O fracasso do 8 de janeiro

Em seu mais recente livro, Como Salvar a Democracia (Cia das Letras), Steve Levitsky e Daniel Ziblatt fazem uma comparação entre a reação dos Estados Unidos à invasão trumpista do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e a do Brasil em relação à intentona bolsonarista de 8 de janeiro de 2023. Sua conclusão é surpreendente: “O Brasil rechaçou a sua mais recente ameaça à democracia, ao contrário dos Estados Unidos”. Continue lendo “O fracasso do 8 de janeiro”

Bem-vindo a Lulanaro

Nos meados dos anos 70, o economista Edmar Bacha descreveu um país fictício chamado “Belíndia” para explicar a existência de dois Brasis. Um com alto padrão de vida e do tamanho da Bélgica e outro com condições sociais e extensão territorial similar à da Índia, então um dos países mais miseráveis do mundo. Continue lendo “Bem-vindo a Lulanaro”

Esquizofrenia petista

No primeiro governo Lula o quadro já era esquizofrênico. Quem mais se opunha à política econômica do ministro Antonio Palocci e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, eram senadores e deputados do partido do presidente, o Partido dos Trabalhadores. Enquanto isso, a oposição a defendia porque as medidas do então ministro da Fazenda iam na direção correta: superávit primário, meta da inflação, responsabilidade fiscal. Continue lendo “Esquizofrenia petista”

As contradições de Lula na COP28

Lula fez um bom discurso na abertura da Conferência do Clima, a COP28. Clamou por medidas concretas para interromper o aquecimento global, apontando a necessidade da descarbonização do planeta e de se acelerar a transição energética. Até aí Lula pontificou, se apresentando como um estadista com a pretensão de liderar o mundo pelo exemplo na corrida para a transição energética, ainda que isso não seja uma tarefa simples ou fácil. Continue lendo “As contradições de Lula na COP28”

Não se faz diplomacia com o fígado

Se a relação entre países também se faz por meio de gestos, a surpreendente visita ao Brasil da futura ministra do exterior da Argentina, Diana Mondino, tem uma enorme simbologia. A ministra fez questão de ser a portadora da carta convite para que Lula esteja presente na posse do presidente Javier Milei, recém eleito no país vizinho. A visita dissipa nuvens responsáveis por leituras catastrofistas sobre as futuras relações entre o Brasil e o próximo governo argentino. Continue lendo “Não se faz diplomacia com o fígado”

A direita na encruzilhada

O curto-circuito na relação entre Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas expressa um dilema mais de fundo. A direita brasileira está diante do impasse de decidir entre dois caminhos para tentar pousar no Palácio do Planalto em 2026. Ou segue o plano de voo traçado por Bolsonaro, ou adota uma estratégia mais moderada, acenando para o centro e, assim, conseguir acumular forças, ampliando seu arco de alianças. Continue lendo “A direita na encruzilhada”

O passado está de volta

A poderosa Federação Única dos Petroleiros sempre teve forte influência nos governos petistas em relação aos rumos da Petrobras. Com acesso direto ao gabinete presidencial e umbilicalmente ligada ao Partido dos Trabalhadores, dava várias cartas. E um veto da FUP poderia inviabilizar nomeações de diretores e gerentes da estatal ou mesmo provocar demissões na estrutura de comando. Esse poder foi interrompido com o escândalo do petrolão. Continue lendo “O passado está de volta”

Enem destila preconceito contra o agronegócio

Três questões da prova do Enem escancararam a visão ideológica da esquerda que está no poder sobre a questão agrária no Brasil. Nela, o agronegócio é o grande vilão, responsável por todos os males, como o desmatamento da Amazônia ou a exploração dos “camponeses” no Cerrado. Continue lendo “Enem destila preconceito contra o agronegócio”

Um gigante da cultura

Assim como Ulysses Guimarães foi o Senhor Diretas, Danilo Santos de Miranda foi o Senhor Cultura. Devemos a ele a criação do maior e melhor modelo de fomento para o setor. E que deveria servir de referência para políticas públicas do país, de exemplo para secretarias estaduais, municipais e o próprio Ministério da Cultura. Continue lendo “Um gigante da cultura”

Qué pasa, Argentina?

O diplomata Marcos Azambuja conhece bem a Argentina, onde foi embaixador do Brasil por cinco anos. É de sua lavra a frase segundo a qual existem três tipos de países: os desenvolvidos, os subdesenvolvidos e a Argentina. Ela vem a calhar diante do surpreendente resultado do primeiro turno das eleições, com o peronista e candidato governista Sérgio Massa abrindo uma vantagem de mais de seis pontos em relação ao ultradireitista Javier Milei. Continue lendo “Qué pasa, Argentina?”

A paz morreu?

Na noite de 4 de novembro de 1995, cem mil pessoas se aglomeravam na Praça dos Reis de Israel em Tel Aviv. Realizava-se um comício pela paz entre israelenses e palestinos. A multidão foi ao delírio quando o primeiro-ministro Ytzhak Rabin concluiu seu discurso histórico: “Sempre acreditei que a maioria de nós quer a paz e está disposta a morrer por ela”. Continue lendo “A paz morreu?”

Governo Lula é dúbio na condenação ao Hamas

Pela segunda vez a política externa brasileira envereda pelo caminho da ambiguidade em uma questão relevante e sensível no cenário internacional. Assim como na guerra da Rússia contra a Ucrânia, o governo Lula agora adotou uma postura dúbia em relação ao Hamas, evitando classificar como terrorismo o ataque e assassinato de civis de Israel praticados pelo grupo fundamentalista palestino.  Continue lendo “Governo Lula é dúbio na condenação ao Hamas”

Rosa Weber deixa um legado

A observância da autocontenção e a discrição foram marcas registradas da ministra Rosa Weber, aposentada compulsoriamente nesta semana por completar 75 anos de idade. Nisso a ministra fez a diferença no Supremo Tribunal Federal. Estabeleceu um estilo próprio de só se pronunciar nos autos, postura bem diferente da assumida pela maioria de seus pares, especialmente dos chamados “ministros políticos”.  Soube, como nenhum outro membro da Corte, estabelecer muralhas para preservar a instituição a qual serviu por 12 anos, e à sua independência. Continue lendo “Rosa Weber deixa um legado”

Forças Armadas, o joio e o trigo

O ministro da Defesa, José Múcio, e o general Tomás Paiva, comandante do Exército, estabeleceram uma estratégia para estancar o atual desgaste das Forças Armadas. Ela consiste em separar a instituição da ação de indivíduos, mesmo os de alto coturno como o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Esse critério se aplicaria em relação aos novos fatos revelados na delação do tenente-coronel Mauro Cid, segundo a qual Bolsonaro promoveu uma reunião com a cadeia de comando das três Forças para discutir uma minuta de golpe. Continue lendo “Forças Armadas, o joio e o trigo”