Inadvertidamente, em um gesto automático, Flavinho pegou com a mão uma das azeitonas que haviam sobrado na caixa de pizza sobre a mesa. Antes que a levasse à boca, tia Alzira reage.
– Não faça isso, menino! Não se pega alimento com a mão.
Por Sérgio Vaz e Amigos
Inadvertidamente, em um gesto automático, Flavinho pegou com a mão uma das azeitonas que haviam sobrado na caixa de pizza sobre a mesa. Antes que a levasse à boca, tia Alzira reage.
– Não faça isso, menino! Não se pega alimento com a mão.
O problema na vida de Moleza era mais do que crise existencial. Não gostava de nada. Os pais, Moacir e Valeza (o que dera em Mo+leza), tentavam estimulá-lo a ir ao cinema… Nada conseguiam. Leitura de um livro causaria arrepios
Carlinhos era o aluno mais admirado da classe, por sua ousada inventiva. Textos memoráveis, que ora irritavam sua professora (e o diretor da escola), ora os deixavam surpresos e felizes. Só tinha um problema: às vezes escorregava para o absurdo.
É você?, pergunta, desconfiada, admirada, irritada.
Sim.
Nossa! Tanto tempo. Continue lendo “Visita”
O marido a deixou, sem nada. Sem dinheiro ou pensão do INSS. Foi-se, assim, sem aviso. De uma hora para outra. Ao mesmo tempo em que sofria a ida da filha mais velha para os Braços do Senhor. E, depois do marido, partia também a filha mais nova por carregar nas entranhas um câncer irrecuperável. Tudo acabou. Perdeu o ombro amigo, o colo do companheiro onde se lamentava ou chorava alegrias e os carinhos nas filhas desde sempre. Continue lendo “Coisas da Vida”
A sala estava calma na obscuridade do início da noite. O dr. James Graham, cientista chave de um projeto muito importante, estava na sua poltrona favorita, pensando. Estava tão silencioso que ele podia ouvir o virar das páginas no quarto próximo em que seu filho folheava um livro ilustrado. Continue lendo ““A Arma”, de Fredric Brown”
Quem passa pela Rua São Bento, onde começa a Avenida São João, no Centro de São Paulo, só precisa erguer os olhos para saber as horas. Ali, sob alto pedestal, está um antigo relógio público, com seu grande mostrador. Haverá, nos dias de hoje, quem se importe com ele? A resposta é sim! Ninguém é louco de tirar o celular do bolso para ver as horas e ser atacado por um trombadinha. Continue lendo “Caramba! Roubaram o celular”
Veio no noticiário destes dias. O Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio, voltará a servir apenas à ponte aérea Rio São Paulo, como em sua origem; com uma exceção, Brasília. Mas nunca será como antes…
. . .
João, não um João Ninguém, mas um honrado trabalhador, havia deixado sua casa e caminhado dois quarteirões quando viu no chão, encostado a um muro, um… gatinho. Um filhote, miando fracamente.
Ah, o banco de praça… Cenas que atravessam os tempos. Lá estão os velhos, sentadinhos, vendo o tempo passar. Outros, piedosos, jogam alimentos aos pombos. Um casal de namorados, uma mãe com seus filhinhos…
— Alô – atendo o telefone.
— Salve, grande Matias.
A voz de Tonico. O que poderá querer depois de tantos anos sem uma única palavra? Continue lendo “Aprendiz de leitor”
Augusto acordou assustado, sufocado pelos escombros do telhado que caíra. De tanto esperar pela queda, sonhou com ela, telhas e vigas desabando sobre ele, vigia inútil de um templo esquecido. Continue lendo “O telhado caiu”
Um rapaz com gosto pelas criações da natureza, especialmente flores, que via como um adorno da Humanidade. Estava justamente em uma floricultura, quando uma moça muito bonita entrou. Num impulso, apanhou um buquê de flores e o ofereceu a ela. O que disse a agraciada? Continue lendo “Questão de flores e pinceladas”
CAPÍTULO XXVIII – “MESTRE CILÃO”, “PEDRO SOBRINHO” E “MÃO-DE-GANCHO”
Atrás de “Nhô Bá” e “Dito Nunes”, no meio de um trio seguia Marcílio dos Anjos, o “Mestre Cilão”. À sua direita, bem mais velho que ele, Pedro José de Oliveira, o lendário pescador e caçador “Pedro Sobrinho” e à sua esquerda José de Arimateia, o “Mão-de-Gancho”, conhecido por sua bondade com as crianças e famoso pelas pipas que construía para elas embora em uma das mãos, a direita, só lhe restassem o polegar e o mindinho. Continue lendo “O Filhote – Capítulos XXVIII até XXXI. Fim”
CAPÍTULO XXV – A SIMPATIA DE “NHÁ FLORINDA”
No dia seguinte a olaria amanheceu parada, ninguém teve ânimo para ir trabalhar. As famílias choravam a perda da menina-moça que cativava a todos pela sua graça, meiguice e simplicidade. Quem mais sofria eram as colegas, também oleiras como ela, e amigas inseparáveis. Amparada pelo filho, a mãe já não tinha mais lágrimas para derramar. Apenas contemplava com um fio de esperança o trabalho dos mergulhadores. Na velha ponte de ferro as pessoas se aglomeravam, esperando por notícias. E assim foi o tempo todo, céu fechado, a garoa mais parecendo um pranto com o qual a natureza ajudava a tornar ainda mais triste a cinzenta manhã daquela gente. Continue lendo “O Filhote – Capítulos XXV a XXVII”