Pobre coitado do eleitor brasileiro. Tem quase tudo contra ele. Não bastasse o voto obrigatório, que ao contrário do que dita a lógica transforma direito em dever, é vítima de toda sorte de desfaçatez patrocinada por aqueles que deveriam representá-lo. Continue lendo “Eles pecam, o eleitor paga”
Glória suprema
Foi só receber a segunda parcela do 13.° salário, minha amiga entrou numa agência de viagens.
— Não acredito! Tudo isso? Nem que o Nordeste fosse no fim do mundo! Continue lendo “Glória suprema”
Me deixem em paz
Gosto de ficar em casa. Trabalho, leio, escrevo. E descanso, recebo amigos. Tenho minhas ocupações externas, principalmente fora de minha cidade. Mas o meu lugar é a minha casa, que construí aos poucos, longe da confusão do centro e da zona sul. Continue lendo “Me deixem em paz”
A coreografia de Teerã
Lula está em lua de mel com Lula e pediu que alguém o ajudasse a espetar um alfinete para desinflar seu ego hipertrofiado. Continue lendo “A coreografia de Teerã”
Amor e licantropia
Quando ocorrem órbitas coincidentes, garantem os astrônomos, a lua cheia fica mais bonita, mais clara, mais, naturalmente, plena. Isso aconteceu recentemente e, segundo meus arquivos da chamada cultura inútil, é resultado do periélio, que é quando o Sol se aproxima da Terra. Continue lendo “Amor e licantropia”
Réquiem para todas as ausências
O último homem está caído ao chão. É sua última queda. A custo encostou-se a uma pedra. Seu corpo dói. O respirar é aflito. Olha as pernas e os pés mas vê apenas ossos e uma pele suja. Continue lendo “Réquiem para todas as ausências”
Para quem não aplaudir, o Gulag
Agora tem gente dizendo que quem não acha que Lula acabou com todos os problemas no Oriente Médio e com toda a questão das armas atômicas é impatriótico. Traidor da pátria. Quinta coluna. Continue lendo “Para quem não aplaudir, o Gulag”
A revolução sardinista
Nessa eu embarco com força, vontade e apetite. Não confundir com o que ocorreu na Nicarágua há alguns anos, tempos quentes da guerra fria. Estou me referindo à sardinha, o peixe mais democrático e barato que existe. E o melhor, na minha opinião. Continue lendo “A revolução sardinista”
A sociedade que se dane
No afã de abortar a urgência para a votação do projeto Ficha Limpa, aprovado a fórceps na Câmara dos Deputados sete meses e meio depois de lá ingressar por iniciativa popular, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) acabou por despir o governo do qual é líder. Continue lendo “A sociedade que se dane”
Por favor, entenda
Nos dias em que se lembraram a execução de Tiradentes, os cinqüenta anos de Brasília e os vinte e cinco da morte de Tancredo Neves, uns escritos guardados me levaram ao reencontro de mais uma personagem dessa época. Continue lendo “Por favor, entenda”
Os tempos são dunguistas
É preciso que haja um pouco de moral, grandeza e fantasia na vida, caso contrário de que valerá vivê-la? Continue lendo “Os tempos são dunguistas”
Uma onça no pomar
Nos velhos filmes de Tarzan com Johnny Weissmüller, o ruído de um hidroavião monomotor a passar sobre os domínios do Homem Macaco era, em geral, prólogo de boa aventura. Foi isso que senti anteontem quando, atento a ajeitar a linha de pesca, em busca do almoço, escutei o ronco. Continue lendo “Uma onça no pomar”
Apenas um envelope
Dois dias em São Paulo para participar de um seminário sobre propriedade intelectual. Nenhuma chuva enquanto lá estive, mas foi inevitável enfrentar o lento trânsito da cidade. Gastei quase duas horas para me encontrar com meu amigo-irmão Pelão, que me esperava com muitos chopes de vantagem. Continue lendo “Apenas um envelope”
No Brasil ninguém lê ficção brasileira
Olho, com tristeza, mas uma tristeza inominável e profunda, a lista de livros mais vendidos. Pego como referência a revista Veja de fins de abril de 2010: na ficção, lá estão os leitores brasileiros prestigiando nada menos do que 10 entre 10 estrangeiros. Continue lendo “No Brasil ninguém lê ficção brasileira”
O pianista da máquina de escrever
Jorge Sabongi foi ao escritório de uma metalúrgica pedir emprego. Com um pouco de má vontade, é verdade. Não estava interessado em trabalhar. Contava 14 anos. Seu bisavô e seu avô tinham tido escolas de datilografia. Seu pai também tinha uma. Continue lendo “O pianista da máquina de escrever”