Em vez de apertar a mão a El Chapo, Sean Penn devia era dar beijos a Robert Trivers. El Chapo é barão da droga no México. Deixou-se seduzir por um filme sobre a sua vida e a polícia apanhou-o de mão na mão com Sean Penn. A vaidade tramou El Chapo. Continue lendo “Black ass”
Um beijo
O beijo que Maureen O’Hara e John Wayne deram em The Quiet Man é o arquétipo de todos os beijos. Os do cinema e os que na vida mais se parecem aos do cinema. Continue lendo “Um beijo”
Um lobo para o A-PV
Estremeço. Estremeci com o BPN, depois com o BES, agora com o Banif. Temo que, esquecido, Alves dos Reis perca o lugar no pódio dos nossos maiores burlões. António-Pedro Vasconcelos, tu que sabes o que são personagens, como bem se vê no “Amor Impossível”, faz dele, à Scorsese, o lobo de um filme teu! Continue lendo “Um lobo para o A-PV”
A longa penugem no pescoço
Agora, que já nem é preciso pedir licença a Tom Cruise, comecemos o ano com a límpida e clara nudez de Nicole Kidman. Com ou sem licença de Cruise, despiu-a Stanley Kubrick em Eyes Wide Shut. Continue lendo “A longa penugem no pescoço”
Chaplin contra Scorsese
O dinheiro é o melhor do cinema. Rios de dólares fizeram sublime a estética dos filmes. Há artes pobres, mas o cinema nunca foi uma delas. Continue lendo “Chaplin contra Scorsese”
Warren Beatty e a objectificação sexual do homem
Eu tenho um bocadinho de pena de Warren Beatty. Já não lhe bastava ser tímido e inseguro, o que é até muito compreensível se nos dermos conta de que ele não tem mais de um metro e 88 de altura. Continue lendo “Warren Beatty e a objectificação sexual do homem”
Pistola à cinta
Cantora de boleros, mexicana e predadora por opção, Chavela Vargas tem uma vida desenhada para filme. E o cinema fez-lhe justiça: nos filmes de Almodóvar, que tão bem lhe pilha a música, e no documentário que lhe produziu o meu amigo Alvaro Longoria. Não são filmes, são ramos de flores. Continue lendo “Pistola à cinta”
Saudades da Guerra Fria
Se a semana passada falei do Faces, de Cassavetes, do par de estalos que ele mandou um actor dar à protagonista para que ela chorasse, foi para hoje falar de Spielberg. Nem sei se consta da biografia, mas Spielberg estava lá. Continue lendo “Saudades da Guerra Fria”
Um par de estalos
As lágrimas de Faces são as lágrimas da vida. Filmadas por John Cassavetes em 16mm e ampliadas para 35, são lágrimas cheias de grão, como o grão da vida que nos faz chorar no dia-a-dia. Filmadas à mão – qual tripé, qual dolly –, são lágrimas de Lynn Carlin, uma não actriz, que Cassavetes escolheu por ter os mesmos “olhos gordos” de Gena Rowlands. Continue lendo “Um par de estalos”
O elogio da traição
É preciso trair. O mais abnegado dos gestos não é o de quem fica para sempre amarrado à mesma rua, às mesmas fidelidades, aos mesmos amigos e crenças. Continue lendo “O elogio da traição”
A mercearia de Scorsese
Na minha rua da Vila Alice, em Luanda, havia três mercearias. Mas só a do Senhor Manel se podia gabar de ser o espelho borgesiano das mercearias do Bronx Tale, gentil filme que Robert De Niro dirigiu, ou das que Philip Roth evoca em romances abusivamente autobiográficos. Continue lendo “A mercearia de Scorsese”
Cortavam nos beijos e na boa perna
No fim da minha última crónica, Estaline queria matar John Wayne e Hitler tinha ao colo os sete anões de Disney. Dzia eu: aos ditadores fascistas e comunistas une-os o gosto pelo cinema. Americano, claro. Continue lendo “Cortavam nos beijos e na boa perna”
O ditador e o macaco
Todo o ditador fascista de primeira classe adora cinema. Americano. O ditador comunista, ou social-fascista, também. Há mais de um traço comum a ir de Hitler a Estaline, mas há um, desenhado a fantomáticas luzes e sombras, feito em salas escuras, que é o cinema. Continue lendo “O ditador e o macaco”
Verão interruptus
Já devia estar preso há muito. Eu. Questões de off-shore. Falemos de tamanho. Há o tamanho da abundante sensualidade de Kathleen Turner em Body Heat. William Hurt toca-lhe e queima-se todo. Não é tamanho que se compare com o tamanho da ilegalidade que abrasa o meu passado. Continue lendo “Verão interruptus”
Pessoa e Godard
Hollywood foi para Godard o que o sexo foi para Fernando Pessoa: nunca experimentou. Não foi por falta de vontade, e houve até um dia em que, como Pessoa a colar a ansiosa boca à boca de Ofélia, Godard beijou Hollywood no canto dos lábios. Continue lendo “Pessoa e Godard”