Carnes flagradas

O delegado Guilhermino desceu da viatura e constatou: a placa ainda estava lá. Apontou para o tira ao seu lado:

– Olha lá. Rodízio. Promoção por tempo limitado. Cem reais. É um crime, eu não disse? Continue lendo “Carnes flagradas”

Na Avenida da Liberdade

A página está em branco mas eu já não estou. Escrevi, sem saber que estava escrevendo, uma vida. Ainda bem que não cheguei no ponto final, que espero esteja longe. Há um piano tocando ao fundo, mas o som é aquele pasteurizado, próprio do ambiente dos hotéis. Existem pessoas e mesas calmas ao meu redor. Tento seguir o conselho de minha amiga e manter a mente livre. Há um oceano me afastando fisicamente do Brasil (a alma viaja viaja longe) e eu não vou gastar esse meu tempo disponível me preocupando com o ódio que o atual Ministério da Cultura tem pela música brasileira e seus compositores. Continue lendo “Na Avenida da Liberdade”

A censura, sob nova direção

O que a Suprema Corte do País decidiu, hermenêutica à parte, é o seguinte: o cidadão Fernando Sarney, membro do clã político de José Sarney, que o acaso tornou Presidente da República e que há 40 anos é potentado político do Estado que tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano do País, tem todo o direito de manter em segredo perante a opinião pública todas as tenebrosas transações que andou fazendo para tirar proveito particular do uso dos bens públicos. Continue lendo “A censura, sob nova direção”

A quem atende o Supremo ao manter a censura ao Estadão?

Como muitos, também me vi surpreso com o julgamento do STF que manteve a censura ao jornal O Estado de S. Paulo, vez que fundamentado no tecnicismo jurídico deixou de cumprir a missão de manifestar-se sobre o que realmente importa, como alguém um dia já disse “duela a quem duela”… E fiquei pensando, pensando, na verdade procurando justificar, já que o Supremo é um dos três poderes da República, mas aquele cujas decisões não se discute, se cumpre! Continue lendo “A quem atende o Supremo ao manter a censura ao Estadão?”

A coisa melhor do mundo

Eu tenho 18 anos e faço planos. Como sou mulher, faço planos de mulher: estudar (hoje as mulheres estudam), trabalhar (hoje as mulheres são independentes), casar (hoje, como sempre, as mulheres se casam). Como tenho 18 anos, o mundo está na minha frente e é nele que eu mergulho todos os dias: faculdade pela manhã, trabalho à tarde, namoro à noite. Continue lendo “A coisa melhor do mundo”

Partidos políticos ou partidos de políticos?

É impossível negar a qualquer um dos novos vereadores, ou reeleitos, a intenção de trabalhar por Americana, independentemente de posicionamentos partidários. A luta de todos é comum, e a menos de uma atitude individualista no futuro, devemos e podemos acreditar nisso. Continue lendo “Partidos políticos ou partidos de políticos?”

É espantoso, chocante: o Supremo legitima a censura

Sei, sei, sei: tem aquele axioma que diz que decisão do Supremo não se discute, se cumpre. E há as tecnicalidades jurídicas. O advogado referiu-se à alínea C do parágrafo 4, mas esse assunto deveria ser tratado na alínea Z do parágrafo 7, então seu pedido não vale, está negado – e páf, bate-se o martelo.

Tem tudo isso, e eu não sou jurista, sequer bacharel em Direito pela Faculdade de São José do Pito Acesso – mas a decisão do Supremo Tribunal Federal de manter a censura ao jornal O Estado de S. Paulo é, no mínimo, espantosa, chocante. Continue lendo “É espantoso, chocante: o Supremo legitima a censura”

Não serve à democracia uma nação de servos felizes

“No despotismo iluminado de ontem e de hoje, a figura do homem servo, mas feliz, substitui aquela que nos é familiar através da tradição do pensamento grego e cristão do homem inquieto, mas livre. Qual das duas formas de convivência está destinada a prevalecer no futuro próximo ninguém está em condições de prever”.  Continue lendo “Não serve à democracia uma nação de servos felizes”