As pessoas morrem logo, e em geral nem um pouco mais sábias do que quando nasceram, diz uma bela música dos anos 60. Ah, meu amigo, estamos mais velhos, mas não mais sábios, constata outra. Muito em breve você estará morto, John Lennon avisava em “Instant Karma”, para em seguida perguntar e dar a pista para a resposta: por que, afinal, estamos aqui? Com certeza não é pra viver em dor e medo. Continue lendo “John no céu com diamantes”
A obra extraordinária de Dorival Caymmi
Dorival Caymmi está-se preparando para lançar músicas novas: “estão no forno” – segundo sua própria expressão – três valsas.
Esta notícia foi dada em 1969.
Em 1972, perguntaram a Dorival Caymmi por aquelas valsas. Ele respondeu “Tenho idéia de juntar as três valsas, mas ainda não encontrei as letras que quero. São três andamentos em que eu quero colocar uma letra, um assunto só para três estados de espírito de uma pessoa, três tempos de uma valsa. Esse é meu assunto, mas ainda não consegui.” Continue lendo “A obra extraordinária de Dorival Caymmi”
Renato Teixeira conclui: sua música não é triste
Renato Teixeira ouviu seu novo disco e chegou à conclusão de que sua música, afinal, não é triste.
É um rótulo que muitas pessoas usam, quando se referem à música de Renato Teixeira: triste. Ou fossenta, ou pra baixo. Continue lendo “Renato Teixeira conclui: sua música não é triste”
Adoniran vai continuar por aqui
Sempre foi inquieto, impaciente, avesso à repetição e à rotina. Desde os tempos de criança, primeiro em Valinhos, onde nasceu e brincou “nas ruas da infância, já que naquele tempo não tinha jardim de infância”, e depois em Jundiaí, onde o enfiaram “a muque” num grupo escolar (as expressões entre aspas são dele mesmo). Continue lendo “Adoniran vai continuar por aqui”
Elvis, o mito e a indústria
Quando o corpo flácido, balofo, inchado, corroído por drogas e decadência, caiu no chão acarpetado do banheiro da mansão de 18 cômodos, há exatos cinco anos (ou seja, no dia 16 de agosto de 1977), Elvis Presley já estava, na verdade, morto há um bom tempo. Misericordiosa morte final – e extremamente lucrativa. Continue lendo “Elvis, o mito e a indústria”
Quando Paul McCartney fez 40 anos
Nenhum músico popular foi tão criticado e tão adorado quanto James Paul McCartney.
Leve, inconseqüente, contrafação de rock, muzak, raso demais, piegas, sem consistência, fácil, sentimental, indulgente, primitivo, tépido, desinteressante, aguado, indiferente, conversa fiada, completamente inócuo, o ponto mais baixo do rock, trivialidade charmosa e inofensiva, compêndio de gracinhas caseiras, viscosos produtos de confeitaria, lamaçal de doces nadas. Continue lendo “Quando Paul McCartney fez 40 anos”
Mercedes Sosa recebe palmas, reverência e beijos
Na primeira das sete apresentações que fará em São Paulo, nesta sua turnê pelo Brasil, Mercedes Sosa recebeu do público que lotou o Tuca, ontem à noite (27 de abril de 1982), uma rosa (que segurou com carinho durante uma música), uma camiseta vermelha com a inscrição “Paz El Salvador” (que colocou sobre uma mesinha no palco sem ler o que estava escrito), e um tratamento somente dispensado aos grandes ídolos. Continue lendo “Mercedes Sosa recebe palmas, reverência e beijos”
Nara, num momento especial
Saibam todos que Nara Leão canta bem.
Quem proclama isso, com a segurança tranqüila de quem sabe muito bem o que está proclamando, é Nara Leão. Continue lendo “Nara, num momento especial”
Joan Baez Volume 2: a ditadura põe o Brasil em seletíssima companhia
Três países impediram que a voz de Joan Baez fosse ouvida, durante sua carreira que já tem 23 anos e diversas viagens por vários continentes: a União Soviética, a Argentina e o Brasil. Continue lendo “Joan Baez Volume 2: a ditadura põe o Brasil em seletíssima companhia”
Dylan Volume 1 – O artista que é três, cinco, vários, alguns milhões
“Bob Dylan reescreveu a gramática do rock assim como James Joyce reescreveu as regras do romance. Ele é o único autor de rock a quem o termo poeta pode ser rigorosamente aplicado. É o maior e mais invulgar talento da música rock. O que os Beatles fizeram, em conjunto, pelo rock, ele fez sozinho.” (Jeremy Pascall, em The Illustrated History of Rock Music, Londres, 1977.) Continue lendo “Dylan Volume 1 – O artista que é três, cinco, vários, alguns milhões”
Quando Milton lotou o Ibirapuera para lançar Sentinela
Nas arquibancadas, nas cadeiras numeradas e nas cadeiras da pista do ginásio do Ibirapuera, a imensa maioria das cerca de 12 mil pessoas cantava, acompanhava o ritmo da música com palmas, os braços estendidos para cima. No palco, havia uma festa de amigos. Continue lendo “Quando Milton lotou o Ibirapuera para lançar Sentinela”
Recontando o Titanic, 17 anos antes de “Titanic”
“O ano do Titanic.” Com essas palavras impressas diariamente nos jornais, preparou-se a estréia mundial, ontem (1º de agosto de 1980), em Nova York, do filme Levantem o Titanic. Continue lendo “Recontando o Titanic, 17 anos antes de “Titanic””
Como afundou o navio que nem Deus podia afundar
O marinheiro não teve dúvidas. Quando aquela mulher – a senhora Alberta Cadwell, passageira da primeira classe, que acabara de embarcar no Titanic no porto inglês de Southamptom – perguntou se era verdade que o navio não podia mesmo afundar, ele respondeu:
– Minha senhora, nem Deus poderia afundar esse navio. Continue lendo “Como afundou o navio que nem Deus podia afundar”
Michelangelo
Quase aos gritos, eles discutem:
– Vocês, escultores, trabalham com os músculos, com a força do braço, com o suor imundo.
– Você, que diz que a pintura é mais nobre que a escultura, não sabe nada, não entende nada.
Os dois homens estão em uma das ruas de Florença, falando alto, gestos exaltados, insultos. O primeiro retruca: Continue lendo “Michelangelo”
O sucesso meteórico do Secos & Molhados
Não foi um sucesso qualquer. Foi um sucesso como nunca antes se vira, rápido, incrivelmente rápido, fulminante. Quanto é que seria possível imaginar, mesmo usando muita imaginação, que um conjunto há até pouco tempo desconhecido conseguiria bater o imbatível Roberto Carlos, até mesmo no mês de dezembro, o mês do lançamento anual do disco do então senhor e rei? Continue lendo “O sucesso meteórico do Secos & Molhados”