Pior que uma janela indiscreta são duas janelas indiscretas. No novo sobrado em que moro, em um condomínio, meu quarto tem duas janelas que se encontram. Nessa esquina, uma delas abre para o sobrado em obras de um vizinho; a outra, para um fundo de casa. Então saio do banho mal enxugado e entro no quarto como vim ao mundo. Continue lendo “Janelas indiscretas”
Como se fossem palitos
Um tronco de mogno tem 25 a 30 metros de comprimento, 50 a 80 centímetros de diâmetro. Como é embarcado ilegalmente para o exterior sem ninguém notar? Se fosse uma carga de palitos de dente, vá lá. Continue lendo “Como se fossem palitos”
Uma casa bela, ampla. Porém…
Depois do que aconteceu, vão dizer que sou um saudosista irrecuperável. Não é assim. Quando a filha propôs deixarmos nossos apartamentos e viver em uma casa bonita, de um condomínio fechado, me animei. Lembrei dos anos, décadas, inesquecíveis passados em uma casa que eu e minha Haydeé havíamos construído à nossa feição e gosto. Continue lendo “Uma casa bela, ampla. Porém…”
Quando até os gestos tinham voz
No tempo em que o astro rei brilhava no firmamento era mais fácil escrever uma pequena crônica. As frases de efeito falavam por si – tempos em que até mesmo os gestos tinham voz. O leitor, inefável cúmplice de retóricas soberbas, não se assombraria diante da descoberta de algum amor abismal. Continue lendo “Quando até os gestos tinham voz”
Terraplanistas e outros sete temas
Estadão: descoberta água congelada na lua. Ótimo, agora é só levar o uísque. Continue lendo “Terraplanistas e outros sete temas”
Traços de personalidade (momentos)
Frase lapidar: “Quem manda sou eu!”.
As notícias pingam na tela
Notícias brotam a qualquer momento no alto da tela do meu laptop, desde que aceitei um serviço sem medir consequências. Surgem em uma linha fina que felizmente logo se apaga. Ora, o que há de mal nisso? Continue lendo “As notícias pingam na tela”
Shazam! – e o repórter voava
Anotações de um confinado.
Um simples telefonema pode transformar um sujeito cansado, tarde da noite, em um enviado especial. Então… À uma e meia da madrugada, os últimos convidados de uma festa tinham saído. Este que vos escreve já estava no quarto, olhando amavelmente para a cama. O telefone toca, Haydeé atende. “É o Mitre.” Continue lendo “Shazam! – e o repórter voava”
Sem estante de livros atrás não há entrevista
Não posso imaginar por que a GloboNews me ligaria pedindo entrevista. Quem sabe pela cobertura que fiz (ao lado de uma penca de coleguinhas) da visita de um presidente da República brasileiro e militar a Portugal, o general Garrastazu Médici. Afinal, é data redonda. Faz 50 anos. Meio século! Continue lendo “Sem estante de livros atrás não há entrevista”
Primavera!
A primavera chegou nesta terça-feira, dia 22, no Hemisfério Sul. Não houve explosão de flores, pássaros cantando, borboletas esvoaçantes, a natureza em festa, porque isso só acontece em desenho animado. Continue lendo “Primavera!”
Fogaréu
Acho que tem a ver com muito tempo de confinamento, sob o noticiário da tevê e do celular, o fato de minha coerência estar indo para o espaço, junto com a lucidez e o senso crítico. Cheguei ao ponto de misturar realidade com o absurdo despejado por bárbaros nos meios de comunicação. Continue lendo “Fogaréu”
Alice no mundo do celular
Alice fazia questão de qualificar-se como “do lar”. Era sua marca, quando preenchia questionários para o crediário em loja de eletrodomésticos. A expressão correspondia inteiramente a sua faina. Continue lendo “Alice no mundo do celular”
A nova arte do confinado
Nestes tempos estranhos, acontecem fatos mais do que estranhos. Quando eu poderia imaginar que viria a ser um pianista, admirado por todos na família? E mais isto: que me destacaria em consertos, com performances das quais eu próprio me admiro? Continue lendo “A nova arte do confinado”
Garçons sinceros
Na noite em que conheci o garçom mais sincero da minha vida, estávamos recém-chegados a Passos, no sul de Minas, para matéria sobre a Hidrelétrica de Furnas. Este da caneta, e Hélvio Romero, das câmeras e objetivas (mas pode chamar de texto e fotos). A hidrelétrica estava muito mal, com água pelas canelas. Continue lendo “Garçons sinceros”
Eta juiz porreta
O que faz um confinado para evitar o canto da sereia – a Melô do Bolsô – quando se dispõe a escrever um texto? Abre o baú de antigas reportagens. Continue lendo “Eta juiz porreta”