A mulher americana começara a tomar a pílula havia quatro anos, faltavam outros quatro para que Maio de 68 pusesse De Gaulle com as calças a arder. Em 1964, Truffaut filmava Jules e Jim, história de um ménage à trois, gentil e pudico como todos os ménages à trois. Continue lendo “Ménage à trois”
A uma jovem leitora
Uma jovem leitora perguntou e eu respondo: o que nos empurra para a morte é a mudança, a mudança que já não precisa de nós. O passado, todo esse mundo maravilhoso em que vivemos e aprendemos, deixou de interessar aos mundos que vieram a seguir a nós. Continue lendo “A uma jovem leitora”
A perna é melhor que o braço
Um segundo de honestidade pode ser a perdição de qualquer homem. Foi com este princípio filosófico e ético que Preston Sturges escreveu e realizou The Great McGinty. Continue lendo “A perna é melhor que o braço”
007 contra Steve Jobs
Já é uma lenda. Imprima-se a lenda. Continue lendo “007 contra Steve Jobs”
Mais trevas
No ano de 1970, eu ainda morava em Paris, fugindo da ditadura no Brasil, quando conheci Elia Kazan, um dos maiores diretores do cinema americano no século XX. Uma noite, na casa do jornalista Michel Ciment (biógrafo de Kazan), o cineasta nos anunciou que havia sido convidado, por uma universidade de São Paulo, a passar uns dias na cidade exibindo seus filmes e dando palestras para os estudantes. Continue lendo “Mais trevas”
Quem quer filmar Kant?
Com despudor e venialidade, em crónica anterior, exibi a língua de Sarita Montiel. Uma língua, por elástica que seja, não é, dizem-me, assunto nobre. Vinha penitenciar-me e tropeço em Immanuel Kant. Continue lendo “Quem quer filmar Kant?”
Um mar de sangue
Talvez não se lembrem da cena. Guardei-a na mais esconsa gaveta da minha mente. Al Pacino e Ellen Barkin entram no apartamento dele. Ela dá-lhe um empurrão ofegante. “What?”, diz ele, com a brutal economia do inglês que os americanos falam. Continue lendo “Um mar de sangue”
Ali, onde eu chorei…
Já andava com saudades de uma lista. Bem vistas as coisas, nem é bem uma lista. É mais um vale de lágrimas. Continue lendo “Ali, onde eu chorei…”
Um só tiro
Leio na cama, mas os olhos fecham-se como antes não se fechavam. Há dias, abri Aquele Grande Rio Eufrates, do poeta Ruy Belo. Lia o sublime “Elogio da Amada”, e no verso “a amada é bem a infância que vem ter comigo” já eu dormia como um bebé. Continue lendo “Um só tiro”
Uau!
Cometi um grave erro na última crónica. Ataquei a reputação de uma geração. O primeiro “uau!”, esse esplêndido juízo de valor dos adolescentes de hoje, é muito mais antigo do que pensava. Continue lendo “Uau!”
Um enfático “fuck”
Anjelica Huston teve de apanhar um táxi. Viera a uma festa em casa de Jack Nicholson. Trouxera um vestido com um metro de decote nas costas. Por essa adivinhada lábil curva, Jack, que nunca a vira, nem mais vestida, nem menos nua, já não a deixou sair essa noite. Continue lendo “Um enfático “fuck””
Andas a dormir com a minha filha?
O predador que há, ou havia, em Jack Nicholson tem desculpa, estimada leitora. Já viu, se um dia descobrisse, como ele, que a tinham enganado sobre o seu nascimento? A sua mãe era, afinal, a que pensava ser sua irmã e a querida mãe muito amada era, na verdade, sua avó. Continue lendo “Andas a dormir com a minha filha?”
O avião de Meg Ryan
O medo de voar fica bem a Meg Ryan. Sem o medo de voar, Meg nunca teria perdido o primeiro namorado, em French Kiss. E, se não tivesse feito das tripas coração para superar o medo de voar, Meg Ryan nunca teria encontrado o Kevin Kline expert em vinhos e queijos, aventureiro que dá à sua tez loira um pouco da morena animalidade que bem falta lhe faz. Continue lendo “O avião de Meg Ryan”
O primo negro
Nunca fui capitão do mato, mas quando ouvi o capitão Vinicius dizer que era o branco mais preto do Brasil, quis ser como ele. Continue lendo “O primo negro”
Herberto e Manoel
Deu-me para isto, mas não é todos os dias que nos morrem Herbertos e Manoéis. Eram tão diferentes que me apeteceu juntá-los.
Haverá um arbusto de sangue nas jovens mulheres dos filmes de Manoel de Oliveira? O arbusto fui buscá-lo a um verso de Herberto que o meu pelotão da Escola de Aplicação Militar de Angola ia murmurando nos 30 quilómetros de mato das marchas finais: “Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue. Com ela encantarei a noite.” Continue lendo “Herberto e Manoel”













