A Colômbia venceu o Brasil

A Colômbia tinha tudo para dar errado. Por mais de quatro décadas esteve encharcada de sangue por uma guerra responsável por 260 mil mortes, 60 mil desaparecidos e mais de sete milhões de desplazados – colombianos forçados a abandonar seus lares. Mas não deu, ao contrário: deu certo.  Continue lendo “A Colômbia venceu o Brasil”

A minha estatal, não!

Excetuando-se os estatistas por razões ideológicas ou corporativas, em tese todos se dizem favoráveis à privatização na área de infra-estrutura. Há um razoável consenso nacional de que esse é o caminho para atrair os investimentos necessários à retomada do crescimento.  É impensável a economia brasileira alcançar vôos mais altos com a irrisória taxa de investimentos praticados, atualmente na casa de 16% do PIB. Continue lendo “A minha estatal, não!”

Vulcão adormecido

O mundo político parece interpretar o silêncio das ruas como um vulcão morto, que jamais entrará em erupção. Por isso vem arquitetando um arremedo de reforma política com fim precípuo de manter seus privilégios, entre os quais o do foro privilegiado. A reeleição dos atuais parlamentares passou a ser prioridade a qualquer custo, numa desesperada questão de sobrevivência. Acreditam que podem conseguir seu intento sem maiores resistências da sociedade. Continue lendo “Vulcão adormecido”

Centrão, de coadjuvante a protagonista

Desde a redemocratização, o Centrão sempre esteve no poder, mas em papel de coadjuvante. Fernando Henrique Cardoso e Lula, com enormes diferenças, contaram com as forças do atraso em nome da governabilidade. Mas sem transformá-las em principal núcleo de sua base de sustentação. Continue lendo “Centrão, de coadjuvante a protagonista”

Em busca do novo

A verdadeira dimensão do fosso entre o mundo formal da política e a sociedade ávida por outro padrão de se fazer política aparece com toda nitidez na pesquisa com mais de 10 mil eleitores realizada por encomenda do Agora, movimento de ativistas independentes.  Por qualquer ótica que se analise, os números são massacrantes quanto à ojeriza dos eleitores aos partidos e políticos tradicionais. Continue lendo “Em busca do novo”

Lula, caudilho pendular

Caudilhos são dados a movimentos pendulares. Deslocam-se à direita ou à esquerda. Menos por ideologia, mais por conveniências. Perón foi mestre nessa arte. Apoiou-se nos Montoneiros e outros agrupamentos da esquerda peronista para voltar ao poder. Mas quando o conseguiu governou mesmo foi com Lopes Regla, El Brujo, um dos oráculos da AAA – Associação Argentina Anticomunista. Continue lendo “Lula, caudilho pendular”

Quem não chora não mama

O mundo sindical está em pé de guerra. Sindicalistas movem os céus e a terra, mas não em defesa dos salários ou de melhores condições de trabalho, bandeiras que no passado arrastavam multidões de trabalhadores para greves. A gritaria dos pelegos se dá por motivo torpe: a manutenção do imposto sindical – uma tunga no bolso dos trabalhadores instituída em 1940 pelo Estado Novo varguista. Continue lendo “Quem não chora não mama”

Reencontro histórico

Às vésperas do 23º aniversário do Plano Real, o Conselho Monetário Nacional tomou uma decisão histórica, por sua simbologia. Ao rebaixar o centro da meta inflacionária para 4,25% em 2019 e 4% em 2020, a equipe econômica capitaneada pelo ministro Henrique Meireles escreve um novo capítulo do compromisso assumido pelo Brasil em 1º de julho de 1994. O de defender o poder aquisitivo dos brasileiros e promover a estabilização de sua moeda para pôr fim a um tormento de 50 anos que corroía os salários, tornava a vida um inferno, desestruturava o Estado e inviabilizava os negócios. Continue lendo “Reencontro histórico”

O fantasma Bolsonaro

Parodiando o Manifesto Comunista: um espectro ronda o Brasil, o espectro de Jair Messias Bolsonaro. Ele existe e deve ser levado a sério. Há menos de um ano, os analistas, de forma quase unânime, o viam como fogo de palha, cuja chama se apagaria rapidamente. Hoje é alçado à condição de popstar por parcela cada vez mais crescente de jovens, muitos deles ex eleitores de Lula e Dilma Rousseff. Continue lendo “O fantasma Bolsonaro”

A Era do Centro

Se a Era dos Extremos, com suas catástrofes, crises econômicas, guerras, revoluções e polarização ideológica, teve como marco temporal a Sarajevo de 1914 e de 1991, é bem possível que a larga maioria conquistada por Emmanuel Macron nas eleições para a Assembléia Nacional Francesa venha a ser entendida, no futuro, como o limiar da Era do Centro. Continue lendo “A Era do Centro”

Entre a prudência e o medo

Na sua origem, o PSDB foi um partido afirmativo no campo programático e zeloso de atitudes éticas. Com um ano de vida, seu então candidato a presidente da República, Mario Covas, teve a coragem de mostrar a cara e propor um choque de capitalismo, para arejar o país de economia cartorial e de um estado capturado por interesses privados e corporativos. Três anos depois, o mesmo Covas liderou os tucanos na recusa de ingressar no governo Collor de Mello. Em vez das benesses do poder, optou pelo pulsar das ruas. Continue lendo “Entre a prudência e o medo”