Aflição e medo. Não era assim que o mundo costumava enxergar as eleições nos Estados Unidos, país símbolo da democracia que até pouco tempo a exalava por todos os poros. Tudo mudou com Donald Trump – e pode piorar ainda mais. Se Trump vencer, consolida-se a ideia de que os fins justificam os meios sórdidos, as mentiras e as ilegalidades. Se perder, ele não aceitará a derrota, assim como fez em 2020, minando ainda mais a confiança dos americanos nos pilares da democracia. Para Trump, modelo para outros democratas de araque, a conta é simples: ou ele vence ou a eleição não vale. Continue lendo “Só Kamala salva”
O abraço dos afogados
As urnas foram cruéis com Lula e Bolsonaro. Naufragou a intenção dos dois de fazer das eleições municipais o tira-teima da disputa presidencial de 2022. No campo de Lula, a esquerda mergulhou em profunda crise de identidade, com seu principal partido, o PT, na “zona do rebaixamento”, como caracterizou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. E Bolsonaro perdeu o status de voz única da direita, amargando derrotas importantes ao confrontar outras lideranças de uma direita que deixou de ser monocromática. Continue lendo “O abraço dos afogados”
“Todas as pessoas que vivem em Brasília são políticos?”
Exatamente. Todos os 3 milhões de habitantes de Brasília, a terceira maior cidade do Brasil. Para quem não sabe, Brasília é maior do que Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Recife e Curitiba. Continue lendo ““Todas as pessoas que vivem em Brasília são políticos?””
Como confinar o mal
N. do A. – Cuidado:texto com caturrices. Caturrice: rabugice, birra.
Tínhamos, na casa onde morava, uma chapeleira na entrada da sala. Peça antiga, bela, onde visitantes penduravam casacos e guarda-chuvas. Agora, vivendo em apartamento, estou pensando em outro móvel, muito útil. Continue lendo “Como confinar o mal”
Perigo à vista
Com a escolha dos prefeitos das 51 cidades que foram ao segundo turno, o Brasil encerra neste domingo o vigésimo ciclo eleitoral pós-ditadura (9 federais e 11 municipais) carregando vícios no sistema, que privilegia candidatos com pedigree e dinheiro, e no conteúdo – sem propostas, sem programas. Um risco para o qual os políticos têm de tomar tento. Continue lendo “Perigo à vista”
Oh, dúvida cruel!
Na semana que antecede o segundo turno das eleições, Jair Bolsonaro é acometido de uma crise existencial durante um culto em São Paulo, onde foi dar apoio ao candidato Ricardo Nunes, e declara: “Às vezes me pergunto quem eu sou, onde estou e para onde vou, e a vida deixa marcas na alma e no corpo da gente. Todo dia me levanto, faço um Pai Nosso e peço que nosso povo não experimente as dores do comunismo”. Continue lendo “Oh, dúvida cruel!”
Marçal fez escola
Com Pablo Marçal fora da disputa, imaginava-se um segundo turno mais civilizado em São Paulo, com os dois contendores – Ricardo Nunes e Guilherme Boulos – travando um debate em torno das questões reais de interesse dos paulistanos. As esperanças se justificavam porque no primeiro turno sobraram cadeiradas, socos e muita baixaria em um jogo de vale-tudo. Sem Marçal, tudo seria diferente. Continue lendo “Marçal fez escola”
Um bar corta a noite
Cortando a noite fria, a 80 quilômetros por hora, o bar do Santa Cruz é um lugar especialmente aconchegante: balcão alto, mesinhas baixas cercadas por poltronas macias. A cadência da marcha – as rodas batendo-se com os trilhos – embala a freguesia e a conversa. E madrugada a dentro muita coisa pode acontecer a bordo do trem mais famoso do País.
O golpe em curso
Está tudo traçado e sendo executado para ressuscitar Jair Bolsonaro como candidato à Presidência em 2026. Os resultados do primeiro turno das eleições municipais, que deixaram o PL do ex muito bem na fita, combinados aos movimentos do próprio capitão – “sou candidato” – e de seu filho 01, senador Flávio Bolsonaro, expresso em artigo publicado sexta-feira em O Globo, não deixam dúvida: a ideia é criar ambiente para o golpe, mandando às favas a inelegibilidade determinada pelo TSE. Continue lendo “O golpe em curso”
Demência
O ataque do procurador-geral da Venezuela aos presidentes Lula e Gabriel Boric, do Chile, mostra um traço novo nas ditaduras latino-americanas. O da demência, que se agrava quanto mais tempo se agarram ao poder. Continue lendo “Demência”
Polarização em baixa
Ainda não é o fim, mas a polarização entrou em maré vazante nas eleições municipais. Há dois anos, o país saiu da disputa presidencial praticamente dividido ao meio por dois campos ideológicos rígidos. Suas lideranças, Lula e Jair Bolsonaro, se empenharam para manter o país tensionado com vistas a um acerto de contas entre a direita e a esquerda na próxima eleição presidencial. Neste quadro, a disputa eleitoral deste ano seria tanto um terceiro turno entre os dois campos, como uma prévia da disputa presidencial de 2026. Continue lendo “Polarização em baixa”
Confortos na selva
Carlinhos era o aluno mais admirado da classe, por sua ousada inventiva. Textos memoráveis, que ora irritavam sua professora (e o diretor da escola), ora os deixavam surpresos e felizes. Só tinha um problema: às vezes escorregava para o absurdo.
Tudo por dinheiro
Dez anos depois de banir as doações de empresas e de torrar só neste ano quase R$ 5 bilhões do pagador de impostos para financiar campanhas eleitorais, os políticos preparam um mix de custeio público e privado para turbinar as candidaturas – que já valeria para 2026. Como nem de longe partidos políticos pensam em andar com suas próprias pernas, sustentados por seus apoiadores, tramam a combinação diabólica do ruim com o muito pior. Continue lendo “Tudo por dinheiro”
Roupa suja
Esquerda paga o preço de não ter se renovado
Fracassou a estratégia de Lula de fazer da eleição municipal a antessala da disputa presidencial de 2026. Continue lendo “Esquerda paga o preço de não ter se renovado”