Não digo “nasci desse jeito”, porque quando cheguei ao mundo não havia televisão. Mas posso dizer “cada um é como é”. E reconhecer que sou um desajustado em relação ao que Stanislaw Ponte Preta chamava “máquina de fazer doido”. Continue lendo “Só dá abobrinha na TV”
Se beber, não pule fogueira
A internet me trouxe um guia de festa junina nutricionalmente correta. Diz ali:
“São tantos quitutes típicos nas festas juninas que fica difícil manter uma dieta saudável diante das deliciosas opções. O segredo é saber fazer as escolhas certas como, por exemplo, escolher a versão light de uma receita.” Continue lendo “Se beber, não pule fogueira”
Dúvidas seculares
O novo século, a nova década, criaram em mim algumas ansiedades.
Elvis, por fim morreu? Continue lendo “Dúvidas seculares”
Zeladoria Gramatical
O grito da sirene morre em uma freada brusca. A equipe desce do carro e invade o restaurante, com a autoridade da fiscalização. “Aqui está tudo certo, casa limpa, alimentos frescos, higiene absoluta” – defende-se o dono. “Sim”, diz o fiscal. “Mas o senhor está preso e vamos enforcá-lo.” Continue lendo “Zeladoria Gramatical”
Tensão nas Coréias
(Das agências. Bomba da Coréia do Sul pesa 4 t, mas mísseis só levam 500 kg. Precisa ir de avião, mas a esquadrilha, dos anos 60, não aguenta. Pode acabar como sempre: eles ficam bonzinhos, e EUA mandam alimentos.) Continue lendo “Tensão nas Coréias”
Compre, compre, compre, compre, compre…
Você quer vender, eu não quero comprar. Você tenta me laçar de todas as formas, só me incomoda. Você ocupa todos os espaços com sua propaganda, só me oprime. Continue lendo “Compre, compre, compre, compre, compre…”
As assustadoras metrópoles e o idílico sertão
Exausto da vida sem qualidade de Gua(ba)rulhos e São Paulo, da violência, do medo, da barulheira do trânsito e dos alto-falantes, da agitação irracional, da descortesia, pus-me a imaginar como, na flor da aposentadoria, poderia mudar para longe e eventualmente frilar para um amável jornalzinho local. Continue lendo “As assustadoras metrópoles e o idílico sertão”
O homem que esculpiu o Borba Gato
Em um dia de 1957, um enorme bloco de gesso despontou acima dos muros de uma casa da Rua João Dias, em Santo Amaro. Nos dias e meses seguintes, as pessoas que passavam por essa movimentada rua viam o escultor Júlio Guerra trabalhando no gesso com uma machadinha. “O que será que vai sair daí?”, perguntavam-se.
Continue lendo “O homem que esculpiu o Borba Gato”
Conto
Minha amiga perguntou, ao telefone. Vai sair? Com que roupa? Duas peças, respondi. Ela disse que uma blusinha leve e uma saia iam bem. Desliguei. Tinha acabado de me pentear e maquiar. Estava nua. Coloquei o vestido e peguei a bolsa. Duas peças. Continue lendo “Conto”
Conto
Logo que Carlos saiu, Laura sentou no sofá, bem à minha frente, e cruzou as pernas. A saia não era curta, mas, do jeito que ela arrumou, subiu à metade das coxas. Continue lendo “Conto”
Pérolas do Febeapá
Mexendo em meus livros, notei um volume de capa cor de abóbora, com letras pretas. Era o Febeapá, edição de 1966. Continue lendo “Pérolas do Febeapá”
A última edição
Os jornalistas do Jornal da Tarde fecharam a última edição da publicação, ontem (terça-feira, dia 30 de outubro), com moral alta – e dois furos. “Queremos fazer um jornal memorável”, disse um deles. Não só isso. “Alcançar um final digno, que não pareça um simples abandono.” Continue lendo “A última edição”
O trem supersônico
Êta trem bão. Desde que trocou Arraialzinho por Belo Horizonte, Marquinho sempre deu um jeito de se dar bem. Agora havia voltado para, como disse, “assumir a prefeitura”. Cada vez que um morador falava “Êta trem bão”, repetia o slogan da campanha do candidato. Continue lendo “O trem supersônico”
Coleguinhas ruins de serviço
Houve uma época, depois dos anos de ouro, em que estranhos fatos aconteciam na redação do Jornal da Tarde. Belo dia se materializa uma magrinha, jovem, vinda da Folha. A nova chefe de reportagem. Tinha um pé frio colossal. Continue lendo “Coleguinhas ruins de serviço”
O Brasil olímpico já foi pior
Havia uma multidão no cais do porto do Rio de Janeiro, a capital do País. Era manhã de 26 de junho de 1932. O vapor Itaquicé zarparia para Los Angeles, levando nossos atletas à disputa da 10ª Olimpíada. Continue lendo “O Brasil olímpico já foi pior”