Javier Milei deve estar enfurecido, ainda que o adjetivo passe longe do baixo calão que o presidente argentino costuma usar quando contrariado. Depois de lamber as botas de Donald Trump – na posse, antes e depois dela -, Milei viu seu ídolo escolher a Venezuela como primeiro destino externo de uma delegação oficial de seu governo, chefiada pelo líder republicano Richard Grenell. Uma traição ao único presidente sulamericano aliado de primeira hora. Continue lendo “Um acordo de canalhas”
Sinal vermelho para Lula
Até agora a avaliação do governo Lula expressava a divisão do país praticamente ao meio, quadro que vinha desde a eleição presidencial. Quem era eleitor de Lula avaliava positivamente o governo, aprovando seu desempenho. Quem não votou no presidente se posicionava de forma oposta, avaliando negativamente sua gestão. As oscilações, para um lado ou para o outro, aconteciam na margem de erro das pesquisas, em um quadro praticamente congelado. Continue lendo “Sinal vermelho para Lula”
A gambiarra da vez
Sem explicar como pretende agir – “nós não queremos antecipar nem especular antes de concretizar os estudos para que possam ser anunciados” -, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, anunciou que “serão anunciadas ponto a ponto” medidas de redução de impostos para baixar o preço dos alimentos, tendo como parâmetro as cotações internacionais de produtos similares. O anúncio sem anunciar o que será anunciado traduz com clareza o improviso das ações do governo Lula, quase sempre reativas, feitas no afogadilho depois de o caldo derramar. Continue lendo “A gambiarra da vez”
Os oito anos de Fernando Henrique
Nova ordem
A nova ordem mundial que, dizem, instala-se hoje pela voz do novo Napoleão de hospício a sentar numa cadeira presidencial, começa pela tomada do canal dos panamenhos, a tomada do Canadá dos canadenses e a tomada da Groenlândia dos dinamarqueses. Tal como fizeram no século 19, quando tomaram dos mexicanos os territórios que representam, a partir de então, quase todo o sul e o sudoeste dos Estados Unidos (Texas, Novo México, Arizona, Califórnia y otras cositas más). Continue lendo “Nova ordem”
O longo caminho para a democracia
Quarenta anos após, persiste uma visão preconceituosa sobre a forma como o Brasil deixou a ditadura para trás, com a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções. Continue lendo “O longo caminho para a democracia”
Galípolo sob pressão
Nos últimos dois anos, o Banco Central sobre a presidência de Roberto Campos Neto esteve sob fogo cerrado de Lula. Neste apagar das luzes de 2024, o presidente voltou novamente suas baterias contra a elevação da taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Continue lendo “Galípolo sob pressão”
Querido Papai Noel
Em um país tão perverso, no qual o imprescindível equilíbrio das contas públicas esbarra em um Parlamento que limita o reajuste real do salário mínimo e ao mesmo tempo libera o fura-teto nos ganhos dos privilegiados de sempre, é difícil se imbuir do espírito do Natal. Nem os mais otimistas, entre os quais me encaixo, encontram ânimo diante da sucessão de escárnios perpetrados em todas as esferas e níveis de poder. Mas é Natal, então, escoro-me na ficção do bom velhinho, a quem se remetem desejos – mesmo os impossíveis. Continue lendo “Querido Papai Noel”
Grana!
De um lado, um mercado terrorista; do outro, um Congresso chantagista; e num terceiro lado desse triângulo nada amoroso tem um ajuste fiscal a fazer, herdado de um presidente que gastou dinheiro público a rodo para se reeleger e deixou a conta para o governo seguinte. Continue lendo “Grana!”
Golpe militar ou de militares?
A prisão do general Braga Neto – o primeiro militar de patente máxima a ir para o cárcere em um regime democrático no Brasil – levanta uma questão que não é semântica: afinal, estivemos diante de uma tentativa de golpe de militares ou de um golpe militar? Continue lendo “Golpe militar ou de militares?”
Gênios
Tem uns gênios da raça dizendo que a tentativa de golpe não é crime. O crime, então, seria o golpe propriamente dito? Não! Ainda não. O golpe só seria crime se fracassasse! Ora, e por quê? Continue lendo “Gênios”
De costas para o país
Para comemorar
Sem cabeça
A Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que deveria se preocupar com a reconstrução da cidade após as enchentes devastadoras de maio passado, aprovou ontem um projeto de lei que estabelece a censura aos professores nas escolas municipais. Continue lendo “Sem cabeça”
Acordo Mercosul-União Européia é resposta ao protecionismo
Quando Fernando Henrique Cardoso e Jacques Chirac, então presidente da França, anunciaram no Rio de Janeiro, em 1999, o início das negociações para o acordo Mercosul-União Européia, o mundo era inteiramente diferente dos dias atuais. A globalização da economia estava em marcha ascendente, as cadeias produtivas globais estavam em formação, a China não era uma ameaça à hegemonia econômica dos Estados Unidos, não havia a possibilidade de uma nova guerra mundial e a democracia se afirmava como grande valor vitorioso ao final do século 20. A guerra fria, por sua vez, era coisa do passado. Continue lendo “Acordo Mercosul-União Européia é resposta ao protecionismo”





