Ménage à trois

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A mulher ame­ri­cana come­çara a tomar a pílula havia qua­tro anos, fal­ta­vam outros qua­tro para que Maio de 68 pusesse De Gaulle com as cal­ças a arder. Em 1964, Truf­faut fil­mava Jules e Jim, his­tó­ria de um ménage à trois, gen­til e pudico como todos os ména­ges à trois. Continue lendo “Ménage à trois”

A uma jovem leitora

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Uma jovem lei­tora per­gun­tou e eu res­pondo: o que nos empurra para a morte é a mudança, a mudança que já não pre­cisa de nós. O pas­sado, todo esse mundo mara­vi­lhoso em que vive­mos e apren­de­mos, dei­xou de inte­res­sar aos mun­dos que vie­ram a seguir a nós. Continue lendo “A uma jovem leitora”

Mais trevas

No ano de 1970, eu ainda morava em Paris, fugindo da ditadura no Brasil, quando conheci Elia Kazan, um dos maiores diretores do cinema americano no século XX. Uma noite, na casa do jornalista Michel Ciment (biógrafo de Kazan), o cineasta nos anunciou que havia sido convidado, por uma universidade de São Paulo, a passar uns dias na cidade exibindo seus filmes e dando palestras para os estudantes. Continue lendo “Mais trevas”

Um mar de sangue

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Tal­vez não se lem­brem da cena. Guardei-a na mais esconsa gaveta da minha mente. Al Pacino e Ellen Bar­kin entram no apar­ta­mento dele. Ela dá-lhe um empur­rão ofe­gante. “What?”, diz ele, com a bru­tal eco­no­mia do inglês que os ame­ri­ca­nos falam. Continue lendo “Um mar de sangue”

Um só tiro

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Leio na cama, mas os olhos fecham-se como antes não se fecha­vam. Há dias, abri Aquele Grande Rio Eufra­tes, do poeta Ruy Belo. Lia o sublime “Elo­gio da Amada”, e no verso “a amada é bem a infân­cia que vem ter comigo” já eu dor­mia como um bebé. Continue lendo “Um só tiro”

Uau!

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Cometi um grave erro na última cró­nica. Ata­quei a repu­ta­ção de uma gera­ção. O pri­meiro “uau!”, esse esplên­dido juízo de valor dos ado­les­cen­tes de hoje, é muito mais antigo do que pen­sava. Continue lendo “Uau!”

Andas a dormir com a minha filha?

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O pre­da­dor que há, ou havia, em Jack Nichol­son tem des­culpa, esti­mada lei­tora. Já viu, se um dia des­co­brisse, como ele, que a tinham enga­nado sobre o seu nas­ci­mento? A sua mãe era, afi­nal, a que pen­sava ser sua irmã e a que­rida mãe muito amada era, na ver­dade, sua avó. Continue lendo “Andas a dormir com a minha filha?”

O avião de Meg Ryan

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O medo de voar fica bem a Meg Ryan. Sem o medo de voar, Meg nunca teria per­dido o pri­meiro namo­rado, em French Kiss. E, se não tivesse feito das tri­pas cora­ção para supe­rar o medo de voar, Meg Ryan nunca teria encon­trado o Kevin Kline expert em vinhos e quei­jos, aven­tu­reiro que dá à sua tez loira um pouco da morena ani­ma­li­dade que bem falta lhe faz. Continue lendo “O avião de Meg Ryan”

Herberto e Manoel

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Deu-me para isto, mas não é todos os dias que nos mor­rem Her­ber­tos e Manoéis. Eram tão dife­ren­tes que me ape­te­ceu juntá-los. 

Haverá um arbusto de san­gue nas jovens mulhe­res dos fil­mes de Manoel de Oli­veira? O arbusto fui buscá-lo a um verso de Her­berto que o meu pelo­tão da Escola de Apli­ca­ção Mili­tar de Angola ia mur­mu­rando nos 30 qui­ló­me­tros de mato das mar­chas finais: “Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de som­bra e seu arbusto de san­gue. Com ela encan­ta­rei a noite.” Continue lendo “Herberto e Manoel”