É uma conjuntura inevitável da política: governos isolados e em queda drástica de popularidade devem rapidamente ampliar seu arco de alianças. As expectativas eram de que o presidente Lula utilizaria a reforma ministerial para fazer tal movimento, trazendo para o núcleo duro de seu governo, instalado no Palácio do Planalto, algum parlamentar dos partidos de centro. Continue lendo “Como explicar a guinada de Lula à esquerda?”
De costas para o país
Incertezas causadas pelas ameaças do furacão Trump, ruptura do ordenamento mundial vigente há 80 anos, multiplicação acelerada da riqueza de pouquíssimos e da miséria da maioria, derretimento contínuo do gelo polar. Nada disso parece fazer parte da agenda do Congresso Nacional, aprisionado no duelo binário esquerda versus direita, sem qualquer disposição para as questões macro e com preocupação zero com os problemas dos brasileiros. Continue lendo “De costas para o país”
A política
No artigo anterior costurei algumas idéias sobre a política brasileira, mas não fui ao fundo da questão. Esse é o assunto deste artigo. E para começar, quero dizer que tempos piores virão. Continue lendo “A política”
Ó o Capeta Aí, Gente!
Nesta quarta-feira de cinzas fui a um supermercado que ainda estava no embalo da terça-feira gorda mandando ver na caixa de som as saudosas marchinhas de carnaval.
A História na encruzilhada
Vivemos aqueles momentos descritos por Gramsci nos quais “o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer”. Neles, como afirmou o filósofo italiano, “uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece”. Continue lendo “A História na encruzilhada”
Samba do laranja doido e outras estripulias
Política e Carnaval sempre deram samba. Um dos mais geniais, o “Samba do Crioulo Doido” (título que atualmente cancelaria Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do cronista Sérgio Porto), faz um melê com a história do Brasil, em versos inesquecíveis. Hoje, os desatinos de vários personagens da política parecem se inspirar na composição de 1966. Só que a barafunda não é divertida e sim indigesta, por vezes repugnante.
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Só Tem Tantã!
Jogar parado
A estratégia de Tarcísio de Freitas para o momento é evitar gestos que indiquem sua aquiescência com uma possível candidatura a presidente em 2026. Isso explica, em grande medida, sua declaração deste final de semana, segundo a qual permanece imutável seu plano de disputar a reeleição para governador de São Paulo e que ninguém fala por ele. Suas palavras são uma espécie de vacina para não parecer que vem incentivando a onda sobre seu nome e, assim, não pôr sob suspeita sua lealdade a Jair Bolsonaro. Trata-se de um jogo político refinado, no qual a alteração de rota para 2026 só acontecerá com o aval do ex-presidente. Continue lendo “Jogar parado”
Economia x Política
A economia vai bem, o que vai mal é a política.
O governo Lula cumpriu a meta fiscal de 2024, fechando o ano com déficit de 0,09% do PIB (R$ 11 bi) — coisa em que a Faria Lama e outros centros financeiros ou não da pátria amada jamais acreditaram — , e ainda por cima, bem distante da tolerância legal de 0,25% do PIB (R$ 27,7 bi). Continue lendo “Economia x Política”
Vai ter Bolsonaro em 2026
A inelegibilidade de Jair Bolsonaro atiça o comichão de candidatos à sua vaga desde junho de 2023, quando foi definida pelo TSE. A denúncia da Procuradoria-Geral da República, que aponta o ex como líder da organização criminosa golpista, tende a acelerar o digladio já em curso no campo da direita. E os pretendentes têm de correr, dada a grande chance de perderem a disputa interna para os Bolsonaros. Na lista predileta do capitão estão os filhos Flávio e Eduardo, este último bem posicionado na disputa, e até Michelle, que, segundo o Instituto Paraná Pesquisas, venceria Lula no segundo turno. Continue lendo “Vai ter Bolsonaro em 2026”
Um governo perdido
Nenhum governo logra êxito se sua estratégia se baseia em um diagnóstico equivocado da realidade. Esse princípio, elementar da política, mais uma vez comprovou sua assertividade com a divulgação da última pesquisa Datafolha. A leitura de Lula, segundo a qual as dificuldades de seu governo decorrem de erros da comunicação, é altamente errônea para explicar a queda de 11 pontos em sua aprovação. Mais grave: essa queda se deu, principalmente, entre os eleitores mais pobres, mulheres e no Nordeste. Em seu eleitorado cativo, o tombo foi de 20 pontos. Continue lendo “Um governo perdido”
Sem anistia 2
Reza a lenda que o Brasil só começa a funcionar depois do Carnaval. O Congresso, o Supremo e o governo Lula fazem valer o dito mesmo quando a folia só acontece em março. Passados 45 dias de 2025, o país não tem orçamento, o STF não pegou no tranco, e o governo continua sem norte, premido entre a força do Centrão, a inflação dos alimentos e a impopularidade recorde do presidente Lula. Para que o ano tenha início no pós-Momo, vem aí mais um acordo espúrio: anistia para os patrocinadores das emendas secretas. Continue lendo “Sem anistia 2”
Mais umas do Napoleão
Definitely, o Napoleão do Norte não está dando sorte em grande parte de seus decretos executivos — muitos sob a mira da Justiça e vários já bloqueados judicialmente — e suas ações diplomáticas, digamos, em matéria de política externa. Continue lendo “Mais umas do Napoleão”
Muita calma nesta hora
Em momentos de tensão nas relações comerciais internacionais, convém seguir o conselho de Paulinho da Viola: “faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar.” Continue lendo “Muita calma nesta hora”
Caetano Veloso, o Brasil dos evangélicos e a necessidade de diálogo
O show de Caetano Veloso e Maria Bethânia, que correu o país ao longo do último ano e cuja turnê se encerrou neste final de semana em Salvador, teve um momento emblemático: a interpretação por Caetano de “Deus Cuida de Mim”, do pastor Kleber Lucas. A reação dividida do público, que variou entre frieza e desconforto, evidenciou o desafio que o Brasil enfrenta ao dialogar com o universo evangélico, uma força cultural, social e política que já representa cerca de um terço da população e cresce de forma avassaladora. Continue lendo “Caetano Veloso, o Brasil dos evangélicos e a necessidade de diálogo”