A pior notícia da semana, dos últimos tempos, não tem a ver diretamente com a incompetência do governo Dilma Rousseff, dos governos petistas. Mas é uma notícia tão ruim que é impossível não falar dela.
É absolutamente trágico que o STF tenha, e por unanimidade, aprovado a política de cotas raciais na universidade – introduzida com as bênçãos, a aprovação, a iniciativa do governo petista.
É absolutamente lamentável que a mais alta corte de Justiça do país, a corte da constitucionalidade, tenha rasgado a Constituição, tenha jogado na lata do lixo o artigo 5 da lei maior: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
A decisão do STF torna as más notícias reproduzidas abaixo de menor importância.
Por dever de ofício, no entanto, aí vai a 49ª compilação de notícias e análises que comprovam a incompetência do governo Dilma Rousseff. Foram publicadas entre os dias 20 e 26 de abril.
As más notícias da Economia
* Nunca os brasileiros pagaram tanto imposto ao governo federal
“A arrecadação de impostos e contribuições federais atingiu R$ 82,367 bilhões em março. Pelo terceiro mês consecutivo, o resultado é recorde. Ele equivale a um crescimento real de 10,26% em relação ao mesmo período no ano passado. No acumulado do ano, o total das receitas chega a R$ 256,849 bilhões, o que também é recorde e representa uma alta de 7,32% sobre 2011.
“O setor financeiro foi um dos que mais contribuíram para o bom desempenho da arrecadação no primeiro trimestre de 2012. Segundo relatório divulgado pelo Fisco, essas instituições recolheram nada menos que R$ 35,725 bilhões em tributos, o que representa uma alta de 23,6% em relação ao ano passado. Esse valor inclui não apenas impostos e contribuições próprios do setor, mas também aqueles que os bancos são obrigados a recolher, como o Imposto de Renda (IR) na fonte.” (Martha Beck, O Globo, 25/4/2012.)
* “Juros só serão normais com reformas”
Juros baixos não dependem apenas de boas intenções e do desejo de todos. (…) Para que o Brasil venha a assegurar, de fato, taxas de juros normais a médio e longo prazos a economia terá de ampliar significativamente sua capacidade de produção, o que só ocorrerá se o investimento vier a corresponder, por exemplo, a 25% do Produto Interno Bruto (PIB). E para ser viabilizado, o investimento depende de um esforço de poupança interna para o qual precisa de mudanças e reformas, em especial no setor público.” (Editorial, O Globo, 20/4/2012.)
* Grupo que recebeu mais de R$ 11 bilhões do BNDES emprega mais gente nos EUA que no Brasil
“O grupo que é exemplo da política do BNDES de formar campeões nacionais mantém mais emprego nos Estados Unidos do que no Brasil e deu prejuízo em três dos últimos cinco anos. O presidente do JBS, Joesley Batista, explica que as vantagens da globalização de grupos nacionais vão do prestígio à abertura de mercado. A companhia já fechou quatro das cinco empresas que comprou na Argentina.(…)
O banco colocou uma montanha de recursos em frigoríficos. Fez isso de duas formas: emprestando dinheiro subsidiado, via BNDES, e virando sócio das empresas, por meio do BNDESPar. Desde 2005, o BNDESPar investiu quase R$ 12 bilhões em três frigoríficos — JBS, Marfrig e BRF — na compra de ativos, subscrição de ações e aquisição de debêntures. O JBS, escolhido para ser o campeão nacional, ficou com a maior parte, R$ 8,1 bi. Em empréstimos, a empresa recebeu mais R$ 2,5 bi. Os números mostram como o BNDES incentivou a compra de uns por outros e aumentou a concentração no setor.
“Em uma controversa operação, o dinheiro público foi usado para comprar 99,9% de debêntures lançadas pelo JBS para financiar a compra da Pilgrim’s Pride, nos Estados Unidos. A exigência feita pelo banco foi que a empresa abrisse capital no mercado americano. Veio a crise, e ela não cumpriu o prometido. O banco então converteu as debêntures em ações, e hoje é dono de 31% do JBS que, no ano passado, deu prejuízo exatamente pela compra da Pilgrim’s Pride. O Estado é o segundo maior sócio, depois da família Batista, que tem 44,6%. (…)
“O JBS tem um banco, o Original, que recebeu R$ 850 milhões do Fundo Garantidor de Crédito para absorver o Banco Matone. Coincidentemente, logo depois, o banco fez uma aposta pesada na queda da taxa de juros. Foi naquele primeiro corte, em agosto de 2011, que surpreendeu o mercado. Mas não o Banco Original. Ele ganhou muito dinheiro na queda das taxas e deu lucro de R$ 158 milhões no ano. A CVM investigou e não encontrou sinal de informação privilegiada. Joesley credita o acerto à capacidade de análise da equipe.” (Miriam Leitão, O Globo, 22/4/2012.)
* Inadimplência dispara acima dos níveis da crise de 2009
“Influenciada pelo boom do crédito em 2010 e pela desaceleração da atividade econômica no ano passado, a inadimplência entre os consumidores disparou e, em alguns casos, como no de automóveis, ultrapassa os níveis de 2009, quando a crise econômica afetou os mercados em todo o mundo.
“O desempenho ainda fraco da economia neste início de 2012 deve empurrar uma melhora dos índices de calote apenas para o segundo semestre, auxiliado pela redução da taxa básica de juros e dos spreads bancários (diferença entre a taxa de captação e a cobrada dos clientes). ‘A inadimplência ainda não chegou a seu ponto máximo, é um indicador defasado. E a economia teve um primeiro trimestre tímido, com expansão de, no máximo, 0,5%. O crescimento fraco deve prolongar um pouco mais a inadimplência, provavelmente até o segundo semestre’, diz Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio. (Lucianne Carneiro e Bruno Rosa, O Globo, 25/4/2012.)
* As contas externas vão piorar – e, em vez de fazer sua parte, o governo deve continuar esbravejando contra os países ricos
“As contas externas vão piorar neste ano e o déficit em conta corrente aumentará de US$ 52,5 bilhões para US$ 68 bilhões, passando de 2,1% para 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Central (BC). As novas projeções estão no relatório de março do setor externo, divulgado nesta terça-feira (24/4). Parece haver uma séria diferença de percepção entre o pessoal do BC e o do Ministério da Fazenda, quando se trata de balanço de pagamentos e, muito especialmente, das condições de competição comercial. No cenário divulgado pelo banco, a pior evolução será a do comércio de mercadorias. O superávit cairá 29,5%, de US$ 29,8 bilhões para US$ 21 bilhões. O buraco na conta de serviços e rendas aumentará 7,5%, com variação de US$ 6,4 bilhões. (…)
“O problema cambial, hoje muito menos grave do que há um ano, explica apenas parte das dificuldades comerciais. O pessoal do Ministério da Fazenda sabe disso, mas insiste em atribuir um peso decisivo a esse fator. Segundo a edição de março e abril do relatório Economia Brasileira em Perspectiva, divulgado ontem (terça, 24/4), as exportações brasileiras de manufaturados vêm sendo prejudicadas pela ação ‘anticompetitiva’ e pelas políticas monetárias dos países mais desenvolvidos. É uma referência ao ‘tsunami monetário’ denunciado no Brasil e no exterior pela presidente Dilma Rousseff. Essa inundação de moeda estrangeira provoca a valorização do real e de outras moedas. É a guerra cambial apontada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Isso explica, segundo o relatório, por que o superávit de US$ 8 bilhões do setor manufatureiro em 2005 se converteu num déficit de US$ 92 bilhões no ano passado. Para contrabalançar essa tendência, o governo, recorda o relatório, tomou certas medidas, incluído o Plano Brasil Maior. Algumas páginas antes, o documento menciona também as ações para conter o ingresso de capitais.
“Curiosamente, os autores do trabalho só se referem ao problema cambial, quando se trata de explicar a perda de competitividade do setor industrial, mas acabam enxertando uma referência ao Plano Brasil Maior como solução para o problema. No texto, pelo menos, essa conexão é um tanto frouxa, mas esse é o ponto menos importante. O plano, de acordo com o documento, foi lançado para compensar os efeitos da valorização cambial e promover o emprego, a produção local e a inovação tecnológica. Na prática, a política industrial tem sido pouco mais que uma improvisada mistura de protecionismo, de estímulos localizados e de muita confusão. Beneficiários potenciais dos incentivos têm tido problemas para descobrir como usar as facilidades tributárias, porque as regras são obscuras e de aplicação muito difícil. A nomenclatura comercial usada impede a clara identificação dos produtos cobertos pelos incentivos. Além disso, as empresas podem receber benefícios para determinadas linhas, mas não para outras. Finalmente, algumas vantagens devem ser proporcionais à parcela da produção destinada ao comércio exterior. Não há nenhuma tentativa clara e eficaz de reduzir e racionalizar a tributação, nem de tornar mais eficiente o investimento em infra-estrutura, nem de promover um novo regime de cooperação entre setor público e setor privado para pesquisa e inovação. O Plano Brasil Maior é apenas mais uma coleção de remendos de baixa qualidade apresentada com muita retórica.
“Na falta de algo melhor para mostrar, o governo deve continuar esbravejando contra o tsunami monetário e criando estímulos para a expansão da demanda – especialmente de consumo -, como se o grande problema da indústria fosse a fraqueza do mercado interno. É mais fácil estimular os consumidores a ir às compras do que cuidar da capacidade de oferta competitiva da indústria. Os produtores estrangeiros agradecem. Isso poderia ser uma nota de rodapé para as projeções do BC.” (Rolf Kuntz, Estadão, 25/4/2012.)
Delta, a empreiteira do PAC
* Delta conseguiu aumento de preço em 60% dos contratos
“Suspeita de montar uma rede de influência tanto em governos estaduais como na União, a Delta Construções obteve aditivos que alteraram o valor de suas obras em quase 60% dos contratos firmados com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), um dos órgãos que concentram os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De um total de 265 empreendimentos tocados pela empreiteira a serviço da autarquia responsável pelas rodovias federais, 154 sofreram mudanças no valor originalmente previsto, custando mais caro na maioria dos casos e aumentando o valor das obras em cerca de R$ 400 milhões.
“Compilados pelo Estado com base em balanço do Dnit sobre os contratos com a Delta, os dados se referem às obras de manutenção, adequação, duplicação e implantação de estradas, concluídas ou ainda em andamento. Da relação, constam intervenções iniciadas de 1996 a 2012.
Maior construtora do PAC, com suas atividades concentradas principalmente no setor rodoviário, a empresa conseguiu contratos de R$ 4,3 bilhões de lá para cá, dos quais R$ 3 bilhões já foram pagos pela União.
“O protagonismo da Delta no carro-chefe do programa de infra-estrutura da presidente Dilma Rousseff e a existência, segundo a Polícia Federal, de um ‘deltaduto’ que se aproveitou do circuito financeiro de empresas de fachada do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, colocaram a empresa como alvo da CPI a ser instalada na quarta-feira (25/4).” (Fábio Fabrini, Estadão, 22/4/2012.)
* Mesmo investigada, Delta ganhou novos contratos
“Após ser apontada como líder de um esquema de corrupção que desviou milhões de reais dos cofres da União e veio a público em agosto de 2010 — na Operação Mão Dupla, feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) com a Polícia Federal (PF) — a construtora Delta continuou assinando contratos de alto valor com órgãos federais. Desde que o governo tomou conhecimento das graves irregularidades cometidas pela empreiteira em obras de rodovias no Ceará, foram assinados 31 novos contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no valor total de R$ 758 milhões.
“A Operação Mão Dupla identificou fraudes em licitações, superfaturamento, desvio de verbas, pagamentos de propina, pagamentos indevidos e uso de material de qualidade inferior ao contratado em obras de infraestrutura rodoviária sob o comando do Dnit feitas pela Delta e outras 11 empreiteiras. A investigação resultou na prisão do então superintendente do Dnit no Ceará, Joaquim Guedes Martins Neto, que, segundo a CGU, tinha, em 2008, ‘rendimento incompatível com a renda auferida pelo agente público’, e do diretor da Delta Aluízio Alves de Souza.” (André de Souza, O Globo, 23/4/2012.)
* Em CPI, oposição quer saber se Cachoeira financiou Lula em 2002
“Incentivador da CPI do Cachoeira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode virar um dos focos da comissão de inquérito. A oposição tirou da gaveta depoimento do advogado Rogério Buratti à CPI dos Bingos, em 2005, no qual ele diz que em parceria com ‘empresários dos jogos’ do Rio de São Paulo, Carlinhos Cachoeira teria dado R$ 1 milhão de caixa dois para campanha de Lula em 2002.
“Cachoeira foi preso pela Polícia Federal por envolvimento com o jogo ilegal e seus negócios serão investigados por uma CPI no Congresso. A comissão deve ser criada hoje e terá maioria governista, com votos suficientes para barrar os planos da oposição. Diz o texto da CPI dos Bingos: ‘Rogério Tadeu Buratti afirmou de maneira firme e clara que o senhor Waldomiro Diniz, representando José Dirceu, arrecadou dinheiro de ‘bingueiros’ no Estado do Rio de Janeiro, e ainda da Gtech e do empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e que o valor arrecadado por Waldomiro seria algo em torno de R$ 1 milhão.’
“No total, segundo o relatório, ‘empresas de jogos’ irrigaram ‘a campanha do presidente Lula e o PT’ com R$ 2 milhões de reais. ‘Os recursos transitaram pelo comitê financeiro da campanha. (Andreza Matais e Andréia Sadi, Folha de S. Paulo, 23/4/2012.)
* O grande desafio da CPI: desvendar o segredo do sucesso da empreiteira Delta
“Veja publicou em maio do ano passado uma reportagem exclusiva mostrando o que já parecia ser muito mais que uma simples coincidência: a empreiteira Delta fora alçada à condição de maior parceira do governo federal no mesmo ano em que contratou os serviços de consultoria do deputado cassado e ex-ministro José Dirceu. A Delta, mostrou a reportagem de Veja, além de multiplicar sua carteira de obras, expandira sua atuação para setores nos quais não tinha experiência, como óleo e gás. Na ocasião, dois ex-sócios da empresa forneceram a primeira pista para desvendar essa impressionante história de sucesso. Segundo o depoimento deles, a empreiteira usava a influência que mantinha junto a políticos para obter vantagens. O próprio presidente da empresa, Fernando Cavendish, explicou como agia e qual era o preço a ser pago. Ele disse que com ‘6 milhões de reais comprava um senador’. Sua explicação seguinte ficaria famosa: ‘Se eu botar 30 milhões de reais na mão de políticos, sou convidado para coisas pra c…’. A conversa, gravada pelos ex-sócios, foi classificada como simples bravata por Cavendish. Não era. Ela era reveladora de um método.
“A Delta vai aparecer como figura de proa na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na semana passada no Congresso Nacional, em Brasília, para investigar as relações do contraventor Carlos Cachoeira – preso por comandar um esquema ilegal de exploração de jogos – com políticos e empresas que têm contratos com a administração pública. A construtora figurará como a principal acusada no esquema baseado em pagar propina em troca de favores e contratos em governos. Segundo a Polícia Federal, a empreiteira usou os tentáculos de Cachoeira para corromper autoridades nos governos de Tocantins, Distrito Federal e Goiás. Cavendish e a Delta tiveram sua ação restrita a essas três unidades da Federação? Não. O esquema atuou também no âmbito federal, usando o mesmo método de subornar políticos e servidores públicos para obter contratos. A engrenagem funcionou ativamente dentro de ministérios no governo passado e engolfou até mesmo a Petrobras, a maior e a mais poderosa das estatais brasileiras. A Petrobras é o principal dínamo dos investimentos públicos do país, protagonismo acentuado com a descoberta das reservas de petróleo no pré-sal. No governo Lula, foi aparelhada politicamente por militantes do PT, que ganharam o controle de cargos de diretoria. O aparelhamento político de estatais, como sempre, termina em prejuízo para a empresa e os contribuintes.
“No fim de 2008, a Petrobras convidou a Delta para duplicar o parque de expedição de diesel na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). Um convite inusitado, uma vez que a empreiteira era especializada em obras rodoviárias e construção civil. Para suprir a carência técnica e se habilitar, a Delta comprou a Sigma, empresa que já tinha diversas parcerias com a estatal. Depois dessa negociação, a empreiteira assinou um contrato com a Petrobras no valor de 130 milhões de reais. A aproximação entre a Delta e a Sigma foi feita pelo engenheiro Wagner Victer, auxiliar do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que é compadre de Cavendish. O negócio parecia bom para todos os envolvidos. A Petrobras contratou a obra por um preço considerado baixo, a Delta se cacifou para atuar no bilionário ramo do petróleo e os donos da Sigma ficariam ainda mais ricos. Mas nem tudo correu como se esperava. Cavendish e seus sócios se desentenderam ao cabo de disputas financeiras. Dos ex-sócios inconformados partiu a revelação, certamente de alto interesse para a CPI instalada na semana passada, segundo a qual, para conseguir o contrato na Petrobras, a Delta teria pago propina. Sob a condição de anonimato, um deles contou a Veja que a Sigma, além de servir como fachada técnica para as operações da Delta, funcionou como caixa para quitar faturas em que a própria Delta preferia não aparecer como devedora. Para ocultar o pagamento de propina, segundo o relato gravado do ex-sócio, que diz temer por sua segurança, a Sigma foi orientada a simular a contratação de serviços para justificar a saída da propina. Os diretores da Delta indicavam o valor e os funcionários da estatal a ser beneficiados. A fatura era então encaminhada a José Augusto Quintella e Romênio Marcelino Machado, ex-donos da Sigma que continuaram na empresa. Seguindo orientações de Cavendish, eles providenciavam notas frias para justificar os gastos com a propina. Essas notas eram assinadas por Quintella e Machado e por Flávio Oliveira, diretor da Delta. Só funcionários da área operacional da Petrobras, segundo o ex-sócio, receberam 5 milhões de reais. Um volume ainda maior teria sido pago a dirigentes da empresa. Desse mesmo caixa saíram os recursos para pagar os trabalhos de consultor prestados por José Dirceu.
“Quintella e Machado não quiseram dar detalhes sobre o caso a Veja. ‘Essa história será devidamente esclarecida no momento oportuno’, disse Quintella, em nome dos antigos donos da Sigma. Os dois conhecem de perto a Delta. Foram eles que contaram a Veja que Cavendish contratou, em 2009, o deputado cassado e ex-ministro José Dirceu como consultor com o objetivo de azeitar negócios junto à Petrobras, que era comandada por José Sergio Gabrielli, integrante da corrente política de Dirceu. Foi em uma reunião com Quintella e Machado que Fernando Cavendish fez seus notórios comentários sobre os preços e as vantagens de comprar autoridades. Na mesma conversa, gravada, Cavendish traçou o caminho até o cofre da Petrobras: ‘A Reduc foi convidada pelo jogo político da Delta. A gente foi convidado por uma articulação, um pedido que foi para cá, foi para lá…’.
“A Petrobras não quis se pronunciar sobre os fatos narrados por Cavendish e seus ex-sócios. A Delta diz que ganhou o contrato legalmente e não pagou propina. A CPI instalada na semana passada certamente terá meios de obter de Cavendish e da própria Petrobras informações mais consistentes sobre como o jogo político levava determinadas empresas a obter contratos na estatal no tempo em que Dirceu e Gabrielli reinavam. A Delta passou a existir como empreiteira de grande porte e alcançou o posto de maior fornecedora de serviços do estado brasileiro no governo Lula. Um ‘jogo político’ que a CPI faria aos brasileiros o enorme benefício de elucidar. Não é pouca coisa. Segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público que levaram Carlos Cachoeira à prisão, o contraventor funcionava como captador de negócios e lobista destacado da Delta Construções. Cachoeira operava em sintonia com Cláudio Abreu, designado formalmente pela empreiteira como seu representante para a Região Centro-Oeste. Os dois cuidavam de obter contratos junto aos governos do Distrito Federal, Goiás e Tocantins. Abreu tinha também missões junto a órgãos do governo federal. Foi ao cumprir uma dessas missões que ele emplacou a Delta como a principal parceira do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Diretores da Delta passaram a visitar quase diariamente as dependências do ministério durante a gestão do senador Alfredo Nascimento, demitido no ano passado do cargo de ministro pela presidente Dilma Rousseff.” (Hugo Marques, Daniel Pereira e Rodrigo Rangel, Veja, 25/4/2012.)
“O Brasil fará a melhor de todas as Copas do Mundo”
* Faltam vagas para aviões na Rio+20. Imagine na Copa
“Com os aeroportos sobrecarregados, virou uma grande dor de cabeça encontrar vaga para estacionar os 110 aviões previstos para aterrissar na cidade durante a realização da Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável. O Itamaraty informou que, entre os dias 20 e 23, são esperados cerca de 120 chefes de estado ou de governo e 193 delegações estrangeiras. E eles devem chegar quase ao mesmo tempo. Segundo informou Abide Ferreira Junior, superintendente regional da Infraero no Rio, com tanta gente chegando à cidade, a empresa planeja usar aeroportos no Rio e em outros cinco estados: Guarulhos (São Paulo), Confins (Belo Horizonte), Brasília, Campinas e Salvador. A manobra está sendo coordenada pela Aeronáutica, que também pretende arranjar vagas nas bases aéreas do Galeão e de Santa Cruz. Mas não tem jeito: quem vier com seu avião, vai ficar a pé momentaneamente. Terá de descer aqui, e o avião vem buscar depois.
“Oficialmente, a Infraero não vê problemas, mas quem está debruçado sobre os planos de segurança tem essa preocupação. Para cada deslocamento, haverá militares, batedores e até helicópteros. Mas, como a cidade não vai parar, a equação é complexa . ‘A Infraero, em conjunto com os órgãos públicos envolvidos no evento, já desenvolveu um planejamento para receber com tranquilidade todos os chefes de estado, delegações e participantes da Rio+20. Os aeroportos do Rio estão prontos para receber o evento’, garantiu Abide Ferreira.
“No Rio, os aeroportos Santos Dumont e de Jacarepaguá serão usados apenas como apoio. Quem vier em avião de carreira, por exemplo, deverá descer no Aeroporto Internacional de Guarulhos e depois voar para o Rio. Aqui, terá duas opções: de carro até o hotel, com batedores e segurança máxima; ou de helicóptero até o Riocentro, onde serão instalados três helipontos. Há ainda, nesses casos, a possibilidade de usar o Aeroporto de Jacarepaguá.
“Os terminais do Rio recebem diariamente uma média de 800 vôos (chegadas e partidas). Ontem (sexta, 20/4) foram 814. Apenas no Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, o movimento diário é de 48 mil passageiros em média. No Santos Dumont, são 25 mil. Ao número, somam-se 50 mil credenciados e cinco mil jornalistas estrangeiros que chegarão à cidade para acompanhar o evento. O Galeão tem capacidade para acomodar em seu pátio, por hora, 54 aeronaves.
“Ainda segundo a Infraero, autoridades e delegações que vierem em aviões de carreira terão a opção de pousar em Guarulhos, de onde seguirão para o Rio pela ponte aérea, desembarcando no Santos Dumont. . De lá, poderão embarcar em helicóptero até o Aeroporto de Jacarepaguá, ou voar diretamente para o Riocentro. No Rio, serão usados ainda a Base Aérea do Galeão, a Base Aérea de Santa Cruz e o Aeroporto de Jacarepaguá como apoio. ‘Para os chefes de estado e de governo, teremos um canal diferenciado: vamos montar corredores exclusivos nos aeroportos. As delegações estrangeiras não, elas passam por outro canal’, afirmou o superintendente da Infraero no Rio.
“A Base Aérea de Santa Cruz passará por reformas de emergência para contornar a falta de estacionamentos para os aviões, confirmou ontem (sexta, 20/4) a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, durante reunião para discutir a organização do evento.” (Antônio Werneck e Isabel de Araújo, O Globo, 21/4/2012.)
* Rio terá feriadão de três dias durante a Rio+20. Imagine na Copa
“O prefeito Eduardo Paes anunciou ontem (sexta, 20/4) que pretende decretar feriado prolongado nos dias 20, 21 e 22 de junho (quarta, quinta e sexta-feira) durante a realização da Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável. O projeto de lei será enviado à Câmara dos Vereadores na próxima semana, com um pedido de urgência. Paes frisou que a ideia é fazer um feriado com cara de sábado: fecha tudo, menos o comércio. Dessa forma, ele acredita que minimizará transtornos para a população e agilizará o deslocamento dos 50 mil participantes. Na terça-feira, O Globo mostrou a preocupação dos militares com o fato de o já saturado trânsito da cidade – por onde circula uma frota em torno de 2,5 milhões de veículos – não ter condições de suportar também os comboios das autoridades e delegações que participarão do evento.
A decisão foi tomada ontem durante uma reunião que durou duas horas, no Palácio da Cidade, com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o governador Sérgio Cabral, entre outras autoridades. O objetivo do encontro era discutir os pontos da organização do evento que precisam de ajustes e apresentar o que foi feito.” (O Globo, 21/4/2012.)
A popularidade da presidente e a falta de uma oposição
* “Sem oposição é mais fácil”
“Como a presidente Dilma pode ter popularidade tão elevada, se a população desaprova a gestão do governo na maioria dos setores essenciais? É a questão levantada a partir da pesquisa Ibope divulgada neste mês. Nada menos que 77% dos brasileiros (mais de três em cada quatro) aprovam o modo como Dilma leva o País. O pessoal também considera a presidente melhor que seu governo, este com 56% de ótimo/bom (20 pontos a menos do que a avaliação pessoal de Dilma). (…)
“A melhor hipótese é simples: falta oposição. Se a população considera ruins os serviços que recebe e, ao mesmo tempo, aprova a presidente amplamente, só pode ser porque não considera Dilma responsável por aqueles problemas. Ora, carimbar a culpa na presidente e no governo é o papel da oposição, em qualquer lugar do mundo. (…)
“Nos outros quesitos condenados nas pesquisas – saúde e segurança – e em educação (48% de reprovação), a coisa é ainda mais complicada. Nessas áreas, a responsabilidade não é só de Brasília, mas também dos governos estaduais, muitos dos quais em mãos da oposição. Aqui, pois, não basta um bom discurso, é preciso mostrar serviço, fazer a diferença.
“Por exemplo: as escolas públicas de São Paulo ou de Minas, os dois mais importantes Estados administrados pelo PSDB, há anos, deveriam ser percebidas como muito melhores que as demais. Idem para polícia, para os hospitais e postos de saúde, mas não é o que se vê. Ou que a população perceba. Não se define uma opção efetiva de gestão diferente e melhor, que possa ser apresentada como o modo tucano (ou democrata) de governar naquelas áreas. 27 de abril de 2012
“Nem há consistência partidária. Em São Paulo, por exemplo, o governador Alckmin abandonou políticas educacionais modernas da anterior gestão tucana. No Brasil, no geral, fica tudo muito parecido, inclusive nas boas iniciativas, sempre isoladas, e que se encontram em gestões dos diferentes partidos.” (Carlos Alberto Sardenberg, Estadão, 23/4/2012.)
27 de abril de 2012
Outros apanhados de provas de incompetência de Dilma e do governo:
Volume 30 – Notícias de 25/11 a 1º/12
Volume 31 – Notícias de 2 a 8/12.
Volume 32 – Notícias de 9 a 15/12.
Volume 33 – Notícias 16 a 29/12.
Volume 34 – Notícias de 30/12/2011 a 5/1/2012.
Volume 35 – Notícias de 6 a 12/1.
Volume 36 – Notícias de 13 a 19/1.
Volume 37 – Notícias de 20/1 a 26/1.
Volume 38 – Notícias de 27/1 a 2/2.
Volume 39 – Notícias de 3 a 9/2.
Volume 40 – Notícias de 10 a 23/2.
Volume 41 – Notícias de 24/2 a 1º/3.
Volume 42 – Notícias de 2 a 8/3.
Volume 43 – Notícias de 9 a 15/3.
Volume 44 – Notícias de 16 a 22/3.
Volume 45 – Notícias de 23 a 29/3.
Volume 46 – Notícias de 30/3 a 5/4.