Não tentem desmentir-me, nem me venham com paleio de coincidências. Se é a 1 de Junho que se comemora o Dia da Criança é por ser, digo eu, o dia em que nasceu Marilyn Monroe, a criança mais criança que o mundo já conheceu. Continue lendo “Capuchinho Vermelho não sabe andar”
É tudo a fingir
Eu levava as coisas muito a peito. Fui praticamente filiado no pol-potismo da crítica de cinema que os substitutos de Truffaut e Godard instalaram nos Cahiers du Cinèma quando lhe desamarelaram a capa. Até que, um dia, o actor Dennis Hopper chorou para mim. À minha frente, mas mesmo para mim. Continue lendo “É tudo a fingir”
Só lhe falta ter piratas
Levem os rapazes ao cinema. Borrifem-se para as classificações etárias e levem as criancinhas a ver Mud, de Jeff Nichols, que em português se chamou Fuga. Continue lendo “Só lhe falta ter piratas”
Todos o queriam, todos o proibiam
Muitas das coisas de que o nazi Joseph Goebbels gostava são coisas de que todos gostamos. Uma delas é o filme M, que outro alemão, Fritz Lang, realizou em 1931. A sensibilidade de Goebbels derreteu-se ao vê-lo no cinema. Continue lendo “Todos o queriam, todos o proibiam”
Que se lixem as atenuantes
Está escuro. Mesmo no escuro, sei bem que estou corado. É desse intenso, rubro prazer, que só se tem no escuro de uma sala de cinema, que quero falar. Confesso-me. São prazeres gratuitos, indesculpáveis. Que se lixem as atenuantes. É para ser culpado? Sou. Continue lendo “Que se lixem as atenuantes”
Vê-se tudo e ladra um cão
Não sei se é a vida, não sei se é a morte, sei é que se vê tudo. Eu que dos morros da Gabela, numa manhã de cacimbo, julguei ter visto os arredores do infinito; eu que de um avião vi nascer o Sol no Sara e, de outro, vi a interminável brancura do Árctico, vi agora, num filme, esse tudo que é toda a terra, todo o cosmos. Continue lendo “Vê-se tudo e ladra um cão”
Com pena minha, não cheguei a gangster
Não tenho nenhuma vontade de morrer. Se pudesse não morrer, não morria. Mas se fosse um amigo, o meu melhor amigo, a matar-me talvez não me importasse de morrer. Continue lendo “Com pena minha, não cheguei a gangster”
Pernas de franga, tacões gigantes
Já vamos em trinta minutos de filme e ainda não a vimos. É então que ela se atira para o banco de trás do táxi de Travis Bickle, personagem que, por ser mais De Niro do que De Niro, lhe roubou a alma. Continue lendo “Pernas de franga, tacões gigantes”
Um autor, dois ladrões
É um livro, Taxi Driver, e começa exactamente onde o filme começou. Começa na cabeça de Paul Schrader. Da página 12 à 24, numa entrevista catártica, o livro mostra os miolos do seu criador. Continue lendo “Um autor, dois ladrões”
Ele chega a morder-lhe, sim
O que é preciso para que uma rua se encha de gente? Francis Coppola, no Godfather, part I, enche uma rua de alegria e vizinhos quando Sonny, um dos filhos de Don Corleone, dá uma lição ao cunhado. Continue lendo “Ele chega a morder-lhe, sim”
Bang-Bang
Os meus melhores bons sempre foram maus. Andam para aí a pregar sermões e até importaram uma açucarada expressão americana – role model –, mas a minha América sempre foi outra, a começar pela América da minha rua. Continue lendo “Bang-Bang”
As boas e as más meninas
Filha de negociantes ricos, menina milionária da 5.ª Avenida, Dorothy Taylor, por aristocrata distracção, casou-se com o conde Di Frasso, em Itália. Continue lendo “As boas e as más meninas”
Uma mulatíssima Debra Winger
O que se via era um povo em festa, mas talvez fossem só duas ditaduras a beijar-se.
Os meus olhos tinham treze anos. Pouco mais ou menos o que tinham os olhos de Jim, o miúdo inglês que Christian Bale é em Empire of the Sun. Continue lendo “Uma mulatíssima Debra Winger”
A beleza é um país de velhos
Pois que morram jovens se quiserem, mas fiquem a saber que a verdadeira beleza está na velhice. Disse verdadeira? Se tivesse uma ponta de coragem eu devia ter dito, a única. Continue lendo “A beleza é um país de velhos”
A ignorância de Welles reinventou o cinema
Passos Coelho quando chegou ao governo sabia tudo. Orson Welles quando chegou a Hollywood não sabia nada. Continue lendo “A ignorância de Welles reinventou o cinema”