Insultos

Tiros de canhão ou finos punhais, os insul­tos, na velha e clás­sica Hollywood, deram his­tó­rias sabo­ro­sas. Conto.

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metade de Garbo é muito melhor do que um Mayer inteiro

  1. Creio que foi no dia em que o agente de Greta Garbo veio anun­ciar ao pro­du­tor Louis B. Mayer, senhor todo-poderoso da MGM, que a secre­tís­sima actriz aban­do­nava o cinema. Fosse como fosse, Mayer, que tudo levava como ofensa, não era de levar ofen­sas para casa: “Diga à senho­ri­nha Garbo que os homens ame­ri­ca­nos não gos­tam de mulhe­res gor­das.” Logo Mayer, que era tão feio.

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Deus é grande: vê-se bem que não era mesmo nenhuma lady

  1. Bette Davis e Joan Craw­ford, dois imen­sos galos na capo­eira da War­ner Bros, odiaram-se à pri­meira vista. Disse Davis: “Por­que é que sou tão boa a fazer de cabra? Penso que é por não ser uma cabra. Se calhar é por isso que a Craw­ford faz sem­pre de lady.” Mas Joan Craw­ford mor­reu. Bette Davis foi pie­dosa: “Lá por­que ela mor­reu não quer dizer que tenha mudado.”

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Dá deus bei­jos a quem não tem nozes

  1. É a cena de Some Like it Hot em que todo e qual­quer homem, vesgo, coxo, careca, se ofe­re­ce­ria para ocu­par o lugar de Tony Cur­tis. Fazendo-se pas­sar por um mili­o­ná­rio de com­bus­tão lenta, Cur­tis pede a Marilyn Mon­roe que o vá bei­jando para ver se o motor pega. E se Marilyn o beija: fron­tal, hori­zon­tal, ver­ti­cal, obli­qua­mente. A um jor­nal, Tony Cur­tis decla­rou: “Foi como se esti­vesse a bei­jar Hitler.”

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O táxi

  1. Se bem sei, o misan­tró­pico Howard Hughes até apre­ci­a­ria o más­culo Clark Gable, embora com a pon­ti­nha de inveja que se adi­vi­nha nesta sin­té­tica des­cri­ção: “As ore­lhas dele fazem-no pare­cer um táxi com as duas por­tas abertas.”

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Mil sins são mais boni­tos do que um não

  1. Da exó­tica Merle Obe­ron, que consta ser filha da sua pró­pria irmã e não da sua mãe, a escri­tora Dorothy Par­ker disse o que só uma mulher se auto­riza a dizer de outra: “Fala dezoito lín­guas e em nenhuma sabe dizer não.”

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Música de Osmond aos ouvi­dos de Dean Martin

  1. O actor Cliff Osmond entrou em qua­tro fil­mes de Billy Wil­der. Na audi­ção para Kiss Me Stu­pid, filme tão sub­va­lo­ri­zado que já quase é só meu. Osmond tinha de can­tar – no filme, era um com­po­si­tor – e Wil­der teve de o ouvir. Can­tou. O cru­de­lís­simo aus­tríaco sus­pi­rou e disse-lhe: “Cliff, que­rido Cliff, tens o ouvido de Van Gogh para a música.”

Este artigo foi originalmente publicado no semanário português O Expresso.

manuel.s.phonseca@gmail.com

Manuel S. Fonseca escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

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