A malcasada

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Na Amé­rica pode haver quem diga: “Estou a pen­sar em Mel Bro­oks.” Do Atlân­tico para cá, a nin­guém passa pela cabeça pen­sar em Mel Bro­oks. Escla­reço os mais novos: é um pro­du­tor e rea­li­za­dor medi­ano. Os seus fil­mes mais céle­bres são as comé­dias The Pro­du­cers, Young Fran­kens­tein e Silent Movie. Continue lendo “A malcasada”

Pensas que és tu e se calhar és a Meryl Streep

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Eu acho exac­ta­mente o con­trá­rio. Não sei se importa alguma coisa saber-se do que é que esta­mos a falar. Seja, então, de Meryl Streep. Se dis­se­rem que Meryl Streep, de Kra­mer vs Kra­mer a The Brid­ges of Madi­son County, faz sem­pre de Meryl Streep, eu discordo. Continue lendo “Pensas que és tu e se calhar és a Meryl Streep”

Hemingway, o cinema e o copo de cerveja do pai

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Para Hemingway, Hollywood estava longe de ser o Paraíso na Terra. Hollywood era a selva dos pro­du­to­res de fil­mes, onde o escri­tor é a gazela a fugir da boca de leão do pro­du­tor: “Vamos ter com o pro­du­tor à fron­teira da Cali­fór­nia. Atiramos-lhe com o livro para o lado de lá. Ele atira-nos com o dinheiro para o lado de cá. Sal­ta­mos para o carro e gui­a­mos de volta como o diabo a fugir da cruz.” Continue lendo “Hemingway, o cinema e o copo de cerveja do pai”

Emídio Rangel em Nova Iorque

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Se lá esti­vesse o Al Pacino de Ser­pico, não seria melhor. Na 5ª Ave­nida, à boca do metro, montara-se o inferno. Povo, polí­cia, o circo da tele­vi­são. Ban­di­dos em fuga tinham reféns os pas­sa­gei­ros do metro. Cortou-se o trân­sito, fechou-se o metro. Esperava-se o som e a fúria das metra­lha­do­ras dos NYPD blues. Continue lendo “Emídio Rangel em Nova Iorque”

Um filme de Malick e Jorge Luis Borges

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Foi a única vez em que Jorge Luis Bor­ges se zan­gou com o seu amigo Bioy Casa­res. De tão irri­tado, Casa­res bem gos­ta­ria de ter dado um lite­rá­rio murro na mesa. Citara a Bor­ges a mais misan­tropa das fra­ses – “a cópula e os espe­lhos são abo­mi­ná­veis por­que mul­ti­pli­cam o número dos homens” –, afir­mando que a dis­sera um filó­sofo de Uqbar, terra mis­te­ri­osa. Continue lendo “Um filme de Malick e Jorge Luis Borges”

Manoel de Oliveira de calções

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Até mesmo Hemingway teve infân­cia. Antes dos tou­ros, dos litros de dry-martinis, de Paris em festa, houve um Ernest antes de haver um Hemingway. Diria mais, ainda o decano de todos os cine­as­tas, o nosso Manoel de Oli­veira, não tinha nas­cido e já Hemingway tinha infância. Continue lendo “Manoel de Oliveira de calções”

Não é bem a história do Capuchinho Vermelho

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Se repa­ra­rem bem, ela está lá. A lin­ge­rie é de seda ver­me­lha, col­lants pes­ca­do­res de rede ver­me­lha tam­bém, uns ver­me­lhís­si­mos sapa­tos Manolo Blah­niks que, calçasse-os Dorothy, e outra teria sido a sua con­versa com o fei­ti­ceiro de Oz. Continue lendo “Não é bem a história do Capuchinho Vermelho”

A mulher estrangulada

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Deus é um des­pe­sista. Fez o mundo em sete dias. Devia era apren­der com Edgar G. Ulmer, que fazia fil­mes em seis dias. O pro­blema de Deus é não ser um cine­asta ale­mão. Tivesse Ele sido assis­tente de Mur­nau e de Lang, have­ria mulhe­res na Lua e nas flo­res­tas do mundo outros tabus cantariam. Continue lendo “A mulher estrangulada”

O comunista inveterado

Tinha uma cabe­çada demo­li­dora. Lis­boa já não seria bem um pátio das can­ti­gas. Mas ainda havia res­tos de Vas­cos San­ta­nas nas lei­ta­rias de Alcân­tara e nas tas­cas da Madra­goa. O atá­vico leão da Estrela já era. Lis­boa tinha agora um SLB cam­peão euro­peu que pin­tava a cidade de ver­me­lho. Continue lendo “O comunista inveterado”

Um bando de frustrados sexuais

Jorge de Sena dizia que, por vezes, os fran­ce­ses nos tiram o ar todo com um sublime soco no estô­mago. Falava de lite­ra­tura e pode­ria muito bem estar a falar da beleza cele­rada de um verso de Rim­baud. Pego-lhe nas pala­vras para come­çar a falar da beleza cele­rada de Paul Gégauff, poeta dos argu­men­tos dos fil­mes da Nou­velle Vague que cons­truí­ram o torpe ima­gi­ná­rio da minha geração. Continue lendo “Um bando de frustrados sexuais”

Insultos

Tiros de canhão ou finos punhais, os insul­tos, na velha e clás­sica Hollywood, deram his­tó­rias sabo­ro­sas. Conto.

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metade de Garbo é muito melhor do que um Mayer inteiro Continue lendo “Insultos”