“Proletários de todo o mundo, perdoem-nos!”

A Revolução Bolchevique de novembro de 1917 pelo calendário gregoriano e de outubro pelo calendário juliano foi a mola propulsora da grande utopia do século XX: o comunismo. Para o bem e para o mal – e mais para o mal – marcou a vida e a morte, sonhos e pesadelos, como diz o historiador italiano Silvio Pons. E foi, ao mesmo tempo, “realidade e mitologia, ideologia progressista e dominação imperial, utopia libertadora e sistema concentracionário”. Continue lendo ““Proletários de todo o mundo, perdoem-nos!””

Cruzada moralista

Nestes tempos de anátema e de obscurantismo, constantemente a cultura e a educação têm sido alvo de uma cruzada retrógada. Os episódios se sucedem aos borbotões, dando conta de que estamos diante de algo muito mais extenso e profundo do que as exóticas “Senhoras de Santana” dos anos 80 ou dos estandartes medievais da antiga TFP – Tradição, Família e Propriedade. Continue lendo “Cruzada moralista”

Quando todos falham

À primeira vista a crise decorrente da insubordinação do general Hamilton Mourão baixou de pressão, com o oficial sendo advertido na surdina pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas. O destino de Mourão é mesmo o escaninho da reserva, para onde irá dentro de seis meses. Seu superior hierárquico preferiu agir com cautela para não o transformar em herói da caserna. Continue lendo “Quando todos falham”

A insubordinação do general

O general Antônio Hamilton Martins Mourão comanda uma mesa, a da Secretaria de Economia e Finanças do Exército Brasileiro.  Diretamente não tem poder de mando sobre tropas e não expressa o pensamento majoritário do comando das Forças Armadas. Nem por isso sua insubordinação pode passar batida. Continue lendo “A insubordinação do general”

A Colômbia venceu o Brasil

A Colômbia tinha tudo para dar errado. Por mais de quatro décadas esteve encharcada de sangue por uma guerra responsável por 260 mil mortes, 60 mil desaparecidos e mais de sete milhões de desplazados – colombianos forçados a abandonar seus lares. Mas não deu, ao contrário: deu certo.  Continue lendo “A Colômbia venceu o Brasil”

A minha estatal, não!

Excetuando-se os estatistas por razões ideológicas ou corporativas, em tese todos se dizem favoráveis à privatização na área de infra-estrutura. Há um razoável consenso nacional de que esse é o caminho para atrair os investimentos necessários à retomada do crescimento.  É impensável a economia brasileira alcançar vôos mais altos com a irrisória taxa de investimentos praticados, atualmente na casa de 16% do PIB. Continue lendo “A minha estatal, não!”

Vulcão adormecido

O mundo político parece interpretar o silêncio das ruas como um vulcão morto, que jamais entrará em erupção. Por isso vem arquitetando um arremedo de reforma política com fim precípuo de manter seus privilégios, entre os quais o do foro privilegiado. A reeleição dos atuais parlamentares passou a ser prioridade a qualquer custo, numa desesperada questão de sobrevivência. Acreditam que podem conseguir seu intento sem maiores resistências da sociedade. Continue lendo “Vulcão adormecido”

Centrão, de coadjuvante a protagonista

Desde a redemocratização, o Centrão sempre esteve no poder, mas em papel de coadjuvante. Fernando Henrique Cardoso e Lula, com enormes diferenças, contaram com as forças do atraso em nome da governabilidade. Mas sem transformá-las em principal núcleo de sua base de sustentação. Continue lendo “Centrão, de coadjuvante a protagonista”

Em busca do novo

A verdadeira dimensão do fosso entre o mundo formal da política e a sociedade ávida por outro padrão de se fazer política aparece com toda nitidez na pesquisa com mais de 10 mil eleitores realizada por encomenda do Agora, movimento de ativistas independentes.  Por qualquer ótica que se analise, os números são massacrantes quanto à ojeriza dos eleitores aos partidos e políticos tradicionais. Continue lendo “Em busca do novo”

Lula, caudilho pendular

Caudilhos são dados a movimentos pendulares. Deslocam-se à direita ou à esquerda. Menos por ideologia, mais por conveniências. Perón foi mestre nessa arte. Apoiou-se nos Montoneiros e outros agrupamentos da esquerda peronista para voltar ao poder. Mas quando o conseguiu governou mesmo foi com Lopes Regla, El Brujo, um dos oráculos da AAA – Associação Argentina Anticomunista. Continue lendo “Lula, caudilho pendular”

Quem não chora não mama

O mundo sindical está em pé de guerra. Sindicalistas movem os céus e a terra, mas não em defesa dos salários ou de melhores condições de trabalho, bandeiras que no passado arrastavam multidões de trabalhadores para greves. A gritaria dos pelegos se dá por motivo torpe: a manutenção do imposto sindical – uma tunga no bolso dos trabalhadores instituída em 1940 pelo Estado Novo varguista. Continue lendo “Quem não chora não mama”