Matava uma fartura de brancos. Fazia-o com um gosto que não disfarçava. A culpa foi de Quentin Tarantino, que fez dele, em Django Unchained, o escravo que um barroco actor alemão liberta. Continue lendo “O cavalheiro que saboreou Al Pacino”
O cinema, essa arte católica
É altura de ajoelharmos. Faça-se justiça ao catolicismo. Essa religião de genuflexões, de padres-nossos e ave-marias, de em nome do pai e do filho, de mea culpa, mea culpa e salve-rainhas, é a mais cinematográfica das religiões. Continue lendo “O cinema, essa arte católica”
Vi a Ford Transit de Scarlett Johansson em Telheiras
Que John Fitzgerald Kennedy não me venha perguntar o que é que eu posso fazer por Scarlett Johansson. Sempre me perguntei o que é que Scarlett Johansson poderia fazer por mim e Jonathan Glazer deu-me agora a resposta. Continue lendo “Vi a Ford Transit de Scarlett Johansson em Telheiras”
Um pé de condessa
Nasceu descalça. E, descalça, foi condessa, ao lado de Bogart. Continue lendo “Um pé de condessa”
Detestava Hemingway e Huston sabe Deus
John Ford detestava Hemingway e gostava razoavelmente da escrita complexa de Faulkner. O irlandês Liam O’ Flaherty era o seu escritor favorito. Era primo dele e Ford adaptou-lhe um romance de coragem e delação, o The Informer. Em Hemingway, o incómodo vinha do louvor fácil a uma certa mitologia masculina, estranha a Ford. Continue lendo “Detestava Hemingway e Huston sabe Deus”
O penico da rainha e a Cinemateca
O primeiro a falar de penicos, e evocou o da Madame de Pompadour, foi Antonioni. Estava de visita à Cinemateca. Luís de Pina, o director, coleccionava miniaturas. Mas o João Bénard lembrou-se de um, autêntico, uma preciosidade do Palácio da Pena, em Sintra. De louça portuguesa, a rainha Dona Amélia guardava-o onde ainda hoje está, debaixo da cama. Partimos em romaria turística. Continue lendo “O penico da rainha e a Cinemateca”
Mickey, o rato que já não anda por aí
Anda por aí um Rato com o nome dele. Mickey Rooney nasceu atrás de um palco, nos bastidores de um teatro. A mãe era bailarina, ou melhor, e se não formos dos que têm a mania de andar sempre em pontas, era corista. O pai, um Homem Banana, cómico que, se queria que o público se risse, tinha de dar o corpo ao manifesto. Continue lendo “Mickey, o rato que já não anda por aí”
A mulher nua
Em convulsão metafísica ou embalo estético, o cinema gosta da mulher nua. Fruto de minuciosa investigação, deixo-vos uma lista de temas, situações e lugares que os filmes usaram como desculpa para a despir. Continue lendo “A mulher nua”
Um calor selvagem nas bochechas
Não gosto do amor fundamentalista ao cinema, não gosto do amor de xius e sibilados shhhs no escuro da sala, não gosto do espectador erecto por ter um garfo espetado já se sabe onde, não gosto do espectador com olhar devoto a babar metafísica a cada raccord, a cada trouvaille de mise-en-scène.
Tempestade sobre Lisboa
Não acho nada que Natal seja quando um homem quiser. Os Natais da minha infância tinham data e mais data passaram a ter quando vivi Natais angolanos em cenário de catástrofe. O conflito, a vivência extrema, enchem qualquer Natal de estrelas tracejantes, de anjos desabrigados a que faltam as asas, às vezes uma perna ou um braço. Continue lendo “Tempestade sobre Lisboa”
Grace Kelly de volta aos holofotes
Por que o diretor Gregory Ratoff gostava dela? Nas palavras dele: “Ela é perfeita! O que eu amo nesta garota é que ela não é bonita”. Continue lendo “Grace Kelly de volta aos holofotes”
O dono da luz
Já uma vez aqui contei que Orson Welles, convidado para realizador, desconhecia a gramática cinematográfica e não teve vergonha de ir falar com os velhos cineastas. E disse que Welles foi ter com o melhor director de fotografia de Hollywood, uma competência técnica e artística que, fosse ele marujo, salvaria o Titanic. Disse e menti. Continue lendo “O dono da luz”
É Robert Altman e são cinco da manhã
MASH, o filme que me faz aqui falar de Altman, é de 1970. E foi nesse ano que eu o vi em Luanda, no cinema São Paulo, apesar do IMDB o dar como estreado em Portugal apenas em Setembro de 74. Que se lixe, em Angola estreou antes. Estreou logo. E eu vi-o, com o puto Toninho, que recebia bilhetes à borla do “Província de Angola”, e os partilhava com os amigos — e nesse dia tocou-me a mim. Continue lendo “É Robert Altman e são cinco da manhã”
Uma saga anti-Pinóquio
Um nariz, um simples nariz, é a adunca distância a que podemos ficar da glória. Basta ver a terrível história de Everett Sloane. Continue lendo “Uma saga anti-Pinóquio”
Cem anos de Chaplin na tela
1914, 2 de fevereiro, 100 anos atrás: Charles Chaplin vai às telas em seu primeiro filme, “Making a Living” (no Brasil, Carlitos Repórter). Continue lendo “Cem anos de Chaplin na tela”











