Cada grão de areia

Por absoluto acaso, ouvi hoje George Harrison cantando “Every Grain of Sand”. Jamais soube que ele havia gravado essa canção. Tem toda lógica, já que ele e Bob Dylan ficaram de fato muito amigos e trabalharam juntos várias vezes a partir do Concert for Bangladesh, a monumental reunião de grandes nomes organizada por George no Madison Square Garden no final de 1971, com renda revertida para ajudar a população faminta do país espremido pela Índia por quase todos os lados. Continue lendo “Cada grão de areia”

Maravilhosa Madeleine Peyroux

Quem perdeu Madeleine Peyroux no Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo tem a chance de vê-la em Bay Harbor, Michigan, daqui a duas semanas – mas é bom comprar ingresso logo, porque o Great Lake Center for the Arts tem capacidade para apenas 525 pessoas. Bem, em novembro ela canta no New Jersey Performing Arts Center – Complex, Newark, NJ, e logo em seguida em Richmond, Virginia. Continue lendo “Maravilhosa Madeleine Peyroux”

Run Run se fué pa’l Norte, no sé cuándo vendrá

A gravação do conjunto Inti-Illimani de “Run Run se Fué pa’l Norte”, feita ali por 1970, 1971, tem perto de 4 minutos e meio – e, em sua maior parte, é instrumental. Iletrado, como gosto de brincar. Os belos versos de Violeta Parra ficam na abertura, bem curta, e depois no encerramento. Todo o meio da gravação é instrumental – e o Inti-Illimani é um grupo de instrumentistas absolutamente brilhantes. Continue lendo “Run Run se fué pa’l Norte, no sé cuándo vendrá”

Um homem contra 7,7 bilhões

A última vez em que tínhamos estado à beira de uma guerra atômica havia sido em 1962, na crise dos mísseis em Cuba. Naquela época, quando eu tinha 12 anos de idade – e pouco depois Bob Dylan faria algumas das canções mais apavorantes de toda a história, sobre o medo diante do fim do mundo –, uma guerra nuclear mataria cerca de 3 bilhões desse animal esquisito, bípede desplumado e sem asas, a tal da raça humana, uma semana do trabalho de Deus, segundo Gilberto Gil. Continue lendo “Um homem contra 7,7 bilhões”

The day the Queen died

Este é um site de textos, conforme diz o seu nome, e eu sou um sujeito de texto, de palavras. Sempre que posso, gosto de afirmar que ganhei a vida por saber mexer com palavras; virei jornalista não por ter faro de repórter, mas por saber escrever corretamente, e paguei minhas contas, criei minha filha e consegui me aposentar por me dar bem no texto. Mas a verdade é que, diante de Elizabeth Alexandra Mary, não tenho palavras. Continue lendo “The day the Queen died”

De pai pra filho, de filho pra pai

Outro dia vi no Caderno 2 do Estadão que estava estreando um filme sobre Laura Pausini. Não conheço coisa alguma de Laura Pausini, a rigor, mas tenho simpatia por ela, assim, do nada, e então, numa dessas noites em que, depois de ficar escrevendo sobre filmes e bebendo algumas, vou me juntar a Mary na sala e lá procuro músicas ao léu, ao random, ao shuffle no YouTube, caí em Laura Pausini cantando “Strani Amori”. Continue lendo “De pai pra filho, de filho pra pai”

A música que enfeitiçou uma geração

Desde que li a notícia da morte de Gary Brooker, não paro de ouvir “A Whiter Shade of Pale”, a canção de 1967 que fez um extraordinário sucesso no mundo todo. Seja botando a música para tocar no YouTube na TV, com as imagens na telona e o bom som do aparelhão, seja ela pairando na minha cabeça, quando não há absolutamente nenhum aparelho elétrico-eletrônico ligado. Continue lendo “A música que enfeitiçou uma geração”

Se você a vir, diga um oi por mim

Você está longe da pessoa que ama demais, desesperadamente; por algum motivo qualquer, não importa saber qual. Você está desesperadamente longe da pessoa que ama demais – e acontece de um amigo seu estar indo para a cidade da sua amada.

E então você pede ao amigo que, por favor, dê um recado a ela. Continue lendo “Se você a vir, diga um oi por mim”

Chico Buarque cancela a arte – e a História

Durante um bom tempo da minha juventude e do início da maturidade, ali entre os 16 e os 40, meus maiores ídolos musicais foram Bob Dylan e Chico Buarque de Hollanda. Não que não sejam mais meus ídolos, agora na velhice; de forma alguma. Continuam sendo, sim, e não deixarão de ser nunca – mas é que, depois de velho, deixei de colocá-los assim numa posição mais alta, e os botei junto com os outros tantos. Continue lendo “Chico Buarque cancela a arte – e a História”

Os canadenses

Prometi fazer uma relaçãozinha – e aí ficou um textinho bom. O amigo me autorizou a publicar. Lá vai:

Então, Gil. Pelo que eu sei, os maiores cantores-compositores de música popular do Canadá são mesmo Leonard Cohen, Neil Young e Joni Mitchell. Continue lendo “Os canadenses”

A canção de Jennifer Lopez

Histórico, destinado a figurar nas enciclopédias, nos livros – tem presença garantida nas próximas edições do catatau 1001 Dias Que Abalaram o Mundo –, o 20 de janeiro de 2021 foi, é claro, repleto de símbolos. Houve os mais efetivamente importantes, os que mudam o curso dos eventos, como a assinatura dos documentos que garantem a volta dos Estados Unidos ao Acordo de Paris e à Organização Mundial da Saúde. Continue lendo “A canção de Jennifer Lopez”