As assustadoras metrópoles e o idílico sertão

Exausto da vida sem qualidade de Gua(ba)rulhos e São Paulo, da violência, do medo, da barulheira do trânsito e dos alto-falantes, da agitação irracional, da descortesia, pus-me a imaginar como, na flor da aposentadoria, poderia mudar para longe e eventualmente frilar para um amável jornalzinho local. Continue lendo “As assustadoras metrópoles e o idílico sertão”

O homem que esculpiu o Borba Gato

Em um dia de 1957, um enorme bloco de gesso despontou acima dos muros de uma casa da Rua João Dias, em Santo Amaro. Nos dias e meses seguintes, as pessoas que passavam por essa movimentada rua viam o escultor Júlio Guerra trabalhando no gesso com uma machadinha. “O que será que vai sair daí?”, perguntavam-se.
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Conto

Minha amiga perguntou, ao telefone. Vai sair? Com que roupa? Duas peças, respondi. Ela disse que uma blusinha leve e uma saia iam bem. Desliguei. Tinha acabado de me pentear e maquiar. Estava nua. Coloquei o vestido e peguei a bolsa. Duas peças. Continue lendo “Conto”

Conto

Logo que Carlos saiu, Laura sentou no sofá, bem à minha frente, e cruzou as pernas. A saia não era curta, mas, do jeito que ela arrumou, subiu à metade das coxas. Continue lendo “Conto”

A última edição

Os jornalistas do Jornal da Tarde fecharam a última edição da publicação, ontem (terça-feira, dia 30 de outubro), com moral alta – e dois furos. “Queremos fazer um jornal memorável”, disse um deles. Não só isso. “Alcançar um final digno, que não pareça um simples abandono.” Continue lendo “A última edição”

O trem supersônico

Êta trem bão. Desde que trocou Arraialzinho por Belo Horizonte, Marquinho sempre deu um jeito de se dar bem. Agora havia voltado para, como disse, “assumir a prefeitura”. Cada vez que um morador falava “Êta trem bão”, repetia o slogan da campanha do candidato. Continue lendo “O trem supersônico”

Carlos Cachoeira, cidadão honesto e trabalhador

Se alguém disser a Carlos Cachoeira que é um bandido e deve ser preso, ele acha graça. Não é cinismo. Esse Carlos Cachoeira é pessoa de bem. Só tem o mesmo nome do outro, o poderoso bicheiro, cheio de tentáculos, investigado pela CPI do Congresso. Continue lendo “Carlos Cachoeira, cidadão honesto e trabalhador”

O esplendor dos filmes japoneses na Liberdade

Uma menina de quatro anos ia ao cinema, sem saber o que era cinema. O grande carro preto importado – o táxi – partia da Rua da Cantareira, onde a família morava e trabalhava. No banco da frente, o pai, de terno e gravata. Atrás, bem penteadas e vestidas, a mãe e as duas irmãs. Continue lendo “O esplendor dos filmes japoneses na Liberdade”