguiu levar à falência uma lojinha de produtos baratos em Porto Alegre.

Agora dedicada ao palanque…

Ah, sim, o palanque. Nesta semana, O Globo revelou que as promessas feitas na campanha de 2010 estão sendo alteradas na versão no site da Presidência. É assim: Stálin mandava retocar fotos, retirar das fotos os antigos colegas que haviam caído em desgraça e enviados para os Gulags. O PT reescreve o que prometeu aos eleitores. Novilíngua é assim.

Aí vai a 83ª compilação de notícias e análises que comprovam as mentiras, os malefícios e a incompetência do lulo-petismo como um todo e do governo Dilma Rousseff em especial. Reúne material publicado entre os dias 18 e 24 de janeiro.

Que Deus tenha piedade de nós.

A desorientação da política energética

* Agenda populista e eleitoreira do governo põe setor de energia à deriva

“O setor de energia está nitidamente à deriva no Brasil e a razão principal é a sua utilização para fins políticos e eleitoreiros, pondo fim a um planejamento de longo prazo. Ao adotar uma agenda populista e eleitoreira, principalmente a partir de 2008, o governo levou o País a ser importador de combustíveis, etanol e a apagões de energia elétrica.

“O ano de 2008 foi marcado pelo início da crise econômica mundial, caracterizada à época pela quebra do banco Lehman Brothers. No Brasil o governo, embalado pelo anúncio da descoberta da camada pré-sal, passou a adotar medidas para que a crise causasse apenas ‘marolinhas’ na economia. E aí começa o calvário do setor de energia.

“A primeira vítima foi o setor de petróleo. Com o pré-sal, o governo ressuscitou a campanha do ‘Petróleo é Nosso’ e com isso cancelou a realização de novos leilões, promoveu mudanças na legislação na direção de maior intervenção do Estado na Petrobrás e no setor de petróleo e congelou os preços da gasolina e do diesel. As consequências da política petropopulista foram a estagnação da produção de petróleo, o atraso na construção de novas refinarias, o aumento na importação de gasolina e diesel, pouco investimento das empresas privadas e a queda no valor de mercado da Petrobrás desde que ocorreu o processo de capitalização em 2010.

“O setor elétrico também tem sido vítima dessa política intervencionista passando a privilegiar a modicidade tarifária em detrimento da segurança de abastecimento. Essa estratégia populista e eleitoreira atingiu seu clímax com a publicação da Medida Provisória (MP) 579, no ano passado. A MP, cujo objetivo principal era reduzir as tarifas, de maneira autoritária e unilateral propôs a prorrogação das concessões, oferecendo uma indenização e tarifas bem abaixo das esperadas pelo mercado. Isso provocou grande perda nos valores das empresas, levando a um extraordinário prejuízo para os acionistas minoritários. A solução foi interpretada como uma estatização velada do setor no médio prazo. A capacidade de investimento das empresas fica inteiramente prejudicada, no momento em que se pretende investir mais de R$ 200 bilhões.

“Como o setor tem enfrentado interrupções no fornecimento de energia elétrica e risco de racionamento, o governo reduz as tarifas por meio de MP, numa tentativa de revogar a lei da oferta e da demanda. A redução da capacidade de investimento das empresas, provocada pela queda das tarifas, diminui a confiabilidade do sistema e a qualidade do serviço, o que certamente se refletirá no aumento da frequência de ‘apagões’.

“Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Energy Information Administration (EIA), no Brasil, nos últimos 5 anos, a produção de etanol de cana cresceu 29%, enquanto nos EUA o salto foi de 185% no etanol de milho. Em 2000, as usinas americanas fabricavam apenas 57% do volume das usinas brasileiras, e em 2011 a produção de etanol norte-americana representou mais que o dobro da brasileira, 230%. Qual a receita do sucesso americano? Previsibilidade. Até 2022, o governo norte-americano se comprometeu por lei a comprar 136 bilhões de litros de etanol, a um preço mínimo de US$ 1,07, reajustado anualmente.

“A falta de planejamento levou ao cenário ‘falta tudo’. Falta gasolina, o que faz com que as importações tenham atingido nível recorde e gerado vultosos prejuízos para a Petrobrás. Há a ameaça de racionamento de energia elétrica, o que, com a entrada em operação de usinas a fio d’água, deve se tornar cada vez mais comum em períodos de pluviosidade adversa. Falta etanol para que a mistura na gasolina volte para os 25%, diminuindo a emissão de CO2 na atmosfera. Isso porque o País cresceu apenas 1% em 2012. Imagine se as previsões do governo de um crescimento entre 3% e 4% se confirmassem? Enquanto o planejamento do setor de energia estiver baseado na conjuntura política e econômica, em vez de em ações claras e transparentes de longo prazo, respeitando as regras de mercado, o Brasil continuará convivendo com cenários de desabastecimento de energia.” (Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, Estadão, 19/1/2013.)

* É um erro prometer a quimera da energia barata e fazer disso plataforma política.

“As chuvas vieram fortes em pontos certos e isso aliviou um pouco a tensão na área energética. Ainda é cedo, e só em abril se saberá se o país escapou do risco de racionamento. Se as termelétricas ficarem ligadas até julho, o custo será de R$ 7 bilhões. A politização da energia é o maior fator de risco ao suprimento. O governo está vendendo ao país a quimera da energia barata.

“Se quisesse reduzir o custo, o governo diminuiria o peso dos impostos que representam quase a metade do preço da energia. As novas hidrelétricas da Amazônia têm um subsídio gigantesco não explicitado através de empréstimos baratos, garantias dadas pelo Tesouro, participação de estatais nos consórcios. Esses subsídios distorcem as comparações.

A economia de escala barateia novas formas de energia, como aconteceu com a eólica e está para acontecer com a solar. Mas é um erro prometer preços cadentes da energia como um todo e fazer disso plataforma política. Se não houver investimento, a energia ficará mais cara. (…)

“Entre os vários erros que o governo cometeu nos últimos anos está o de ter deixado a Chesf ser a responsável pela instalação de tanta linha de transmissão. Ela venceu os leilões, mas não conseguiu entregar. Muitas das linhas hoje do país estão velhas e aumentam o risco do sistema.

“As chuvas podem nos socorrer este ano, mas o custo dos erros tem ficado cada vez maior.” (Míriam Leitão, O Globo, 20/1/2013.)

* A absoluta falta de planejamento do governo custa muito caro

“Por falhas de planejamento, ineficiência de estatais e crônica incapacidade do governo de reagir com presteza aos problemas, empreendimentos privados que deveriam ser vitais para regularizar o fornecimento de energia elétrica – sobretudo em períodos de incertezas sobre a geração hidrelétrica, como o atual – não produzem o resultado desejado e ainda impõem ônus financeiros aos consumidores. Chegou-se à situação absurda na qual, quanto maior o êxito desses empreendimentos, maiores as perdas para o País em termos energéticos e maiores os custos para a população.

“É o que mostra a situação dos parques eólicos concluídos desde meados do ano passado e dos que serão concluídos em 2013. No Rio Grande do Norte e na Bahia estão prontos 26 parques, com potência instalada de 622 megawatts (MW) e há outros seis em fase de conclusão no Ceará, com potência de 186 MW. Mas nada se produz, porque não há como transmitir a energia para os centros consumidores.

“O problema ficará ainda mais grave ao longo de 2013. Está prevista a conclusão, neste ano, de mais 50 projetos de geração eólica, com potência de 1,4 mil MW. Isso representa 16% da capacidade instalada prevista para entrar em operação em 2013, de 9 mil MW (incluindo todas as formas de geração). Também essa energia não será gerada pelos parques eólicos porque, como a que podia estar sendo gerada desde o ano passado, não tem como ser levada aos consumidores.

“O descasamento dos cronogramas das obras das usinas geradoras e das linhas de transmissão, já notório no sistema hidrelétrico – a Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, ficou pronta para operar cinco meses antes do prazo, mas sua produção não chega aos centros de consumo, porque as linhas de transmissão só ficarão prontas neste ano -, é particularmente grave no caso da energia eólica.

“Por todas as suas vantagens ambientais – utiliza fonte renovável, não polui e tem pouquíssimo impacto sobre o meio ambiente -, a energia eólica vem sendo apontada como a mais adequada para o abastecimento no futuro e sua utilização tem crescido no mundo. No Brasil, empresas nacionais e estrangeiras têm feito grandes investimentos no setor, e os resultados só não são mais notáveis porque parte do que se produz, ou se poderia produzir, não tem como chegar aos centros de consumo.

“Neste período em que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão com o nível muito baixo, forçando a utilização das usinas termoelétricas – de custo operacional bem mais alto e impacto ambiental maior do que o de outras fontes -, a energia gerada pelas eólicas do Nordeste, se já contasse com as linhas de transmissão, seria muito bem-vinda pelos gestores do sistema elétrico nacional e, sobretudo, pelos consumidores.

“Ironicamente, a potência das eólicas paradas é equivalente à da usina termoelétrica de Uruguaiana, de 639 MW, que o governo às pressas tenta recolocar em operação – estava desativada desde abril de 2009 – para compensar a redução das operações das hidrelétricas devido ao baixo nível dos reservatórios. Também por ironia, a tentativa do governo de acionar essa termoelétrica esbarra em sua incompetência: por problemas de planejamento e de burocracia, não está conseguindo fazer chegar o combustível à usina – o gás natural liquefeito procedente da Argentina.

“O que impede o pleno funcionamento das eólicas também é mau planejamento. Um programa adequadamente planejado decerto não resultaria no descompasso entre a obra de geração e a de transmissão. A empresa que venceu a licitação das linhas de transmissão alega questões ambientais e de proteção do patrimônio para justificar o atraso. Como previsível, trata-se de uma estatal, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), controlada pela Eletrobrás. Algumas linhas estão com seu cronograma atrasado em 6 meses; outros, em até 17 meses.

“Contratualmente, as empresas geradoras são remuneradas desde o momento em que estão aptas a gerar energia, independentemente de ela estar sendo gerada ou não. Assim, paga-se por uma energia que não chega ao consumo. E neste ano se pagará mais, pois mais energia deixará de ser transmitida.” (Editorial, Estadão, 21/1/2013.)

* “Os dois governos do PT comprometeram o futuro da Petrobrás e degradaram sua imagem dentro e fora do Brasil”

“A produção de petróleo está estagnada em 2 milhões de barris/dia desde 2010; em campos maduros da Bacia de Campos, de 2011 a 2012 a produção chegou a cair 40% e, com isso, a Petrobrás é obrigada a importar volumes crescentes de combustíveis; para aliviar a importação, o governo aumentará de 20% para 25% a mistura de álcool à gasolina; há quatro anos não há um só leilão de licitação de novas áreas para exploração de óleo; na região do pré-sal, onde há volumes gigantes de jazidas inexploradas, a próxima rodada só ocorrerá em novembro; a Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou à Petrobrás novos investimentos e aumento da produção no Campo de Roncador, e fará o mesmo com mais 10 campos na Bacia de Campos; para cumprir investimentos programados, a Petrobrás tem elevado perigosamente seu endividamento; a estatal tem dúvidas se terá suporte financeiro para cumprir o papel de única operadora e detentora de 30% de todos os campos do pré-sal, como manda a lei.

“A manchete mais popular relacionada à Petrobrás é o aumento de 7% no preço da gasolina, há nove anos congelado para o consumidor. Mas as notícias acima também têm surgido com frequência e destaque na imprensa, com advertências de especialistas sobre o preocupante futuro da maior empresa brasileira. Os dois governos do PT exigiram da Petrobrás muito mais do que ela pode dar e suportar, comprometendo seu futuro e degradando sua imagem dentro e fora do Brasil. Está mais do que na hora de mudar. Se não mudar, o mais estatizante governo, depois dos militares, arrisca-se a ser acusado, no futuro, exatamente do contrário de suas intenções: inferiorizar e enfraquecer a estatal mais bem-sucedida do País.

“O uso político da Petrobrás tem sido vasto e o mais evidente são as nomeações políticas e o sufocante congelamento dos combustíveis. O mais grave, porém – porque tem efeitos deletérios no curto e no longo prazos para a Petrobrás e para o País -, foi a ideológica mudança no modelo de exploração das ricas jazidas do pré-sal, do regime de concessão para o de partilha, que colocou sobre a Petrobrás o peso de ser o único operador e responsável por 30% de todos os investimentos. Foi um erro – hoje reconhecido por quem articulou as novas regras em 2008. Um deles, o ex-diretor-geral da ANP Haroldo Lima, fez sua mea culpa em recente entrevista à revista Piauí: ‘Se fosse hoje, com o conhecimento que tenho, jamais aprovaria essa cláusula de operador único e do porcentual de 30%. A vida mostrou que, com a dificuldade crescente da Petrobrás, se criou um problema que não havíamos previsto’, reconheceu.

“Na mesma entrevista, Lima conta que, em 2008, nas reuniões para conceber o modelo, Dilma Rousseff era quem mais insistia na partilha e a única voz discordante era justamente a de José Sergio Gabrielli, na época presidente da Petrobrás, empresa que, aparentemente, mais se beneficiaria com a propriedade de no mínimo 30% de todo o petróleo do pré-sal. Mas as aparências enganam. Gabrielli sabia que a estatal não teria condição financeira de cumprir o que dela era exigido. E não escondia sua preocupação. Em entrevista ao Estadão, em 12/2009, ele alertava: ‘Hoje a Petrobrás tem um plano de investimentos de US$ 174 bilhões para cinco anos (2009-13), que vai aumentar. Quanto, não sei ainda. Mas com certeza é maior. A companhia não é capaz de gerar caixa livre para fazer esse investimento’.

“O tempo mostrou que ele estava certo e Dilma, errada. Até porque, a não ser pelo apelo ideológico, era completamente desnecessário migrar para a partilha. É claro que, no regime de concessão, as empresas privadas teriam de remunerar bem mais o Estado, já que o risco de não encontrar óleo quase inexiste. Mas a lei da concessão já contemplava isso, bastava elevar às alturas a taxa de ‘participação especial’ nos campos do pré-sal. Com as vantagens de simplificar (dispensaria aprovar nova lei no Congresso), dar eficácia ao recolhimento do dinheiro, acelerar os investimentos, gerar renda, emprego, progresso e ampliar a produção de petróleo. Ainda há tempo.” (Suely Caldas, Estadão, 20/1/2013.)

Inflação: o governo oferece umas cachacinhas ao alcoólatra

* Pela terceira vez seguida, mercado eleva projeção de inflação

“Depois de o Banco Central (BC) admitir que está preocupado com a pressão da inflação a curto prazo, os analistas do mercado financeiro aumentaram a previsão para o IPCA neste ano de 5,53% para 5,65%, a terceira alta consecutiva nas projeções. Na percepção dos economistas, está claro que o BC não aumentará os juros básicos da economia, por isso, a projeção foi mantida em 7,25% ao ano.

“Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reafirmou a decisão de seguir com os juros estáveis nesse patamar por um ‘período suficientemente prolongado’. Isso se justificaria pelo crescimento mais lento que o estimado, pelo cenário internacional incerto e, principalmente, pela pressão da inflação. ‘Esse aumento da perspectiva do mercado reflete um quadro preocupante com a inflação, que só vem crescendo, com a agravante de o governo ter anunciado uma medida de redução de energia que não está segurando as expectativas’, disse o economista da SulAmérica Investimentos Nilson Rosa.

“Na pesquisa Focus divulgada ontem, os analistas ouvidos pelo BC fizeram um leve ajuste para baixo no crescimento, de 3,2% para 3,19% em 2013. Para 2014, projeta-se inflação de 5,5% – os analistas oficializaram uma ‘meta paralela’ do Copom. Ou seja, a meta de inflação é de 4,5%, mas o BC estaria mirando acima, ainda que dentro do limite de dois pontos percentuais de tolerância.” (Gabriela Valente, O Globo, 22/1/2013.)

* “Quem conhece um pouco da história da inflação brasileira tem que ficar preocupado

“A inflação de janeiro enfrentada pelo consumidor tem sido mais elevada do que se esperava. Por exemplo, o último IPCS atingiu 0,89%, fortemente pressionado por alimentos, educação e despesas diversas. Pior que isso, o número de categorias de preços que sofreram reajuste, o chamado índice de difusão, está muito elevado, acima de 70%, ou seja, há uma generalização do aumento dos preços. As projeções para o ano foram revistas para cima e é muito provável que a inflação deste ano atinja 6% em algum momento. Isso quer dizer que existe hoje um ‘piso’ superior a 5,5% na inflação, que não tem a menor perspectiva de convergir para a meta. Pior que isso, corremos o risco de ver esse piso migrando para uma faixa de 6%, uma vez que nos últimos três anos a inflação foi de 5,9%, 6,5% e 5,8%. Quem conhece um pouco da história da inflação brasileira tem de ficar particularmente preocupado com essa situação, uma vez que, no passado, consolidado um determinado piso, a inflação não caiu mais. Infelizmente, o que estamos vendo é a tentativa cada vez mais generalizada de administração do índice, desde quando em dezembro de 2011 apenas o adiamento do reajuste dos cigarros permitiu que a inflação ficasse encostada no limite superior da meta, de 6,5%. Nesta semana, noticiou-se, que, a pedido das autoridades federais, os reajustes de metrô e ônibus de São Paulo e o ônibus do Rio de Janeiro tiveram seus reajustes postergados para o fim do primeiro trimestre. Adiar reajustes é como adiar o pagamento de uma dívida: alivia o caixa no curto prazo ao custo de comprometer a situação num futuro próximo. Já vemos isso no caso dos combustíveis, cujo reajuste foi sendo postergado, mas que tem de ser concedido necessariamente, dado o estrago feito no caixa da Petrobrás.

“Ao mesmo tempo, novos fatores mantêm as expectativas ruins, estimulando o adiamento dos investimentos. Duas novidades ocorreram em janeiro: em primeiro lugar, o violento surto de truques aplicados ao cálculo do déficit público, tão disparatados que mereceram fortes reparos até da área governista. O argumento de defesa que menciona a necessidade de respeitar a LDO é risível no país das medidas provisórias. O fato concreto é que a descrença nos números fiscais cresceu muito e que é evidente que nosso regime fiscal está sendo lentamente erodido.

“O segundo fato a afetar as expectativas foi a percepção de risco com relação à oferta de energia, que inclui não apenas a questão de eventual racionamento, mas também a sucessão de apagões dos últimos meses. Só no fim do verão saberemos qual terá sido a intensidade de chuvas e o nível dos reservatórios na entrada do período seco. Entretanto, dois efeitos são seguros: uma elevação do custo de energia pela utilização das térmicas – que ficarão ligadas, ainda, por muitos e muitos meses – que eliminará boa parte dos benefícios da redução da tarifa do setor elétrico e a elevação das dúvidas dos empresários sobre a realização de investimentos.

“Caso não exista uma resposta adequada à questão inflacionária e a maior indução ao crescimento do investimento privado, vamos mesmo crescer pouco.” (José Roberto Mendonça de Barros, economista, Estadão, 20/1/2013.)

* A leniência com a inflação prova que o governo se recusa a aprender com o passado recente

“A inflação persistente, que ronda o limite superior do regime de metas, começa a ser encarada com naturalidade. Embora esse regime, com todas as suas limitações, tenha assegurado que a inflação fosse mantida razoavelmente sob controle, tornam-se frequentes os comentários de analistas pretensamente ‘desenvolvimentistas’ alegando que ele foi abandonado nas economias desenvolvidas. A sugestão é que, mais uma vez, em nome do crescimento e em meio à crescente permissividade fiscal, o controle da inflação seja flexibilizado. A dificuldade em aprender com o passado é chocante.

“Quase 20 anos depois de a inflação em 12 meses ter beirado 5.000%, tal imprudência parece despropositada.(…)

“Na ânsia de garantir algum crescimento e na esteira de desempenho medíocre da economia, o governo brasileiro, de olho nas eleições do ano que vem, ficará tentado a ter ainda maior leniência com a política fiscal e a inflação.É algo que poderá resultar na pior combinação possível: crescimento ainda medíocre e abandono do compromisso de longo prazo com a estabilização. Será oneroso, se for preciso tudo isso para caracterizaras limitações da atual política econômica. Como em medicina, o ideal é que se comprove que o tratamento é equivocado antes que se agrave o estado do paciente.” (Marcelo de Paiva Abreu, economista, Estadão, 21/1/2013.)

Está tudo errado nas decisões sobre a economia

* O Financial Times foi muito generoso: não há profissionais à frente do governo – há amadores trapalhões

“Não há profissionais do jeitinho no governo brasileiro. São todos amadores. A turma do Financial Times foi muito generosa na avaliação publicada no blog Beyondbrics. Se os ministros e altos funcionários fossem profissionais, ninguém seria flagrado tão facilmente, e de forma tão grotesca, nas tentativas de maquiar as contas públicas ou a inflação. A promiscuidade entre o Tesouro e os bancos federais seria menos escandalosa e menos assustadora. Os analistas levariam mais tempo para identificar a cópia da velha conta movimento, de muito má memória. Os condutores da política externa, a começar pelos estrategistas do Palácio do Planalto, pensariam duas vezes, pelo menos, antes de entrar na manobra, liderada pela senhora Cristina Kirchner, para incluir no Mercosul a Venezuela bolivariana. Mas esse foi apenas mais um lance desmoralizante para a diplomacia brasileira. Restabelecer a velha e respeitada imagem de competência e profissionalismo do Itamaraty vai dar trabalho e tomar muito tempo.

“Além de amadores, trapalhões. Conseguiram elevar a um nível surpreendente o grau de bagunça do setor público brasileiro. O Tesouro converteu-se em fonte permanente de fundos bancários. A responsabilidade pelo controle da inflação passou do Banco Central (BC) para a Petrobrás, o Ministério da Fazenda, as Prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro e o governo paulista, para citar só alguns dos novos encarregados da função. Para atender ao companheiro Guido Mantega, ministro da Fazenda, o prefeito Fernando Haddad concordou em atrasar o aumento das tarifas de ônibus. O governador poderá contribuir adiando para depois de março o reajuste das passagens de metrô. Essas decisões apenas servirão, naturalmente, para aliviar os índices no primeiro trimestre.

“A participação da Petrobrás deve incluir operações técnicas mais complicadas. A diretoria da empresa continua defendendo a elevação dos preços da gasolina e do diesel, contida nos últimos anos por decisão do Palácio do Planalto. Uma parcela maior de etanol na mistura da gasolina poderá limitar o impacto para o consumidor. Mas isso dependerá da nova safra de álcool, isto é, de um setor seriamente prejudicado, nos últimos anos, pela contenção política dos preços de combustíveis,

“Ao mesmo tempo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), aparentemente desperta depois de um longo torpor, cobra da Petrobrás mais investimentos em produção. A cobrança parece redundante. A atual diretoria da estatal tem-se mostrado consciente dos problemas da empresa, das dificuldades para cumprir metas ambiciosas e, é claro, dos estragos causados por anos de comando centralizado no Palácio do Planalto e orientado por interesses políticos. A presidente da Petrobrás, Graça Foster, tem hoje uma fala mais diplomática, mas disse o suficiente, em seus primeiros tempos, para mostrar os custos de uma gestão politizada.

“Enquanto o Ministério da Fazenda comanda a administração dos índices de preços, o BC executa com muita disciplina a política palaciana de redução e contenção dos juros. O comunicado emitido logo depois da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pode causar perplexidade a um estrangeiro. ‘Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta’, informou o BC.

“Se houve piora no cenário dos preços, por que manter os juros em 7,25%? Se o Copom tivesse aumentado a taxa , teria sentido mencionar a manutenção das condições por um período mais ou menos longo. É preciso levar em conta a defasagem entre a decisão de política monetária e seus efeitos. Mas a história é outra: a taxa de 7,25% ao ano resultou de uma prolongada redução dos juros básicos, iniciada no fim de agosto de 2011. Ao conhecer esse fato, o estrangeiro começaria a entender. A inflação está longe de ser uma preocupação para o dirigentes do BC. O objetivo da política monetária tem sido o crescimento do produto interno bruto (PIB) – com resultados abaixo de pífios, até agora. Além disso – e de fato antes de tudo -, o corte de juros é um item muito importante da retórica presidencial.

“De acordo com essa perspectiva, é inconveniente conter a alta de preços por meio dos instrumentos típicos da política monetária. A meta de 4,5%, em vigor a partir de 2005, é mais alta que a de outras economias em desenvolvimento e foi amplamente superada entre 2010 e 2012. Há quem mencione a vigência informal de outra meta, na altura de 5,5%. A hipótese é plausível. De toda forma, justifica-se a pergunta: qual a inflação necessária para desemperrar a economia brasileira?

“No Japão, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, pediu ao BC a fixação da meta em 2%, para encerrar a deflação e estimular a economia. Em países sul-americanos, a tendência, hoje, é a redução das metas. No Brasil, a produção continua emperrada mesmo com inflação próxima de 6%. Os obstáculos ao crescimento – e ao investimento, para começar – devem ser de outra ordem. Em vez de identificá-los e enfrentá-los com decisão, os condutores da política econômica, trapalhões e cada vez mais milongueiros, tomam outro caminho. Embora com algum pudor, seguem o exemplo kirchnerista, multiplicando as intervenções desastradas em todos os setores e dando prioridade à administração dos índices. Não tentam combater de fato a inflação, até porque a toleram. Em outros tempos, quando a inflação oficial era medida no Rio de Janeiro, a prioridade era garantir o abastecimento de feijão do mercado carioca. Vem de longe a tentação de embelezar os índices. A mudança mais notável é o fundo musical. O ritmo inspirador do governo brasileiro, hoje, é o tango.” (Rolf Kuntz, Estadão, 19/1/2013.)

* A impressão é de que o governo Dilma sequer sabe onde errou

“A presidente Dilma Rousseff se mostra fortemente interessada em liderar uma virada da economia depois desses dois anos de resultados medíocres – sobretudo em avanço do PIB e em controle da inflação. Sexta-feira, em São Julião (Piauí), avisou que ‘em 2013 teremos crescimento sério, sustentável e sistemático’. Até parece admitir a ausência dessas três qualidades em 2012. (…)

“Nada pode criar tanta insegurança paralisante quanto desarrumações nos fundamentos da economia. Não há nada de errado em derrubar substancialmente os juros e em desvalorizar a moeda. Mas esses movimentos têm de vir acompanhados por fortalecimento das contas públicas – algo que não vem acontecendo.

“Se o objetivo é obter ‘um crescimento sério’, a presidente Dilma não poderia permitir que pairasse sobre a administração da economia a suspeita de tapeação na condução das contas públicas. Durante meses seguidos, as autoridades da área econômica garantiram que o governo cumpriria um superávit de 3,1% do PIB (parcela da arrecadação para pagamento da dívida). Depois, não conseguiu dar conta do recado e aceitou que o secretário do Tesouro, Arno Augustin, apelasse para a tal contabilidade criativa e para a tricotagem de ‘relações incestuosas entre Tesouro, BNDES, Banco do Brasil e Caixa’ – como observou o ex-ministro Delfim Netto. Essas manobras causam estrago incomensurável na confiança que se precisa ter no governo.

“O Banco Central, por sua vez, nega certos passos que dá. Assegura que tem cumprido religiosamente a meta de inflação e que opera sua política monetária (política de juros) tão somente para empurrar a inflação para dentro da meta (de 4,5%). Mas todos veem que há problemas na condução da política monetária. Algo parecido acontece no câmbio. O Banco Central trabalha visivelmente a cotações praticamente fixas. E, no entanto, as autoridades continuam afirmando que a política de câmbio flutuante se mantém rigorosamente intocada.

“Não haveria nada de errado nisso, desde que houvesse mais sinceridade e que as autoridades admitissem que, nas circunstâncias atuais, foi preciso ajustar as coisas de outra maneira.

“Às vezes paira a impressão de que o governo Dilma não sabe nem onde errou nem por que não consegue entregar mais do que uma sucessão de pibinhos e inflação anual perto do teto da meta. Até agora, por exemplo, ninguém admitiu que a política que deu excessiva prioridade ao consumo pode ter sido equivocada, por ter descuidado do investimento.” (Celso Ming, Estadão, 22/1/2013.)

* Governo tenta forçar bancos a ampliar financiamentos

“O fraco desempenho da economia em 2012 levou o governo a procurar o setor bancário para pedir mais ousadia na oferta de crédito no país. Na avaliação da equipe econômica, embora tenham feito reduções em suas taxas de juros ao longo do ano passado, os bancos foram muito conservadores na concessão de financiamentos tanto para pessoas físicas quanto para empresas e acabaram contribuindo para o baixo crescimento.

“Por isso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem conversado frequentemente com presidentes de bancos privados como Itaú e Bradesco. No plano para turbinar a atividade, Caixa e Banco do Brasil também já se preparam para novas reduções de taxas e ampliação de linhas de crédito.

“A equipe econômica considera ainda que todo o movimento de corte de juros não foi feito e que tanto empresários quanto consumidores podem se beneficiar de uma nova rodada de redução das taxas.

“O ministro defende que a inadimplência — um dos principais argumentos das instituições privadas para manter a postura conservadora no crédito — se estabilizou no país. Segundo dados do Banco Central (BC), esse indicador encerrou novembro em 5,84%, sendo que ele estava em 5,93% em outubro e 5,88% em setembro. No caso das pessoas jurídicas, o percentual está em 4,08%; e das pessoas físicas, em 7,8%. Mantega também tem pedido que instituições públicas, como Caixa e Banco do Brasil, continuem na estratégia de baixar taxas e ampliar o crédito.

“A presidente Dilma Rousseff também entrou diretamente na conversa. Tanto que recentemente recebeu o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, no Palácio do Planalto para uma longa conversa. Dias após o encontro, o Bradesco anunciou uma ampliação em 20% do volume total de recursos de crédito pré-aprovado para pessoas físicas, que passou de R$ 68 bilhões para R$ 81 bilhões. Dilma tem recebido outros banqueiros ultimamente.” (Martha Beck e Gabriela Valente, O Globo, 21/1/2013.)

* Inadimplência e endividamento derrubam plano do governo de elevar empréstimos dos bancos

“A inadimplência dos correntistas acima de 7% e o elevado nível de endividamento das famílias devem atrapalhar os planos do governo de acelerar a concessão de crédito nos bancos privados, conforme antecipou O Globo ontem (segunda, 21/1) para dar mais combustível à atividade e aumentar o crescimento da economia. Para analistas, o impulso desejado pelo governo nos empréstimos virá apenas com a acomodação do calote e uma expansão maior da economia, que garanta a manutenção do nível de emprego e renda.

“Embora tenha recuado de 7,92%, em outubro, para 7,79% em novembro, a taxa de inadimplência — atrasos acima de 90 dias — para a pessoa física medida pelo Banco Central (BC) ainda está muito alta e longe do seu ponto mais baixo desde a crise, de 5,68%, registrados em dezembro de 2010. ‘Não adianta dar crédito para pessoa física se você tem a inadimplência em alta. Os bancos ficaram mais receosos de dar crédito’, diz Luiz Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

“Economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi, concorda e ressalta que, mesmo que a inadimplência recue nos próximos meses, como sinalizam os indicadores, a demanda por crédito não deve reagir na mesma intensidade verificada em 2009 e 2010, quando o volume de financiamentos crescia a 20%.” (Paulo Justus e Ronaldo D’Ercole, O Globo, 22/1/2013.)

* “Turbinar crédito à força é uma via perigosa”

“O aumento da inadimplência mostra que, por falta de hábito, muitos indivíduos e famílias têm assumido riscos que superam sua real capacidade de pagamento. O consumo, turbinado pelo crédito e o aumento da massa salarial, foi a mola propulsora do forte crescimento da economia brasileira em 2010, e o governo espera repetir a dose agora em 2013 e 2014. Ainda que tenha havido algum amadurecimento de lá para cá no que tange ao uso do crédito, estimular a economia por essa via é certamente um caminho temerário. Consumidores e instituições financeiras ficarão mais expostos à possibilidade de calote, bem como a demanda poderá ser pressionada exatamente nos segmentos que têm puxado a alta de preços, e não se pode ignorar que a inflação se encontra em uma faixa bem desconfortável.

“É míope querer que os bancos não sejam prudentes. Erro maior ainda empurrar os estatais nesta direção, e ainda por cima alavancando-os por meio de endividamento público. Um dia a conta será apresentada ao contribuinte.” (Editorial, O Globo, 23/1/2013.)

* Não há mais confiança na administração da economia pelo governo

“Mesmo com a manutenção da Selic em 7,25%, decidida pelo Copom esta semana, o Brasil recuou no ranking mundial das taxas de juros reais, de que já foi líder, de terceiro para quinto lugar. Com juros de 1,7%, a economia brasileira se distanciou da argentina (4,6%), a primeira colocada nesta desconfortável disputa. A explicação está na persistência da inflação — e isso tira qualquer mérito da política econômica na queda das taxas. A Selic fica no mesmo lugar, apenas a alta dos preços faz cair a taxa real. E é a conjugação de preços em ascensão com a passividade do BC que torna mais intenso o debate sobre os rumos da economia.

“Em nota, o Copom, conselho do BC que trata da política monetária, reconhece a degradação do cenário de curto prazo da inflação, assim como admite a lentidão com que a economia reage aos estímulos fiscais e creditícios. Portanto, está claro que, entre estas duas frentes de batalha, o PIB e a inflação, o BC (o governo) reafirma a opção de buscar o crescimento a qualquer custo. Mesmo o custo de mais inflação, coerente com a visão ‘desenvolvimentista’. (Cabe lembrar, sempre, dos riscos da estratégia numa economia com longo passado de descontrole de preços.)

“Visto por um ângulo mais amplo, a decisão do BC é parte do sério problema da baixa confiabilidade que passou a ter o governo na condução da economia. Quando começou a executar cortes nos juros, a autoridade monetária fez o certo, apesar das críticas iniciais. Mas o terceiro ano consecutivo sem que o centro da meta de inflação (4,5%) seja alcançado, com os índices oscilando acima dos 5%, e a decisão desta semana reforçam a suposição de que esta política foi abandonada. Ou que a verdadeira meta é outra, mais alta.

“A perda de confiança na administração da economia passa pela percepção de analistas de que a própria política do ‘tripé’ — câmbio flutuante, meta de inflação e superávit fiscal — foi deixada de lado. No câmbio, parece haver um tabelamento acima de R$ 2. No campo fiscal, até mesmo o ex-ministro Delfim Netto, defensor da política econômica dos governo do PT, não digeriu as maquiagens da ‘contabilidade criativa’ feitas para tentar mascarar o não atingimento da meta de 3,1% do PIB para o superávit das contas primárias (gastos não financeiros). Isso quando havia bons argumentos para justificar a falha o superávit mais baixo, como ocorreu. (…)

“Compreensível que investidores se retraiam, mais ainda depois do viés intervencionista exposto pelo Planalto. A presidente Dilma passou a conversar com empresários. Sempre é bom ouvir a sociedade. Mas, para estabelecer uma confiança mínima na política econômica, será preciso mais do que palavras. (Editorial, O Globo, 18/1/2013.)

* O BNDES perdeu o rumo; agora, tenta resolvar problemas de grandes empresários engasgados com maus negócios

“O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continua perdendo dinheiro em projetos fracassados e – pior que isso – sem significado estratégico para a economia brasileira. Depois de maus negócios no setor de carnes, a direção do banco resolveu arriscar-se no ramo de laticínios. O maior e mais perigoso lance nessa área foi a aplicação de R$ 700 milhões, em janeiro de 2011, na formação da empresa LBR – Lácteos Brasil, resultante da fusão do laticínio gaúcho Bom Gosto e da LeitBom, controlada pela Monticiano Participações. Recém-criada, a gigante já deu prejuízo no primeiro ano de operação, continuou em dificuldades em 2012, suspendeu pelo menos 5 de 16 marcas de leite e fechou 11 de 31 fábricas, segundo reportagem publicada na quinta-feira pelo jornal Valor. De acordo com o jornal, os planos do grupo incluem o fechamento de mais cinco fábricas. Parte do dinheiro aplicado pelo BNDES – R$ 250 milhões – foi destinada à compra de debêntures. Pelo contrato, a empresa deveria ter antecipado o resgate desses papéis, depois do resultado muito ruim de 2011, mas houve um pedido de waiver e o assunto ainda está em exame.

“O BNDES, por meio de sua subsidiária BNDESPar, tornou-se acionista da empresa Bom Gosto em 2007 e, ao apoiar a fusão, poucos anos depois, ficou com 30,28% do capital da LBR. Para quê? A diretoria do banco parece entender a criação de gigantes, em qualquer setor, como parte de sua missão. Deixa, no entanto, de levar em conta as necessidades e possibilidades financeiras dos grupos envolvidos e de avaliar cuidadosamente o valor estratégico de sua participação.

“É muito difícil justificar o envolvimento do BNDES, como emprestador ou como investidor, em operações de fusão de empresas capazes de mobilizar recursos no mercado financeiro. Além disso, bem mais difícil é explicar a importância dessas operações na estratégia de desenvolvimento do Brasil.

“Em outros tempos, o BNDES contribuiu para a ampliação da base industrial, para a eliminação de gargalos no sistema produtivo e para a consolidação de atividades estratégicas. Favoreceu a exploração e o processamento de insumos, como celulose, cobre e alumínio, a implantação da indústria petroquímica e a produção de bens de capital. (…)

“A perda de rumo tornou-se mais evidente há alguns anos, especialmente a partir da crise de 2008. Os financiamentos concentraram-se em grandes clientes, alguns estatais, e o BNDES tornou-se mais do que nunca um instrumento de apoio a grupos selecionados para vencer.

“Com a mudança de rumo, o banco resolveu problemas de grandes empresários engasgados com maus negócios. Privilegiou a clientela dos grandes com uma fatia desproporcional dos empréstimos e envolveu-se cada vez mais em aventuras claramente estranhas à sua missão. Por muito pouco deixou de financiar a fusão do Grupo Pão de Açúcar com a filial brasileira do Carrefour. Dirigentes do banco só reconheceram o inconveniente do negócio alguns dias depois dos alertas publicados na imprensa. Com esse recuo, conseguiu evitar, em cima da hora, o envolvimento grotesco numa confusão jurídica.

“A perda de R$ 700 milhões, ou de qualquer parcela desse investimento, é certamente um fato grave. Muito mais graves, no entanto, são a perda de rumo e o desvirtuamento de uma instituição com um belíssimo histórico de contribuições ao desenvolvimento brasileiro.” (Editorial, Estadão, 19/1/2013.)

* Distorções no BNDES prejudicam a economia brasileira

“O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assumiu proporções gigantescas. É, por exemplo, quase equivalente em volume de financiamentos ao Banco Mundial – criado em Bretton Woods (1946), com o Fundo Monetário Internacional, para alavancar o desenvolvimento mundial. (…)

“Não dá para dizer que o BNDES seja uma instituição que só traga benefícios para o interesse nacional. Também é problema – e problema sério.

“Nos três últimos anos vem se beneficiando de uma relação incestuosa com o Tesouro. Recebe recursos oficiais de grande magnitude (em geral, títulos da dívida pública), sobre cujo emprego não presta contas ao Congresso Nacional. E opera com subsídios e juros favorecidos sem que estes sejam incluídos no Orçamento da União.

“Essas distorções produzem ainda outras mais. Uma delas é o bloqueio do desenvolvimento de um mercado de capitais sadio no Brasil. Nenhum banco consegue competir com o BNDES no financiamento de projetos de longo prazo por não contar com a mesma fonte (funding) subsidiada de recursos. As grandes empresas, por sua vez, se desinteressam por lançar debêntures e outros títulos de longo prazo no mercado, porque o BNDES está sempre pronto a fornecer recursos a custos mais camaradas. E um país sem um mercado de capitais desenvolvido corre o risco de destruir sua capacidade de crescer.

“Outra distorção – para a qual algumas vezes o Banco Central já chamou a atenção – é a sabotagem, digamos assim, que o BNDES faz à política monetária (política de juros). Como opera com juros inferiores aos praticados no mercado, o Banco Central está sempre obrigado a puxar os juros básicos (Selic) para acima do nível ‘normal’, para compensar o jogo contra do BNDES e, assim, dar conta da tarefa de combater a inflação. Em outras palavras, o BNDES é parte das explicações para juros tão elevados no Brasil.

“Uma terceira distorção acontece nas condições de competição no mercado. Grande número de financiamentos do BNDES elege arbitrariamente certos grupos econômicos, nem sempre sadios, para que se tornem os campeões do futuro. Dessa maneira, criam circunstâncias artificiais que agem como fatores que funcionam como alavancas desleais de negócios. É um fator que sela o futuro das empresas: os vencedores, que contam com apoio privilegiado do BNDES, alijam seus concorrentes do mercado.

“Essas são razões suficientemente fortes para que o BNDES seja repensado e recalibrado para atuar a favor do interesse público.” (Celso Ming, Estadão, 23/1/2013.)

* Já vimos este filme antes, nos anos 70 e 80. E é um filme de terror

“Trata-se de uma quase unanimidade. Tirante os economistas do Banco Central, praticamente todos os demais acham que a inflação brasileira não alcança a meta oficial (4,5%, pelo IPCA, índice do IBGE) nem neste ano, nem no próximo, nem sabe-se lá quando.

“Mas depois desse consenso, as opiniões começam a se dividir. Uma turma acha que isso é grave, que não se pode brincar com a inflação no Brasil e que a alta de preços é um imposto contra os mais pobres. Aliás, a inflação das famílias mais pobres está mais elevada do que a dos ricos.

“Outra turma, dos economistas do governo ou aliados, acha que não tem nada demais numa inflação de 6,5% ao ano, número que estaria dentro da meta. Não é bem assim. Convém explicar: a meta, fixada pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5% ao ano. Admite uma margem de tolerância (ou de erro, se quiserem) de dois pontos abaixo ou acima, isso para situações excepcionais, fora do controle do Banco Central.

“Mas três anos seguidos com inflação na média de 6% ao ano não podem ser chamados de excepcionais. Pelos dados divulgados ontem pelo IBGE, a inflação corrente subiu de novo para os 6%. Ou seja, este é o ritmo de alta de preços no Brasil, acima da meta, abusando da margem de tolerância.

“E isso apesar dos truques, como aquele, quase permanente, de segurar o preço da gasolina e outro, mais recente, de acertar com os prefeitos do Rio e São Paulo o adiamento do reajuste das tarifas de ônibus, previsto para este mês. No primeiro caso, estraga as contas da Petrobrás. No segundo, das prefeituras. É a maldição: em política econômica, toda gambiarra gera uma contra-gambiarra.

“Mas todo esse debate poderia ser resolvido de modo muito fácil, dizem aliados do governo. Basta dizer que a meta de inflação agora é de até 6,5%. Mesma coisa que esses mesmos economistas estão propondo para o superávit primário. Em vez de o governo roubar nas contas para atingi-lo, basta reduzir o alvo.

“Por que o governo não fez isso?

“Reparem que é o mesmo padrão no caso do dólar, tratado aqui na semana passada. Todo mundo sabe que o real foi deliberadamente desvalorizado pelo governo e que a cotação agora varia numa banda de R$ 2,00 a 2,10 por dólar. De novo, críticos e aliados da presidente Dilma concordam nessa constatação, os primeiros, claro, achando errado, os segundos, certo. Mas o governo jura que não tem banda e sim uma clássica de taxa de câmbio flutuante.

“Economistas ligados à linha desenvolvimentista (alguns preferem neo-desenvolvimentismo, sabe-se lá por que) sempre sustentaram que um país emergente terá inflação mais alta que os desenvolvidos e estáveis. Não haveria problema com alta de preços de 10% ou até 15% ao ano, se esse fosse o custo para uma expansão acelerada. Mais inflação em troca de mais crescimento, tal é o mote.

“Acrescentam-se a essa receita a moeda desvalorizada e gastos públicos elevados.

“Se o governo Dilma não está fazendo isso, então faz algo muito parecido. Mais ainda: havia mesmo a expectativa de que a presidente fosse pouco a pouco alterando os parâmetros da política econômica herdados da era FHC e que haviam sido mantidos por Lula por necessidade e não por convicção.

“Assim, resultam duas possibilidades. Ou a política não mudou, apenas estaria sendo, digamos, mal executada. Ou mudou e o governo não quer admitir isso para não criar expectativas negativas, sobretudo lá fora, ou porque a mudança não está funcionando.

“Afinal, temos inflação elevada e baixíssimo crescimento. O governo aumenta seus gastos e as obras não aparecem. O real foi desvalorizado, mas as importações crescem e os brasileiros continuam torrando dólares lá fora (US$ 22 bilhões no ano passado!).

“Até aqui pelo menos, os fatos dizem o seguinte: a política mudou e não deu certo. Que fazer? Voltar ao padrão clássico ou aumentar a aposta neodesenvolvimentista?

“Pode ser também que o governo não tenha uma política, mas apenas alvos. E cada vez que atira em um, acerta no que não devia. Um exemplo da hora: a redução das tarifas de energia vai estimular famílias e empresas a consumir mais, lógico. Isso em um momento em que os reservatórios das hidrelétricas, a energia mais barata, estão em ponto crítico, exigindo o auxílio das usinas termoelétricas, mais caras. O processo ainda retira recursos das companhias hidrelétricas, diminuindo sua capacidade de investir em novas fontes.

“O pior de tudo é que o Brasil já viu isso nos anos 70 e 80.” (Carlos Alberto Sardenberg, O Globo, 24/1/2013.)

* Com suas mágicas e abracadabras, o governo faz a credibilidade da política fiscal virar pó

“Quando conveniente, o governo faz dinheiro aparecer. De forma simplificada, o Tesouro se endivida, envia o dinheiro para os bancos públicos e, depois, extrai deles recursos antecipados, justificando serem dividendos de balanços que nem sequer foram fechados. Os recursos são registrados como arrecadação e o governo passa a ilusão de que ‘cumpriu a meta’ que havia estabelecido para o superávit primário. Algo como uma ‘corrente da felicidade’ em que a dívida é empurrada para terceiros.

“De fato, acompanhar a execução fiscal e orçamentária da União está se tornando mais difícil a cada dia. Em 2013, por exemplo, são, no mínimo, ‘três orçamentos’. O primeiro é o Orçamento-Geral da União (OGU), que ninguém sabe exatamente quando será aprovado no Congresso Nacional. O segundo é proveniente dos R$ 42,5 bilhões de uma medida provisória editada no apagar das luzes do ano passado. E o terceiro resulta de aproximadamente R$ 175 bilhões de restos a pagar. (…)

“O orçamento é administrado pelo retrovisor. O Legislativo aprovará o de 2013, mas o Executivo tocará, prioritariamente, as pendências de anos anteriores. Como não há dinheiro suficiente para ambos, os gestores continuarão a viver a ‘escolha de Sofia’. Se for muito urgente, quitam os restos a pagar. Se for politicamente interessante, tocam as novas iniciativas.

“Com essas práticas o governo fere diversos princípios orçamentários clássicos, como os da prévia autorização, anualidade, clareza, especificação e publicidade. Esse conjunto de proposições orientadoras deve balizar os processos orçamentários com o objetivo de dar-lhes estabilidade e consistência, sobretudo no que se refere à sua transparência e ao seu controle pelo Legislativo e pelas demais instituições da sociedade.

“Diante desta ‘babel orçamentária’ e de tantas maquiagens, o governo corre o risco de transformar em pó a credibilidade da execução orçamentária e da política fiscal. Como aconselhava Cícero há 2 mil anos, as contas públicas precisam ser equilibradas e o endividamento, contido. De preferência, sem mágicas e abracadabras.” (Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas, Estadão, 21/1/2013.)

* Explicações estapafúrdias para tentar explicar o fiasco

“O governo vem digerindo com dificuldade a previsão de que taxa de crescimento do PIB, depois dos pífios 2,7% de 2011, deverá ser inferior a 1% em 2012. Surpreendida por esse desempenho, a equipe econômica, pressionada pelo Planalto, se vê agora obrigada a engendrar racionalizações de última hora que possam explicar o fiasco.

“Artigos do ministro da Fazenda e do presidente do BNDES, publicados no final do ano, bem ilustram o contorcionismo fantástico que tem pautado esse esforço desesperado de racionalização. O ministro Guido Mantega abraçou-se a uma explicação completamente estapafúrdia. ‘Tenho procurado alertar para os paradoxos da fase de transição vivida pela economia brasileira. As mudanças na taxa de juros e no câmbio não têm efeitos imediatos. A economia brasileira estava ‘viciada’ em juros altos e real sobrevalorizado. É necessário, portanto, um processo temporário de ‘desintoxicação’. (O Estado de S.Paulo, 23/12/2012)

“Nessa mesma edição do Estado, Luciano Coutinho publicou artigo intitulado ‘Desafios e oportunidades do crescimento desequilibrado’, com um subtítulo prolixo e pomposo: ‘Uma homenagem a Albert Hirschman, que nos permite uma visão promissora do que hoje parece uma situação de baixo dinamismo econômico’.

“Menções a Hirschman, de quem tive a sorte de ter sido aluno há quase 40 anos, são sempre bem-vindas. Era um economista com idéias extraordinariamente interessantes. Morreu há pouco mais de um mês, com bem vividos 97 anos. Tinha um talento admirável para fazer inferências surpreendentemente férteis com base em fatos isolados, sem medo de ‘se expor à dupla acusação de excesso de generalização e insuficiência de documentação’, como ele mesmo alegava.

“A idéia de crescimento desequilibrado, que defendeu em meados dos anos cinquenta, opunha-se à noção de que o processo de crescimento deveria envolver expansão harmônica de todos os setores da economia. Hirschman arguía que essa harmonia, que se detectava no crescimento dos países desenvolvidos, era muito difícil de ser assegurada em economias subdesenvolvidas (como então se dizia).

“Por contar com escassa capacidade de tomar decisões de investimento, tanto no setor privado como no governo, essas economias estavam fadadas a ter um crescimento marcado pela expansão desequilibrada dos seus vários setores. O que implicava interminável sucessão de gargalos, desabastecimentos e racionamentos temporários, decorrentes, de um lado, do aproveitamento defasado de oportunidades de investimento pelo setor privado e, de outro, da necessidade de esperar que as pressões políticas atingíssem nível suficientemente crítico para que os esforços requeridos de investimento público, afinal, pudessem ser viabilizados.

“A idéia de crescimento desequilibrado é inegavelmente interessante. Permite, por exemplo, entendimento mais claro da desordenada expansão da economia brasileira nos anos cinquenta. O quadro caótico que esse desordenamento trazia à então capital do País foi bem satirizado em uma conhecida marchinha de carnaval de 1954: ‘Rio de Janeiro / Cidade que me seduz / De dia falta água / De noite falta luz’.

“O que causa espanto é que, passados 60 anos, o governo tenha decidido agora desenterrar a idéia de crescimento desequilibrado, para racionalizar o desempenho medíocre da economia. De um lado, porque ela em nada ajuda a entender a estagnação de 2012, a não ser que a intenção do governo seja usá-la para um mea culpa sobre o investimento entravado.

“De outro, porque não se pode esquecer que a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff foi toda baseada nos supostos talentos administrativos da candidata, apresentada como ‘mãe do PAC’ e restauradora de práticas de planejamento que levariam a um crescimento rápido e harmônico, liderado por um programa de investimentos que permitiria expansão ordenada de capacidade, a tempo e a hora. Empenhado em justificar o fiasco, o governo parece não ter percebido que seu malcozido discurso do crescimento desequilibrado é a negação frontal de tudo isso.” (Rogério L. Furquim Werneck, economista, Estadão e O Globo, 18/1/2013.)

Mas não dar para culpar Mantega

* “Como nunca deixaram o ministro da Fazenda resolver nada de importante, também não o deixaram errar”

‘Alguém deveria ter alertado a presidente Dilma Rousseff, logo no começo do seu governo, sobre a alma dos jornalistas ingleses. Durante anos, estiveram entre os principais fornecedores de alegrias para os governos Lula e o seu, apontados na imprensa britânica como exemplos de virtude para o mundo ─ e o que diz um jornalista do reino de Sua Majestade Elizabeth II vale mais do que dizem os outros, por razões que não vem ao caso explicar nos limites deste artigo. A certa altura, a revista The Economist chegou a colocar em sua capa uma ilustração do Cristo Redentor subindo do alto do Corcovado rumo ao espaço sideral, com uma mensagem do tipo ‘ninguém segura o Brasil’ ─ e que governo precisa de qualquer outro selo internacional de aprovação quando ninguém menos que The Economist está dizendo uma coisa dessas? O problema, aí, é que governos em geral não devem confiar em jornalistas ingleses. Trata-se, historicamente, de um pessoal imprevisível, indisciplinado e impertinente. Sabem de coisas que não deveriam saber, muito menos publicar. Escrevem com freqüência o contrário do que se espera. Leem a correspondência privada das pessoas e publicam confissões íntimas de mordomos; não são cavalheiros. Mais que tudo, estão acostumados há 200 anos com a idéia de que fatos existem para ser publicados e, se forem inconvenientes, melhor ainda ─ sobretudo se incomodam políticos, milionários, celebridades, estrelas do mundo pop, lordes do reino e por aí afora.

“Foi um lamentável desapontamento para a presidente Dilma, assim, ler de repente no fim do ano, na mesma The Economist, que deveria botar no olho da rua o seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, por incompetência em estágio terminal. Mas não estava tudo bem? Estava. Só que deixou de estar, embora não pareça claro como alguma coisa poderia mudar para melhor no Brasil com a saída do ministro; se ao longo de seus dez anos no governo ele nunca ocupou uma única jornada de trabalho decidindo questões vitais para a economia, não dá para jogar-lhe a culpa por nada que esteja dando errado. É verdade que Mantega poderia ser um perigo. No lançamento do Plano Real, por exemplo, escreveu um artigo prodigioso: conseguiu, do começo ao fim, errar em 100% de tudo o que disse. Com a certeza de quem estava demonstrando o binômio de Newton, garantiu que o plano iria fracassar em todos os seus pontos, sem exceção de nenhum ─ e isso, pela prudência mais elementar, deveria fazer com que o homem fosse mantido o mais longe possível da Fazenda nacional. Mas, como nunca o deixaram resolver nada de importante, também não o deixaram errar.

“Mantega, pensando bem, até que tem sido um colaborador útil para o governo. Para começar, ele é um craque na arte de não criar problemas. Foi capaz de nomear para a presidência da Casa da Moeda, onde se fabrica todo o dinheiro deste país, um cidadão que nunca tinha visto em sua vida; alguém mandou que nomeasse, e ele nomeou. É para reduzir o IPI? Está reduzido. É para suspender a redução? Está suspensa. Se for encarregado de anunciar o fim do mundo, dirá que se trata de ‘um fato atípico’ ─ e que o governo ‘não trabalha com a hipótese’ de que isso atrase as obras do PAC. Acima de tudo, um substituto com vida própria no Ministério da Fazenda não iria durar mais do que quinze minutos no cargo. Na primeira vez que contrariasse a presidente, nem precisaria esperar o decreto de demissão ─ já poderia sair direto para casa. Dilma, pelo jeito, deseja manter Mantega no posto. ‘Ele só sai se quiser’, disse a presidente após a sentença de condenação da Economist. Não chega a ser uma garantia feita de concreto armado; Mantega quer ficar, mas pode de um momento para outro querer sair, se Dilma quiser que ele queira. Por enquanto, continua lá.

“Se a presidente resolver, um dia desses, mudar de idéia, poderia nomear para o Ministério da Fazenda, quem sabe, a modelo Gisele Bündchen; com certeza, a aprovação a essa escolha seria de 95%, ou mais. E por que não? Já que não é para resolver nada, é muito melhor ver Gisele no noticiário, principalmente na televisão, do que a cara do ministro Mantega, por mais simpática que seja; ele seria o primeiro a concordar com isso. O problema é que a sra. Bündchen é uma moça de bom-senso. Se fosse convidada para ministra da Fazenda, diria: ‘Não posso aceitar, porque eu não entendo nada disso’. É exatamente o que deveriam dizer, mas não dizem, nove entre dez astros da ciência econômica nacional. É uma pena, realmente, que nossa übermodel tenha a cabeça no lugar.” (J.R. Guzzo, Veja, 23/1/2013.)

Incompetência gerencial

* “Dilma tem muito a fazer antes do forró da reeleição”

A viagem da presidente Dilma Rousseff ao Piauí, na última sexta-feira (18/1), confirmou ao país o que muitos desconfiavam e o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, adiantou na quarta-feira da semana passada: o governo já está empenhado – e nem faz questão de disfarçar – na campanha de reeleição da presidente da República.

“Não só o governo, que cola a agenda da governante com a da candidata, como também o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um mestre na arte de criar e eleger candidatos, como comprovaram eleições recentes.

“Dilma só não contava com o ‘apagão’ de 30 minutos que antecedeu sua chegada a Teresina. Não chegou a estragar a festa, mas serviu para advertir o governo do muito que precisa ser feito, efetivamente, antes de 2014.

“Dilma chega a 2013, véspera do ano sucessório, sem ter uma grande obra a apresentar. E as obras da ‘herança bendita’ que recebeu do governo Lula, na área de Infra-estrutura, ainda estão à espera do esforço governamental para serem concluídas.

“Obras que contribuíram para a reeleição do próprio Lula, em 2006, e a eleição de Dilma, em 2010, como a transposição do rio São Francisco.

“Trata-se de uma obra-símbolo da falta de pejo de governantes petistas para transformar projetos de grande anseio popular em produtos de marketing eleitoral.

“O fim da seca do Nordeste está no imaginário de qualquer nordestino, como também de todos os brasileiros.

“As evidências mostram que as férias devolveram uma Dilma Rousseff diferente no modo de governar. Mais solta, buscando a iniciativa em ações de grande visibilidade, como os encontros que manteve nas duas últimas semanas com os maiores empresários do país.

“Obviamente, é impossível afirmar que o objetivo da presidente era o de produzir ações de marketing com vistas à campanha. Mas é difícil ignorar as cenas de Dilma com chapéu de vaqueiro e aplaudindo, sorridente, os sanfoneiros que animaram a entrega de retroescavadeiras e apartamentos em Teresina, ao som de Asa Branca e de outros hits da região. Parecia o forró da reeleição.

“Num momento sensível do processo econômico em que a inflação mostra os dentes, ameaça de racionamento de energia elétrica e de dúvidas sobre a capacidade de o país assegurar os encargos que assumiu para sediar a Copa do Mundo de 2014, o que menos se espera de Dilma é a mistura da governança com o processo da sucessão presidencial do próximo ano.

“São grandes os desafios que aguardam a presidente em 2013. Antes de pensar na reeleição, Dilma deve pensar em enfrentar e resolver esses desafios. Ou pelo menos deixá-los encaminhados, até porque uma coisa levará à outra.

“É quase uma inevitabilidade. O mesmo não se pode dizer se as coisas acontecerem de modo contrário.

“Há muito a ser efeito, projetos que de maneira alguma podem entrar na fila das ‘obras prioritárias’ só em véspera de eleição, como parece ser o caso da transposição do rio São Francisco.

“Afinal de contas, os problemas do fornecimento de energia elétrica estão mesmo equacionados, sob o controle das autoridades responsáveis, ou continuarão a se repetir ‘apagões-relâmpagos’ como o que recepcionou a presidente na viagem a Teresina?

“Os aeroportos, tão necessários para receber eventos como a Copa do Mundo quanto para atender um país em crescimento, ficarão prontos no tempo necessário ou correm o risco de ficar na situação da refinaria Abreu Lima – outra promessa de Lula na campanha da reeleição -, projeto cujo orçamento já aumentou quase sete vezes?

“E as obras de mobilidade urbana, essas sim um autêntico legado da Copa?

“Para Dilma se eleger presidente da República, as agendas da chefe da Casa Civil com a de Lula foram embaralhadas. Não justifica, mas a idéia era tornar conhecida uma candidata retirada do bolso do colete do então presidente e que nunca antes disputara uma eleição.

“A popularidade de Dilma agora ronda os 62%. O desconhecimento não é argumento para transformar atos de governo em campanha. É natural que o PT esteja no palanque.

“Mas o PIB de 2012 mostra que o momento atual é delicado e requer a atenção integral da presidente da República.” (Editorial, Valor Econômico, 22/1/2013.)

* Obras de construção de rodovias avançam só 1,3 quilômetro por mês

“Levantamento feito pelo Estado em 122 contratos em vigor do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte (Dnit) mostra que as rodovias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) avançam a um ritmo médio de 1,3 quilômetro por mês.

“Os cálculos tomam por base dados do Boletim Eletrônico de Medição, que mostra a evolução mensal de 107 obras prioritárias do PAC que estão em construção. Para cada um foi encontrado o ritmo de evolução da obra, levando em conta a data de início do contrato, a data estimada para sua conclusão e a extensão a ser construída.

“No trecho mais rápido, a construção da BR-230, no Pará, avançou a um ritmo de 12 km ao mês no contrato referente aos km 643,6 a 728. Essa mesma rodovia, porém, registra uma obra que está em construção há nove anos.

“O contrato mais antigo do boletim refere-se à duplicação da BR-101 no Rio Grande do Sul, do km 8,8 ao km 35,9. Ele foi assinado em 27 de dezembro de 2001 e até hoje a obra não foi entregue. A previsão é que fique pronta no fim de março próximo.

“As obras da BR-101 RS, por sua vez, são as mais complexas da lista. Há trechos que foram objeto de cinco ou seis contratos diferentes. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu especial atenção a essa obra. Em 2005, visitou o canteiro e operou uma perfuratriz que seria utilizada para cavar o túnel do Maquiné. Cinco anos depois, a nove dias de encerrar o mandato, ele foi inaugurar o túnel. Percorreu a pé toda a extensão de 1,8 km.

“A lentidão das obras do PAC é uma antiga pedra no sapato da presidente Dilma Rousseff, desde os tempos em que era ‘gerentona’ do programa, no comando da Casa Civil. Agora, dar mais celeridade a essas obras e aos investimentos públicos e privados no País é a prioridade número um do governo.

“A preocupação é alcançar taxas de crescimento mais robustas e dar gás para a campanha eleitoral de 2014. No ritmo atual, e se as projeções do mercado estiverem corretas, Dilma levará mais de três anos para expandir o Produto Interno Bruto (PIB) na mesma magnitude de 7,5% alcançada por Lula em um único ano, o de 2010. ‘A velocidade tem de ser maior’, reconhece o diretor-geral do Dnit, general Jorge Ernesto Pinto Fraxe. ‘Faremos reuniões de coordenação para eliminar qualquer interferência que esteja travando o avanço das obras.’” (Lu Aiko Otta, Estadão, 20/1/2013.)

* Está tudo atrasado nas obras para a Copa e a falta de planejamento é clara

“Na proposta com a qual o Brasil se candidatou a sediar a Copa do Mundo de 2014, as obras de Infra-estrutura (mobilidade urbana, modernização de portos e aeroportos, construção de estádios ou melhoria dos já existentes) foram determinantes para o país ganhar a disputa. No plano, essas intervenções apareceram como o grande legado do evento para a população, em razão de estimadas melhorias em serviços (como transporte público e sistema viário, por exemplo) que, na maior parte das cidades-sede, representam crônicos contenciosos do poder público. Dessa forma, os altos investimentos necessários à realização do Mundial seriam compensados pela superação de demandas urbanísticas das agendas dos governos federal, estaduais e municipais.

“No entanto, a menos de seis meses do início da Copa das Confederações, criado pela Fifa como uma espécie de ensaio geral do país-sede para o Mundial, o cronograma de ações efetivamente consumadas está muito aquém das promessas feitas em 2010. Mesmo que se tome a competição do meio deste ano como um teste para corrigir rumos da agenda de intervenções urbanísticas, é preocupante a constatação de que restam apenas um ano e cinco meses para se entregar obras que já deveriam estar concluídas, mas cujos canteiros não parecem estar de acordo com o ritmo necessário.

“Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo dá a medida do atraso da agenda do poder público. Das 82 obras de mobilidade urbana, portos e aeroportos que constavam da matriz de responsabilidades — um documento de 2010 que enumerava metas e obrigações dos governos federal, estaduais e municipais —, somente três se mantiveram dentro dos prazos. Desse compromisso inicial, 21 empreendimentos foram expurgados, 25 tiveram o orçamento alterado e os restantes 33 alteraram, pelo menos, prazos de conclusão.

“O quadro que menos inquieta é o que se relaciona aos estádios, mas ainda assim há gargalos no planejamento — seja pela revisão de orçamentos, sempre para mais em relação aos preços iniciais (estima-se que essa rubrica consumirá aportes nos contratos originais em torno de R$ 7 bilhões), ou pelo adiamento da entrega das arenas, caso do Maracanã. Já na parte de mobilidade urbana, pelo perfil atual dos canteiros o legado das cidades-sede destoa das otimistas previsões do poder público.

“Entra-se agora na reta final de um projeto que nitidamente peca pela falta de um planejamento sólido. Algo como o que ocorreu no Rio quando a cidade sediou os Jogos Pan-Americanos de 2007, com resultados negativos (o orçamento do evento também estourou e o legado urbanístico foi pífio). Pior: não faltaram alertas para que os erros do Pan não se repetissem em escala nacional. Em vão, ao que a realidade de hoje parece indicar.” (Editorial, O Globo, 20/1/2013.)

Do PT para as multinacionais, com amor

* BNDES dá empréstimos camaradas às montadoras

“O amor dos governos petistas pela indústria automobilística é de doer o coração e o bolso dos contribuintes.

“Dentro do BNDES, que foi concebido para ajudar a produção nacional, tem quem não se conforme com o fato de o banco financiar montadoras multinacionais, que usam o dinheiro para importação de máquinas.” (Ancelmo Gois, O Globo, 22/1/2013.)

Stálin retocava fotos. O PT reescreve o que prometeu aos eleitores

* Promessas feitas na campanha de 2010 são alteradas em versão no site da Presidência

“Campanha é campanha, governo é governo. A máxima usada há anos na política brasileira está sendo convalidada pelo governo da presidente Dilma Rousseff. Não bastasse a dificuldade de cumprir as promessas feitas em 2010, o governo da presidente hoje sequer reconhece como promessas pontos outrora alardeados. A página oficial da Presidência da República na web contém uma seção específica com as ‘Diretrizes de governo’ da presidente. Trata-se de uma versão ligeiramente resumida e editada do documento ‘Os 13 compromissos programáticos de Dilma Rousseff para debate na sociedade brasileira’, apresentado na campanha presidencial. O problema é que há alterações sensíveis na abordagem de temas nos quais a ação do governo acabou sendo pífia, como expansão do crescimento econômico e política energética.

“Segundo o Planalto, o ‘resumo’ foi posto no ar em julho de 2011 e não sofreu qualquer alteração desde então. Mas, apesar de a Presidência dizer que ‘eventuais mudanças semânticas’ não teriam ‘alterado o conteúdo das diretrizes’, há diferenças claras entre as promessas de outrora e as diretrizes presentes no site. O exemplo mais claro é o das sentenças que durante a campanha prometiam pujante crescimento econômico no governo Dilma.

“O texto original, divulgado na campanha de 2010, prometia dar ‘continuidade e profundidade a políticas que mantenham e expandam os níveis de crescimento’. Editado, ele se transformou em uma diretriz de que ‘as políticas que mantiveram e expandiram os níveis de crescimento alcançados’. Os números dos dois primeiros anos de governo acabaram confirmando que os altos índices de crescimento são, de fato, coisa do passado. O trecho ‘O crescimento não é sustentável sem estabilidade econômica, mas a estabilidade não se sustenta sem crescimento’, que já sinalizava uma possível flexibilidade nos preceitos da estabilidade econômica — o que de fato ocorreu — em nome de um maior crescimento — que não veio — constava no documento de campanha, mas foi limado na versão da página da Presidência.

“Outro trecho que sumiu na ‘edição’ do Planalto dizia respeito à sensível questão na política energética. Em seu texto de campanha, a então candidata assegurou: ‘A política energética se antecipará às demandas de um país que vive — e cada vez mais viverá — um longo período de crescimento acelerado.’ O trecho sumiu na versão atual.

“A Secretaria de Imprensa da Presidência alega que o texto ‘não é um ‘programa de governo’, assim como não se tratava o documento original divulgado na campanha, que não pretendia abarcar toda a temática de uma gestão, mas um grupo selecionado de prioridades’. No entanto, no lançamento do documento original, em outubro de 2010, a versão da presidente, então candidata, era outra: ‘São esses 13 compromissos que fundam a nossa governabilidade. Obviamente, são gerais, podem fazer alguma referência a metas, mas têm o sentido de dar diretrizes. (…) Estamos formalizando para o futuro porque, se Deus quiser, e eu for eleita, será a base para a governabilidade.”

Ainda outras más notícias da Economia

* Pagamos, em 2012, mais de R$ 1 trilhão de impostos. E demos uma ajudazinha à Ford, à Volks…

“A arrecadação federal de impostos ultrapassou no ano passado, pela primeira vez, a marca de R$ 1 trilhão. Apesar do volume recorde, o crescimento da receita foi de apenas 0,7%, descontada a inflação, na comparação com 2011. O desempenho foi influenciado pelo fraco ritmo da economia.

“Além do modesto resultado econômico, a Receita Federal sofreu as consequências da ampla desoneração tributária, a arma usada pelo governo para tentar aquecer o Produto Interno Bruto (PIB). Os cofres públicos deixaram de receber R$ 46,4 bilhões em recursos tributários por causa das renúncias anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

“Ao zerar e reduzir tributos sobre a indústria automobilística e ao setor de petróleo, o governo viu despencar a arrecadação de impostos importantes. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) recolhido pela indústria automobilística despencou 43,72% entre 2011 e 2012, resultado de sete meses consecutivos (entre maio e dezembro) de IPI reduzido. A Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide), zerada pelo governo em junho do ano passado, ‘entregou’ 70,6% menos aos cofres públicos em 2012. Apenas a desoneração da folha de pagamentos derrubou a arrecadação do ano passado em R$ 3,9 bilhões.”

* Balança comercial já está negativa em US$ 2,7 bilhões

“Influenciada pelo registro tardio das importações de petróleo e derivados realizadas pela Petrobrás, a balança comercial brasileira já registra um déficit de US$ 2,7 bilhões nas três primeiras semanas de janeiro, informou ontem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Se não houver um superávit nas próximas duas semanas, o saldo negativo será o maior para o mês de janeiro nos últimos 19 anos, ou seja, desde o início da série histórica, em 1995. Só na semana passada, a balança ficou deficitária em US$ 1,723 bilhão, o pior resultado semanal desde janeiro de 1998.

“Os dados divulgados ontem (segunda, 22/1) mostram que, no acumulado em 12 meses, as exportações caíram 26% e as importações subiram 7,2% em janeiro, frente a igual período até dezembro de 2012. No acumulado do mês, os embarques somaram US$ 9,493 bilhões, queda de 0,5% em comparação com janeiro de 2012. As compras externas, de US$ 12,194 bilhões, cresceram 18,3%.” (Eliane Oliveira, O Globo, 22/1/2013.)

* Déficit externo de 2012 é o pior desde o início da série histórica, em 1947

“O resultado negativo do Brasil nas transações de bens e serviços com o exterior bateu novo recorde no fim do ano passado e começou 2013 em níveis superiores aos do início de 2012. Segundo o Banco Central, o déficit externo do País atingiu US$ 54,2 bilhões, mais alto patamar da série iniciada em 1947. O aumento se deu, principalmente, por causa da queda no saldo comercial.

“No sentido contrário, a redução nas remessas de lucros e o crescimento menor dos gastos com serviço ajudaram a segurar a saída de dinheiro do País. Somente em dezembro, mês de fortes remessas de lucros e viagens, o déficit atingiu o mais alto nível da série: US$ 8,4 bilhões.

“Para janeiro, o BC prevê resultado negativo de US$ 8,3 bilhões, segundo pior valor mensal das estatísticas oficiais. Dessa vez, pesam o fraco resultado da balança comercial, além das viagens de férias para fora do País.” (Eduardo Cucolo e Célia Froufe, Estadão, 24/1/2013.)

25 de janeiro de 2013

Outros apanhados de provas da incompetência de Dilma e do governo:

Volume 60 – Notícias de 13 a 19/7.

Volume 61 – Notícias de 20 a 26/7.

Volume 62 – Notícias de 27/7 a 2/8.

Volume 63 – Notícias de 3 a 9/8.

Volume 64 – Notícias de 10 a 16/8.

Volume 65 – Notícias de 17 a 23/8.

Volume 66 – Notícias de 24 a 30/8.

Volume 67 – Notícias de 31/8 a 6/9.

Volume 68 – Notícias de 7 a 13/9

Volume 69 – Notícias de 14 a 20/9.

Volume 70 – Notícias de 21 a 27/9.

Volume 71 – Notícias de 28/9 a 4/10.

Volume 72 – Notícias de 5 a 11/10.

Volume 73 – Notícias 26/10 a 1º/11.

Volume 74 – Notícias de 2 a 8/11.

Volume 75 – Notícias de 9 a 15/11.

Volume 76 – Notícias de 16 a 22/11.

Volume 77 – Notícias de 23 a 29/11.

Volume 78 – Notícias de 30/11 a 6/12.

Volume 79 – Notícias de 7 a 13/12.

Volume 80 – Notícias de 14 a 20/12/2012.

Volume 81 – Notícias de 4 a 10/1/2013.

Volume 82 – Notícias de 11 a 17/1/2013.

6 Comentários para “Más notícias do país de Dilma (83)”

  1. Esta semana o time de reacionários assalariados de Estadão, Globo, Veja está formado:Carlos Marchi(técnico retranqueiro)e os reaçatletas:1)Adriano Pires; 2)Míriam Leitão; 3)Suely Caldas; 4)Gabriela Valente; 5)José Roberto Mendonça de Barros; 6)Marcelo de Paiva Abreu; 7)Rolf Kuntz; 8)Celso Ming; 9)Martha Beck e 10) Gabriela Valente; 11) Paulo Justus e 12) Ronaldo D’Ercole; 13)Carlos Alberto Sardenberg; 14)Gil Castello Branco; 15)Furquim Werneck; 16)J.R. Guzzo; 17) Lu Aiko Otta; 18) Ancelmo Góis; 19) Eliane Oliveira; 20)Eduardo Cucolo e 21)Célia Froufe – seleção nacional de reaças de primeiro time – inspirados no Corinthians que tem Zi Zao – craque chinês – os reaças escalaram um nissei, um tal de Lu Aiko Otta do Estadão. Este timaço não joga, mas torce que dê tudo errado até 2014, muito apagão, pibinho, mensalão e mensalinho. Porém se o Brasil ganhar a copa, vai ter Dilma lá, de novo!

    É um disparate a mídia no papel da oposição.

    O Brasil que as grandes empresas de jornalismo ajudaram a construir era simplesmente insustentável em sua iniqüidade, na forma absurda com que era distribuído o bolo, no número abjeto de miseráveis amontoados em favelas.
    No mundo perfeito, a mídia teria apontado esse drama e lutado para corrigi-lo. Não fez. Fez o oposto, na verdade: se alinhou à manutenção de privilégios e de mamatas. Fala apenas para os privilegiados – e não todos eles, mas aqueles que em seu egoísmo sem limites ignoram e desprezam os desfavorecidos.

  2. As edições de sexta-feira (25/1) dos três jornais de circulação nacional demonstram que a voz do dono é a única ouvida nas redações.

    Jornalistas conformistas ou adesistas tendem a condicionar seu espírito crítico ao viés do patrão.Ecoando a voz do dono.

    A redução da autonomia das redações, escolheram para as principais tarefas profissionais mais cordatos com relação à opinião do dono.

    A exigência fundamental do jornalismo: a capacidade de divergir, de se opor à corrente, de questionar certas convicções e se manter aberto a idiossincrasias. Pelo jeito, FOLHA, ESTADÃO,VEJA, GLOBO se transformaram em ARMAZÉNS DE SECOS E MOLHADOS!

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