Cai o pano

Certamente, para mim, a cortina já havia se fechado há muito tempo, mas confesso que senti funda nostalgia, há dias, ao ler nos jornais que o lendário Cine Ipiranga, na avenida do mesmo nome, quase esquina da São João, na Capital, fechou. Continue lendo “Cai o pano”

Sabedoria precoce

O pai torce pelo galo, o avô pelo coelho e ela sabe do time do Brasil. Ela diz que é do galo. Escolheu ter uma camisa cor de rosa muito antes que o clube adotasse, para um de seus uniformes, essa cor. Continue lendo “Sabedoria precoce”

Liberdade

Um belo rosto de mulher, com um cartaz nas mãos. Juliette Binoche chora, lágrimas rolam por sua face de atriz. Mas ela não está representando nenhum papel cinematográfico. Seu choro é real, vivo e de protesto pela prisão, nos porões do governo do Irã, do cineasta Jafar Panahi. Continue lendo “Liberdade”

Glória suprema

Foi só receber a segunda parcela do 13.° salário, minha amiga entrou numa agência de viagens.

— Não acredito! Tudo isso? Nem que o Nordeste fosse no fim do mundo! Continue lendo “Glória suprema”

Me deixem em paz

Gosto de ficar em casa. Trabalho, leio, escrevo. E descanso, recebo amigos. Tenho minhas ocupações externas, principalmente fora de minha cidade. Mas o meu lugar é a minha casa, que construí aos poucos, longe da confusão do centro e da zona sul. Continue lendo “Me deixem em paz”

Amor e licantropia

Quando ocorrem órbitas coincidentes, garantem os astrônomos, a lua cheia fica mais bonita, mais clara, mais, naturalmente, plena. Isso aconteceu recentemente e, segundo meus arquivos da chamada cultura inútil, é resultado do periélio, que é quando o Sol se aproxima da Terra. Continue lendo “Amor e licantropia”

Uma onça no pomar

Nos velhos filmes de Tarzan com Johnny Weissmüller, o ruído de um hidroavião monomotor a passar sobre os domínios do Homem Macaco era, em geral, prólogo de boa aventura. Foi isso que senti anteontem quando, atento a ajeitar a linha de pesca, em busca do almoço, escutei o ronco. Continue lendo “Uma onça no pomar”

Apenas um envelope

Dois dias em São Paulo para participar de um seminário sobre propriedade intelectual. Nenhuma chuva enquanto lá estive, mas foi inevitável enfrentar o lento trânsito da cidade. Gastei quase duas horas para me encontrar com meu amigo-irmão Pelão, que me esperava com muitos chopes de vantagem. Continue lendo “Apenas um envelope”

No Brasil ninguém lê ficção brasileira

Olho, com tristeza, mas uma tristeza inominável e profunda, a lista de livros mais vendidos. Pego como referência a revista Veja de fins de abril de 2010: na ficção, lá estão os leitores brasileiros prestigiando nada menos do que 10 entre 10 estrangeiros. Continue lendo “No Brasil ninguém lê ficção brasileira”

Dois recados

Em 1991, segundo ano do governo Collor, eu escrevia para um jornal de Belo Horizonte. Esta crônica é daquela época. Submetida a um teste de antiguidade, penso que continua valendo nestes nossos dias atuais, com governantes polêmicos, contraditórios, nada edificantes. Continue lendo “Dois recados”