Quinta-feira, 2 de junho: o ministro Kassio Nunes Marques suspende, monocraticamente, a cassação de dois deputados bolsonaristas, peitando decisões colegiadas do TSE. À noite, na sua live semanal, Jair Bolsonaro comemora a liminar dada pelo afilhado, volta a atacar as urnas eletrônicas e as cortes superiores. Sexta-feira, 3: o presidente desembarca no Paraná, domicílio do deputado estadual beneficiado Francisco Francischini (União Brasil), monta mais um palanque e renova ameaças ao TSE: “Vai cassar o meu registro? Duvido que tenha coragem de cassar o meu registro”. O PGR Augusto Aras se faz de morto. E, na velocidade da luz, o presidente da Câmara, Arthur Lira, reempossa Valdevan Noventa (PL-SE). Continue lendo “Os sabujos”
A Grande Mentira
Com rejeição consolidada acima dos 50%, mais precisamente 54%, o presidente Jair Bolsonaro tem baixíssima chance de renovar o seu mandato. Mas sua derrota anunciada esconde uma vitória apavorante: ele está conseguindo inocular o vírus da desconfiança no processo eleitoral – um risco real para a democracia. Continue lendo “A Grande Mentira”
Bolsonaro e o bilionário
O glamour da riqueza sempre encanta, e o homem mais rico do mundo, mesmo sem ter lá muito glamour, deixou a plateia quinto-mundista embasbacada. Na visita da sexta-feira, a encenação foi completa: hotel de luxo, gente elegante, elogios exacerbados do presidente Jair Bolsonaro, que titulou Elon Musk como “mito da liberdade”, e promessas do mega-empresário de inundar o céu brasileiro com satélites de sua Starlink. Não há dúvida de que o encontro foi um golaço para a campanha de Bolsonaro, mas não se pode descartar a hipótese de o regabofe com o bilionário ter o efeito contrário no país da inflação e da miséria. Continue lendo “Bolsonaro e o bilionário”
O Estado de Bolsonaro
Desde 19 de março de 2019, quando mandou o Ibama exonerar José Augusto Morelli, que 7 anos antes o multara por pesca ilegal em Angra dos Reis, o presidente Jair Bolsonaro deixou claro que governaria só para si e os seus. De lá para cá, o uso escancarado do Estado e os desmandos para proteção pessoal, de sua prole e de alguns agregados do peito só cresceram. Continue lendo “O Estado de Bolsonaro”
Estado de golpe
Jair Bolsonaro está vencendo. Tem tido êxito espetacular no seu esforço para estimular desobediência à Justiça, desacreditar o processo eleitoral, desconstruir as instituições e a democracia. Mais do que um golpe pré-contratado para outubro na hipótese de derrota nas urnas, o presidente estabeleceu o “estado de golpe”, cuja vigência acua os demais poderes, atemorizando os que deveriam pôr um ponto final nessa trama de horror. Continue lendo “Estado de golpe”
A desgraça da graça
Gênese da democracia, liberdade é valor intrínseco, inegociável. Está na raiz da evolução humana e ilumina o progresso das civilizações. Nestes tempos de Bolsonaro, nunca ela foi tão surrada, deturpada, vilipendiada. Mais do que usá-la para justificar suas ações autocráticas, como o acintoso perdão concedido a Daniel Silveira, a intenção é que a “defesa da liberdade” possa legitimar o golpe, dando guarida à reação armada de segmentos da população contra a eventual – e provável – derrota eleitoral. É isso que está posto, com todas as falas, gestos e modos. Continue lendo “A desgraça da graça”
Por cima da lei
Na sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro voltou a torrar dinheiro dos impostos dos brasileiros para mais uma motociata, a 13ª em menos de um ano. Indiscutíveis atividades de campanha eleitoral, sem vínculo com qualquer ação de governo que justifique os gastos – segundo a Folha de S.Paulo, os passeios anteriores somaram R$ 5 milhões -, ele continua a fazê-las. Impunemente.
Líderes sem causa
Aconteceu em 1994, na duríssima campanha ao governo de São Paulo. Durante uma entrevista, Mario Covas antecipou que, se eleito, não daria reajuste ao funcionalismo porque o Estado estava quebrado. Sua mulher, Lila, também não dourou pílulas. No debate reunindo esposas de candidatos, disse que aborto não era questão de opinião, mas de saúde pública e foro íntimo. Isso em meio à acirrada disputa com o “Segure na mão de Deus” Francisco Rossi. Covas manteve as posições durante a campanha e depois dela. Foi eleito e reeleito. Continue lendo “Líderes sem causa”
A estrela da hora
Não foram poucos os que enterraram a terceira via após os movimentos erráticos dos pré-candidatos João Doria e Sérgio Moro. Teve funeral, com gente se divertindo diante das trapalhadas no chamado centro democrático. A questão é que não há como sepultar o que não nasceu. E é fato: inexiste hoje uma alternativa viável à polarização Jair Bolsonaro versus Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo menos até aqui. Pode acontecer? Sim. Mas o tempo corre. Continue lendo “A estrela da hora”
Cara no fogo
É abjeto, repugnante, dá engulhos. Mas o gabinete paralelo no Ministério da Educação, gerido por pastores suspeitos de embolsar propinas para liberar construções de creches e escolas, é só mais um entre vários. Faz parte da organização, da índole do governo do presidente Jair Bolsonaro. Continue lendo “Cara no fogo”
Verdades alternativas
Suspender temporariamente o Telegram por descumprimento a ordens judiciais não é censura, proibir o filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola é. Tornar nulas condenações por tecnicismos processuais não é declaração de inocência, assim como delação ou investigação não significam crime ou culpa. Mas, dando ares de alhos aos bugalhos, fatos são traduzidos de acordo com a conveniência. Uma tática política velha, indisfarçável mesmo sob o novo apelido – narrativa -, por sinal, pra lá de antipático. Continue lendo “Verdades alternativas”
Pode ficar pior
De oito a dez ministros devem sair do governo até 2 de abril, data limite para candidatos às eleições de outubro deixarem seus cargos. À exceção da ministra da Agricultura Tereza Cristina, cuja atuação destoa dos demais colegas, eles não farão falta. O mais grave, talvez, esteja por vir: como o presidente Jair Bolsonaro sempre trocou auxiliares péssimos por piores, uma dezena de mudanças de uma só vez apavora. Continue lendo “Pode ficar pior”
O não-país
Nos últimos tempos, tenho a impressão de viver em um não-país. Nada parecido com a destemida Ucrânia que o tirano Vladimir Putin taxa como um não-país. Até porque lá a resistência forjou um líder, enquanto por aqui a mediocridade de populistas domina. Habitamos um Brasil regido por um desconcertante pouco caso com as aflições humanas, dúbio, que emite sinais confusos, ressuscita corruptos e joga no lixo boa parte de suas virtudes. E isso não é de hoje, começou muito antes da covarde invasão de Putin à Ucrânia. Continue lendo “O não-país”
Covardes e oportunistas
Mesmo com exemplos de sobra – estatismo exacerbado, ojeriza à imprensa, obediência cega ao chefe, que sempre está acima de tudo e todos -, petistas e bolsonaristas viram bichos quando alguém aponta semelhanças entre eles. Na invasão da Ucrânia por Vladimir Putin as parecenças reavivaram-se. Continue lendo “Covardes e oportunistas”
Por coincidência ou não
Não basta colocar o Brasil “do lado oposto da maioria global”, como destacou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, ao comentar a solidariedade derramada a Vladimir Putin, em meio ao recrudescimento da crise Rússia-Ucrânia. O presidente Jair Bolsonaro quer mais. Conspira cotidianamente contra a civilidade e empenha-se, com afinco, em expurgar o país do mundo regido pela democracia. Continue lendo “Por coincidência ou não”