Lendas marcianas
Estava pensando sobre os futuros julgamentos dos golpistas de 8/1 quando me lembrei (velho sempre se lembra das coisas muito tempo depois) que meu amigo marciano prometera em dezembro passado levar para Marte os acampados aloprados e, de quebra, os respectivos QGs do Exército em frente aos quais se aglomeravam país afora.
A vez dos gordos
Tem gente que gosta de apanhar. Eu não sei por quê, mas tem. Li uma notícia sobre um marido que gostava de apanhar da mulher. Apanhava tanto que os vizinhos chamaram a polícia. Continue lendo “A vez dos gordos”
Valeu, Xandão (2)
Uma pilha de repórteres se amontoava dentro e fora da delegacia. O delegado tentava dar respostas objetivas, mas abusava das metáforas. O leite azedou, dizia ele, e o amontoado de repórteres queria saber a marca do leite para informar à população, de modo a não comprar coisa que não presta. Continue lendo “Valeu, Xandão (2)”
Valeu, Xandão!
O gado está quieto. Tudo de orelha em pé. Mas quieto. Nem latidos dos cães mais fiéis se ouvem. No curral, um forte cheiro de estrume exala. Fracos mugidos nos cantos escuros ressoam. Continue lendo “Valeu, Xandão!”
Tiros no pé
Tem alguma coisa estranha acontecendo dentro da cabeça de um monte de gente. Nunca vi um pessoal querendo tanto dar tiros no pé e outros na cabeça como esse da ultradireita neonazista uivando por uma CPI do 8/1. É como se não fossem eles, mas outros, os protagonistas do golpe de estado frustrado — apesar de todo o empenho da PM, da Guarda Presidencial, do GSI remanescente do governo anterior, de muitos milicos de pijama e outros tantos da ativa, todos em pé de guerra na Praça dos Três Poderes naquele dia de circo incomum. Continue lendo “Tiros no pé”
Preocupações mundanas
Cem dias depois do Apocalipse
Também gostei dos cem dias. Não teve motociata paga com dinheiro público, não teve arminha, não teve ajuntamento de zumbis na portaria do Alvorada. Não teve bandos de seguranças vestidos de preto em volta de um sujeito com medo de levar facada nas tripas ou tiro de snipers nos miolos depois de ver muito filme de espionagem e violência na Netflix. Continue lendo “Cem dias depois do Apocalipse”
Fake news
Alhos e bugalhos
Comparar alhos com bugalhos é coisa que se aprende no colégio a não fazer. Mas virou moda fazer. O tratamento dado pela Folha à mais nova pesquisa do DataFolha sobre a quantas anda o governo Lula, três meses após a posse, é um exemplo chocante.
Boa companhia
O presidente Lula não está mais sozinho em sua batalha contra os juros altos. Inflação causada por anomalias no lado da oferta não se combate com aumento de juros. A definição é do prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, para quem o presidente Lula tem toda razão de se preocupar: elevação de juros nessas situações são desnecessárias, ilógicas e levam o país para a recessão, com graves consequências para a produção, o emprego e a renda da grande maioria da população. Continue lendo “Boa companhia”
Que crise!
Li na imprensa, e não nas mídias sociais, que são antros de boatarias e pseudo notícias de agentes da direita e extrema direita, que os investimentos estrangeiros na B3 aumentaram durante o mês de janeiro. E não foi pouca coisa. Do dia 2 ao dia 31 subiram 3,9%, enquanto o tal “mercado” chiava e vertia lágrimas de crocodilo contra o que via como ameaças à política econômica liberal por parte do recém empossado governo Lula. Continue lendo “Que crise!”
Juros escorchantes
O presidente Lula tem razão em sua batalha contra os juros altos. A autoridade monetária precisa ouvir que não temos inflação de demanda, que não temos uma economia aquecida que necessite de um golpe de juros para reduzir a alta dos preços. A inflação dos últimos anos veio de fora, pelas commodities importadas a preços elevados, em função da pandemia, e pela alta do dólar no mundo. Continue lendo “Juros escorchantes”
Otários
Quando o napoleão de hospício havia acabado de vencer o segundo turno da eleição de 2018, encontrei no meu banco um lídimo representante da elite londrinense, todo assanhado e eloquente. Dizia ele que, enfim, ia-se instalar o verdadeiro presidencialismo no Brasil. Eu era uma figura conhecida, fora diretor de redação da Folha de Londrina e me dava com muita gente, da esquerda à direita. Mas não sabia que o cidadão que se empinava ao meu lado, e eu conhecia de longa data, era tão retrógrado e autoritário quanto revelou ser. Continue lendo “Otários”
As raízes de Rondon
Milico pra mim sempre foi o marechal Cândido Rondon. Era engenheiro e sertanista, um amigo dos índios – como assim eram chamados em sua época, hoje denominados indígenas, que é a forma correta. Foi dele a criação, em 1910, do órgão oficial que muito depois receberia o nome de Fundação Nacional do Índio, substituindo o original Serviço de Proteção aos Índios. Em suas várias missões Brasil afora, Rondon foi um desbravador do bem, jamais um destruidor. Continue lendo “As raízes de Rondon”