Já andava com saudades de uma lista. Bem vistas as coisas, nem é bem uma lista. É mais um vale de lágrimas. Continue lendo “Ali, onde eu chorei…”
Uau!
Cometi um grave erro na última crónica. Ataquei a reputação de uma geração. O primeiro “uau!”, esse esplêndido juízo de valor dos adolescentes de hoje, é muito mais antigo do que pensava. Continue lendo “Uau!”
Um enfático “fuck”
Anjelica Huston teve de apanhar um táxi. Viera a uma festa em casa de Jack Nicholson. Trouxera um vestido com um metro de decote nas costas. Por essa adivinhada lábil curva, Jack, que nunca a vira, nem mais vestida, nem menos nua, já não a deixou sair essa noite. Continue lendo “Um enfático “fuck””
Andas a dormir com a minha filha?
O predador que há, ou havia, em Jack Nicholson tem desculpa, estimada leitora. Já viu, se um dia descobrisse, como ele, que a tinham enganado sobre o seu nascimento? A sua mãe era, afinal, a que pensava ser sua irmã e a querida mãe muito amada era, na verdade, sua avó. Continue lendo “Andas a dormir com a minha filha?”
O avião de Meg Ryan
O medo de voar fica bem a Meg Ryan. Sem o medo de voar, Meg nunca teria perdido o primeiro namorado, em French Kiss. E, se não tivesse feito das tripas coração para superar o medo de voar, Meg Ryan nunca teria encontrado o Kevin Kline expert em vinhos e queijos, aventureiro que dá à sua tez loira um pouco da morena animalidade que bem falta lhe faz. Continue lendo “O avião de Meg Ryan”
O primo negro
Nunca fui capitão do mato, mas quando ouvi o capitão Vinicius dizer que era o branco mais preto do Brasil, quis ser como ele. Continue lendo “O primo negro”
Herberto e Manoel
Deu-me para isto, mas não é todos os dias que nos morrem Herbertos e Manoéis. Eram tão diferentes que me apeteceu juntá-los.
Haverá um arbusto de sangue nas jovens mulheres dos filmes de Manoel de Oliveira? O arbusto fui buscá-lo a um verso de Herberto que o meu pelotão da Escola de Aplicação Militar de Angola ia murmurando nos 30 quilómetros de mato das marchas finais: “Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue. Com ela encantarei a noite.” Continue lendo “Herberto e Manoel”
A freira de Marlon Brando
Marlon Brando amou sempre mais do que uma mulher ao mesmo tempo. E ressonava. Não sei se a irmã Raphael, linda freirinha católica de um hospital de Los Angeles, algum dia ouviu Marlon Brando ressonar. E já estou a adiantar-me, quase a estragar a surpresa aos meus pacientes leitores. Continue lendo “A freira de Marlon Brando”
Morreu Lenine
Os mortos estão a ver tudo. Essa ciência dos mortos, do que eles observam e gostam, aprende-se no cinema. Os mais cépticos deixam-se levar pelas prosaicas lições da vida e não acreditam em nada. Enganam-se. O morto que me convenceu foi William Holden. Está morto e flutua na piscina de Sunset Boulevard. Continue lendo “Morreu Lenine”
O sono de Manoel
Esta crónica, que o Expresso publicou no dia seguinte à morte de Manoel de Oliveira, foi escrita duas semanas antes, julgando eu que o Manoel a ia talvez ler. Foi uma crónica escrita para comemorar a alegria de vida do mais velho cineasta do mundo, uma crónica convencida e rendida à imortalidade física de Oliveira.
Estranha ironia, que o que se queria reencontro possa ser lido como despedida. Continue lendo “O sono de Manoel”
A mulher autónoma
Éramos só homens, centenas, e apareceu a mulher autónoma, senhora de si. Descobri a mulher autónoma, a que decide sobre a sua vida e sobre a sua solidão, aos 16 anos. Continue lendo “A mulher autónoma”
Não há beijos no rabo em Michelet
Não foi por ter ido a Copenhaga de propósito escolhê-lo, mas o mais bizarro “melhor filme” que já vi foi Heksen, um filme mudo dinamarquês, realizado pelo sueco Benjamin Christensen. Continue lendo “Não há beijos no rabo em Michelet”
Playboy
O mau feitio nasceu com ele, mas Francis Coppola emprestou-lhe as cores da lenda. Falo de James Caan, que foi, no The Godfather, o filho primogénito de Don Corleone, herdeiro de um império em que o crime e o amor à família se beijam na boca. Continue lendo “Playboy”
O homem de Marilyn
Na altura, roubava-se. Johnny Hyde roubou Marilyn Monroe a outro agente que nem desatava nem saía de cima. Continue lendo “O homem de Marilyn”
Minto com os dentes todos
Por um bom sorriso, minto com todos os dentes que tenho na boca. Não sou só eu: a esquerda derrete-se por um pensamento mágico, a direita para se exaltar precisa de uma orgulhosa e solitária epopeia. E eu preciso de Garson Kanin. Continue lendo “Minto com os dentes todos”