Amundsen

Quando garoto, no Guabirotuba, o bairro da Zona Sul de Curitiba em que vivia, Amundsen era bonito como um James Dean. Manteve a faccia bella ao longo de toda a vida, mas, sobretudo, guardou sempre uma rebeldia que fazia lembrar a de Jim Stark, o personagem do ator em Rebel Without a Cause, um dos três únicos filmes que o eterno símbolo da juventude rebelde fez na vida, antes de se despedaçar numa batida de seu Porsche em altíssima velocidade. Continue lendo “Amundsen”

La Violetera, Sarita Montiel y mi madre

Duvido que alguém com menos de, digamos, 60 anos de idade… Hum, 60 talvez seja muito. Melhor começar de novo.

Garanto que ninguém com menos de 50 anos de idade – a não ser que seja um cinéfilo com memória de Rubinho Ewald Filho – sabe quem é Sarita Montiel. Continue lendo “La Violetera, Sarita Montiel y mi madre”

“Os nativos estão inquietos”

– “Os nativos estão inquietos.”

Paulinho Nogueira costumava falar essa frase cada vez que os aparelhos de TV da redação mostravam os desfiles das escolas de samba, enquanto nós, da editoria de Reportagem Geral do Jornal da Tarde, ficávamos à espera da chegada dos textos e das fotos enviados pelos nossos colegas na avenida. Continue lendo ““Os nativos estão inquietos””

Suely

Suely era tão paulistana que nasceu no dia do aniversário da cidade. Em um hospital da Moóca, como me contou algumas vezes – mas já não lembro mais exatamente por que a Móoca, se era lá que seus pais moravam, antes de se mudarem para a Casa Verde. Parque Peruche, mais exatamente. Continue lendo “Suely”

Dona Diva

Não foi difícil achar uma boa foto da Dona Diva com as duas filhas, Suely e Sandra. Na pasta Família Rossanez, tinha uma, as três em escadinha, bonitas, simpáticas, sorridentes – uma foto que fiz no aniversário de 14 anos da neta mais velha dela, em julho de 1989. Continue lendo “Dona Diva”

Maria Alice

Maria Alice não era apenas a mais velha dos três filhos da Dona Aparecida e do Seu Milton: era a mais velha de todos os daquela turma de amigos que me recebeu de braços abertos quando cheguei a São Paulo, aos 18 anos, sem a menor idéia do que iria fazer da e na vida. Continue lendo “Maria Alice”

Derci

Não sei se isso ainda existe hoje em dia, quando tudo está tão absolutamente globalizado, mas houve um tempo, num passado remoto, em que os meninos da província se sentiam um tanto intimidados com as moças das metrópoles. Fascinados, é claro, encantados – mas também, ou sobretudo, um tanto intimidados. Continue lendo “Derci”

Meu primeiro som

Tive meu primeiro som, som mesmo, de verdade, aos 23 anos de idade – e os primeiros discos que comprei para ouvir nele foram Peter, de 1971, o primeiro álbum solo de Peter Yarrow, que era solo mas tinha Paul e Mary cantando com ele, e Come From the Shadows, de 1972, o primeiro de Joan Baez para sua nova gravadora, a A&M. Continue lendo “Meu primeiro som”

São São Paulo, Mon Amour

Ainda não tinha tomado nem o primeiro chope quando me ocorreu que faz mais de 40 anos que moro neste bairro. A não mais de quatro quadras daquele lugar exato em que fica o bar, na esquina de João Ramalho com Sumaré. Peguei um guardanapo para fazer a conta: 2019 menos 1977, 42!  Continue lendo “São São Paulo, Mon Amour”

As lembranças tristes no espaço

É um belo Woody Allen, dos melhores. Um Woody Allen típico: observações argutas, inteligentes, espertas, sobre as relações humanas, as relações afetivas. São vários casais, a maioria de gente adulta, madura, aí na faixa dos 50 anos ou mais, todos de Nova York, intelectuais, artistas, pessoas sem problemas materiais. Continue lendo “As lembranças tristes no espaço”