Têm pipocado tantas notícias nos jornais e revistas comprovando que a competência gerencial de Dilma Rousseff é um mito igual a Papai Noel, a Saci Pererê, que esta semana estou postando dois apanhados, dois textos reunindo matérias publicadas na imprensa.
Era coisa demais para caber num post só. Ficaria quilométrico.
O primeiro post que fiz reunia notícias publicadas entre os dias 20 e 27 de abril.
O segundo, notícias dos dias 28 de abril a 4 de maio.
O terceiro, notícias dos dias 4 a 6 de maio.
Este aqui traz notícias que saíram de 7 a 10 de maio. Mas algumas deste último período, já tive que guardar para o próximo post, para que este não ficasse longo demais.
* O PAC era só marketing mesmo
Dilma foi apresentada como a mãe do PAC, a grande, competente gerentona do Programa de Aceleração do Crescimento. Os exemplos, as comprovações de que o PAC é apenas papo-furado, balela, embuste, simples criação de marketing, como o fura-fila da trinca Duda-Maluf-Pita, não param de aparecer.
Cada exemplo é mais uma prova da incompetência de Dilma. Ela está na presidência só há quatro meses e meio, mas é gerente do PAC, mãe do PAC, desde sempre.
Um breve resumo da não-ópera:
“Nos quatro anos do PAC, das 13.377 obras previstas apenas 19% foram concluídas. Mais de 5.100 empreendimentos nem saíram do papel, permanecendo nos estágios de ‘ação preparatória’ (estudo e licenciamento) ou licitação. A Infraero, nos últimos sete anos, não conseguiu gastar a metade do seu orçamento de investimentos, aprovado pelo Congresso Nacional. O Ministério dos Transportes pretendia investir R$ 78,2 bilhões no período de 2001 a 2010, mas as aplicações não passaram de R$ 48,3 bilhões (61,8%). (Gil Castelo Branco, economista, em artigo no Globo, 10/5/2011.)
Outro breve resumo:
“Na época (da campanha eleitoral de 2010) era previsível que a falta de limites com que o presidente se lançou à campanha iria prejudicar muito eleitor ingênuo. Fez-se comício em assinatura de contrato, lançamento de pedra fundamental, até em visita a canteiro de obras. A reportagem listou alguns exemplos lapidares de manipulação de obras públicas com objetivos eleitoreiros.” (Editorial, O Globo, 10/5/2011.)
* O PAC era só marketing mesmo – alguns exemplos concretos
“Obras do fim do governo Lula estão abandonadas – Promessas feitas para ajudar a eleger Dilma não foram cumpridas”.
Sob essa manchete e esse olhinho, O Globo de 8/5/2011 informou:
“Doze dias antes do primeiro turno das eleições passadas, o então presidente Lula visitava o trecho da Ferrovia Norte-Sul que ligaria Maranhão a Goiás e anunciava que tudo estaria pronto em dezembro. A obra não foi entregue no fim do ano, nem em 30 de abril, como foi estabelecido no balanço do PAC, e tampouco será concluída em julho, como se anunciou mais tarde (é o exemplo 1). Também a reforma do aeroporto de Vitória, visitado por Lula no auge da campanha para eleger Dilma Rousseff, só deve começar no fim deste ano, segundo a Infraero. De norte a sul, obras usadas para alavancar a campanha do PT continuam paradas, atrasadas ou com problemas decorrentes da pressa eleitoral (é o exemplo 2). Em setembro, quando chegaram ao conjunto habitacional Três Marias, no ABC, egressos de favelas viram Lula dizer que o pequeno apartamento seria um pedaço de céu na terra. Agora, continuam sem luz e água e acham que foram usados eleitoralmente (é o exemplo 3).”
Outros exemplos concretos, Estado por Estado, conforme as reportagens do Globo de 8/5/2011:
4 – Mato Grosso do Sul. Oito meses depois de serem anunciados pelo então presidente Lula durante a campanha eleitoral que elegeu Dilma Rousseff, as obras do PAC II em Campo Grande nem começaram a ser executadas. Foram anunciadas na campanha eleitoral: construção de 700 casas populares do Programa Minha Casa Minha Vida; urbanização de córregos; assentamento de famílias que moravam à margem dos riachos; construção e ampliação de terminais de ônibus e implantação de novos corredores de ônibus.
5 – Pernambuco. Conjuntos habitacionais solenemente inaugurados por Lula em maio de 2010 no Recife têm hoje infiltração de esgoto. Na Vila Imperial, os esgotos estão entupidos, o teto de alguns apartamentos desabou, há unidades em que os detritos do pavimento superior escorreram para os inferiores.
6 – Estado do Rio. “Habitado há menos de cinco meses, o conjunto habitacional da Rua Quatro, na Rocinha, já apresenta problemas típicos de uma construção antiga: rachaduras, infiltrações e problemas no abastecimento de água.”
7 – Piauí. O Hospital Escola da Universidade Federal do Piauí, cujas obras foram visitadas por Lula em outubro de 2010, um dia depois de comício de Dilma Rousseff em Teresina, não funciona. Segundo a reitoria, não há funcionários. Durante sua visita, Lula prometeu que haveria concurso público para 1.400 funcionários. Era só papo furado.
8 – Espírito Santo. Em visita ao Estado, em julho de 2010, Lula afirmou que a obra de adequação do contorno rodoviário de Vitória seria concluída em junho de 2011. Segundo dados do Sistema Integrado de Informações Financeiras (Siafi), de R$ 30,6 milhões autorizados no Orçamento deste ano, até agora nenhum centavo foi pago. A conclusão dos trabalho está prevista para 2012.
9 – Santa Catarina. O balanço do PAC informa que o conjunto de obras da BR-101 no Estado será concluído em julho de 2012. Questionado por O Globo, o Dnit informou que a obra termina no final de 2013. Segundo o governo do Estado, a duplicação da estrada só deve terminar em 2015.
* A inflação sobe, e o governo não sabe o que fazer.
Os preços vigiados pelo governo fizeram a inflação romper a meta. O IPCA, o índice usado pelo governo nos cálculos da meta, subiu 0,77% em abril. No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 6,51%, acima do teto da meta do governo para este ano, de 6,5%. Foi a primeira vez que o teto da meta de inflação fixada pelo próprio governo estourou desde 2005. Os combustíveis, que têm os preços vigiados pelo governo, puxaram a alta. Além deles, pesam no índice os reajustes de transporte público, energia elétrica e água, segundo o IBGE. (Estadão e o Globo, 7/5/2011.)
O governo decidiu usar a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás, na tentativa de forçar a queda dos preços dos combustíveis aos consumidores e, assim, segurar a inflação. O ministro Edison Lobão, da Energia, disse que a pressão sobre a BR, que tem 7 mil postos no Brasil, 18% do total, e controla 47,8% do volume de combustível vendido, tem como objetivo acirrar a competição. “O governo vai pressionar a BR para baixar o custo. Se os outros (revendedores) não seguirem a queda, a BR vai vender mais”, disse Lobão. (O Globo, 10/5/2011.)
Essa estapafúrdia intromissão do governo em uma empresa com ações na Bolsa – e que, portanto, não pertence apenas a ele –, essa tentativa de brigar com os preços na base do grito, é uma demonstração cabal de que o governo está mais perdido que cego em tiroteio: não tem idéia do que fazer diante da inflação. Esta afirmação é minha, e eu posso ser acusado de tucano, neoliberal, direitista, PIG, essas coisas. Então lá vai o Ancelmo Gois, no Globo de 10/5/2011:
“Quando o governo começa a brigar com as leis da economia e decide tentar baixar na marra o preço dos combustíveis, pode ter certeza: nossas autoridades estão desesperadas com a inflação e já não sabem mais o que fazer. Com todo respeito.”
* Ministros são pegos com a boca na botija
Três ministros receberam diárias por dias de folga em suas respectivas cidades, e terão que devolver os valores recebidos indevidamente. São Ana de Hollanda (Cultura), Paulo Bernardo (Comunicações) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário).
Essas irregularidades foram apontadas pela imprensa. No dia 8 de maio, o Estadão informou que a ministra Ana de Hollanda recebe do governo diárias em fins de semana sem compromissos oficiais no Rio, onde tem residência. Primeiro a ministra admitiu ter levado o auxílio mesmo sem agenda oficial, alegando que sai mais barato do que fazer nova viagem de ida e volta para Brasília. Pegou mal a explicação, e, em nota divulgada no dia 9, a Controladoria Geral da União informou ter chegado ao entendimento com a ministra de que “seria mais conveniente a devolução”.
O Globo então apurou que o parananese Paulo Bernardo e o baiano Afonso Florence também receberam indevidamente valores pela permanência em suas cidades de origem. Segundo O Globo de 10/5, eles admitiram “erro” nos pagamentos e prometeram devolver o dinheiro.
Aí eu, quieto aqui no meu cantinho, faço duas observações. A primeira: a informação sobre o dinheiro ganho a mais por Ana de Hollanda muito provavelmente foi divulgada por companheiros do PT. O partido parece não ter engolido que o Ministério da Cultura fosse para uma pessoa fora de seus quadros. No dia 9, o secretário de Comunicação do PT escreveu no seu Twitter: “CGU pede para Ana de Hollanda devolver diárias que recebeu sem trabalhar. É a Tapioca Moderna”. Fogo amigo, briga de companheiros.
A segunda observação: não chega propriamente a ser uma grande irregularidade, receber umas diarinhas sem trabalhar. Assusta é a) ministros se sujarem por tão pouco; e b) a gerentona permitir que seus subordinados cometam irregularidades e não dar sequer um pio, quem dirá tomar alguma atitude concreta.
* Aeroportos: mesmo nas raríssimas ocasiões em que acerta, o governo é lerdo. (1)
“Dilma abandona dogma do PT e privatiza aeroportos”. Essa foi a boa manchete do Globo em 27 de abril. O texto realçava as incongruências do lulo-petismo: “Parado há oito anos no Palácio do Planalto, onde sofria restrições do então presidente Lula e da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o projeto de concessão dos aeroportos à iniciativa privada foi anunciado ontem pelo governo como solução para o gargalo aéreo brasileiro. A proposta constava do programa de governo do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e foi atacada pelo PT durante as três últimas campanhas presidenciais.”
* Aeroportos: o governo é sempre a lesma lerda. (2)
O governo decidiu tirar, por enquanto, da lista de concessão à iniciativa privada os aeroportos do Galeão, no Rio, e de Confins, na Grande Belo Horizonte. “De acordo com uma fonte, o Galeão poderá até ficar de fora da lista de concessão, porque o problema do aeroporto não é de infra-estrutura (ele está com capacidade ociosa), mas de má qualidade do serviço prestado.” (O Globo, 7/5/2011.)
* Aeroportos: o governo é sempre a lesma lerda. (3)
“O leilão de concessão das obras dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília pode acabar ficando apenas para maio de 2012, mostra estudo da Infraero e da Secretaria de Aviação Civil ao qual O Estado teve acesso. Mesmo que o leilão seja antecipado, porém, especialistas dizem que as obras terão que ser aceleradas para atender a Copa.” (Estadão, 8/5/2011.)
* Aeroportos: o governo é sempre a lesma lerda. (4)
“O anúncio (de um programa para os aeroportos), que mostrava uma nova visão do governo do PT sobre a privatização, mereceu elogios. (…) Mas, como é comum na administração petista, agora se sabe que nada ocorrerá no prazo anunciado, pois nada está decidido nisso que até agora não passa de intenção do governo de transferir para a iniciativa privada a expansão, modernização e operação parcial ou total dos principais aeroportos do país. (…) O governo não tem nem mesmo idéia precisa do modelo que adotará.” (Editorial, Estadão, 9/5/2011.)
* O governo não reage às agressões no comércio exterior.
A Argentina aumenta as barreiras contra os produtos brasileiros – e não há qualquer reação por parte do governo brasileiro. Do total de exportações realizadas pelo Brasil para a Argentina, 23,9%, quase um quarto do total, são alvo de barreiras. Nos últimos 12 meses, a Argentina da companheira Cristina Kirchner (companheira do lulo-petismo, não do Brasil, é claro) dificultou a entrada de eletrodomésticos, chocolates e máquinas agrícolas, vasos sanitários, brinquedos. Já havia restrições a autopeças, material de transporte, calçados, toalhas. Na contramão, o setor automotivo argentino está sendo beneficiado pelas exportações para o Brasil de veículos fabricados lá. (Estadão, 9/5/2011.)
10 de maio de 2011
O crédito para quem foi o autor, sempre. A piada da lesma lerda, aprendi há muito tempo com Jô Soares, quando ele levou o programa que fazia na Rede Globo para o SBT, em meados dos anos 80.
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