Na charmosa Ilha do Mosqueiro, perto de Belém do Pará, não abundam os gatos, mas, desde que me entendo, abundam os cachorros. Continue lendo “Na azulíssima manhã”
In vino veritas
Ele era um gentil-homem e gostava de vinhos. Não sei se estas duas realidades são siamesas, até porque conheço muitas pessoas que, mesmo sem apreciar um generoso Bordeaux ou alguns brancos de Sauternes-Barsac, são irrepreensíveis cavalheiros. Continue lendo “In vino veritas”
Guinle e o tijolo
Para ser franco, acho absolutamente fascinante uma pessoa viver longos 88 anos sem nunca ter trabalhado. Principalmente se, nessa quase centenária vagabundagem, usufruiu sempre daquilo que os trabalhadores classificam como “do bom e do melhor”. Continue lendo “Guinle e o tijolo”
Feliz Natal, garoto
Confesso que jamais havia escutado um assobio igual. Fino, sibilante, penetrante, nem sei direito como defini-lo. A verdade é que passei a escuta-lo em muitas manhãs perto da minha casa, vindo dos lados do Portinho, mais forte ou mais fraco, dependendo do vento. Continue lendo “Feliz Natal, garoto”
Em busca de um autor
No começo dos anos 60, numa Brasília vermelha de tanto barro, eu e ele batíamos bons papos num botequinho de vigésima categoria. O camarada, mineiro, tinha chegado à cidade como peão, pegara em enxadas e carregara pedras, porém, na época, já funcionava como mestre-de-obras. Continue lendo “Em busca de um autor”
Dois casos d’amor
I
Quando a conheci, em 1991, no século passado, ela estava com 21 anos e não poderia haver coisa mais linda na face da terra. Como ostentava na mão direita vistosa aliança, nem foi preciso perguntar se era noiva. Continue lendo “Dois casos d’amor”
De política e ortópteros
Ele anda em torno dos 80 anos e mora numa bela e decadente mansão aqui mesmo no meu bairro campineiro. Não apenas o imóvel, como o próprio camarada, é o que resta de uma das antigas famílias da terra. Continue lendo “De política e ortópteros”
Eu, pescador
No ancoradouro da Enseada dos Pescadores há uma criançada que, geralmente à tarde, atira as linhas para pegar seus peixes. Desde que retornei à Praia do Camaburu, faz alguns dias, tenho observado a turma. Continue lendo “Eu, pescador”
Fascinação
Não sei quantos filmes Billy Wilder, o diretor austríaco que morreu em 2002, fez com Audrey Hepburn, porém dois tenho certeza: Sabrina e Amor na Tarde, ambos deliciosos, como quase tudo que o falecido criou. Continue lendo “Fascinação”
Eles e Amadeus
Faz tempo, faz muito tempo, fui morar numa velho prédio no bairro Campos Elísios, em São Paulo. Falo velho mas não era, necessariamente, um moquifo, uma cabeça-de-porco. Tinha dignidade e até, digamos, certa aura, certo charme. Continue lendo “Eles e Amadeus”
Certa noite, no Alvorada
Quando Madre Paulina, a santa brasileira, foi canonizada, beatificada ou algo parecido, em cerimônia no Vaticano, o presidente Fernando Henrique esteve lá. Assistiu à missa solene com a presença do Papa e, algumas pessoas garantem, até comungou. Continue lendo “Certa noite, no Alvorada”
Mr. Davenport
Malcolm Davenport, marinheiro inglês a caminho do Caribe, naufragou no Atlântico próximo da foz do Rio Amazonas no comecinho do século passado. Bom nadador, foi o único a se salvar, ajudado por precário salva-vidas a que se agarrou com unhas e dentes. Continue lendo “Mr. Davenport”
Favre e o sonho
A grande verdade é que nós, os seres humanos, fomos feitos para a fábula. Poucos conseguem se inserir nela, alcançá-la, porém todos buscam, e a prova mais evidente disso é o imenso sucesso das dezenas de loterias que a Caixa Econômica Federal explora. Continue lendo “Favre e o sonho”
Concerto para clarineta
Sempre que chove à noite como hoje aqui em Campinas, uma chuva mítica e de lentos espantos, lembro de Lars Bjenikold. Imagine uma pequena cidade perdida no litoral do Pará, onde a estação das águas provoca dias de umidade tão intensa que as gotas de vapor chegam a escorrer em nossa própria alma. Pois ali eu tinha uma casinha, franciscana e simpática, há tempos. Continue lendo “Concerto para clarineta”
A moça da tarde
Foi então que, meio na fossa, resolvi, naquele verão, ir para uma cidadezinha na região de Serra Negra para procurar, como se dizia antigamente, meu eixo. Instalei-me numa pousadinha barata e, em poucos dias, estava relativamente bem inserido num pequeno grupo que, todo fim de tarde, ia tomar seus drinques no Ponto Chic. Continue lendo “A moça da tarde”