As assustadoras metrópoles e o idílico sertão

Exausto da vida sem qualidade de Gua(ba)rulhos e São Paulo, da violência, do medo, da barulheira do trânsito e dos alto-falantes, da agitação irracional, da descortesia, pus-me a imaginar como, na flor da aposentadoria, poderia mudar para longe e eventualmente frilar para um amável jornalzinho local.

Ontem, pesquisando alguma coisa na internet, dou com a Folha do Sertão. Sugestiva placidez… Folha do Sertão. O sertão de tantas literaturas, céu azul brilhante, casas de tintas pastel, a vida dura mas serena, na paz do Senhor… Abri o jornal virtual, editado na região de Cajazeira, Paraíba.

Manchete: “Bandidos efetuam disparo durante assalto a Posto de Combustíveis em Sousa. Dupla foragiu”.  Outra notícia: “Homem é preso de posse de uma faca peixeira ameaçando ex-companheira em Cajazeiras.” Mais uma: “Motoqueiro cai em cratera aberta pela chuva; sinistro aconteceu próximo a Catolé do Rocha”.

Desisti da fantasia. Não sei escrever desse jeito. E violência aqui, violência lá. Lembrei que, no sertão, a moto substituiu o jegue, e virou uma grande confusão. Diz aí: ainda existe algum lugarejo nas Gerais, com charrete, tutu e torresminho?

Quando li essa mensagem do meu amigo Valdir Sanches, não tive dúvida: era mais um texto dele para o 50 Anos. Brilhante, como todos os que ele escreve.

À mensagem pessoal dele para mim, respondi:

“Não, não existe mais lugar sossegado, tranquilo, neste mundão véio de Deus. O Diabo tomou conta de tudo.” (Sérgio Vaz)

3 Comentários para “As assustadoras metrópoles e o idílico sertão”

  1. Delicioso texto do Valdir Sanches, Sérgio!
    Tua resposta a ele, perfeita embora triste.
    Ótimo ter essas maravilhas pra ler.
    Abração
    Katia

  2. Sincera reflexão, ótimo e texto do Valdir Sanches o que é trivial. O pessimismo do Sérgio é tristeza com raízes do lulo-petismo.
    Sigo a vida de aposentado na pequena São Chico – SC. A violência é da sociedade em geral, esteja ela em qualquer parte, Cajazeiras, Guarulhos, São Paulo, Guapimirim, etc…
    Não existem paraísos Valdir, continue escrevendo e perseguindo as fantasias.

  3. Trabalhei com o Valdir Sanches no JT em 1996. Fizemos uma matéria sobre falcatruas com imóveis do INSS. À época, contei-lhe sobre a história de meu casamento. Queria saber se ele ainda se recorda… Abraços.

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