Vencedor do prêmio Jabuti de 2021, o mais importante da literatura brasileira, e traduzido em 16 idiomas, o livro O Avesso da Pele, de Jefferson Tenório, é a mais recente vítima da onda distópica que varre o mundo e se instalou no Brasil. Tudo começou quando viralizou nas redes sociais o vídeo de uma diretora de uma escola de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, acusando o livro de conter palavras de “baixo calão”, atentatórias à moral e aos bons costumes. Continue lendo “O avesso da pele e a distopia cabocla”
O fantasma da censura
De tempos em tempos a realidade imita a ficção. A recente onda de censura a livros em escolas e bibliotecas dos Estados Unidos nos faz lembrar da sociedade distópica e autoritária do livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Na sociedade imaginária livros são proibidos e queimados pelo governo, com o objetivo de controlar o pensamento e a opinião pública. Continue lendo “O fantasma da censura”
O senhor dos labirintos
Ah, o Mario Vargas Llosa, romancista de prosa descomplicada, escreveu nesta quinta-feira, 20, no Estadão, sobre um autor que é o seu oposto. Quem já leu Willian Faulkner que o diga. O americano do Mississipi (1897-1962), Nobel de Literatura em 1949, conquistou este leitor pelo espanto. O título da obra já alertava: O Som e a Fúria. Continue lendo “O senhor dos labirintos”
Uma imersão no Japão profundo
Decantado como uma utopia tecnológica tendendo à perfeição, o Japão ostenta ao mundo uma falsa imagem, uma miragem de esplendor econômico a atrair mão de obra estrangeira barata e suprir a enorme carência de trabalhadores braçais. Continue lendo “Uma imersão no Japão profundo”
Imprescindível Padura
Que figura absolutamente fantástica, fascinante, esse Mario Conde. Da geração que aprendeu a ler já na Cuba livre da ditadura nojenta de Fulgencio Batista (dá para imaginar que ele seja de 1955), teve veleidades literárias no final da adolescência, umbral da idade adulta: na época do pré-universitário, escreveu contos, e chegou a publicar um deles em uma revista literária fundada por um grupo de amigos. Continue lendo “Imprescindível Padura”
Turow invoca os deuses gregos
Três histórias de gêmeos passaram pela cabeça privilegiada de Scott Turow para que ele construísse Idênticos/Identical, seu 11º romance, lançado em 2013 nos Estados Unidos e em 2014 no Brasil, pela Editora Record. Duas são histórias reais. A outra é da mitologia grega. Continue lendo “Turow invoca os deuses gregos”
Um raio X do racismo dentro de casa
Kathryn Stockett tem muitas coisas em comum com Eugenia Phelan, que todos chamam pelo apelido de Skeeter. As duas nasceram e cresceram em Jackson, no Mississipi. Na infância, passaram mais tempo com as empregadas negras do que com suas mães brancas. Continue lendo “Um raio X do racismo dentro de casa”
Amor e horror na Berlim da Guerra Fria
Em O Inocente ou O Relacionamento Especial, Ian McEwan conta uma história de amor e horror passada no auge e no coração da Guerra Fria. A época é 1955 e 1956, o cenário é Berlim, a cidade dividida então em quatro setores, cada um controlado por uma das maiores potências que haviam derrotado o nazismo uma década antes, em 1945 – Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, do lado ocidental, e União Soviética, do lado oriental. Continue lendo “Amor e horror na Berlim da Guerra Fria”
Testemunha e agente da história
O avião Convair era um recordista de quedas, daí a forma jocosa como era conhecido; “convém não ir”. Mas naqueles idos de 1963, quando o regime presidencialista já tinha sido restabelecido, um jovem de 22 anos resolveu arriscar. Embarcou, no Rio de Janeiro, num Convair bimotor a pistão da Varig, com destino a Belo Horizonte. Continue lendo “Testemunha e agente da história”
Um clássico dos trópicos
Como fazer literatura nestes trópicos em tempos de pós-modernismo; nessa terra que se afasta a galope da civilização e avança com fúria para a barbárie? Como emergir deste oceano de mediocridades, misérias, corrupção, violência, modismos e desencanto em que meteram a pátria-amada-mãe-gentil? Ah, a produção cultural desse fim de milênio, a nossa e a dos outros… Continue lendo “Um clássico dos trópicos”
Gabo
O caixão com o corpo do Gabriel García Márquez teve que ser levado na mão, por trezentos metros. Vencida mais ou menos a metade, um homem que segurava uma das seis alças (parece que era o Vargas Llosa) sentiu-se mal e teve que desistir. Continue lendo “Gabo”
Spoilers
Os trailers, as sinopses, hoje em dia, estão contando todo o filme. São spoilers – entregam o que o espectador não deveria saber, estragam o prazer, as surpresas que os criadores prepararam. Continue lendo “Spoilers”
Como não gostar de Harry Hole?
Em Boneco de Neve, de 2007, o escritor norueguês Jo Nesbø volta a mexer na cronologia, como já havia feito em O Redentor, de 2005. Volta também a usar, com maestria, o que parece ser uma característica de suas obras: as ações paralelas. Continue lendo “Como não gostar de Harry Hole?”
A evolução dos textos e os novos leitores
Dos pergaminhos à tela dos modernos computadores, nós leitores sempre nos defrontamos com muitos e diferentes desafios. Tanto no suporte no qual é feita a leitura, como na forma com que se lê. Continue lendo “A evolução dos textos e os novos leitores”
O livrinho e o Supremo
Primeiro eu digo que sou filho de Juiz de Direito e aprendi, desde menino, a valorizar esse tipo de gente que se dedica a resolver conflitos e aplicar, com conhecimento e sensatez, a Justiça. Mais que a lei, a Justiça, pois a legislação que foge do bom direito não deve prosperar, tem de ser revogada. Continue lendo “O livrinho e o Supremo”