O centro se move

O centro ensaia sair da fase intimista. Depois de dois anos se recompondo da derrota nas eleições de 2018, finalmente se move, agora impulsionado pelo resultado eleitoral nos Estados Unidos. A face mais visível de sua movimentação foi o pacto Luciano Huck-Sérgio Moro para criar uma terceira via capaz de deslocar o bolsonarismo do poder em 2022, assim como Joe Biden derrotou Donald Trump. Continue lendo “O centro se move”

Para a América voltar a ser grande

“Parece ter sido reservado ao povo deste país, por sua conduta e exemplo, o veredicto da importante questão: se as sociedades humanas são de fato capazes de estabelecer um bom governo a partir da razão e da escolha, ou se elas estão para sempre destinadas a depender do acaso e da força”. Continue lendo “Para a América voltar a ser grande”

Admiração sim, cópia não

A democracia chilena passou com louvor no duro teste a que foi submetida após mais de um ano de intensa convulsão social. De forma amplamente majoritária, quase 80% dos votantes disseram sim à convocação de uma Assembléia Constituinte, uma reivindicação das ruas e de partidos políticos, que foi incorporada pelo presidente do país, Sebastián Piñera, de centro-direita. Continue lendo “Admiração sim, cópia não”

Bolsonaro é derrotado na Bolívia

Conhecido o vencedor das eleições da Bolívia, os países do continente se apressaram em parabenizar o presidente eleito, Luis Alberto Arce, do Movimento ao Socialismo – MAS. Até Donald Trump observou a liturgia da diplomacia. Houve apenas uma dissonância, o governo brasileiro, que recolheu-se ao silêncio sem disfarçar seu profundo incômodo com o resultado. Continue lendo “Bolsonaro é derrotado na Bolívia”

Dupla tentativa de assassinato

Consuma-se nos próximos dias mais um ato do acordão para enterrar a Lava Jato, quando o Senado aprovará o nome de Kassio Nunes para substituir o ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal. Sua sabatina será coisa para inglês ver, apesar dos indícios de fraude em seu currículo. Continue lendo “Dupla tentativa de assassinato”

O mercado falou mais alto

Depois de uma semana de bate-cabeças — com os ministros Paulo Guedes e Rogério Marinho quase chegando às vias de fato —, o governo parece ter tomado um chá de juízo e desistido da idéia insana de furar o teto dos gastos para financiar o Renda-Cidadã. Com o recuo, o ministro da Economia saiu da situação “balança mais não cai”, ganhando sobrevida. Continue lendo “O mercado falou mais alto”

Tunga na educação

Há um mês o Congresso Nacional aprovou por meio de um amplo consenso a PEC que tornou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica permanente e aumentou o aporte da união para 23%. À época o governo tentou destinar 5% dos novos recursos do fundo para o programa de transferência de renda que pretendia criar, então chamado de Renda Brasil. Havia uma esperteza na manobra arquitetada pela equipe econômica. Como o Fundeb está fora do teto dos gastos, o governo aumentaria suas despesas sem desrespeitar o dispositivo constitucional. Continue lendo “Tunga na educação”

Caia na real, presidente!

Pela segunda vez o presidente desperdiçou uma oportunidade de ouro para retirar o Brasil da condição de pária no cenário internacional, ao discursar na abertura da Assembleia da ONU. Se no ano passado Jair Bolsonaro proferiu suas palavras com faca nos dentes e sangue nos olhos, este ano adotou um tom alguns decibéis mais abaixo. Continue lendo “Caia na real, presidente!”

Ventos ruins e sopros de esperança

Uma década depois da instituição do Dia Mundial da Democracia, 15 de setembro de 2010, o mundo está submerso em uma recessão democrática, que pode se aprofundar nestes tempos de pandemia, como alertou manifesto assinado por 160 intelectuais da América Latina e ex-presidentes, entre os quais Fernando Henrique Cardoso, Tabaré Vázquez, José Mujica e Mauricio Macri. O marco temporal do recuo da democracia é 2006, quando aumentou o número de países de índole autoritária e de democracias de baixa qualidade. Continue lendo “Ventos ruins e sopros de esperança”

Ao Deus dará

Dois meses depois da posse do ministro Milton Ribeiro, pouca coisa mudou. É verdade que a retirada de Abraham Weintraub da sala tornou o ar mais respirável.  Nem por isso a Educação deixou de padecer da ausência de uma liderança capaz de criar um amplo consenso nacional em torno da prioridade que a ela deve ser dada. Em especial nestes tempos de pandemia. Continue lendo “Ao Deus dará”

Sinal amarelo para Biden

A candidatura de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos entrou em zona de turbulência, depois de voar em céu de brigadeiro desde sua vitória nas primárias. O candidato democrata se beneficiava da condução desastrosa de Donald Trump no combate à pandemia, bem como do seu impacto na economia. Continue lendo “Sinal amarelo para Biden”

A guerra perdida de Guedes

O ministro Paulo Guedes deve estar curtindo uma ressaca brava, daquelas que deixam a boca com gosto de cabo de guarda-chuva e o estômago embrulhado. O que era para ser seu grande momento de brilho nestes tempos de pandemia – o anúncio de um novo pacote econômico com a instituição do Renda Brasil, a definição do novo marco regulatório das privatizações e a continuidade do auxílio emergencial – tornou-se a comprovação de que o Posto Ipiranga já não conta com o mesmo prestígio perante o presidente. Continue lendo “A guerra perdida de Guedes”

A guilhotina do cancelamento

Devemos ao iluminismo do século 18 o direito ao dissenso e ao livre pensamento. Antes, as divergências de idéias eram resolvidas pela via da eliminação física. Basta lembrar os tempos da Santa Inquisição em que os hereges iam para a fogueira. Ou que em 1616 Galileu Galilei, cientista, físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano, entrou para o index da Congregação do Santo Ofício e foi ameaçado de pena de morte ao comprovar e defender a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico, segundo a qual a Terra e os planetas giravam em torno do sol. Teve de se desdizer publicamente, mas não deixou de estar certo. Continue lendo “A guilhotina do cancelamento”

Não é só o auxílio emergencial

Até meados de junho havia um sentimento generalizado de que o governo Bolsonaro marchava para uma crise terminal. Seu péssimo desempenho diante da pandemia, as demissões dos ministros Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro, os conflitos com os outros dois poderes, a participação em atos antidemocráticos e a queda nas pesquisas davam a impressão de que o presidente estava à beira de um nocaute e o impeachment era apenas uma questão de tempo. Continue lendo “Não é só o auxílio emergencial”

Hiroshima paira sobre nós

A morte caiu do céu sobre Hiroshima, às 8h45 de 6 de agosto de 1945. Do ventre do Enola Gay, um bombardeiro B-29, saiu o primeiro artefato nuclear usado em uma guerra. A bomba atômica tinha um nome inofensivo, Little Boy, mas era terrivelmente mortífera. Cento e quarenta mil pessoas perderam suas vidas em Hiroshima. Outras 70 mil morreriam dias depois, quando a segunda bomba estourou em Nagasaki. Mais 130 mil morreriam até 1950 em consequência da radiação. Continue lendo “Hiroshima paira sobre nós”