O grande educador

Em The Big Sleep, quando Bogart sai de uma livraria, atravessa a rua e se refugia na livraria em frente, toda a cena é só alusão e vénia a Stanley Rose, fundador das duas. Uma antes, outra depois de ser preso por piratear uma antologia de humor escatológico. Continue lendo “O grande educador”

A ímpar sala de cinema

Era fim de tarde e uma guerrilheira lufada de Inverno feriu a primaveril Feira do Livro. Ia dizer olá ao João Lopes, camarada da remota aventura da Cinemateca. Ele apresentava um livro – Cinema e Históri – e arrastava a debate, outros dois companheiros, o João Adelino Faria e o Nuno Artur Silva. Continue lendo “A ímpar sala de cinema”

Jejum e mar de palha

O cinema só não é uma arte maior como a literatura porque não há cineastas virgens. O cineasta virgem seria uma contradição nos termos. A câmara de filmar é um falo hiperbólico: devassa, despe, acaricia. Bi ou promíscua, a câmara tanto faz estremecer Keira Knightely e Scarlett Johansson como Michael Fassbender. Continue lendo “Jejum e mar de palha”

O romance facho-hollywoodiano

Mussolini, no escuro do seu cinema, gostava de pôr os olhos na irreprovável nudez de Hedy Lamarr, vendo Êxtase, filme mudo checo de que tinha cópia privada. Mas o seu modelo de indústria era americano. Admirava os grandes estúdios e manteve romance epistolar com a bela e fútil Anita Page, que teria sido a namorada do mundo se Greta Garbo e Joan Crawford não lhe tivessem sufocado a carreira.

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Tirar a roupa

Se a história do cinema ensina alguma coisa é que vem aí uma década de libidinoso aquecimento. No século do código Hays, passagem dos anos 20 para os 30, tudo era proibido. Mesmo o beijo na boca era só uma lástima de beijo na boca. Continue lendo “Tirar a roupa”

Heróico, viril e vil

Todo o passado é sincrético. Como sabem, John Gilbert é um actor do tempo de Homero, Greta Garbo, Ben-Hur ou não fosse o cinema uma invenção mediterrânica. Um dos criadores desse cinema da antiguidade clássica foi Louis B. Mayer. Judeu, claro. Como Aquiles, era heróico, viril e vil. De poderoso soco. Basta vê-lo, à porta do Alexandria Hotel, aos murros a Charlie Chaplin. Foi em Los Angeles: na minha antiguidade clássica já havia América e hotéis de cinco estrelas. Continue lendo “Heróico, viril e vil”