As manobras contorcionistas para driblar a decisão do STF de tornar públicos os demandantes e os beneficiários das emendas do relator ao orçamento de 2020 e 2021 estão pondo a perder a aura que Rodrigo Pacheco tenta construir em torno de si. O bom moço, que se vende como pacificador de conflitos, meteu-se de corpo e alma no imbróglio, autorizando que se pense que ele tem muito a perder se os segredos vierem à tona. Continue lendo “Sigilo fatal”
Segredo mantido
Decisão judicial não se discute, cumpre-se. Isso vale para qualquer cidadão, sob pena de enquadramento em crime de desobediência, com penas de prisão e multa. Ou não, se a ordem prejudicar o arranjo político entre o Congresso e o governo Jair Bolsonaro. Esse foi o entendimento dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, ao mandar às favas a determinação do STF para que o Congresso desse publicidade às emendas secretas de 2020 e 2021. Bolsonaro também faz gato e sapato do Supremo, ao se negar a detalhar seus gastos. Continue lendo “Segredo mantido”
O Picolé de Chuchu
Tetra governador do estado de São Paulo e líder absoluto para retornar ao Palácio dos Bandeirantes de acordo com o Datafolha – tem 26% das intenções de voto contra 17% do petista Fernando Haddad -, Geraldo Alckmin é a noiva da vez. Seu nome aparece nas listas de desejos do PSD, PSB e até do PT de Lula. Mas sua aposta pode ainda estar no tucanato: registrou-se para votar nas prévias de hoje que definem o candidato do PSDB à Presidência da República e, dependendo do resultado, desfaz as malas que já estavam prontas para deixar a legenda. Continue lendo “O Picolé de Chuchu”
Sopa de letrinhas
Jair Bolsonaro se filiará ao PL de Valdemar Costa Neto, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no Mensalão do PT. Será seu nono partido desde 1988, quando se elegeu vereador do Rio de Janeiro pelo PDC. De lá para cá passou pelo PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL. Por essa última se elegeu presidente, mas também não esquentou a cadeira – ficou pouco mais de um ano. Sozinho, Bolsonaro personifica a barafunda do sistema partidário, no qual as siglas são apenas um punhado de letras sem qualquer significado, boa parte delas criada para dividir o generoso quinhão dos fundos partidário e eleitoral. Continue lendo “Sopa de letrinhas”
Fim da farra
A primeira providência é dar nomes aos bois. RP9, reedição das emendas do relator extintas em 1993 depois do escândalo dos anões do orçamento, é moeda de troca do governo para obtenção de maioria parlamentar. Sem firulas, trata-se de uma espécie de mensalão oficial, do qual o presidente Jair Bolsonaro se tornou dependente. Uma corda de salvação do governo, lançada pelos ávidos líderes do Centrão, que se esgarçou na sexta-feira a partir da liminar suspensiva da ministra Rosa Weber, com imensas chances de se romper de vez na votação do pleno do STF, prevista para esta semana. Continue lendo “Fim da farra”
Bolsonaro insiste no crime
Na mesma quinta-feira em que o TSE costurou uma delicada – e polêmica – saída política para não cassar a chapa Bolsonaro-Mourão e fixar princípios para impedir que os crimes digitais cometidos por eles na campanha de 2018 não se repitam em 2022, o presidente deixou claro que mandará às favas qualquer regra. Como um garoto levado, burlou a suspensão de seu perfil no YouTube e transmitiu sua live semanal na conta do filho Carlos e no canal Pingo nos Is, vinculado à Jovem Pan. Mesmo excluída mais tarde, a molecagem permitiu que a transmissão ficasse no ar por várias horas, fosse copiada e replicada por seguidores. Continue lendo “Bolsonaro insiste no crime”
Os pobres são só desculpa
Furar o teto que já estava repleto de goteiras para gastar mais no ano eleitoral, usando como desculpa a miséria dos brasileiros – mais de 27 milhões abaixo da linha da pobreza, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas -, não é o que mais espanta. O pior é a desfaçatez ao fazê-lo. Parece até que os pobres brotaram de repente, exatamente a um ano da eleição, e que vão sumir em dezembro de 2022, quando a cota extra do Auxílio Brasil expira. Continue lendo “Os pobres são só desculpa”
A CPI venceu
Fora a polêmica sobre a inclusão (ou não) de genocídio entre os crimes atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro, o relatório que sairá da CPI da Pandemia na próxima quarta-feira não deve trazer suspresas. Apontará delitos tidos como leves, como infração a medidas sanitárias, a bárbaros, a exemplo do horror de Manaus – todos com baixíssimas chances de punição por dependerem da ação de bolsonaristas de carteirinha: o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Ainda assim, a CPI do Senado já é vitoriosa. Continue lendo “A CPI venceu”
Bonecos de ventríloquo
Desde a tal “declaração à nação” redigida pelo ex Michel Temer, o presidente Jair Bolsonaro vem mantendo “o calor do momento” sob controle. Esbarra nos paus, mas tem evitado derrubar a barraca por cima de si. Suas mentiras e as barbáries praticadas por seu governo, no entanto, continuam a todo vapor. Além dos disparates da ministra Damares Alves, abilolada conhecida, as imbecilidades de Bolsonaro agora ecoam via ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Continue lendo “Bonecos de ventríloquo”
A um ano das urnas
Daqui a exatos 12 meses os brasileiros vão às urnas escolher o presidente da República, governadores, um terço do Senado, deputados federais e estaduais. Na disputa ao Planalto, o tempo parece curto para novidades frente à polarização entre Jair Bolsonaro e Luís Inácio Lula da Silva. Mas é uma eternidade quando confrontado com o que ocorria um ano antes de o país confirmar a pior das escolhas que já fez em sua história. Continue lendo “A um ano das urnas”
Ainda faltam 457 dias
O governo Bolsonaro chega aos mil dias com uma semana de eventos planejados pela propaganda oficial. A ideia é lançar obras por todo país, conferindo peso a promessas futuras. Tudo no melhor script de campanha eleitoral e, claro, fugindo do dissabor de um balanço do período. Com frases genéricas tipo “mil dias pela liberdade” de um governo “sério, honesto e trabalhador”, evita-se renovar o vexame de números manipulados, ou melhor, de mentiras como as ditas no discurso na ONU, que, cotejadas com a realidade, expuseram ao mundo o que os brasileiros estão fartos de saber: o veloz crescimento do nariz do presidente. Continue lendo “Ainda faltam 457 dias”
Vexame anunciado
A 76ª Assembleia Geral da ONU será aberta na terça-feira pelo presidente da República do Brasil, como dita a tradição. Sem os conselhos nefastos do terraplanista Ernesto Araújo, substituído pelo chanceler Carlos Alberto Franco França, há até expectativas de que os vexames das duas edições anteriores não se repitam. Mas em se tratando de Jair Bolsonaro não há qualquer garantia. Se não for um grande mico já será lucro. Continue lendo “Vexame anunciado”
A armadilha da nota oficial
Desde que chegou à Presidência, Jair Bolsonaro faz o Brasil refém do seu humor. Suas agressões, disparates e ameaças movem a política e a economia, incitam e alimentam o ódio e a incivilidade. Da tarde de quinta-feira para cá isso se tornou ainda mais grave. Ele conseguiu parar o país. Não com tanques ou desordem de caminhoneiros sem causa, mas com a desconfiança sobre o que ele fará no dia seguinte. Continue lendo “A armadilha da nota oficial”
O dia seguinte
Milhares devem ir às ruas na terça-feira em atos cuja ambiguidade dos mobilizadores impede qualquer previsão. Podem dar eco à beligerância do presidente Jair Bolsonaro, acabar em invasão do STF e do Congresso, com quebra-quebra e violência. Ou simplesmente se limitarem a louvar o “mito”. Fora a ficcional hipótese de golpe – com tanques e fuzis -, o dia seguinte será uma quarta-feira como outra qualquer. Talvez de cinzas para o presidente. Continue lendo “O dia seguinte”
O câncer do Brasil
Exibido em superclose, o que, propositalmente ou não, ressaltou o ser alucinado que nele habita, o presidente Jair Bolsonaro garantiu em vídeo nas redes sociais que sabe “onde está o câncer do Brasil” e o que fazer para livrar o país do mal. Não fosse o ensaiado tom grave de ameaça, pareceria um opositor barato atacando o governo, prometendo que curaria o país se eleito fosse. Uma lenga-lenga que vem combinada com a tática da inversão: atacar tudo e todos, atiçar e agredir para depois se dizer vítima, impossibilitado de governar. Continue lendo “O câncer do Brasil”