“Eu não vim pra explicar.
Vim pra confundir.”
(Abelardo Barbosa, o Chacrinha.)
Dilma tem seu lado Chacrinha. Claro, ela não tem nada do charme do velho guerreiro, mas, como ele, parece ter vindo para confundir, não para explicar. Ela fala num idioma esquisito, o dilmês – uma linguagem feita de anacolutos, de frases que não se completam, de afirmações que na verdade são negativas.
Eis uma frase da declaração dada na quarta-feira, 27 de março, pela manhã, em Durban, na África do Sul: “Eu vou acabar com o crescimento do país”. É dilmês perfeito, castiço: uma afirmação que a gente tem que compreender que é uma negação.
A declaração foi assim:
“Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico. (…) esse receituário que quer matar o doente em vez de curar o doente, ele é complicado, você entende? Eu vou acabar com o crescimento do país.”
É dilmês, mas dá para compreender o que foi dito. “Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico.”
Em português claro, seria assim: prefiro uma inflação maior mas com juros baixos.
O mercado entendeu, e a taxa de juro futuro caiu imediatamente.
Aí Alexandre Tombini, o presidente do Banco Central, ligou rapidinho para a Broadcast, o serviço de notícias em tempo real da Agência Estado lido por todos os agentes do mercado financeiro, para, em nome da presidente, dizer que “não há tolerância em relação à inflação”.
Como bem notou Mary Zaidan: o Banco Central neste governo é tão independente que, momentos após Dilma falar uma asneira na África do Sul e deixar o mercado financeiro em polvorosa, o presidente do BC obedece a uma ordem da patroa e diz que não é bem assim.
Depois a própria patroa de Alexandre Tombini deu novas declarações. Como escreveram no Estadão da quinta, 28, os enviados especiais a Durban Iuri Dantas e Fernando Travaglini:
“Dilma chamou os jornalistas, que estavam no centro de imprensa em Durban, distante 40 quilômetros do resort onde estava a presidente. Convocados pela assessoria de Dilma, eles foram colocado numa van e levados ao local da reunião. Irritada, ela deu uma curta declaração reafirmando seu compromisso com o combate à inflação”.
Disse que suas declarações da manhã haviam sido “manipuladas”.
Será que Dilma sabe o significado da palavra “manipulação”?
Será que Dilma queria dizer que suas declarações haviam sido “mal interpretadas”, e, em seu raciocínio dilmês, confundiu manipulação com má interpretação?
Uma declaração não pode ser manipulada. Uma declaração é dada, gravada, degravada, e transcrita. Não há possibilidade de manipulação de uma declaração pública.
Ou será que todos os jornalistas brasileiros presentes em Durban confabularam e decidiram divulgar uma declaração que Dilma não deu?
E ainda tiveram o cuidado de botar alguém com a voz de Dilma falando as palavras que ela disse que foram manipuladas?
Celso Ming sintetizou no Estadão de quinta, 28/3: “As declarações estão gravadas e aparentemente a presidente disse o que não deveria ter dito. Talvez a questão mais relevante para o acontecido seja o fato de que, apesar das explicações e dos desmentidos, Dilma tem dado motivos para que os agentes econômicos tendam a achá-la mais tolerante com a inflação do que admite ser. E, também, de que não gosta de que a política de juros seja usada para enquadrar a inflação dentro da meta.”
Depois de lembrar que o “’o dilmês’ quase sempre mais confunde do que esclarece”, Merval Pereira escreveu no Globo de quinta: “O fato é que declaração que precisa ser explicada por uma nota oficial não ajuda o ambiente econômico, que necessita investimentos pesados para voltar a crescer”.
Aí vai a 92ª compilação de notícias e análises que comprovam a incompetência do lulo-petismo como um todo e do governo Dilma Rousseff em especial. Foram publicadas entre os dias 22 e 28 de março.
Como falei em dilmês, linguagem, e até citei os anacolutos da presidente, esta compilação começa com um texto de João Bosco Rabello que fala sobre figuras de linguagem.
* “De ênfase e ressalvas, crescimento e inflação”
“O recurso à ênfase serve para sublinhar aquilo que se considera o principal objetivo de uma fala, programa ou discurso. A ressalva faz a exceção a uma parte do todo enunciado, a fim de preservá-lo do conjunto da regra. Para que ambos sejam interpretados com o peso que se quer dar a cada um, é preciso hierarquizá-los, ou seja, a ênfase vem primeiro por ser o objetivo central do orador.
“Esse é um conceito básico da política e do jornalismo, extensivo à publicidade, ao marketing e a muitas outras atividades que têm na comunicação eficiente com o público-alvo de sua mensagem, o desafio permanente a superar. Não é diferente com a economia, ciência que não combina com a emoção.
“A reflexão vem a propósito da irritação da presidente Dilma Rousseff com o que chamou de ‘manipulação’ de sua fala sobre a economia brasileira, à saída de um evento oficial na África do Sul ontem (27/3). Debitou ao mercado o efeito negativo dos sinais trocados de seu discurso, em que a inflação foi a ressalva, quando deveria ser a ênfase.
“Esta somente apareceu na entrevista convocada às pressas, e, ainda assim, depois da ressalva de que não errara no pronunciamento, mas que fora vítima da má-fé do público-alvo de sua mensagem – de resto, ansioso por uma palavra sobre o controle da inflação. Mas que ouviu uma veemente defesa de sua política de crescimento.
“Possivelmente traída pelo inconsciente, a presidente priorizou a resposta aos críticos de sua administração econômica – políticos, jornalistas, economistas e acadêmicos -, que percebem a influência do processo eleitoral antecipado na determinação de seu governo de enfrentar com o rigor desejável – e prudente – a ameaça inflacionária.
“Chegou a dizer, ainda na primeira vez, que a inflação é combate diuturno do governo, mas era uma ressalva empalidecida pela primeira parte do discurso. O mercado – que é mesmo manipulador por essência -, leu o que acredita: combate à inflação para valer, só depois de garantida a reeleição, critério que terá produzido então uma conta negativa, a exemplo do que seu antecessor fez para elegê-la.
“Foi a presidente que construiu a hierarquia de sua fala: primeiro, a defesa de sua gestão econômica, exercida em favor do crescimento, mas que produziu o ‘pibinho’. Depois – e, portanto, secundário -, o compromisso de combate à inflação, administrada à base de paliativos. Mais tarde – e para o mercado, bem tarde -, a correção com uma frase que soou mais filosófica do que real: o combate à inflação ‘é um valor em si’.
“O componente emocional esteve presente todo o tempo nas falas da presidente ontem, o que acabou traindo sua preocupação com as críticas dos adversários de sua política econômica. Valorizou o que lhe era mais caro: mostrar que está certa. Aí, seu ponto vulnerável.
“Pilatos ao lavar as mãos (sem qualquer comparação histórica), entregando à turba a decisão sobre Jesus, traiu seu ponto fraco, a incapacidade de decidir. A referência bíblica, como valor psicanalítico, não é uma homenagem ao pastor Marco Feliciano, mas torna-se válida na medida em que a presidente foi quem admitiu ‘fazer o diabo’ em campanha eleitoral.
“A campanha está em curso e, invocado, o personagem das trevas fez lembrar que mora nos detalhes.” (João Bosco Rabello, estadao.com.br, 28/3/2013.)
Inflação
* Alta do preço dos alimentos já chega 34% só neste ano
“Apesar de o País colher neste ano uma safra recorde de 185 milhões de toneladas de grãos, os preços dos alimentos foram o principal foco de pressão inflacionária nos últimos 12 meses. Daqui para frente, o comportamento dos preços do tomate, da batata, do arroz e do feijão será o fiel da balança na decisão do Banco Central (BC) de aumentar os juros básicos para que a inflação não supere o teto da meta de 6,5% prevista para este ano.
“Em 12 meses até março, os preços dos alimentos ao consumidor descolaram da inflação em geral e subiram mais de 30%. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15 subiu 6,43% até março, os preços das frutas, verduras e legumes acumularam altas de 33,36% e os dos cereais, que incluem arroz e feijão, de 34,09%, revela um estudo feito pelos economistas da Universidade de São Paulo (USP), Heron do Carmo e Jackson Rosalino. Eles usaram os dados do IPCA-15, uma prévia do IPCA, o índice de referência para o sistema de metas de inflação.
“No caso dos alimentos semielaborados e industrializados, a alta também foi na casa de dois dígitos no mesmo período, de 16,50% e de 11,44%, respectivamente. Já os preços dos serviços privados, que variam ao sabor do mercado, exceto aqueles regidos por contatos, subiram 8,82% em 12 meses até março. ‘Poderemos ter uma melhoria da inflação dos alimentos por causa da supersafra, mas existe um pedaço importante da inflação, que reúne cereais de consumo doméstico, legumes, frutas, que está ao sabor do clima’, diz Heron.
Só o tomate mais que dobrou de preço nos últimos 12 meses, com alta de 105,87%. A trajetória dos preços de outros alimentos foi semelhante. A batata, por exemplo, ficou 86,51% mais cara em 12 meses até março, a farinha de mandioca subiu 140,57% e a cebola, 58,83%.” (Márcia De Chiara, Estadão, 25/3/2013.)
O apagão logístico
* China alega atrasos na entrega e cancela compra de dois milhões de toneladas de soja
“Gargalos enfrentados para escoar a produção podem frustrar previsões de que o complexo da soja — grão, óleo e farelo — se tornaria, este ano, o primeiro item da pauta de exportações brasileira, desbancando o minério de ferro. Nas projeções da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), com safra recorde e preços elevados, o trio atingiria US$ 32,5 bilhões em vendas externas em 2013, contra US$ 30 bilhões do minério de ferro. Se os cancelamentos de embarques de soja continuarem por causa dos crescentes atrasos no fornecimento, no entanto, a tendência é que a média de preços do grão caia, comprometendo seu desempenho nas exportações. A chinesa Sunrise, maior trading do país, já cancelou a compra de pelo menos dois milhões de toneladas de soja, alegando atrasos na entrega por causa das longas filas nos portos. É a primeira que uma empresa daquele país suspende contratos por problemas logísticos. A empresa diz que deveria ter recebido seis navios em fevereiro e outros seis em março. E avalia a possibilidade de comprar da Argentina. A China é o principal comprador da soja brasileira.
“As previsões da AEB consideram o preço anual médio da tonelada de soja a US$ 580 e embarques de 38 milhões de toneladas em 2013. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram, porém, que a média de preço entre janeiro e a terceira semana de março está bem abaixo dessa projeção (US$ 530). Paralelamente, o minério de ferro está em situação inversa. Nas estimativas da AEB, a média de preço da commodity ficaria em US$ 95 este ano e o volume exportado, em torno de 320 milhões de toneladas. Mas 2013 ano começou aquecido para o minério, cujo preço médio da tonelada exportada está em US$ 110.” (Danielle Nogueira e Roberta Scrivano, O Globo, 22/3/2013.)
* Caos nas estradas e nos portos derruba preço, eleva frete e faz país perder credibilidade
“Os gargalos logísticos que travam o escoamento da atual supersafra de grãos já derrubam os preços ao produtor, aumentam os custos dos exportadores e significarão descontos maiores nas cotações do produto brasileiro na próxima safra. Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro, 80% da safra da região já foram comercializados, e a maior parte disso embutindo uma estimativa de custo de frete de US$ 100 por tonelada – média entre a cidade de Sorriso (MT) e Santos (SP).
Só que esse frete está em US$ 150. ‘Quem está arcando com essa diferença hoje é o exportador (que comprou a soja a um preço que embutia os US$ 100 de frete), mas essa diferença chega ao produtor na formação dos preços da próxima safra’, disse Fávaro.
“De acordo com Daniel Latorraca, do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço do frete entre Sorriso e Santos subiu 46% entre março de 2012 e março de 2013, enquanto o preço para o produtor de Mato Grosso, um dos principais estados produtores, ao lado de Rio Grande do Sul, caiu 4%. Contribuíram para o salto no custo com transporte o forte aumento da demanda por caminhões, tendo em vista a safra recorde de soja, os recentes reajuste do diesel e o tempo maior na fila nos portos.
A fila em Santos, que era de 10 a 15 dias para embarque, subiu para mais de 30 dias neste ano, enquanto em Paranaguá (PR) foi de 40 para 60 dias. ‘Nós estamos perdendo credibilidade na pontualidade dos embarques, e isso será levado em conta também na formação de preços no futuro’, diz Fávaro, da associação de produtores.” (Ronaldo D’Ercole, O Globo, 22/3/2013.)
* “Não se deve menosprezar o resultado mortífero do cruzamento da incompetência com a ideologia”
“Não se desconhece a precaridade da infra-estrutura do país, causada pela falta de investimentos. O problema começou a ficar mais evidente no final do primeiro governo de Lula, no apagão aéreo, o acompanhou no segundo mandato, mas agora se apresenta em grandes proporções num curto-circuito rodoviário e portuário, no escoamento da supersafra de grãos.
“Não atazana mais ‘apenas’ usuários do transporte aéreo, motoristas estressados em engarrafamentos. Começa também, de forma clara, a prejudicar uma atividade econômica estratégica, com a ameaça de redução no fluxo de divisas para o país, num momento em que se acumulam déficits na balança comercial. Por ter entendido, afinal, o beco sem saída para onde o Brasil foi levado, a presidente Dilma procura recuperar terreno com acenos aos investidores privados. Mas o passivo acumulado pela leniência diante da deterioração geral e do surgimento de gargalos é muito grande, e levará tempo para ser eliminado.
“O cancelamento da compra de 2 milhões de toneladas de soja pela grande importadora chinesa Sunrise, por atraso na entrega da carga, é apenas um caso — grave, é certo — entre tantos. Não vale argumentar que espertos chineses aproveitam o apagão rodoportuário para negociar preços mais baixos. Ora, se a esperteza oriental entrou em ação é porque o Brasil abriu um flanco.
“As filas de mais de 20 quilômetros de caminhões às portas do Porto de Santos e, no mar, uma frota de 150 navios à espera de vaga nos terminais são sinônimo de prejuízos milionários. É até possível que as exportações de soja não superem as de minério de ferro, estimadas em US$ 30 bilhões. Os embarques do grão não devem chegar aos projetados US$ 33 bilhões.
“Cai sobre o governo Dilma o resultado de uma mistura de prevenção ideológica contra o setor privado com falhas gerenciais. Não se deve menosprezar o resultado mortífero do cruzamento da incompetência com a ideologia.
“O preconceito ideológico de alas petistas travou o quanto pôde a licitação de aeroportos, limitou a de rodovias e tentou tabelar para baixo a margem de rentabilidade de concessionários. Sempre com a ajuda de corporações sindicais, uma delas a de portuários, no momento na trincheira da resistência ao aperfeiçoamento da gestão dos terminais. Não por acaso, onde se dá parte do atual apagão.
“Dilma, para resolver o problema, precisa, além de enfrentar aliados, contrariar a tradição petista de privilegiar os gastos em custeio e deixar os investimentos em segundo plano.
“Há, também, compromissos políticos fisiológicos que conspiram contra a eficiência nos gastos.. Quinta-feira, a presidente recebeu o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), afastado do ministério dos Transportes na ‘faxina ética’. Em sua gestão, muito dinheiro para a infra-estrutura foi desviado em negociatas partidárias. Nessas conversas, a presidente não pode se esquecer do que acontece no momento em estradas e portos.” (Editorial, O Globo, 23/3/2013.)
O rebaixamento do BNDES e da Caixa petistas
* Delírio contábil do governo enfraquece os bancos públicos
“As agências de classificação de risco erram muito, mas desta vez o rebaixamento das notas do BNDES, BNDESPar e Caixa Econômica, pela Moody’s, toca num ponto que tem sido objeto de constante preocupação de vários economistas brasileiros: o uso excessivo dos bancos públicos pelo governo e a criação de distorções pelas alquimias fiscais feitas para fingir que eles estão sendo capitalizados.
“O lucro do BNDESPar ficou 93% menor no ano passado. Um espanto, por ser uma carteira com participação das maiores empresas brasileiras. Em algumas, ele tem uma fatia exorbitante do capital. O lucro do BNDES também ficou 9,55% menor e só não caiu mais porque houve jeitinho contábil. O Conselho Monetário Nacional autorizou o banco, no final de 2012, a atualizar com menos frequência o valor das ações que possui. Ele não precisa mais fazer marcação a mercado de um pedaço dos seus ativos. Assim, a ação de uma empresa pode cair na bolsa, que no balanço do BNDES nada muda. O lucro ficou R$ 2,3 bilhões maior por causa disso.
“A Caixa Econômica teve lucro de R$ 6,1 bilhões em 2012, com crescimento de 17% sobre o ano anterior. O problema é que, segundo a Austin Rating, também houve jeitinho contábil para se chegar a essa cifra, como mostrou o repórter Ronaldo D’ercole, do GLOBO. Mais de um terço desse lucro, ou R$ 2,6 bilhões, veio de crédito fiscal, uma espécie de abatimento de imposto, feito pela Receita, por créditos provisionados pela Caixa. O montante fugiu ao padrão e foi alto demais para um único ano. A concessão de crédito da Caixa subiu 42%, muito acima da média do resto do mercado. O banco sofreu pressão do governo para empurrar a economia.
“O BNDESPar registrou R$ 3,35 bilhões de baixa contábil em 2012 por perda ou desvalorização de ativos que comprou. O caso mais conhecido é o do LBR-Lácteos, uma empresa que não tem ações cotadas em bolsa, e que logo depois de virar sócia do governo entrou em recuperação judicial.
“Não é a falta de lucro em determinado ano que induz a um rebaixamento, mas o fato de que os bancos públicos têm sido capitalizados com ativos de baixa liquidez, naquele troca-troca de créditos que o governo tem feito quando tem mais um daqueles surtos de delírio contábil.
“Enquanto faz escolhas discutíveis com o valioso dinheiro público, o BNDES vai piorando seu balanço. A dívida do banco com o Tesouro Nacional disparou em cinco anos, de R$ 6,5 bilhões, em 2008, para R$ 371 bi, em janeiro deste ano. Segundo o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, o custo para o Tesouro com os empréstimos ao BNDES chegou a R$ 15 bilhões no ano passado. É que o governo se endivida a taxas de mercado e empresta ao BNDES ao custo da TJLP. Pega dinheiro mais caro do que empresta, e o prejuízo é transferido para todos nós. ‘Trata-se do mesmo valor do programa Bolsa Família. Mas esse gasto não foi aprovado pelo Congresso, nem foi discutido com a sociedade. É um custo que não está devidamente contabilizado no Orçamento’, disse o economista.
“A Caixa Econômica se envolveu naquela enorme e jamais explicada trapalhada do Banco PanAmericano, quando comprou 49% de um banco que estava falido e que precisou de R$ 4,3 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito para não quebrar. Se quebrasse, a Caixa ficaria com os bens indisponíveis. E depois teve que fazer novas operações para fortalecer o banco, depois de salvo.
“No começo deste ano, o governo fez uma manobra fiscal complexa em que acabou capitalizando a Caixa com uma série de ações que estavam na BNDESPar. Nisso, ela virou sócia até de frigorífico. O BNDES empresta muito a poucos. O grau de concentração é cada vez mais alto. Essa coluna já tratou inúmeras vezes dos excessivos empréstimos e capitalizações das empresas do grupo JBS para fazer o nosso campeão da carne.
“Os casos de piora dos ativos e passivos e de interferência em bancos públicos são muitos. Tudo tem sido assunto para alertas sucessivos de especialistas. O que a Moody’s fez, ao rebaixar o BNDES, BNDESpar e Caixa, é confirmar temores de brasileiros. Seria bom que o governo entendesse do que se fala, afinal de contas.
“O número que melhor ilustra o fracasso das injeções de dinheiro no BNDES é a queda de 4% no investimento em 2012. A formação Bruta de Capital Fixo, sinônimo de investimentos, está em queda há dois anos em relação ao PIB: saiu de 19,5% em 2010 para 18,1% em 2012.” (Míriam Leitão, O Globo, 22/3/2013.)
* Critérios políticos se sobrepõem aos técnicos. O contribuinte, é claro, pagará a conta
“O rebaixamento da qualidade dos ativos do BNDES e da Caixa Econômica por uma das maiores agências de classificação de risco, a Moody’s, é uma advertência à maneira como o governo Dilma vem turbinando o crédito.
“Ontem (quinta-feira, 21/3), o vice-presidente de Controle e Risco da Caixa, Raphael Rezende, fez pouco-caso do alerta. Disse que as operações elevaram o lucro da instituição e que a decisão da Moody’s apenas alinhou os riscos da Caixa, um banco estatal, aos do próprio governo.
“Meia-verdade. O maior lucro no curto prazo tende a rarear na medida em que os índices de inadimplência obrigarem esses bancos a aumentar suas provisões para cobrir o retorno duvidoso desses empréstimos. Além disso, o rebaixamento não alcançou, por exemplo, o Banco do Brasil, que vem sendo bem mais cuidadoso na concessão de créditos do que a Caixa e o BNDES.
“E aí chegamos ao talo do problema. Tanto o BNDES como a Caixa se atiraram com sofreguidão à distribuição de financiamentos, mais preocupados em produzir estatísticas do que com a qualidade de serviço – veja, no gráfico, a evolução do saldo na carteira de crédito das duas instituições nos últimos três anos.
“Ambos vêm atendendo à aflição do governo Dilma com o baixo nível dos investimentos. O BNDES segue elegendo os campeões do futuro e injetando-lhes créditos subsidiados, sem considerar que muitos desses seus clientes não precisariam de vitamina oficial, uma vez que dispõem de capital próprio ou de capacidade de endividamento para levantar recursos no mercado, tanto aqui como no exterior.
“A Caixa atende especialmente ao financiamento habitacional, nem sempre disposta a conferir se a renda familiar do comprador comporta o tamanho do financiamento a que fica comprometido. E nem poderia ser diferente para um banco, como a Caixa, que expandiu sua carteira de crédito em nada menos que 40%, em cada um dos últimos três anos.
“E quem está dizendo que os critérios técnicos nesses dois casos estão sendo passados para trás é a própria Moody’s, que justificou o rebaixamento em dois níveis das notas do BNDES e da Caixa, pela ‘deterioração na qualidade de crédito intrínseca dos bancos e, particularmente, ao enfraquecimento das suas posições de capital de nível 1’. Ou seja, tanto o BNDES como a Caixa estão emprestando mais do que comporta o tamanho dos seus respectivos capitais. ‘Os empréstimos do BNDES para os dez maiores clientes’, aponta a Moody’s, ‘subiram para mais de 4 vezes o capital de nível 1 em 2012, de 3,4 vezes em 2010. As grandes exposições da Caixa Econômica equivalem a 1,5 vez seu capital de nível 1 em 2012, vindo de 1,1 vezes em 2010’. Ou seja, não é pouca coisa.
“Em ambos os casos, critérios políticos vêm se sobrepondo aos técnicos, no pressuposto de que, se alguma coisa der errado, o Tesouro comparecerá pressuroso com sua UTI, sempre disponível. É a ligação direta entre o Tesouro e esses bancos oficiais, anomalia que corrobora as críticas de que o governo trouxe de volta a Conta Movimento que, até 1986, caracterizava a relação incestuosa entre o Banco do Brasil, que gastava o que os políticos mandavam, e o Tesouro (ou seja, o contribuinte), chamado a pagar a conta.” (Celso Ming, 22/3/2013.)
* Com balanço questionado, BNDES agora tem dificuldade para captar recursos no exterior
“Uma das manobras contábeis feitas pelo governo federal para garantir o cumprimento da meta fiscal em 2012 vai dificultar a vida do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco terá enorme dificuldade para captar recursos com investidores internacionais por causa de ressalva incluída no seu balanço do segundo semestre do ano passado pela KPMG, contratada para fazer a auditoria externa.
“É um obstáculo que se soma ao rebaixamento da nota de classificação de risco de crédito pela agência Moody’s, anunciado na semana passada.
“Com as portas mais fechadas no mercado internacional, o BNDES fica ainda mais dependente do Tesouro Nacional para se financiar. Somente no ano passado, o Tesouro repassou R$ 55 bilhões de empréstimo ao banco de fomento.
“A ressalva, que colocou um entrave às captações externas do banco, foi feita pelos auditores porque uma decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), tomada às vésperas da virada do ano, permitiu inflar o lucro do BNDES em R$ 2,38 bilhões. A medida adotada permite que um quarto das ações na carteira da instituição não precise mais ter valor de referência atualizado quando há grandes oscilações de mercado.
“Dessa forma, o lucro do banco não foi afetado pela queda das cotações das principais papéis que detém. Com isso, o BNDES garantiu o pagamento de mais dividendos ao Tesouro, que, assim, conseguiu mais receitas para cumprir a meta de superávit primário das contas públicas.
“A ressalva não impede o acesso do BNDES ao mercado internacional, mas restringe o universo de compradores dos papéis do banco.
“Isso porque grandes investidores institucionais americanos, europeus e asiáticos, como, por exemplo, fundos de pensão e outros fundos de investimentos, têm restrições à compra de títulos de instituições que apresentam ressalvas envolvendo o lucro do emissor.
“Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a contabilidade do banco ficou comprometida porque a exceção dada pelo CMN ao BNDES ignorou algo que é importante para os investidores: a marcação do preço das ações pelo valor de mercado. Fontes do mercado financeiro e do próprio governo confirmaram as dificuldades que podem ser enfrentadas pelo BNDES. ‘Com nota rebaixada e com ressalva envolvendo lucro no balanço, será difícil, realmente, encontrar um investidor que aceite comprar esse papel. Especialmente porque as perspectivas neste momento e as informações que dispomos não são positivas’, afirmou o administrador de um grande fundo internacional de investimentos.” (Adriana Fernandes e João Villaverde, Estadão, 26/3/2013.)
A desorientação na área de energia
* A falta de uma política para o álcool causa distorções que vão dos canaviais ao bolso do dono do veículo
“Dentro de mais duas semanas começa mais uma safra da cana de açúcar no Centro-Sul. A expectativa é de crescimento da produção tanto de matéria-prima como de produtos acabados. Mas o principal problema continua sem solução, porque o achatamento dos preços dos combustíveis derivados de petróleo continua desestimulando o setor.
“(Apenas para refrescar a memória: o álcool tem 70% do poder energético da gasolina. Cada vez que os preços do álcool ultrapassam o nível de 70% do preço da gasolina, o consumidor tende a substituir o álcool pela gasolina.)
“Hoje, cerca de 40% da frota nacional de veículos leves dispõe de motores flex, que podem funcionar com qualquer proporção de álcool ou gasolina. Na semana passada, os levantamentos da Agência Nacional do Petróleo mostraram que os preços do álcool nos postos de combustível estavam algo acima de 71% dos preços da gasolina. Os subsídios à gasolina são um dos fatores responsáveis pelo forte aumento do consumo de 19%, em 2011, e de 12%, em 2012, em relação ao consumo do respectivo ano anterior.
“A produção brasileira de álcool na temporada passada foi somente 3% maior do que na anterior. Os 21 bilhões de litros gerados ficaram muito aquém do recorde obtido dois anos antes, de 27 bilhões de litros (veja o gráfico).
“A consultoria Datagro prevê para esta safra produção de 26 bilhões de litros de álcool, um aumento de 13% sobre a do ano anterior. No Centro-Sul, de onde provêm 90% do álcool do País, deverão ser moídos 587 milhões de toneladas de cana, 10% a mais do que na safra 2012/2013. Desse total, 51% serão destinados à produção de álcool.
“Não dá para seguir afirmando que o setor continua tão desestimulado como antes. Conta agora com melhores condições em pelo menos três áreas:
“(1) Revisão de preços – desde junho, o governo concedeu dois reajustes nos preços da gasolina que reduziram a diferença entre os preços internos e externos. Os cálculos sobre essa diferença variam de instituição para instituição. O Deutsche Bank, por exemplo, avalia que ainda falta reajustar a gasolina em 7%.
“(2) Mais álcool na mistura – a partir de maio, quando se espera que a produção do ano já tenha tomado ritmo, a proporção de álcool anidro na gasolina comum deverá aumentar de 20% para 25%, o que garantirá mais demanda para o produto.
“(3) Desoneração – o governo já prometeu reduzir, ou até eliminar, as contribuições do PIS-Cofins sobre os preços do álcool nas usinas. Se e quando sair, essa decisão deverá baixar sensivelmente os custos de produção.
“São providências na direção correta, mas insatisfatórias se o objetivo é transformar o Brasil em grande produtor mundial de combustíveis renováveis e ecologicamente corretos. O governo não tem uma política clara para o setor. Às vezes parece dar prioridade à produção e ao refino de petróleo, como se o álcool lhe fizesse concorrência desleal; outras, dá a entender que teme acusações de que esteja prejudicando a produção de alimentos para favorecer a produção de combustíveis. É uma política ou falta de política cujas distorções começam no canavial e acabam no bolso do proprietário do veículo.” (Celso Ming, Estadão, 23/3/2013.)
* As dúvidas regulatórias e a pouca chuva exigirão extrema competência do governo – que não tem nenhuma competência
“Não fosse bastante o clima de insegurança regulatória que passou a pairar sobre o setor elétrico com a desastrada intervenção do governo em nome da boa causa do corte de tarifas, a temporada de chuvas está no final e os reservatórios se encontram, na média, no nível mais baixo dos últimos dez anos, com apenas 52% de sua capacidade no Sudeste e Centro-Oeste, onde estão 70% da capacidade de armazenamento de água do sistema.
“Infelizmente, do ponto de vista da geração de energia, tem chovido no lugar errado: mais no litoral e menos nas cabeceiras dos rios que abastecem os reservatórios das hidrelétricas.
“Os dois ingredientes misturados — dúvidas regulatórias e falta de chuvas — exigirão do governo uma competência administrativa em alto grau. E não apenas no setor elétrico, mas na gestão financeira e fiscal. Pois, se confirmado o mau período hidrológico, as termelétricas terão de ficar ligadas sem interrupção até o próximo ciclo de chuvas, no verão de 2013/2014. E por terem as térmicas um custo operacional mais elevado que as hidrelétricas, por usarem gás, óleo diesel e óleo combustível, em vez de água,o Tesouro, calcula-se, terá de destinar R$ 11 bilhões para fechar as contas das empresas, ou seja, a despesa de R$ 2,6 bilhões feita em 2012 com o mesmo fim multiplicada por quase cinco.
“Sem este dinheiro, as operadoras quebrariam ou a presidente Dilma teria de voltar atrás na promessa do corte de 20% na conta de luz. Ruim para a economia, mortal para o projeto da reeleição.
“Do tamanho de quase metade de um orçamento anual do Bolsa Família, a despesa não prevista se soma aos efeitos das desonerações tributárias e de uma economia cujo crescimento deverá ficar na faixa dos 3%, com reflexos na arrecadação, e começa a estreitar a margem de manobra no campo fiscal.
“Juros mais baixos são sempre uma ajuda. Mas contar com eles como variável da equação fiscal, e quando a inflação se mostra ameaçadora, é querer viver perigosamente.
“Ao mesmo tempo em que gerencia esta conjuntura, o governo precisa consertar o estrago feito ao impor uma desvalorização patrimonial às empresas, na renovação imposta de concessões e revisão de tarifas. Foi tão draconiana a operação que apenas as estatais federais ‘aceitaram’ as condições.
“As desvalorizações em bolsas, no Brasil e lá fora, foram substanciais, sinal de que custará bem mais caro qualquer capitalização via mercado para financiar investimentos.
“E, como em todos os outros setores da economia, faltam investimentos. Para os quais é essencial a iniciativa privada, porque o Estado não tem condições de tocá-los. Como em vários outros setores, o governo Dilma precisa reconquistar a confiança dos investidores. Até para ampliar o parque termelétrico, a salvação em 2013 e sempre que não chover.” (Editorial, O Globo, 26/3/2013.)
* O governo deveria estar recomendando economia de energia. Faz exatamente o contrário – e nós pagamos a conta
“De olho em 2014, o governo lançou as regras para a renovação das concessões do setor de energia elétrica, por meio da Medida Provisória n.°579, posteriormente convertida na Lei n.° 12.783/2013. Como contrapartida para a renovação, foi imposta às empresas uma significativa redução nas tarifas, objetivando um desconto médio de 18%, para os consumidores residenciais,e de 32%, para a indústria. Esse desconto deteriorou o caixa das empresas do setor, sobretudo as controladas pelo governo. Seja pela imposição de condições a essas empresas ou pela transferência do custo dos consumidores para o contribuinte, o processo vai sendo executado aos trancos e barrancos e os grandes beneficiários são os consumidores do mercado cativo.
“Sabe-se que as indústrias, na sua grande maioria, compram a sua energia no mercado livre e, portanto, não serão tão beneficiadas pela lei. O consumidor residencial estará, por um lado, recebendo um desconto de 18%, mas a contrapartida desse desconto será paga por ele mesmo, como contribuinte.
“Simultaneamente às medidas de redução das tarifas, para azar do governo, ocorreu o esvaziamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas, por falta de chuvas. A escassez de energia deu-se justamente no momento em que o consumo no mercado cativo tende a crescer, estimulado pelas tarifas mais baixas. A redução do nível dos reservatórios levou à geração de energia térmica, que, por sua vez, causou um desbalanceamento do caixa das distribuidoras – e elas foram até Brasília solicitar uma solução para essa despesa extra.
“Tendo em vista o objetivo eleitoral, inicialmente o governo disse “não”. Isso porque a elevação das tarifas desmoralizaria o desconto trombeteado pelo governo como uma ação em favor do povo. Além disso, os reajustes nas tarifas teriam efeito imediato nos índices da inflação. Mas era preciso encontrar uma saída para cobrir um rombo bilionário das empresas distribuidoras. Por contrato, as empresas podem repassar essa elevação de custos aos consumidores, desde que autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A revisão tarifária ocorre, normalmente, uma vez por ano. Contudo, em casos de ameaça à saúde financeira, as empresas podem requerer revisões extraordinárias. E este é o caso.
“Pelos cálculos da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o valor acumulado desde o início do despacho das térmicas, em outubro de 2012, já ultrapassa os R$ 4 bilhões. Se as térmicas vierem a gerai” durante todo o ano de 2013, isso custará algo em torno de R$ 25 bilhões.
“A solução encontrada para não elevar as tarifas do mercado cativo e, ao mesmo tempo, não causar grandes danos financeiros às distribuidoras foi, mais uma vez, usar o dinheiro do contribuinte. Desta vez, o governo concederá um empréstimo às distribuidoras, com a finalidade de cobrir 8o%do buraco causado pela compra de energia térmica, por um prazo de cinco anos e juros da TJLP.
“No mesmo contexto, as geradoras foram obrigadas pelo governo a assumir custos não previstos decorrentes da geração das termoelétricas. Por isso, certamente, as geradoras também exigirão do governo algum tipo de ajuda para o ajuste de seus fluxos de caixa.
“Esses montantes nada têm que ver com os mais de R$ 8 bilhões que o governo gastará para implantar o badalado desconto nas contas de luz. Serão custos adicionais ao Orçamento da União, estimados em R$ 16 bilhões. A soma desse valor àquele das indenizações, definidas para a renovação dos contratos de concessão, resultará em mais de R$ 50 bilhões.
“Na atual conjuntura, o governo deveria recomendar aos consumidores comedimento e uso racional de energia elétrica, por causa do baixo nível dos reservatórios e do elevado custo de geração das térmicas. Prevalece, no entanto, a opção pelo estímulo ao consumo, fruto da prática de preços artificialmente baixos, para a qual se esbanjam os recursos do Tesouro Nacional arrecadados do contribuinte.” (Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, e Abel Holtz, consultor na área de energia elétrica, Estadão, 27/3/2013.)
Tudo errado nas decisões sobre a Economia
* “A cadeia da inépcia não dá cadeia, infelizmente”
“É antigo o dito popular: ‘Quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza’. É o caso do PT no governo: o partido que nunca tinha comido melado, quando assume o poder nacional, se lambuza, tal a maneira atabalhoada com que o exerce. E se lambuza não só com a corrupção desbragada, praticada, incentivada e acobertada por membros e lideranças partidárias, a ponto de gerar inveja entre velhos e notórios corruptos.
“Felizmente, a opinião pública, a imprensa, o Ministério Público e a Justiça têm combatido a corrupção melhor e mais acuradamente. (…)
“Na limpeza da lambuzeira venal, é possível dizer que já estamos no caminho do bom combate e, dentro mesmo do PT, vozes respeitáveis têm dado apoio à ala ética do partido e aplaudido a coibição dos desmandos não programáticos e pra lá de incorretos do ponto de vista político.
“Mas há o lado da lambuzeira gerencial.
“A sofreguidão do PT em fazer coisas demais a toque de caixa – sem experiência para isso, sem dar ouvidos ao bom senso dos quadros mais tarimbados da administração e desconfiando de que tudo é conspiração do tucanato que precisa ser combatida em cada esquina do caminho – gerou essa coisa que eles chamam de ‘jeito petista de governar’, em que cada medida adotada para resolver um problema gera dez outros problemas. (…)
“De qualquer forma, a inflação mostrou sua cabeça de hidra e, aí, mais uma vez, a resposta do jeito petista de governar foi tentar contê-la congelando preços de combustíveis e gás de cozinha e reduzindo à força o custo do dinheiro, o que exacerbou ainda mais o consumo já explosivo. Nos combustíveis, a peteca ficou com a Petrobrás, que luta para cumprir o seu programa de investimentos e passou a ser olhada com desconfiança por financiadores e acionistas.
“Em busca de mais fórmulas para deter a marcha da inflação, decretou-se o corte nas tarifas de energia, alegrando o populacho, mas gerando graves problemas para o futuro das elétricas, cuja rentabilidade presente e prevista fica ao sabor de decisões em cima do joelho e que precisariam dar segurança a financiadores, internos e externos.
“Fundos de pensão e aposentadorias, bancos, empresas privadas e pessoas físicas são acionistas de quase todas as empresas de energia. Na semana passada, os da Cemig viram seu patrimônio em ações da companhia derrubado em cerca de 14% pela simples informação de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende mudar o processo de revisão tarifária da estatal, o que puxou para baixo o valor das ações de todas as estatais elétricas.
“Para terminar: BNDES, BNDESpar e Caixa Econômica viram rebaixada sua classificação internacional de risco por causa das carteiras de créditos baratos e, em muitos casos, podres que o jeito petista de governar obrigou essas instituições a fornecer.
“Nem falei dos bilhões que a União vai ter de devolver aos contribuintes por causa de trapalhadas da Receita na cobrança de PIS e Cofins, desde 2004.
“São ‘malfeitos’ que não dão prisão, pois resultam de uma cadeia de inépcia de difícil identificação, que começa na Presidência da República, e pela qual todos nós pagaremos, via Tesouro.” (Marco Antonio Rocha, Estadão, 25/3/2013.)
* “O governo tateia freneticamente num labirinto escuro, vítima da hiperatividade”
“O descaso com a concepção de um modelo de crescimento de longo prazo cobra agora seu preço. Comemos as sementes, e agora há pouco a plantar. O raio de manobra da política econômica se estreitou, as opções são poucas e o governo tateia freneticamente num labirinto escuro, vítima da hiperatividade. Vivemos uma soturna combinação entre baixo crescimento e inflação ainda alta.
“Atende pelo esdrúxulo nome de apofenia a distorção cognitiva de perceber um padrão de comportamento ou uma deliberada estratégia em situações que são meramente aleatórias. Convém não cair na tentação de subestimar o fato importante de que a sorte muda e, com ela, mudam os destinos dos homens – e mulheres. O longo período pré-eleitoral será uma corrida contra o tempo, com o governo torcendo para que o baixo crescimento não contamine o mercado de trabalho e afete os humores do eleitorado. A presidente, manietada por uma coalização de interesses conflitantes, resta pouco mais do que dizer se vai dar par ou ímpar. Como já disse Simone de Beauvoir, o acaso tem sempre a última palavra.” (Luís Eduardo Assis, economista, Estadão, 25/3/2013.)
E os “malfeitos” continuam
* Fragilidades na execução do Samu incluem suspeita de desvios de dinheiro público
“Uma das ações mais populares do governo federal e que custou R$ 487,9 milhões em 2012, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) sofrerá, pela primeira vez na sua história, uma profunda devassa da Controladoria Geral da União (CGU). Em 2011, fiscalização indireta feita pelo órgão concluiu que a gestão do programa apresentava ‘fragilidades’, evidenciadas em inquéritos por má gestão do dinheiro público, abandono de ambulâncias e até suspeita de desvio de verba em diversos estados.
“Parte da Política Nacional de Atenção a Urgências, o Samu presta atendimento de resgate de emergência em residências, locais de trabalho e vias públicas mediante chamado pelo telefone 192. Neste ano, o sistema completa dez anos com 2.528 unidades instaladas e uma frota de mais de 2.670 ambulâncias.
“Casos identificados pelo Globo em todo o país mostram gestões deficientes. Ofício enviado mês passado pelo Samu de Paranaguá (PR) à Procuradoria da República ilustra essa situação: há três meses os funcionários do Samu estão sem receber os salários, e insumos e materiais hospitalares estão sendo doados ou emprestados por outros órgãos públicos e privados.
“O documento foi apresentado após o Ministério Público Federal requerer uma manifestação do Samu sobre as denúncias de mau funcionamento. ‘Estamos sem condições técnicas e de insumos para realizar o processamento dos materiais médico/hospitalares utilizados diariamente nos atendimento’, resume o ofício assinado pelo coordenador da unidade, Élcio Alberto Ruiz.” (Silvia Amorim, O Globo, 24/3/2013.)
A máquina inchada e incompetente
* Tem tanto ministério que um deles é jilozinho
“Com a transferência do seu titular, o veterano político Wellington Moreira Franco, para a Secretaria da Aviação Civil, na semana passada, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) ficou a cargo, interinamente, do economista Marcelo Neri. Até então ele conduzia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o reputado Ipea. Isso porque a presidente Dilma Rousseff não conseguiu despertar o interesse dos caciques partidários pelo cargo, um dos 15 equiparados na administração federal aos atuais 24 ministros de Estado. Pelo menos duas legendas procuradas, o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab e o PMDB do vice Michel Temer, à qual Moreira Franco é filiado, declinaram da oferta.
“No país onde os partidos ‘fazem o diabo’, como diria Dilma, para alojar os seus no primeiro escalão do governo e onde ela trincha o Gabinete em generosas porções para comprometer as agremiações beneficiadas com o mais estratégico de seus projetos – a reeleição -, o desdém dos interlocutores do Planalto pela SAE é perfeitamente compreensível, dado o que dele esperam. Para começar, o orçamento do ‘Ministério do Futuro’, como o órgão foi batizado quando Lula lhe deu a forma atual em 2008, nomeando para sua direção o trêfego Roberto Mangabeira Unger, dublê de acadêmico bem-sucedido e político frustrado, é uma quirera da ordem de R$ 15 milhões.
“Para ter idéia, o do Ipea, vinculado à própria Secretaria, é quatro vezes maior, ou R$ 63 milhões – o que faz sentido. Além disso, como observam os parlamentares, ‘a pasta não tem recursos, não executa obras nem o secretário é recebido pela presidente’, enumera o deputado Lúcio Vieira Lima, do PMDB baiano, decerto ecoando os argumentos dos seus pares, sem distinção de siglas. ‘O partido que assumir não terá nada para mostrar’, resume. É disso que vivem os mandatários – poder e prestígio, os quais variam na razão direta dos recursos públicos sob o seu controle ou influência e do número de cargos comissionados ao alcance de suas canetas. Na SAE, limitam-se a 145.
“Perto das mais de 22 mil vagas chamadas de livre provimento no Executivo, isso e nada é a mesma coisa. Daí o ‘Ministério do Futuro’ ter outro apelido entre os chamados a compartilhar da mesa de refeições do governo: ‘Jilozinho da Esplanada’. O deboche dos comensais, diga-se desde logo, não deve ser tomado como prova da desimportância da SAE. Não há Estado que valha o nome que não disponha de um think-tank, ou mais de um, voltado para formular os cenários de longo prazo com que o País terá de se haver, e até mesmo para oferecer sugestões fundamentadas em relação a diretrizes governamentais do agora e aqui. Militares fazem isso o tempo todo, nas áreas de sua competência – não só em matéria de defesa nacional, como ainda de inovação tecnológica, por exemplo. Diplomatas, evidentemente, também.
“Assentada a necessidade de um organismo público que ‘pense grande’, trata-se de saber se deve competir pelos holofotes que aquecem as elites do poder. O subsecretário de Ações Estratégicas da SAE, economista Ricardo Paes de Barros, acha que a imagem da Secretaria seria outra se a presidente lhe desse crédito pela sua contribuição para a criação de programas de apelo popular. ‘A Casa Civil também não executa nada’, compara, ‘mas tem visibilidade porque influencia o pensamento da presidente.’ Essa, no entanto, é uma questão relativamente secundária. Os problemas da SAE decorrem, antes, da proliferação, nos últimos 10 anos, de entidades oficiais cujos dirigentes têm status ministerial.
“Sabe-se lá quantas delas foram criadas apenas porque era preciso aumentar o número de assentos na primeira classe do governo para acomodar, como acham que merecem, figuras politicamente valiosas para o Planalto. Quanto maior a quantidade de Secretarias, mais oportunidades haverá para oferecer prêmios de consolação a políticos desempregados, em razão principalmente da lealdade política que demonstrem do que da familiaridade que tenham com os assuntos que lhes tocarão administrar. De resto, o status de ministro de qualquer dos quatro titulares da SAE desde o seu surgimento em nada contribuiu para o progresso do País. Ultimamente, ela só foi notícia quando o mais recente deles, Moreira Franco, disse que o órgão não elege nem vereador.” (Editorial, Estadão, 26/3/2013.)
A máquina perdulária
* Gastos do governo com diárias crescem 22%
“O governo federal gastou no ano passado quase R$ 1 bilhão em despesas com diárias para 285 mil servidores federais, incluindo ministros do governo Dilma Rousseff. Esse montante não inclui outras despesas de viagens de trabalho do funcionalismo, como passagens e outros meios de locomoção. Foram pagos R$ 858 milhões, 22% a mais em relação a 2011. O aumento ocorreu a despeito de o próprio governo ter anunciado no início de 2012, por ocasião do contingenciamento de mais de R$ 55 bilhões no Orçamento Geral da União, que pretendia reduzir esse tipo de despesa.
“Na época, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que estava sendo aperfeiçoado o sistema de pagamento de passagens e diárias dos ministérios, com simplificação de procedimentos, e que o controle seria mais rígido. ‘Em alguns casos, os controles serão apertados para garantir que esse tipo de gasto não cresça’, afirmou na ocasião.
“O Ministério do Planejamento não explica especificamente por que essa despesa cresceu se a intenção era reduzi-la. Mas justifica que, embora maior do que em 2011, o gasto com as viagens oficiais do funcionalismo no ano passado está dentro do limite estabelecido pela Portaria MP nº 75, de 8 de março de 2012, que era de R$ 1,677 bilhão para despesas com diárias e passagens — não há um limite só para as diárias.
“Os maiores gastos são registrados nos ministérios maiores, com grandes estruturas nos estados. Em 2012, o Ministério da Justiça aparece no Portal da Transparência com o maior volume pago em diárias (R$ 159 milhões), incluindo nessas despesas a Polícia Federal. O da Educação é o segundo, com R$ 141 milhões, abrangendo toda a rede federal de ensino. Em seguida aparecem Defesa (R$ 136 milhões); Previdência (R$ 68 milhões) e Saúde (R$ 45 milhões).” (Luiza Damé e Catarina Alencastro, O Globo, 26/3/2013.)
O festival de besteiras que assola o Enem
* Os autores das provas orientam os corretores a “aproveitar o que for possível”!
“O que diria Tia Zulmira, a engraçada personagem criada por Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do impagável cronista Sérgio Porto, no início dos anos 60, ao enchergar (isso mesmo, com ch) numa dissertação sobre movimentos imigratórios para o Brasil no século 21 uma receita de Miojo e um trecho do hino do Palmeiras? Acharia rasoavel (assim mesmo, com s e sem acento) as notas 560 e 500, de um total de 1.000, obtidas, respectivamente, por um galhofeiro que mostrou como se faz o famoso macarrão instantâneo e por um apaixonado torcedor do Verdão? E que nota daria ao Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que orienta os corretores da prova a ‘aproveitar o que for possível’, mesmo ante a inserção de textos com evidente intenção de desmoralizar o processo corretivo? O próprio autor da receita confessa que seu intuito era mostrar que ‘os corretores não leem completamente a redação’. A velha senhora da família Ponte Preta enquadraria seguramente os personagens em questão no Festival de Besteiras que Assola o País, sempre muito farto por ocasião do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). E aproveitaria para pinçar mais uma pérola que explica o motivo de tanta asneira no famigerado concurso: ‘O nervo ótico transmite idéias luminosas ao cérebro’.” (Guadêncio Torquato, Estadão, 24/3/2013.)
Montanhas de problemas em 2013. Mas eles só pensam em 2014
* Eleição já, para não ter que trabalhar
“Todas as estradas que levam aos Portos de Santos e Paranaguá estão bloqueadas por filas de caminhões carregados com a supersafra de 38 milhões de toneladas de soja esperando para descarregar o produto em terminais portuários incapacitados para embarcar tanto grão. A China, a maior compradora do mundo, está desistindo, à medida que o tempo passa, do que adquiriu e, por causa disso, o minério de ferro não foi ultrapassado pela leguminosa como o maior produto de exportação da nossa Pátria amada, idolatrada, salve, salve! Enquanto tudo isso ocorre, a presidente Dilma Rousseff põe Antônio Andrade, peemedebista mineiro, no lugar de Mendes Júnior, peemedebista gaúcho, no Ministério da Agricultura. Mas não por causa do apagão da logística ou pelo colapso da infra-estrutura, e sim porque trata de acomodar mais partidos em seu superpalanque da eleição de 2014.
“A soja tinha de ser entregue faz tempo, mas a maior responsável pela operação desastrosa dos nossos portos só pensa no que vai ter de enfrentar em outubro do ano que vem – daqui a um ano e sete meses. Pode? Pois é! Diante da expectativa de os paulistas não conseguirem passar o feriado da Páscoa no litoral ao pé da Serra do Mar porque a Piaçaguera-Guarujá está intransitável, não há um líder oposicionista empenhado em entender, explicar, traduzir e criticar o absurdo. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) não foi solidarizar-se com os caminhoneiros paralisados, mas gastou todo o seu tempo e seu latim para apagar o fogo ateado com as manifestações de apreço de José Serra (PSDB-SP) pelo adversário Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Assim como o governo, a oposição só pensa naquilo para depois da Copa.
“Os meios de comunicação não ficam atrás. Apesar de noticiarem o absurdo de uma burocracia que culpa o excesso de produtos a exportar, e não o descalabro dos portos mal administrados e das estradas esburacadas, dão destaque mesmo às potencialidades (se é que há alguma) da Rede de Marina Silva.
“Na semana passada, o governo anunciou que a Petrobrás não venderá mais a refinaria de sua propriedade em Pasadena, no Texas (EUA), por causa do prejuízo que teria. Ora bolas, o prejuízo já foi dado! Agora a questão se resume a ter um prejuízo de US$ 1 bilhão, se a estatal brasileira conseguir passar adiante o mico que comprou dos belgas, ou US$ 1, 180 bilhão, se mantiver em sua contabilidade a atividade gravosa da empresa mal comprada. Não consta que haja um agente da republicana Polícia Federal do dr. José Eduardo Martins Cardozo investigando quem saiu ganhando na compra, que, aliás, só acrescenta mais um grão no areal de lambanças de uma empresa cujos donos somos nós.
“Mas a oposição foi para o circuito Elizabeth Arden do tríduo momesco no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro e deixou a nau capitânia do ‘petróleo é nosso’ afundar num mar de lama. Prometeu voltar depois da Quarta-Feira de Cinzas e ficou na muda esperando a Páscoa chegar, que, como diria o poeta pernambucano Ascenso Ferreira, conterrâneo do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, ‘ninguém é de ferro’.
“O ex-governador Serra trocou afagos em público com o neto do dr. Miguel Arraes para despertar a ciumeira de Aécio, a cuja indiferença atribui grande responsabilidade por sua derrota na eleição presidencial de 2010. Depois de perder de novo, em 2012, para outro poste de Lula, Fernando Haddad (PT), a Prefeitura de São Paulo, deixando desprotegido mais um bastião da oposição à invasão do bloco governista, formado por PT e PMDB, o furibundo tucano nem quis saber da surra que o partido dele levou da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste fim de semana. Como se diz sempre nessas pesquisas, ‘se a eleição fosse hoje’… Acontece que não é, e por isso mesmo a pesquisa de nada vale. Mas o professor Serra nem se deu ao trabalho de constatar.
“Pesquisa de opinião pública é ‘o retrato do momento’, dizem os marqueteiros que fazem os seus clientes pagar uma fortuna por essa inutilidade. Ou seja, as pesquisas que dão como certa a vitória da presidente na eleição da qual ela é óbvia favorita são como se se fotografasse o treino do Corinthians para o próximo compromisso pelo Campeonato Paulista anunciando que o time será o campeão da Libertadores da América do ano que vem. Aécio Neves até lembrou isso – como destacou que o governo preenche os intervalos comerciais da programação da televisão e a chefe e candidata não se cansa de produzir ‘factoides’ eleitorais –, mas já chega eivado de suspeita por ser o principal interessado. Ou melhor, prejudicado.
“O cidadão continua morrendo nos buracos das estradas agora ocupadas pelos caminhões que não são descarregados nos portos, ou nos pisos nus de uma rede hospitalar pública sem vagas, sem macas e sem médicos. Nossos filhos frequentam estabelecimentos de ensino incapazes de ensinar o bê-á-bá e a tabuada. Mas, empregada (ainda que mal remunerada) e de barriga cheia, com uma Bolsa-Família a receber e uma bolsa-escola a não frequentar, a maioria comemora até o advento de um papa argentino. Como a redução da tarifa elétrica e a isenção de impostos na cesta básica, que não baixou os preços dos alimentos, mas cristalizou o prestígio da presidente entre o povão, que nem carente mais é.
“Carente mesmo é a democracia brasileira, que depende de ídolos como o mais popular de todos, Lula da Silva, padrinho de Dilma, por não dispor de instituições fortes capazes de formar políticos com cultura cívica e burocratas que sejam capazes de fazer algo mais útil do que furtar o erário. Dependente de eleições, como o viciado da droga, nosso Estado Democrático de Direito toma doses de demagogia na veia todos os dias. Com 39 ministérios, o governo não tem como governar e apenas galga o palanque para passar o tempo prestando atenção na arenga que esconde a inércia e o malfeito nossos de cada dia.” (José Nêumanne, Estadão, 27/3/2013.)
29 de março de 2013
Outros apanhados de provas da incompetência de Dilma e do governo:
Volume 75 – Notícias de 9 a 15/11.
Volume 76 – Notícias de 16 a 22/11.
Volume 77 – Notícias de 23 a 29/11.
Volume 78 – Notícias de 30/11 a 6/12.
Volume 79 – Notícias de 7 a 13/12.
Volume 80 – Notícias de 14 a 20/12/2012.
Volume 81 – Notícias de 4 a 10/1/2013.
Volume 82 – Notícias de 11 a 17/1/2013.
Volume 83 – Notícias de 18 a 24/1/2013.
Volume 84 – Notícias de 25 a 31/1.
Volume 85 – Notícias de 1º a 7/2.
Volume 86 – Notícias de 8 a 14/2.
Volume 87 – Notícias de 15 a 21/2.
Volume 88 – Notícias de 22 a 28/2.
Volume 89 – Notícias de 1º a 7/3.
“O número que melhor ilustra o fracasso das injeções de dinheiro no BNDES é a queda de 4% no investimento em 2012. A formação Bruta de Capital Fixo, sinônimo de investimentos, está em queda há dois anos em relação ao PIB: saiu de 19,5% em 2010 para 18,1% em 2012.” (Míriam Leitão, O Globo, 22/3/2013.)
Explica o confunde?
O texto introdutório é significativo, “não vim para explicar vim para confundir”
A leitoinha acho que confundiu os fluxos, Moody`s não é Modess.
Os valetes da imprensa reacionária e burguesa cotinuam fazendo o papel de golpistas disfarçados. Criticam desde a supersafra a falta de chuvas nos lugares certos. Se chovesse no nordeste e a quantidade certa no sudeste a Dilma estaria com mais de 100% alertou o Lula.
O raposa felpuda, mais felpuda que os mineiros Valadares e Tancredo, vai deixando a Dilma às feras. Oficialmente ninguém é candidato, a pré-campnha é fruto da cabeça do ex-presidente, campanha altamente conveniente as suas maquiavélicas pretensões.
A oposição precisa se definir, entre Serra e Aécio, ou Eduardo Campos. Precisa também decidir quem quer enfrentar Dilma ou Lula?
“Quem fala demais, dá bom dia pra cavalo” como diz a Leninha (Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza). A Dilma em pseudo campanha tem dado muitos bons dias.
Mas melhor foi a compilação do texto do valete José Neumane, que conseguiu fazer sua obrigação com força e inteligência.
“O ex-governador Serra trocou afagos em público com o neto do dr. Miguel Arraes para despertar a ciumeira de Aécio, a cuja indiferença atribui grande responsabilidade por sua derrota na eleição presidencial de 2010. Depois de perder de novo, em 2012, para outro poste de Lula, Fernando Haddad (PT), a Prefeitura de São Paulo, deixando desprotegido mais um bastião da oposição à invasão do bloco governista, formado por PT e PMDB, o furibundo tucano nem quis saber da surra que o partido dele levou da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste fim de semana. Como se diz sempre nessas pesquisas, ‘se a eleição fosse hoje’… Acontece que não é, e por isso mesmo a pesquisa de nada vale. Mas o professor Serra nem se deu ao trabalho de constatar”.
Nosso medo é o retrocesso!Executivo ineficiente, Legislativo corrupto e Judiciário político abalam qualquer Estado Democrático. O quarto poder (mídia reacionária) faz o papel que lhe cabe, as oligarquias políticas esperam a adesão da classe média concursada e meritocrática. Uma passeata com vetustas senhoras do Tatuapé, de Copacabana, da Pampulha, dos Moinhos ou do Batel (indiguinadas com o acesso da classe C (empregadas domésticas) a viagens de avião, férias, e cruzeiros marítimos), tal como em 1964 em prol da família,da propriedade, das tradições em nome de Deus.
Mas nem tudo é ruim no país da Dilma. Tem Leninha, tem Brant, tem o português Manuel, ne sempre originais mas sabia e argutamente compilados pelo editor.
Vamos aguardar o Marco Lacerda divulgar a data do recital do violeiro Fernando Sodré em São Paulo.
Vou dormir antes que me mandem.
MarinaS neles.