Fico igual barata tonta, rodando em volta da estante de livros, querendo garimpar, no meio dos poetas que me cercam, idéias que me iluminem nesse momento noturno em que os fiéis já deixaram a igreja, agora em silêncio, e a noite desce tranquila sobre os nossos ombros. Continue lendo “Fim de férias”
Vítimas de intervalos dentais
O mecânico que me serve há anos virou reparador automotivo. Vendedor de loja agora é agente de negócios. O que há de mal com o nome próprio de honestas profissões? Continue lendo “Vítimas de intervalos dentais”
Títulos milagrosos
Quando publiquei o primeiro livro, em 1977, sonhava com ele nas prateleiras das livrarias. Só entrar e pedir, pensava. O vendedor, solícito, ainda diria que o livro vendia bem, devia ser bom. Continue lendo “Títulos milagrosos”
O mistério de Villa-Lobos
No dia 17 de novembro passado, fez 50 anos que Heitor Villa-Lobos morreu. Tido como o maior compositor brasileiro de todos os tempos, muito já foi escrito sobre ele, até um filme contando sua saga resvalou pelas telas. Porém, por incrível que pareça, a maior parte das mais de 1.000 obras que deixou permanece desconhecida para muita gente, com efeitos mais danosos para seus cultores, naturalmente. Continue lendo “O mistério de Villa-Lobos”
As barreiras
Caem barreiras, mas não aquelas que isolam e dividem as pessoas, as dos preconceitos e das intolerâncias. Caem barreiras de barro, de terra, que matam pessoas felizes a festejar um novo ano. O que une o que se passa na Ilha Grande e outros lugares do Brasil e o livro/disco primoroso que ouço e leio no primeiro dia de 2010? Continue lendo “As barreiras”
Puxa, mãe, você não sabia?
Introdução:
Quando meu filho mais novo tinha dez anos – outubro de 1990 – tivemos uma conversa que transformei em crônica. Hoje, tanto tempo passado, penso que a conversa continua valendo. A crônica, quem sabe? Continue lendo “Puxa, mãe, você não sabia?”
O Doutor do Baião
Na sala escura, imagens e sons da mais pura música popular brasileira. Fico pensando em como nossa memória cultural mais esquece do que lembra. Na tela assisto à biografia de um importante compositor e letrista que, ao lado de Luiz Gonzaga, fez dançar e cantar a nossa gente. Continue lendo “O Doutor do Baião”
Cyd Charisse
Este é que é o grande e fascinante paradoxo: agora que a atriz e dançarina Cyd Charisse morreu, a triste notícia não mexe um milímetro com a certeza que sempre tive sobre a sua eternidade. Nem fez muitos filmes, porém todos que rodou foram absolutamente maravilhosos. Continue lendo “Cyd Charisse”
Meu irmão de longe
Não nascemos do mesmo pai nem da mesma mãe, mas tenho, cada dia mais, certeza de que nos sentíamos irmãos.
Não nascemos nem no mesmo país, mas tenho, cada dia mais, certeza de que falávamos a mesma língua. Continue lendo “Meu irmão de longe”
Juízes de futebol, gatunos ou não
O gatunos do título devo a Nelson Rodrigues, que teceu as mais saborosas crônicas sobre o juiz ladrão. Como diria ele, vamos aos fatos, pelo menos a um deles: Continue lendo “Juízes de futebol, gatunos ou não”
Chove lá fora
E pinga aqui dentro, como se costuma dizer em Minas. Mas chover lá fora me lembra a canção de Tito Madi e a interpretação de meu amigo Agostinho dos Santos. Ele que estava em um avião errado em dia errado. Ele que foi minha primeira perda de amizade e música. A água que cai no pátio, na casa e na rua, refresca o fim de tarde e nos prepara para uma noite amena. Continue lendo “Chove lá fora”
Todo amor para a guerra
Não, meus amigos. Isto não é uma declaração belicista. É um problema de acento. Como ocorreu na segunda-feira, 21/12. Washington já estava coberta de neve, e o portal do Globo dava o título: “Neve para a capital dos Estados Unidos”. Mais neve, não chegava tanto? Continue lendo “Todo amor para a guerra”
E brilhavam as estrelas
Faz poucos dias fiz rápida viagem à ilha na foz do rio Amazonas onde mantenho um franciscano tugúrio. Fui apenas acariciar as paredes da casinha, beijar os seculares troncos da floresta, pilastras da catedral do verde, e juntar folhas secas no chão para esfregar em minha pobre cabeça na esperança de que restos de seiva me alcançassem a alma. Continue lendo “E brilhavam as estrelas”
O filho de Dona Diva
Não sabia da Dona Diva, mas acompanho com atenção, há muito tempo, o filho dela. Erasmo Carlos é uma unanimidade para quem o conhece, mesmo de longe. Continue lendo “O filho de Dona Diva”
Um lugar para as flores
Silvie, uma querida amiga francesa, possui bela casa em Saint-Pierre-Sur-Mer, na Riviera. À frente da vivenda que se debruça sobre águas de azul profundo, há um lindo muro de pedras no qual vivem viçosos tufos de primaveras (buganvílias) de muitas cores, além de outras plantinhas cobertas de botões brancos, vermelhos, alaranjados. Continue lendo “Um lugar para as flores”