Perto do fim

O país entra hoje no último mês ou na última semana do seu pior período eleitoral desde a redemocratização, com perigos e consequências ainda imprevisíveis. Pode não acontecer nada – ou tudo de ruim. Continue lendo “Perto do fim”

O governo Bolsonaro acabou

O governo Bolsonaro acabou. Com a impossibilidade da reeleição materializada pela candidatura empacada em uma rejeição de 52%, o presidente começa a assistir ao desembarque. Nesta quinta-feira, o golpe furou o casco de vez: Ciro Nogueira (PP), o todo-poderoso ministro da Casa Civil, presidente do Progressistas (PP) e integrante da coordenação da campanha de Jair Bolsonaro, simplesmente abandonou o barco. Continue lendo “O governo Bolsonaro acabou”

Bolsonaro não trabalha

O Brasil está sem presidente da República. Nada a ver com a viagem de Jair Bolsonaro a Londres e Nova York ou com a mediocridade de seu governo, mas pelo fato de que ele, definitivamente, não trabalha. Se já demonstrava não gostar do batente, no modo reeleição ele dedica menos de 5% do tempo às tarefas presidenciais. Não se trata de denúncia ou algo que precise investigação – está lá na agenda oficial. Na última semana, seus compromissos como primeiro mandatário do país se limitaram a pouco mais de duas horas. Continue lendo “Bolsonaro não trabalha”

A política que mata

O Brasil é um país violento. Responde por 20,4% dos homicídios do planeta embora abrigue apenas 2,7% da população mundial, segundo dados do Escritório das Nações Unidas para Crimes e Drogas (Unodoc). Em números absolutos, lidera o macabro ranking de mais de 48 mil homicídios contra os 40,6 mil do segundo colocado, a Índia, com os seus 1,3 bilhão de habitantes. Continue lendo “A política que mata”

Crime eleitoral com fardas e festa

Misturar ato de governo com campanha eleitoral fere acintosamente a lei. Mas nada deve acontecer ao presidente Jair Bolsonaro, um falso patriota que só reconhece como brasileiros aqueles que o apoiam. Sem punição, ele ganha anistia prévia para abusos futuros. Continue lendo “Crime eleitoral com fardas e festa”

O golpe do 7 de Setembro

Quis o destino, a conjunção dos planetas ou simplesmente o azar, que a comemoração do Bicentenário da Independência coincidisse com a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, usurpador das cores nacionais. Além de roubar a maior data nacional, ele vai transformá-la em um mega-comício eleitoral pago com dinheiro público, algo nunca antes visto nos quase 133 anos de República.    Continue lendo “O golpe do 7 de Setembro”

Elas brilharam

Debate anima torcidas. Dificilmente muda ou agrega votos. Mas neste domingo vimos pelo menos dois ineditismos: os líderes nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, não foram as estrelas da noite, e as mulheres – candidatas, jornalistas e a própria temática feminina – dominaram. Elas deram um banho. Continue lendo “Elas brilharam”

A arma é o voto

Na terça-feira, 30, o TSE se debruçará sobre o porte de armas de fogo no dia da eleição, em resposta à consulta de 9 partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro. Como ditam a lógica e o bom-senso, o mais provável é que a Corte impeça gente armada, exceto policiais, nos locais de votação. Mas vai ter grita. Pior: em nome da liberdade. Continue lendo “A arma é o voto”

Plim-Plim

Em um mundo dominado pela comunicação digital, com governantes que despacham por tuítes e políticos que fazem todo tipo de malabarismo por likes, esta semana eleitoral começa e termina diferente: será ocupada pela televisão. Odiada por petistas e bolsonaristas, a TV Globo reassume o protagonismo com as sabatinas do Jornal Nacional a partir de amanhã. E na sexta-feira, 26, inicia-se o programa obrigatório no rádio e na tevê. Continue lendo “Plim-Plim”

Blindagem

O maior temor do presidente Jair Bolsonaro, dizem, é o de ser preso. Ele e seus filhos. Essa seria a motivação de fazer o diabo – termo imortalizado por Dilma Rousseff em 2014 diante dos abusos de sua campanha – para se reeleger.

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Luz no fim do túnel

Sob o estresse diário provocado pelo presidente Jair Bolsonaro, que para salvar a sua pele insiste na cruzada anti-cívica e anti-Brasil contra as urnas eletrônicas e a credibilidade do processo eleitoral, notícias boas são cada vez mais raras. Mas elas existem. Apareceram na semana passada expressas nas Contribuições para um governo democrático e progressista, desenvolvidas por um time suprapartidário, com craques do PT, PSDB e MDB. Além de trazer propostas inovadoras – e possíveis de serem colocadas em prática -, o documento é um alento em meio da emburrecedora polarização que interdita qualquer tentativa de debate sério e promissor.  Continue lendo “Luz no fim do túnel”

A carta

Costumeiramente estourado e boquirroto nas reações ao que o desagrada, o presidente Jair Bolsonaro amarelou diante da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, que em apenas três dias colheu mais de 400 mil assinaturas, e do manifesto da Fiesp, com apoio da Febraban, Fecomércio e outras entidades. Continue lendo “A carta”

Um país violentado

O Brasil é um país violento, que se acostumou à violência. É o oitavo mais letal do mundo, mesmo com decréscimo de 6% aferido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2021. Registra números de guerra no Nordeste e no Norte – 35,5 e 33,5 homicídios por 100 mil habitantes -, quase 3 mil feminicídios e mais de 100 mil estupros denunciados no ano passado. Convive cotidianamente com agressões e assassinatos relacionados a raça e gênero, extermínio de índios, operações policiais desastradas, tiros a esmo que perfuram e matam crianças. Continue lendo “Um país violentado”

Seu santo nome em vão

Dizem que Deus é brasileiro. Talvez dissidente, diante do farto uso de seu nome em vão. Está no preâmbulo da Constituição de 1988 – “sob a proteção de Deus” – , a mesma que define o Brasil como estado laico. Abre as sessões dos parlamentos e decora com o crucifixo de seu filho milhares de repartições públicas país afora. Mas nunca antes Ele foi tão explorado como nos tempos de Jair Bolsonaro. Do slogan do presidente às participações cada vez mais frequentes em cultos de campanha, em pleno horário de trabalho, de preferência associados a motociatas, o “mito” não se envergonha de abusar do Senhor. Algo, decididamente, nada divino. Continue lendo “Seu santo nome em vão”

O absurdo novo normal

Talvez por impotência ou desesperança, as barbaridades oficiais – que se multiplicam exponencialmente com a proximidade das eleições – parecem ter criado um certo torpor. Absurdos são tratados como o novo normal. E, embora aparentemente firmes, as instituições que deveriam assegurar o sistema de contrapesos da República falham – por vezes, acintosamente -, deixando desassistidos o cidadão que as financia com seus impostos e todos os brasileiros que necessitam das políticas públicas, até para comer. Hoje, nada funciona. Continue lendo “O absurdo novo normal”