Segurança é um daqueles temas capazes de provocar crises alérgicas em parte da esquerda brasileira, dada a sua dificuldade histórica em abordá-lo. No poder, ou fora dele, deixou-se enredar por uma cultura permissiva focada mais na “explicação” das “causas sociais” e na preocupação com a “violência policial” do que no combate ao crime organizado propriamente dito. Continue lendo “As brotoejas da esquerda”
A contemporaneidade de FHC
Odiado pelos extremos regressistas – e nem sempre compreendido por seus companheiros de partido – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos poucos políticos brasileiros capaz de enxergar além do nevoeiro que turva nossos olhos. Intelectual e político atento, é figura obrigatória a ser ouvida por quem quiser entender as intensas transformações que varrem o mundo. Continue lendo “A contemporaneidade de FHC”
Caixa de marimbondos
A Lei da Anistia de 1979 foi uma obra de engenharia política e amplo consenso que contribuiu para a pacificação nacional. Os militares recuaram organizadamente para os quartéis, dedicando-se exclusivamente às suas funções constitucionais e profissionais, e o Brasil pode concluir sua transição democrática. Continue lendo “Caixa de marimbondos”
Não põe corda no meu bloco
Com o fim das festas momescas a política entra em clima eletrizante. Luciano Huck promete levar ao ar mais um capítulo final de sua novela. Todos querem saber se o apresentador será ou não candidato. Se entrar no jogo, balançará o coreto eleitoral de quem se acostumou ao dueto nacional. Continue lendo “Não põe corda no meu bloco”
O xadrez de Alckmin
A vida do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não está nada fácil. Com 8% nas pesquisas, não oferece, por enquanto, expectativa de poder. Carrega ainda o ônus do desgaste do PSDB, também afetado pela crise ética. E tem o fantasma de Luciano Huck a atormentá-lo, para não falar em Rodrigo Maia. Continue lendo “O xadrez de Alckmin”
Sangue nos olhos
A sarna revolucionária pequeno-burguesa, a que se referia o líder comunista Luís Carlos Prestes, está de volta. Após a condenação do ex-presidente Lula, o PT ensaia uma estratégia de ruptura institucional. Quer o nome do caudilho na urna eletrônica na lei ou na marra. A opção pela via extra institucional visa ainda a emparedar o Judiciário para Lula não ser preso. Continue lendo “Sangue nos olhos”
Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar
O fim do mundo é anunciado desde a era pré-diluviana. Em 1938 Carmem Miranda imortalizou o samba de Assis Valente “O mundo não se acabou”, uma sátira a quem acreditou nessa conversa mole, beijou na boca de quem não devia, pegou na mão de quem não conhecia. Continue lendo “Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar”
Os (des)caminhos do centro
Dando como favas contadas que Lula não estará na urna eletrônica, o campo democrático, situado entre os dois extremos que lideram as pesquisas, inicia a disputa presidencial atomizado em várias pré-candidaturas. O coro que não vê problema em muitas candidaturas foi engrossado por Rodrigo Maia, mais um a entrar na dança presidencial, e Geraldo Alckmin, até então árduo defensor de uma candidatura aglutinadora. Continue lendo “Os (des)caminhos do centro”
Já não se fazem liberais como antigamente
Figuras liberais marcaram a nossa história. Em um passado não muito distante, tivemos nomes como Roberto Campos, a maior expressão do liberalismo econômico no Brasil, ou Miguel Reale, o grande pensador do liberalismo social. Na política, liberais como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães foram condutores da transição democrática que culminou na Nova República. Continue lendo “Já não se fazem liberais como antigamente”
Admirável mundo novo
Mais uma vez o Brasil é retardatário. Ainda estamos com os dois pés no século XX, tentando responder a uma agenda de reformas necessárias que há tempos deveria ter sido equacionada. A velha polarização esquerda-direita, um anacronismo reduzido à insignificância em países como a França e a Alemanha, ainda dá o tom na política brasileira. Continue lendo “Admirável mundo novo”
O que há em comum entre Lula e Bolsonaro
Na teoria, o ex-presidente Lula e o deputado Jair Messias Bolsonaro são antípodas. Um está no espectro ideológico da esquerda e outro no da direita. Na prática, a teoria é outra. Há muito mais em comum entre os dois candidatos à Presidência da República, que por ora são os mais bem situados nas pesquisas, do que pode imaginar a nossa vã filosofia. À sua maneira, ambos adotam um discurso sebastianista, vestindo eles mesmos a roupagem do salvador da pátria. Continue lendo “O que há em comum entre Lula e Bolsonaro”
Pedras no caminho
“Mongezinho, Mongezinho, tens um duro caminho”. As palavras que Martinho Lutero ouviu de um frei amigo quando da sua peregrinação para Worms caem como uma luva para o duro caminhar do governador Geraldo Alckmin para se tornar protagonista da sucessão presidencial. Continue lendo “Pedras no caminho”
A sereia e o mar
Desfeito o mistério da odisséia de Luciano Huck. Desde quinta-feira passada, quando o barômetro político Estadão-Ipsos apontou o apresentador com 60% de aprovação, o mundo político entrou em ebulição. Consolidava-se ali um possível candidato com potencial para romper a polarização Lula-Bolsonaro e liderar a tão sonhada, pelos brasileiros, renovação política. Continue lendo “A sereia e o mar”
O condestável de Temer
Reza o folclore político que, ao passar a faixa presidencial para seu sucessor, Hermes da Fonseca teria dito a Venceslau Brás: “olha, Venceslau, Pinheiro Machado é tão bom amigo que governa pela gente”. O mesmo pode-se dizer de Rodrigo Maia. Ele está tão próximo de Michel Temer que governa pelo presidente. Nomeou o novo ministro das Cidades, definiu como será a repartição do butim da pasta entre o “Centrão ampliado” e vai fazer o presidente do BNDES. Ai do ministro que não cair em sua graça. É tombo certo. Continue lendo “O condestável de Temer”
Refundação do Estado
A questão do papel do Estado é um divisor de águas e tende a estar no centro da disputa presidencial. As duas candidaturas populistas estão presas a modelos passados que perderam sentido e não respondem às necessidades do século 21. O Brasil de hoje é inteiramente diferente do que era nos tempos do varguismo ou do estatismo do presidente militar Ernesto Geisel. Mas a direita e a esquerda estatistas pensam ainda ser possível alavancar o desenvolvimento a partir do intervencionismo estatal. Não por coincidência, Lula e Bolsonaro são pródigos em elogios à era Geisel. Continue lendo “Refundação do Estado”