Era Semana Santa. Estava em Diamantina, depois de alguns anos de ausência. As mesmas pedras capistranas em que eu corria atrás de bola até meus nove anos estavam lá. As mesmas igrejas, a mesma paisagem, o mesmo povo simples. Continue lendo “Jango”
O livrinho e o Supremo
Primeiro eu digo que sou filho de Juiz de Direito e aprendi, desde menino, a valorizar esse tipo de gente que se dedica a resolver conflitos e aplicar, com conhecimento e sensatez, a Justiça. Mais que a lei, a Justiça, pois a legislação que foge do bom direito não deve prosperar, tem de ser revogada. Continue lendo “O livrinho e o Supremo”
Era de madrugada
A lembrança da infância me visita e numa das imagens rememoradas me vejo olhando, da janela da cozinha, para o quintal enorme da casa em que morávamos em Diamantina. Era uma casa que tinha sido, provisoriamente, escola. Tanto que ainda restavam, em cada quarto dela, a inscrição sala 1, 2, ou 3. Continue lendo “Era de madrugada”
Jorge e o feitiço mineiro
Pela primeira vez pisarei no palco da casa do amigo e lá ele não estará. A vida nos deu a pessoa extraordinária, o amigo de todas as horas, o amigo de todos, e de repente, traiçoeiramente, nos levou a figura amada. Continue lendo “Jorge e o feitiço mineiro”
Invento o cais
Quando a vida lá fora se faz quase insuportável, quando o mundo pesa nos ombros, a primeira coisa que faço é abrir a tela do computador e me envolver na imagem da Clara e do Lucas no colo do avô. É um oásis, uma vereda no grande sertão de minha vida. Faço como Ronaldo Bastos e Milton: invento o cais. Continue lendo “Invento o cais”
Rua Caminho do Carro
Um dia, naquelas minhas frequentes conversas com o Tavinho Moura, apresentei a ele uma lista de títulos de futuras canções, todas referentes à minha querida Diamantina. Nomes lindos e sugestivos de ruas, becos e espaços que eu guardara na memória de minha infância. Continue lendo “Rua Caminho do Carro”
A jovem bela senhora
Eu acompanhei atento e de perto, o seu parto. Crescia no útero da nação esperançosa. Todos os olhares cidadãos prestavam atenção àquele momento em que se procurava enterrar as mazelas do passado doído e castrador e encomendar um mundo novo. Continue lendo “A jovem bela senhora”
Os coronéis
Eu me lembro de ouvir casos, na infância, de coronéis que mandavam e desmandavam em suas terras. Eram chefes políticos que se sentiam donos do território e das pessoas. Exerciam um poder quase absoluto. Continue lendo “Os coronéis”
Perguntas sem respostas
É comum nos relacionamentos sociais que as pessoas, postas diante de um questionamento incômodo, saiam pela tangente e façam um discurso inteiramente diverso do que lhes foi perguntado. Políticos, então, são mestres nesse ofício. Falam o que querem, desprezando o interlocutor. Continue lendo “Perguntas sem respostas”
O tempo não passa
Gostei muito de um texto que li nos jornais, de autoria de Carlos Heitor Cony. Para ele, os ministros novos do Supremo, que não participaram do julgamento do mensalão e agora querem influir em suas consequências, estariam emendando um soneto que não escreveram. Continue lendo “O tempo não passa”
Os mascarados
Máscara é um disfarce. Um jeito de esconder, velar a verdade, desinformar.
Na infância, encantava-me com o Zorro e o Batman, heróis das histórias em quadrinho e dos filmes em série do cinema. Continue lendo “Os mascarados”
O importante é comunicar
A timidez da infância costuma, às vezes, me visitar. Vivendo de trabalhar com palavras, essas me faltam em certas situações. Dizer o exato para o momento é essencial. Quantos amores não se realizam, quantas amizades não se perdem na falta da expressão justa e oportuna. Continue lendo “O importante é comunicar”
Responsabilidade e caráter
Quanto pesam o senso de responsabilidade e o caráter na existência, no dia a dia de cada um de nós? Teriam a dimensão de um mundo que carregamos nas costas, como disse Drummond, e não pesam mais que a mão de uma criança? Continue lendo “Responsabilidade e caráter”
Turbilhão
Consulto, antes dela, o mini Aurélio que comprei para minha neta. Meus dicionários são muito pesados para ela. Abri na página de turbilhonar, o que faz com que meu pensamento comece a voltear pelo espaço e pelo tempo, como se febril eu estivesse. Não estou. Mas a imaginação rodopia e busca longe e perto, hoje e ontem, pedaços de acontecimentos e visões. Continue lendo “Turbilhão”
Eles não entenderam nada
Um rio ou um oceano de povo passou na vida do país e eles não perceberam o que se passou, o recado dado, o que está se passando. Continue lendo “Eles não entenderam nada”