Más notícias do país de Dilma (42)

Duas análises publicadas nesta quinta-feira, 8 de março, demostram que o discurso oficial alardeia uma situação tranquila da economia brasileira que não corresponde, absolutamente, à verdade.

“A política econômica tem atendido a emergências, quando deveria ter um rumo; ameaça com arsenal de medidas quando deveria implementar reformas que tirassem do caminho os obstáculos ao crescimento. (…) O Ministério da Fazenda e o Banco Central estão prisioneiros do imediatismo. (…) O Brasil continua perdendo o que não pode mais perder: tempo”, diz Miriam Leitão, no Globo.

E, em editorial, o Estadão diz que “o governo fez um balanço triunfal de mais um fiasco – o primeiro ano do PAC 2”; aponta que faltam “uma gestão pública mais eficiente e uma ampla desoneração do setor privado”,  conclui que “o governo continua apostando em benefícios fiscais paliativos, programas oficiais de baixo grau de execução e financiamentos especiais aos beneficiários de sempre – um número pequeno de grandes grupos”. O fracasso dessa estratégia – lembra o jornal – está mais que provado.

Esta 42ª compilação de notícias e análises que comprovam a incompetência do governo Dilma Rousseff começa hoje com as más novas da Economia. Ela inclui textos publicados nos jornais entre os dias 2 e 8 de março.

* Falta projeto, falta rumo; Fazenda e BC estão prisioneiros do imediatismo

“A política econômica tem atendido a emergências, quando deveria ter um rumo; ameaça com arsenal de medidas quando deveria implementar reformas que tirassem do caminho os obstáculos ao crescimento; distribui favores quando deveria melhorar o ambiente de negócios. O risco é continuar prisioneiro da briga juros-câmbio-inflação quando o mais acertado é plantar as bases de um novo ciclo de desenvolvimento. O Brasil deu o salto nos últimos anos porque trabalhou para isso. O país fez reformas, como o Plano Real, a privatização, a nova regulação, o saneamento parcial das contas públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a autonomia e as metas do Banco Central. Tudo isso mudou a economia e abriu novos horizontes. (…)

“Agora é hora de plantar o próximo ciclo e tudo o que o governo tem feito é apagar incêndios, agir em emergências e ficar da mão para a boca, reagindo ao número de cada dia. O dado que preocupou esta semana foi a alta medíocre do PIB, e dentro dele a estagnação da indústria, que ainda caiu 2,1% em janeiro. Quando o ministro Guido Mantega fala que tem um arsenal de medidas cambiais para desvalorizar o real, ele acaba, no curto prazo, elevando o incentivo a que se traga mais dólares antes que seja disparado o tal arsenal. Isso derruba mais o dólar. Fala-se também em dar mais dinheiro ao BNDES. A dúvida é o que o banco fará com o dinheiro. Nos últimos tempos, tem posto mais dinheiro subsidiado na velha economia do que na nova; em setores poentes, em vez dos emergentes. (…)

“Para crescer de forma sustentada o Brasil precisa qualificar brasileiros, reduzir o peso dos impostos sobre o emprego, aumentar a poupança, incentivar investimentos principalmente nos setores de ponta, melhorar a eficiência logística, reduzir a balbúrdia tributária. A lista é conhecida e permanece intocada. O Ministério da Fazenda e o Banco Central estão prisioneiros do imediatismo. Quando a inflação sobe, os juros são elevados, isso azeda a relação entre os dois órgãos. Os juros altos derrubam a taxa de inflação, mas valorizam mais a moeda brasileira. A indústria pede socorro aos ministros da Fazenda e do Desenvolvimento e eles reabrem o balcão que distribui vantagens setoriais ou adotam barreiras ao comércio. O Tesouro pensa estar induzindo o investimento de longo prazo transferindo recursos não contabilizados como gastos para o BNDES. O BNDES pensa estar fazendo política industrial despejando volumes extravagantes dos recursos no projeto de formação de grandes conglomerados. Tudo isso dá a impressão de que há um projeto. Não há. O país não está induzindo o próximo ciclo de desenvolvimento. (…) Os juros caíram, isso dará um alívio temporário, mas o país continua sem projeto, sem lista de tarefas a executar, sem meta de onde quer chegar. O Brasil continua perdendo o que não pode mais perder: tempo. (Míriam Leitão, O Globo, 8/3/2012.)

* Governo faz balanço triunfal de um fiasco

“O governo fez um balanço triunfal de mais um fiasco – o primeiro ano do PAC 2 – e reiterou o compromisso de elevar o investimento e conduzir a economia a uma expansão de 4,5% neste ano. A exibição de otimismo contrastou com mais uma notícia ruim divulgada poucas horas antes: em janeiro, a indústria produziu 2,1% menos que em dezembro. O grande assunto do dia anterior havia sido o pífio desempenho da economia nacional no ano passado. Mas tudo será melhor a partir de agora, apesar da crise internacional, garantiram os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior.

“Foram feitos investimentos de R$ 204,4 bilhões em 2011, primeiro ano da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento. Esse é o total das operações realizadas pelos envolvidos no PAC 2 – administração direta, estatais e setor privado. Esse valor corresponde a 21% do previsto para os anos de 2011 a 2014. Mas, como em todo balanço desse programa, o bolo apresentado como investimento é um tanto inflado. Uma parcela de R$ 75,1 bilhões – 36,7% do total – corresponde a financiamentos para habitação. Além disso, a maior parte do dinheiro investido pelas estatais foi aplicada, como em outros anos, por um único grupo – o da Petrobrás.

“O chamado PAC orçamentário, incluído no Orçamento-Geral da União e financiado diretamente pelo Tesouro, ficou, de novo, longe da meta fixada para o período. O desembolso, de R$ 28 bilhões, foi maior que o de 2010, mas correspondeu a apenas 69,3% da verba autorizada para o ano, de R$ 40,4 bilhões. (…)

“Os dois ministros mantiveram quase sem mudança o discurso otimista e as promessas do ano passado. O Brasil, segundo o ministro da Fazenda, terá condições para um crescimento econômico bem maior que o de 2011. (…) Muito mais importante que esse palavrório é o problema real. O Brasil investe muito menos que o necessário para sustentar um crescimento igual ou superior a 5% por vários anos. Para isso seria preciso investir uns 24% do PIB. Para investir aqueles 24%, seria preciso elevar a poupança nacional. Isso depende, em primeiro lugar, de uma gestão pública mais eficiente e de uma ampla desoneração do setor privado. Mas o governo continua apostando em benefícios fiscais paliativos, programas oficiais de baixo grau de execução e financiamentos especiais aos beneficiários de sempre – um número pequeno de grandes grupos. O fracasso dessa estratégia está mais que provado. Juros menores podem ajudar, segundo o ministro, mas juros dependem também do gasto público.” (Editorial, Estadão, 8/3/2012.)

* “Os dados da economia refletem deficiências associadas a um padrão de governo ineficiente e perdulário”

“Baixo crescimento, alta inflação e piora das contas externas marcaram a economia brasileira em 2011. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 2,7%, segundo o cálculo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação chegou a 6,5% e bateu no teto da meta. Foi impulsionada não só pela alta dos preços internacionais de petróleo, metais e produtos agrícolas, mas também por uma forte demanda de consumo. Além disso, pioraram as transações com o exterior. A receita de exportações de bens e serviços elevou-se 4,5%, enquanto a despesa com importações subiu 9,7%. Mais uma vez o setor externo deu uma contribuição negativa para o PIB, subtraindo 0,7% do crescimento. Essa tendência, observada há alguns anos, deve acentuar-se neste ano, a julgar pela evolução do comércio exterior brasileiro no primeiro bimestre e pelas projeções tanto oficiais quanto do setor privado. (…)

“Em princípio, não há problema na captação de poupança estrangeira para investir. Mas a distância entre a poupança atual e a necessária para um crescimento sem risco de grandes desajustes também é muito ampla. Isso se deve principalmente à propensão do governo para a gastança. Essa propensão limita a capacidade de poupança do setor público e, ao mesmo tempo, dificulta qualquer revisão séria do sistema tributário. Impostos excessivos e mal concebidos encarecem a compra de máquinas e equipamentos e acabam limitando também o investimento privado.

“A baixa taxa de poupança, especialmente do setor público, dificulta a redução do juro real no Brasil e também isso impõe restrições importantes às políticas de reforço produtivo das empresas. Essa constatação foi confirmada há poucos dias por um estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional. Em suma: os dados da economia brasileira em 2011 apontam para algo mais grave que problemas conjunturais. Refletem deficiências associadas a um padrão de governo ineficiente e perdulário. O País pode voltar a crescer mais que em 2011, mas dentro de limites estreitos, enquanto aquele padrão persistir.” (Editorial, Estadão, 7/3/2012.)

* “Por detrás de Bendine e de Flores agem figuras dos escalões superiores tanto do governo quanto dos partidos que o apóiam”

“Quando uma aliança de poder se sustenta quase que exclusivamente sobre as bases voláteis da barganha política e dos interesses rasteiros dos mandachuvas, a máquina do governo inevitavelmente acaba tropeçando na escassez de competência gerencial da companheirada ou no excesso de ambição dos chefetes de facção. Exemplos abundantes da incapacidade do governo federal de tocar com um mínimo de eficiência seus projetos mais importantes, como os do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), esgotam a paciência de qualquer um. Mas a lambança armada na disputa de poder entre executivos de primeiro escalão do Banco do Brasil (BB) e da bilionária caixa de previdência dos funcionários da casa – a Previ – parece ter levado ao limite a tolerância da chefe do governo com aquilo que ela própria costuma chamar, eufemisticamente, de ‘malfeitos’.

“O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, é desafeto declarado do presidente da Previ, Ricardo Flores, que conta com o apoio de gente importante do PT. E a desafeição é recíproca. Ambos são reconhecidos como profissionais competentes na área financeira, julgamento respaldado pelos balanços do banco e do fundo de pensão. Mas nenhum dos dois – obviamente afinados com os interesses dos figurões do governo e dos partidos que lhes garantem a retaguarda – está satisfeito com a extensão de seus domínios. Engalfinharam-se, então, numa disputa pública que ultrapassou o limiar da baixaria quando veio à luz a evidência de que o conflito está sendo municiado com quebra ilegal de sigilo bancário e dossiês destinados a comprometer a reputação dos oponentes. O que, aliás, não chega a ser novidade, considerando que esses são, historicamente, recursos diletos das falanges petistas. E que, afinal, não são usados exclusivamente contra inimigos ‘de fora’. (…)

“É impossível prever o resultado final dessa lamentável lambança que envolve duas das mais importantes instituições financeiras do País controladas pelo governo. Este parece agir agora movido, por um lado, pela preocupação de preservar, num mercado extremamente sensível a extravagâncias de qualquer tipo, a credibilidade tanto do Banco do Brasil quanto da Previ. E, por outro lado, de evitar que a irresponsabilidade política de dois de seus principais agentes e respectivas entourages comprometa a imagem do próprio poder central. Dessa perspectiva, o ultimato de Dilma tem todo cabimento.

“Ocorre que, numa situação extrema, a presidente poderá livrar-se dos presidentes do BB e da Previ para salvar as aparências. Mas o sacrifício dos dois peões será claramente insuficiente para abater a ambição desmedida por poder que acaba colocando o interesse público em plano secundário. Por detrás de Bendine e de Flores agem, à sorrelfa, figuras influentes encasteladas nos escalões superiores tanto do governo quanto dos partidos que o apoiam. De pouco adianta espantar as moscas que se refestelam no bolo do poder.” (Editorial, Estadão, 2/3/2012.)

* Entidades de patrões e empregados protestam contra o desvio do FGTS

“As centrais sindicais dos trabalhadores e de empresários protestaram ontem, na reunião do Conselho Curador do FGTS, contra a decisão do governo Dilma de se apropriar de R$ 3 bilhões do fundo para que o Tesouro cumpra a meta de corte de R$ 55 bilhões no Orçamento da União de 2012. Eles protestaram porque esse uso dos recursos não é previsto em lei, porque o Conselho Curador não foi consultado e porque o governo não prevê qualquer remuneração pelo uso desse dinheiro.

“Os representantes da sociedade no Conselho Curador do FGTS decidiram colocar a boca no mundo porque temem que esta passe a ser uma prática recorrente do Poder Executivo: utilizar os recursos destinados a projetos de infraestrutura básica, voltada para o crescimento da economia do país, para ajustar os gastos com a máquina pública. O representante do Ministério da Fazenda, Marcus Pereira Aucélio, confirmou a decisão mas não soube informar qual será a remuneração que o Fundo terá pelo uso desta verba. O ministro Paulo Roberto dos Santos Pinto (Trabalho) subiu no muro e sugeriu que o tema voltasse a ser debatido.” (Ilimar Franco, O Globo, 7/3/2012.)

* Gastar é fácil. Investir, nem tanto

“Nos últimos anos, o governo não encontrou dificuldade para expandir em muito seus gastos correntes. Aumentar o investimento público, no entanto, continua sendo muito difícil. E não se trata apenas de evitar que a expansão tão fácil dos gastos correntes acabe por inviabilizar o aumento dos investimentos. Trata-se também, e principalmente, de conseguir fazer o investimento acontecer, quando o financiamento está plenamente garantido. No ano passado, o governo não tinha qualquer intenção de conter seus gastos de investimento. Muito pelo contrário. Ainda assim, o que se constatou, afinal, foi que tais gastos permaneceram estagnados, em nível equivalente ao de 2010. Não por ter havido contingenciamento de verbas ou qualquer outra forma de restrição ao financiamento. Mas, simplesmente, porque, em ministérios infestados por esquemas de corrupção, o governo se viu obrigado a desmantelar as cadeias de comando que acionavam o investimento. E ainda não conseguiu remontá-las. (…)

“Além de corrupção escancarada, o atrofiado esforço de investimento que ainda subsiste no orçamento federal vem enfrentando os custos do problemático loteamento de cargos que vem sendo feito pelo governo, em nome de um presidencialismo de coalizão que parece já ter ido bem mais longe do que seria razoável. A mídia tem dado destaque à licença com que políticos agraciados com a gestão de determinados órgãos da administração pública interpretam os poderes de que foram investidos. Proliferam casos de gestores que se permitem concentrar a maior parte dos investimentos dos órgãos que administram em projetos de interesse exclusivo dos Estados de onde são oriundos.” (Rogério Furquim Werneck, economista, O Globo, 2/3/2012.)

* “O arsenal do governo é de armas obsoletas e muito óbvias”

“Além de impostos e outras barreiras normativas, o que mais o país pode fazer no curto prazo? De vez em quando as autoridades fazem declarações ameaçadoras do tipo: ‘não assistiremos impassíveis’ ou ‘temos arsenal e o usaremos’. Isso produz alguma pequena ondulação, para logo depois tudo voltar para a tendência indesejada. No Financial Times de sexta-feira (3/3), uma das matérias era sobre a decisão do Brasil de travar ‘uma guerra’ contra a ‘guerra cambial’. Mas a munição pode ser mais do mesmo protecionismo com que o Brasil enfrentou em sua história, recorrentemente, qualquer ameaça sobre a indústria.

“As soluções são de mais longo prazo e conhecidas — aumentar a taxa de poupança, reduzir o custo Brasil, diminuir os juros de equilíbrio, derrubar o déficit. Tudo faz parte daquela lista de tarefas que o Brasil vem adiando. Neste momento, o que acontece é que quando o mar de liquidez sobe o barquinho da moeda brasileira também sobe. Como o país teve de fato avanços o real se apreciaria mesmo, mas parte da alta é efeito da grande onda que se formou. E não podemos deter a onda. Surfá-la não será fácil. Os dilemas da política econômica hoje são complexos e o arsenal do governo é de armas obsoletas ou muito óbvias.” (Miriam Leitão, O Globo, 4/3/2012.)

* Ao se queixar do tsunami monetário, Dilma faz confusão entre fatos muito diferentes

“A presidente Dilma Rousseff tem fortes motivos para se preocupar com a enxurrada de euros, dólares e libras lançada nos mercados por três dos maiores bancos centrais do mundo rico. Essa inundação de moeda – tsunami, segundo ela – é realmente prejudicial ao Brasil e a outras economias em desenvolvimento. Mas nenhum problema será resolvido com sua peroração contra as políticas fiscal e monetária adotadas para combater a crise nos Estados Unidos, na zona do euro e no Reino Unido. A presidente exibe uma evidente inclinação para um velho esporte latino-americano – atribuir aos outros toda a responsabilidade por seus infortúnios e fazer muito menos que o necessário e possível para corrigir as próprias deficiências. Ela tem um motivo legítimo para preocupação, mas os brasileiros têm dois: o efeito cambial da inundação monetária e a pouca disposição do governo para cuidar seriamente dos problemas internos de competitividade. (…)

“Ontem (segunda, 5/3), um repórter perguntou à presidente Dilma Rousseff, na Alemanha, se, ao se queixar à chanceler alemã, o governo brasileiro não estaria sugerindo uma intervenção na política, legalmente autônoma, do BCE. ‘Não’, respondeu a presidente, ‘e sabe por quê? Por que estão interferindo na nossa’. Não está claro se ela entendeu a pergunta, mas pelo menos quanto a um ponto não há dúvida: sua resposta indica uma confusão entre fatos muito diferentes.

“Qualquer decisão econômica tomada num grande país ou bloco importante pode afetar positiva ou negativamente a economia de outros países, sem, no entanto, violar sua autonomia. Brasília não violou a autonomia argentina, quando sancionou a desvalorização do real em janeiro de 1999. Foi uma ação direta sobre o câmbio. No caso da enxurrada de euros, o efeito cambial é indireto. Tampouco se pode atribuir aos dirigentes do BCE a intenção de mexer indiretamente no mercado cambial ou de criar uma barreira protecionista – acusação formulada pela presidente brasileira. (…)

“As autoridades de Brasília, podem, no entanto, fazer muito, internamente, para tornar a empresa nacional mais eficiente e mais capaz de competir. Poderia ir muito além das ações defensivas, incluídas nesse conjunto as medidas de controle do fluxo de capitais. Antes das novas ações do BCE já se esperava um ano ruim para as exportações. Projeções do Banco Central do Brasil divulgadas em dezembro já indicavam uma grande redução do superávit comercial. A expectativa de crescimento recém-anunciada pelo governo da China – 7,5%, depois de muitos anos com taxas entre 9% e 10% – reforça os motivos de preocupação, mas não traz novidade radical. Apenas confirma a inércia do governo brasileiro diante das ineficiências e custos excessivos da economia nacional.” (Editorial, Estadão, 6/3/2012.)

* Dilma foi criticar os ricos e levou paulada

“O BC europeu teve de atuar à semelhança do Fed e injetar muito dinheiro em circulação. De dezembro para cá, em empréstimos de custo ínfimo a bancos, mais de 1 trilhão de euros. O sistema, como o americano, continua de pé — ainda bem —, mas parte dos recursos, diante de um quadro de alta desconfiança e risco, aporta em países como o Brasil. E Dilma reclama da ‘tsunami’. Certo, mas seria pior se houvesse uma quebra bancária. Na verdade, americanos e europeus, com esta política monetária agressiva, ‘compram tempo’. Evitam um mergulho recessivo mais profundo, enquanto esperam a diluição da montanha de débitos e necessários ajustes fiscais nos devedores. Nos Estados Unidos, começa a funcionar.

“Ao denunciar a onda gigante de liquidez, Dilma teve de ouvir da chanceler alemã, Angela Merkel, uma referência ao protecionismo, praticado ultimamente pelo Brasil com alguma alegria em Brasília. Ora, voltando às lições da década de 30, foi o erguimento de barreiras ao comércio, enquanto a economia desacelerava, que aprofundou a recessão transformando-a em depressão. O Brasil, inclusive, se arrisca a ser penalizado na Organização Mundial do Comércio (OMC), na taxação unilateral da importação de veículos, por exemplo. Seria imperdoável indelicadeza diplomática se Merkel lembrasse que seu país, há muito tempo, ao perceber perda de competitividade para o Leste da Europa, China e outros asiáticos, cumpriu o dever de casa e reduziu o Custo Alemanha. O Brasil pouco ou nada fez.” (Editorial, O Globo, 7/3/2012.)

O caso simbólico da Pesca, um Ministério com muitos gastos e pouco resultado

* Os gastos do Ministério se multiplicam; a pesca, não

“Apesar da criação de uma estrutura governamental voltada exclusivamente à pesca, em 2003, o Brasil perdeu vigor na exportação de pescado e não consegue acompanhar a evolução promissora do mercado mundial da carne. A produção do pescado subiu 25,22%, entre 2003 e 2009, último dado disponibilizado. Já as exportações, nos últimos nove anos, tiveram queda de 205,47%. De acordo com especialistas, a falta de políticas públicas e a dificuldade de licenciamento ambiental dos produtores são considerados os principais entraves.

“Nesse período, a Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura se estruturou, como órgão da Presidência da República, e ganhou robustez burocrática a partir de 2010, no governo Lula, quando virou ministério autônomo. De 2004, com um ano de vida, até o final do ano passado, o orçamento da pasta cresceu 831,84%. Sete anos atrás, a Pesca recebia do governo R$ 16 milhões. Ano passado, bateu a marca de R$ 154,6 milhões. O maior orçamento foi no ano da criação do ministério, quando levou R$ 210,9 milhões. Apesar da complexidade para alavancar o setor e dos investimentos progressivamente maiores em pesca e aquicultura, o governo usa a pasta como margem de manobra política para acomodar peças de um xadrez político partidário. Ontem (quinta, 1º/3), assumiu o evangélico Marcelo Crivella (PRB-RJ), com o objetivo de blindar o candidato petista ao governo da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, que tem a antipatia dos evangélicos. Antes, a pasta serviu para acomodar a ex-senadora Ideli Salvatti, depois de perder a eleição ao governo do estado de Santa Catarina, e o ex-deputado Luiz Sérgio, que ficou por menos de um ano no posto.” (Roberto Maltchik, O Globo, 2/3/2012.)

* O Ministério da pesca é um nome fantasia, que só serve aos planos eleitorais do PT

“A ida do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, para o Ministério da Pesca é coerente com o histórico da pasta: ela não tem qualquer importância para a pesca. Trata-se de um nome fantasia. Criado por Lula, o Ministério tem sido entregue a gente que não é do ramo. Serve apenas como peça no tabuleiro do toma lá dá cá político-eleitoral petista, tudo pago pelo contribuinte, é claro. Agora, para o PRB facilitar a vida do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.” (Opinião, O Globo, 2/3/2012.)

* “Não sei colocar minhoca em anzol”, diz o novo ministro da Pesca

“Na véspera de assumir como titular da Secretaria Especial da Pesca e Aquicultura, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) admitiu, ontem (quinta, 1º/3), seu completo desconhecimento da área. ‘Vou lhes dizer, com humildade. Eu nem sei colocar uma minhoca no anzol’, afirmou em entrevista dada pela manhã à Rádio Eldorado ESPN. ‘Na verdade, estou indo para aprender. Mas com espírito público’, completou. (Gabriel Manzano, Estadão, 2/3/2012)

* O governo Dilma vai “enveredando pelo perigoso terreno da galhofa”

“Marcelo Crivella diz que terá de ‘aprender muito’ sobre suas novas funções. Maravilha. Mais não seja para, uma vez inteirado do assunto, explicar ao País qual é mesmo a serventia do Ministério da Pesca. Ademais, a declaração de Crivella sobre inépcia no trato de minhocas e anzóis é especialmente constrangedora para a presidente Dilma que inaugura o que seria o ‘primeiro ano de seu verdadeiro governo’, como se diz por aí, enveredando pelo perigoso terreno da galhofa.” (Dora Kramer, Estadão, 2/3/2012.)

* “Um pescador de almas, que ainda vai andar sobre as águas”

“A cada dia que passa – e estamos a sete meses do pleito – as impressões digitais de Lula se tornam mais nítidas na estratégia eleitoral que tem como objetivo consagrar a hegemonia do lulo-petismo em todo o País. Para isso é imprescindível derrotar seus adversários nos redutos mais importantes que ainda lhes fazem alguma resistência: a cidade e o Estado de São Paulo. Este fica para daqui a dois anos. Essa estratégia não vai custar barato para o PT – a senadora Marta Suplicy e o defenestrado ministro Luiz Sergio que o digam -, mas Lula já deixou claro que está disposto a pagar o preço que for necessário. Cacife não lhe falta e Dilma Rousseff acaba de comprová-lo, com a presteza com que se dispôs a entrar no jogo e procurar o chefão em São Bernardo para, num encontro de quase três horas, pedir conselhos e receber novas instruções. Mas teve que ouvir calada o novo membro do Gabinete dizer, com inegável senso de humor, que, embora ministro da Pesca, não sabe nem ‘colocar minhoca no anzol’. O que não tem a menor importância, já que essa pescaria nada tem a ver com peixes.

“Toda a encenação que fez o pano de fundo da triunfante entrada do bispo Crivella em cena criou em Brasília uma situação política tão desfrutável que propiciou manifestações que foram do deboche ao puro cinismo. Deste se encarregou a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti: ‘É a incorporação efetiva (ao primeiro escalão do governo) de um aliado. Mas não traremos disputas locais para o âmbito federal’. Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-petista e ex-ministro de Lula, optou pela zombaria: ‘O governo resolveu pôr na Pesca um pescador de almas, que ainda vai andar sobre as águas’. Como levar a sério o que se passa em tal ambiente político?” (Editorial, Estadão, 3/3/2012.)

Irregularidades, promessas não cumpridas, incompetência

* TCU fará auditoria no ‘Minha Casa, Minha Vida’

“O Tribunal de Contas da União (TCU) vai realizar até junho uma auditoria no programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. A decisão foi aprovada ontem (quinta, 1º/3), atendendo à solicitação do ministro Raimundo Carreiro para quem ‘o maior programa social do governo’ tem demonstrado deficiências operacionais, apesar dos vultosos recursos que recebe. Carreiro citou entre as dificuldades a falta de cumprimento dos prazos para entrega das obras, a baixa qualidade das residências construídas, a mudança nos critérios de seleção de beneficiários, com a inclusão de porcentuais para atender idosos e portadores de necessidades especial, além do aumento nos limites de renda familiar para inclusão no programa. ‘O meu objetivo é ajudar a presidente Dilma Rousseff no maior programa social existente no Brasil’, argumentou o ministro. A decisão dos ministros do TCU foi unânime. Raimundo Carreiro lembrou que cabe ao Ministério das Cidades gerir o programa de ‘ampla relevância social e econômica’. Ele chamou a atenção dos colegas para notícias sobre a disposição do governo de investir R$ 71,7 bilhões no programa até 2014. Desse total, R$ 62,2 bilhões sairão do Orçamento da União e R$ 9,5 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A meta é construir 2 milhões de casas até 2014.” (Rosa Costa, O Globo, 2/3/2012.)

* A saúde – para Lula perto da perfeição – só funciona para menos de 2% dos brasileiros

“Criado para assegurar o cumprimento das normas constitucionais no campo da saúde pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) consegue atender de maneira adequada menos de 2% da população. Em praticamente três quartos dos municípios o serviço pode ser considerado razoável. Em 20,7%, é ruim. Este retrato da baixa qualidade do atendimento pelo SUS, baseado em estatísticas e dados de diferentes procedências, foi feito pelo próprio governo. As mazelas nesse campo, apontadas ou sugeridas pelo novo indicador criado pelo Ministério da Saúde, desmentem a afirmação megalômana feita há cinco anos pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que ‘não está longe de a gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país’. Essa perfeição, infelizmente, continua muito distante de milhões de brasileiros.” (Editorial, Estadão, 4/3/2012.)

* Das 633 creches anunciadas pelo governo, só 221 estão prontas

“Embora o Ministério da Educação (MEC) anuncie que já entregou 633 creches e pré-escolas desde o lançamento do ProInfância, programa que pretende construir 8,9 mil unidades até o fim de 2014, o número real é bem menor. O MEC diz não saber quantas creches efetivamente estão em funcionamento, já que a gestão, após o término das obras, cabe às prefeituras. Mas um balanço do próprio MEC revela que, até o mês passado, só 221 unidades estavam 100% prontas. Se forem consideradas outras 37 que apareciam com pelo menos 99% de execução – caso do estabelecimento de Angra dos Reis, inaugurado em janeiro pela presidente Dilma Rousseff e pelo então ministro Fernando Haddad -, o total sobe para 258. As 221 creches completamente prontas correspondem a 5% das 4.035 obras aprovadas pelo MEC desde 2007, quando o programa foi lançado. O número divulgado pelo ministério é maior porque inclui obras que superaram a marca de 80% de execução física, mesmo não finalizadas. O controle do MEC é feito com base na liberação da última parcela do cronograma de repasses. E a derradeira liberação de verbas ocorre quando a construção atinge os 80%.” (Demétrio Weber, O Globo, 4/3/2012.)

* “Fica parecendo marketing político a favor de Haddad. Pouco inteligente”

“O MEC deveria, antes de trombetear números alvissareiros sobre novas creches, ou qualquer outro assunto, investigar se as estatísticas correspondem à realidade. O Globo foi checar e não encontrou o que as trombetas oficiais alardeavam. Ficou parecendo marketing político a favor da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. E pouco inteligente.” (Opinião, O Globo, 7/3/2012.)

* O PAC desacelerou. O primeiro ano do governo Dilma foi opaco

“Para não governar com eles (os partidos), Dilma criou um modelo novo de administração e de falso compartilhamento de poder. Os partidos indicam nomes para os ministérios. Dilma costuma aceitá-los. Mas é ela que emplaca os secretários-executivos dos ministérios. E é com eles que governa. O modelo não vai bem. Ministros e secretários-executivos se encaram com desconfiança. As engrenagens da máquina pública rangem e ela não se mexe – a não ser devagar. Então Dilma tem mais um ataque de nervos e distribui desaforos. Depois esperneia por que o ataque vazou para a imprensa. Salve-se quem puder!

“O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) desacelerou. O pré-sal jaz adormecido nas mais inexpugnáveis e indômitas profundezas. O Código Florestal passou no Senado e emperrou na Câmara dos Deputados. Dilma cometeu a proeza de se atritar com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT), seu eventual substituto. O primeiro ano do governo Dilma foi um ano opaco. Não serviu para dar partida a nada de relevante.” (Ricardo Noblat, O Globo, 5/3/2012.)

9 de março de 2012

Outros apanhados de provas da incompetência de Dilma e do governo:

Volume 30 – Notícias de 25/11 a 1º/12

Volume 31 – Notícias de 2 a 8/12.

Volume 32 – Notícias de 9 a 15/12.

Volume 33 – Notícias 16 a 29/12.

Volume 34 – Notícias de 30/12/2011 a 5/1/2012.

Volume 35 – Notícias de 6 a 12/1.

Volume 36 – Notícias de 13 a 19/1.

Volume 37 – Notícias de 20/1 a 26/1.

Volume 38 – Notícias de 27/1 a 2/2.

Volume 39 – Notícias de 3 a 9/2.

Volume 40 – Notícias de 10 a 23/2.

Volume 41 – Notícias de 24/2 a 1º/3. 

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