Roraimense é pé-de-cana como qualquer brasileiro que goste de uma abrideira, aca, aço, a do ó, água-benta, água-bruta, água de briga, água de cana, água que gato não bebe, água que passarinho não bebe, aguardente, aguarrás, águas de setembro, alpista, aninha, arrebenta-peito, assovio de cobra, azougue, azuladinha, azulzinha, bagaceira, baronesa, bicha, bico, birita, boa, borbulhante, boresca, branca, branquinha, brasa, brasileira… Continue lendo “Ser pé-de-cana é direito de todo cidadão”
Eu, Pierre Trudeau e o tuxaua Lourival
Assim que desembarcou em Boa Vista, em setembro de 1988, o ex-primeiro-ministro do Canadá, Pierre Trudeau, me ligou pedindo para que eu o assessorasse por aqui. Levei um susto, pois nem sabia que ele viria ao território. Fui informado de que consultara alguém do Estadão – não disse exatamente quem – para saber quem era o correspondente em Roraima, pois queria que o acompanhasse na visita a uma aldeia indígena. Continue lendo “Eu, Pierre Trudeau e o tuxaua Lourival”
O assalto ao Bradesco
No início de 1980 passei a dividir a chefia de Reportagem Geral do Estadão com José da Silva (nome fictício), um dos sujeitos mais agitados que conheci. Na mesma época, por indicação do Faustão, então repórter esportivo, fui chefiar a Reportagem do sistema Globo de Rádio (Globo AM e Excelsior FM), que alimentava dois radiojornais. Continue lendo “O assalto ao Bradesco”
O santeiro e o galo voador
Não sei bem em que ano foi precisamente, mas sei que foi lá pelo começo dos anos 50, disso tenho certeza. No terreirão que separava a frente da nossa casa da estrada, minha família costumava montar uma fogueira de mais de três braças e erguer um mastro no 23 de junho, véspera de São João. Continue lendo “O santeiro e o galo voador”
O amestrador de rola-bosta
O Cotingo herda o Uailan, de curta distância entre seu nascedouro no monte Roraima e as fraldas da cadeia de montanhas do maciço das Guianas, e desce cortando o lavrado em busca do Surumu, já em terras de Pacaraima. Continue lendo “O amestrador de rola-bosta”
Alma penada na fazenda do Rockfeller
A pequena floresta, que me disseram ser encantada, empurrada pelos canaviais em direção às barrancas do Rio Jacaré, já não guarda mais os mesmos mistérios dos anos 40 do século passado. Mas quando a vi pela última vez, lá pelos idos dos anos 80, ela fez minha imaginação viajar na garupa de velhas lembranças trazidas da primeira infância. Continue lendo “Alma penada na fazenda do Rockfeller”
A promessa
As tempestades de setembro já eram poucas e esparsas, anunciando o fim do inverno amazônico. A passarada espalhava-se pela mata, onde fruteiras generosas ofereciam abundância e variedade capazes de alimentar bandos e bandos de araras, papagaios, jandaias, tucanos, sabiás, assanhaços e tantos outros da vasta fauna que habita o extremo norte. Continue lendo “A promessa”
Macaco!!!, macaco!!!, macaco!!!…
No embalo de mais uma ofensa racista entre as muitas que têm ocorrido nos campos de futebol do Brasil e mundo afora, esta última, a de torcedores do Grêmio contra o goleiro santista Aranha, me leva a viajar no tempo para resgatar um episódio que testemunhei há uns 20 e tantos anos. Ele me serve para mostrar como nem sempre as coisas são como nossos olhos vêem e nossos ouvidos escutam. Continue lendo “Macaco!!!, macaco!!!, macaco!!!…”
A viagem do Dr. Antônio
Causou-me profunda tristeza a morte, no domingo à noite, aos 86 anos, do cidadão brasileiro Antônio Ermírio de Moraes. Foi a perda de um ser humano que fez parte da minha vida, mesmo sendo ele um dos mais destacados empresários do país e eu apenas um modesto jornalista. Continue lendo “A viagem do Dr. Antônio”
A madrugada em que a onça bebeu água
Conheci ainda na infância uma fazenda, a Santa Olímpia, ligada à vila de Guatapará por uma estrada margeada pela mata fechada. Nela, ao passar por uma clareira dava ainda para a gente ver as marcas do primeiro cemitério da região. Por causa dele ninguém se aventurava a andar por ali à noite, pois os mais velhos contavam que nas chamadas horas mortas as almas saiam ao relento acompanhadas dos esturros de uma onça pintada. Continue lendo “A madrugada em que a onça bebeu água”
A sinfonia da vida
Há 45 anos, eu andando lá pelos 18 (não se espante, leitor, também já tive essa idade), tocado pelo romantismo que tão naturalmente floreia os sonhos de todos nós nessa quadra de nossas vidas, gostava de sentar-me à beira de um regato que circundava os fundos de nossa casa e que, depois, descia sereno e imutável para os braços do Mogi Guaçu. Continue lendo “A sinfonia da vida”
O seqüestro das muletas no puteiro de Joaquina
O sobrado amplo, de muitos cômodos, tinha aparência bem cuidada, ajardinado em todo o seu frontal, de ponta a ponta, entremeando roseiras trepadeiras, jasmineiros, brincos-de-princesa e outras tantas floreiras. O chão forrado de onze-horas formava um tapete colorido como colorido eram todas as plantas que ornavam a frente do terreno. Continue lendo “O seqüestro das muletas no puteiro de Joaquina”
João Geada e Chico Gasparzinho
Eu tinha 7 anos, não mais que isso, quando vivi uma das experiências mais excitantes da minha ainda curta vida. Minha família morava numa fazenda ao lado da pequena vila de Guatapará, a 42 km de Ribeirão Preto. Continue lendo “João Geada e Chico Gasparzinho”
A excomunhão
Lá pelo final dos anos 50 do século passado, depois de um período internado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, voltei para a casa de meus pais. Nessa quadra da minha vida, aproveitando o tempo de internação, já fizera a primeira comunhão com o aprendizado do Catecismo católico, ensinado por padres e freiras, tempo em que ele era ainda ministrado quase todo em latim. Continue lendo “A excomunhão”
Eu, a “prima”, o terno e a valeta
Quando leio qualquer coisa sobre Ribeirão Preto, viajo de volta ao passado na garupa das muitas lembranças dos tempos em que vivi nessa metrópole interiorana, que fez parte da minha infância e juventude. É bem verdade que eu só ia à cidade de vez em quando ou por precisão, pois morava em Guatapará, um dos seus distritos, hoje município emancipado, localizado a pouco mais de 40 quilômetros, no vale do médio Rio Mogi Guaçu. Continue lendo “Eu, a “prima”, o terno e a valeta”