As lembranças tristes no espaço

É um belo Woody Allen, dos melhores. Um Woody Allen típico: observações argutas, inteligentes, espertas, sobre as relações humanas, as relações afetivas. São vários casais, a maioria de gente adulta, madura, aí na faixa dos 50 anos ou mais, todos de Nova York, intelectuais, artistas, pessoas sem problemas materiais. Continue lendo “As lembranças tristes no espaço”

Eu e a jumenta

Minha terra natal (Pão de Açúcar, em Alagoas) tem o privilégio ímpar de ser banhada pelo Rio São Francisco. Naquela parte final do “Velho Chico”, chamada de baixo São Francisco, a água é geralmente cristalina, límpida e de um azul impossível, antes de se precipitar e se perder no mar. Continue lendo “Eu e a jumenta”

Canções, Natal, Marina

Quando Neil Young lançou After the Gold Rush, eu tinha 20 anos, dois de São Paulo. Era uma época de inícios: começava a trabalhar no Jornal da Tarde e, no começo do ano seguinte, começaria a namorar a menina mais especial do pedaço e a fazer Jornalismo na ECA. Nem me lembro por que, mas o LP e a canção que dá o nome a ele ficaran na minha cabeça com um gostinho de ECA, de juventude, de muito sonho à frente. Continue lendo “Canções, Natal, Marina”

O que eu fiz com meu primeiro salário

Meu primeiro salário veio dentro de um envelope marrom, alto, estreito, típico dos RHs da época, quando o uso dos bancos ainda era muito restrito. Foi em espécie, não me lembro o valor, só me lembro que era gordo: eu havia conseguido meu primeiro emprego por indicação de meu irmão, Mauro, diretor de um banco que atendia solícito às demandas do meu primeiro patrão, Moysés Gorodetski, dono da São Bento TV Discos, uma loja de eletrodomésticos na Rua São Bento, na parte mais nervosa do que hoje é chamado de Centro Velho de São Paulo. Continue lendo “O que eu fiz com meu primeiro salário”

Conta outra, vó – A aposta com o diabo

Nota: Esta última historinha vem trazer a minha coletânea um tema muitíssimo repetido na literatura popular: uma disputa com o Diabo. Este tema tem lá suas variantes mais nobres e cheias de filosofia, até o seu tanto de metafísica; os dois exemplos mais fantásticos são o Livro de Jó, do Velho Testamento e o Fausto de Goethe (1749-1832). Continue lendo “Conta outra, vó – A aposta com o diabo”

Filhas

Inês pergunta sobre as pessoas, sobre as coisas. Quer saber como está minha irmã, minha sobrinha tal, meu sobrinho tal. Me pergunta sobre minhas coisas, meus sites, como estou. Continue lendo “Filhas”

Conta outra, vó – A morta-viva

Nota: O sepultamento de pessoa ainda viva, tendo os sintomas de morta, sempre foi tema de narrativas terríveis. Allan Poe (1809-1849), como não podia deixar de ser, tem duas (Premature Burial e The fall of the House of Usher); na introdução da primeira, ele apresenta casos famosos em sua época. Numa novela cheia de emoções, Selma Lagerllöf (1858-1940) também narra a história de uma moça que acaba sendo resgatada do sepultamento (En herrgårdssägen -1899). Continue lendo “Conta outra, vó – A morta-viva”