Um discurso que era para ser do presidente da República Federativa do Brasil na abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. A palavra do chefe de governo de um dos maiores dos 193 países representados ali – seja em termos de Produto Interno Bruto, de tamanho do território, de número de habitantes.
Mas o sujeito que saiu do Exército pela porta dos fundos, pedindo para passar para a reserva após ser julgado por atos de terrorismo, e em seguida passou 28 anos no fundo do fundo do baixo clero da Câmara dos Deputados, que tem a estatura moral de um micróbio, fez um discurso como se estivesse no cercadinho diante do Alvorada, falando para a sua claque de descerebrados que o saúdam com gritos de “mito”.
Em seu belo artigo deste domingo, 20/9, no Blog do Noblat, e reproduzido aqui, Mary Zaidan observou que o adjetivo que define Jair Bolsonaro é “covarde”. No texto, ela demonstra a veracidade disso com perfeição. Nesta terça, após o mentiroso, patético, vergonhoso discurso do presidente para a abertura da Assembléia Geral da ONU, um outro termo ficou pipocando na minha cabeça para definir seu governo.
Nadir.
O governo Jair Bolsonaro é o nadir da História do Brasil.
O antônimo de zênite, de apogeu. O ponto mais baixo. O buraco. O fundo do fundo do poço.
Nunca o Brasil teve um governo tão ruim, tão desqualificado, tão incompetente quanto este.
Nunca o Brasil teve um governo tão prejudicial ao país.
O governo Bolsonaro transforma o Brasil em objeto de pilhéria internacional.
Afasta os investidores internacionais. Afasta os compradores dos produtos brasileiros.
O governo Bolsonaro é o pior inimigo da economia do Brasil – assim como do meio ambiente, da educação, da saúde, das liberdades.
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O trabalho de escavação rumo a um nadir ainda mais profundo teve uma notável aceleração nos dias que precederam o discurso do presidente brasileiro nas Nações Unidas.
Uma fantástica escalada rumo ao fundo do poço mais profundo – por mais estranha que pareça o uso, na mesma frase, das expressões escalada e fundo do poço.
Três generais exageram no ridículo em seus pronunciamentos.
Como se não bastasse um general, foram três.
O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, inventou que há um traidor, um antigovernista no Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que se encarrega de esconder os dados positivos e divulgar apenas os negativos.
“Eu recebo o relatório toda semana”, disse em entrevista o general Mourão na terça-feira da semana passada, dia 15/9. “Até dia 31 de agosto, nós tínhamos 5 mil focos de calor a menos do que 31 de agosto do ano passado, entre janeiro a agosto. Agora, o Inpe não divulga isso. Por quê? (…) Não é o Inpe que está divulgando. É o doutor Darcton [Policarpo Damião] lá, que é o diretor do Inpe, que falou isso? Não. É alguém lá de dentro que faz oposição ao governo. Eu estou deixando muito claro isso aqui. Aí, quando o dado é negativo, o cara vai lá e divulga. Quando é positivo, não divulga”.
Questionado sobre quem seria o responsável por divulgar os dados negativos, Mourão disse não saber: “Eu não sou o diretor do Inpe. Então, eu não sei.”
Como todos os interessados no assunto sabem, os dados do Inpe sobre queimadas na Amazônia são públicos. Todos eles. Estão na internet. Qualquer um pode ver. Não existe isso de alguns dados serem divulgados, outros não.
O general Mourão falou besteira, estupidez, coisa sem sentido.
Nadir.
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Mas não tem jeito: o governo Bolsonaro nunca está contente com o fundo do poço a que chegou. Ele sempre dá um jeito de escavar mais fundo, e então, no domingo, 20/9, o general Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da secretaria-geral de governo, foi ao Twitter para dizer que, como Deus ama Jair Bolsonaro, fez chover no Pantanal!
Eis o que disse no Twitter, literalmente, o general Ramos:
“Após a visita do nosso Pres Bolsonaro ao Mato Grosso no dia 18 Set, no dia seguinte começa chover !! Deus está com nosso Pres e continuará a abençoar o Brasil, em que pese todas as campanhas contra esse governo! Vamos em frente vencendo os desafios e transformando o Brasil.”
Nossa Mãe do Céu!
Meu Deus do Céu e também da Terra!
O governo Bolsonaro não apenas ignora o que dizem os médicos, os especialistas, os cientistas, a Organização Mundial de Saúde, e defende tudo o que a Ciência condena.
Não. Isso aí é pouco.
Agora o governo Bolsonaro diz que Deus fez chover no Pantanal porque ama Bolsonaro!
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Já o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, fez um ataque duplo à inteligência e aos fatos. Nesta segunda-feira, dia 21, em audiência pública no Supremo Tribunal Federal, afirmou que os números sobre as queimadas e o desmatamento na Amazônia são manipulados e fabricados para prejudicar o governo Bolsonaro e vender o país como “vilão do desmatamento”.
Saíram da boca do general Augusto Heleno as seguintes sandices:
“O que entristece aqueles que trabalham para solucionar os problemas é que brasileiros natos se aliaram a estrangeiros que jamais pisaram na Amazônia, às Ongs, que têm por trás potências estrangeiras, para nos apresentarem ao mundo como vilões do desmatamento e do aquecimento do planeta. Pior: usam argumentos falsos, números fabricados e manipulados e acusações infundadas para prejudicar o Brasil. É preciso deixar claro que a Amazônia brasileira nos pertence.”
Mas ele achou pouco, e então, na terça-feira, 22, atacou novamente.
Ameaçou com a possibilidade de o governo brasileiro retaliar com medidas econômicas os países que falam mal do governo Bolsonaro!
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, voltou a criticar a reação internacional aos dados relacionados ao meio ambiente. Questionado se o governo considerava a possibilidade de retaliar países em que houver boicote a produtos brasileiros por causa da questão ambiental, o ministro disse: “É uma medida que obviamente pode estar na mira do governo brasileiro”.
O Brasil de Bolsonaro poderá retaliar a Alemanha, a França, a Suécia, a Finlândia!
Angela Merkel, Emmanuel Macron, os primeiros-ministros europeus todos não têm dormido desde então, preocupadíssimos com o profundo estrago que haverá em suas economias com a retaliação do governo Bolsonaro aos produtos deles!
Nadir. O nadir.
“Nadir. S. m. O ponto mais baixo, o tempo ou lugar onde ocorre a maior depressão”, segundo o Aurélio.
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“Jair Bolsonaro abriu os debates da Assembléia Geral da ONU com um discurso de vereador em caçamba de caminhão”, escreveu Elio Gaspari em O Globo desta quarta-feira, 23/9. “Defensivo, com momentos de delírio, viu-se ‘vítima de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal’. (…) As imagens de satélites e as fotografias da floresta mostram que não se está cuidando direito da Amazônia. Bolsonaro, contudo, estava na sua realidade paralela. Falou mal dos outros, bem de si, de seu governo e reclamou do preço da cloroquina. (…) Pela primeira vez, desde a chegada das caravelas portuguesas, o governo brasileiro está orgulhosamente apenso à agenda do atraso.”
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O Estado de S. Paulo escancarou já no título de seu belo editorial a principal característica do discurso de Jair Bolsonaro na ONU – a mentira. Eis alguns trechos do editorial “Mendacidade na ONU”:
“Como se estivesse em uma de suas corriqueiras ‘lives’ nas redes sociais, nas quais fala o que lhe dá na telha e dá livre curso às mais delirantes teorias conspirativas, o presidente Jair Bolsonaro usou os holofotes da abertura da Assembléia-Geral da ONU para reiterar suas irresponsáveis imposturas acerca de graves temas.
“A vergonha só não foi maior porque depois de Bolsonaro quem discursou foi seu guia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estava mais afiado do que nunca – entre outras barbaridades, ele defendeu que a ONU responsabilize a China pela pandemia.
“Como sempre colocando seus estreitos objetivos eleitoreiros acima dos interesses do País, Bolsonaro começou seu discurso reiterando pela enésima vez a farsa segundo a qual, ‘por decisão judicial’, todas as medidas de isolamento para combater a pandemia de covid-19 ‘foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da Federação’. Todos sabem, contudo, que não houve nenhuma decisão judicial com esse teor. (…)
“’Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal’, disse Bolsonaro, negando o que todos são capazes de ver, isto é, o aumento substancial da destruição daqueles biomas sob seu governo – que sustenta um discurso irresponsável de desenvolvimento baseado no relaxamento da legislação ambiental. (…)
“Assim, os próceres do governo Bolsonaro não se envergonham de levar às mais altas tribunas as teses mais doidivanas acerca de temas de enorme relevância para o Brasil e o mundo, apostando na confusão. Debalde: como mostra a crescente fuga de investidores estrangeiros, cada vez menos gente cai nessa conversa, que só prejudica a nação brasileira.”
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“Bolsonaro não ajuda o Brasil na ONU” foi o título do editorial de O Globo. Aqui vão trechos:
“No segundo discurso que fez na abertura de uma Assembleia Geral das Nações Unidas, a 75ª, o presidente Jair Bolsonaro perdeu a chance de amenizar o mau humor mundial com o Brasil. No ano passado, distribuiu um cartão de visitas de agressividade ao defender a soberania na Amazônia — obsessão de militares —, atacar o socialismo, Venezuela, Cuba e a imprensa. Desta vez, em vídeo, até mudou de tom para apaziguar os ânimos. Mas foi na essência o mesmo Bolsonaro de sempre. Pôs a culpa dos incêndios em índios e caboclos, citou uma mirabolante “campanha de desinformação” sobre as queimadas e soltou os assovios de praxe a seus acólitos (‘cloroquina’, ‘cristofobia’ etc.).”
“Queira-se ou não, os europeus, diante das motosserras e das chamas, encontraram o pretexto ideal para deixar de homologar o acordo comercial com o Mercosul. Dizem que não querem contribuir para mais devastação ao comprar carnes e grãos do bloco. Temem mesmo é competir com Brasil e Argentina. Ao compactuar com a destruição da floresta, Bolsonaro continuará a fazer a alegria dos protecionistas.”
Também no Globo, Merval Pereira conclui seu artigo – intitulado “Falácias nas Nações Unidas” – assim:
“No discurso de abertura da Assembléia da ONU, o presidente Bolsonaro não falou nada que pudesse aumentar o atrito com a Europa, mas repetiu todas as falácias que já são sua marca internacional.”
Eu diria que Bolsonaro não precisava falar nada que pudesse aumentar o atrito com a Europa: seu ministro Augusto Heleno, aquele gênio da raça, já havia dito tudo – e algo mais.
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No seu artigo no Estado, Vera Magalhães mostra que “o Brasil se destaca na ONU pela caricatura, e não pela diplomacia”. Ela enumera vexames dados por presidentes da pós-ditadura – Sarney, Dilma –, para mostrar que “com Bolsonaro não paralelo possível”.
“Quando se pensava que nada poderia superar a fala do ano passado, na deste ano o presidente brasileiro disse cinicamente que o Brasil tem um dos melhores resultados no enfrentamento da covid-19, isso com mais de 137 mil mortos nas costas, enalteceu nossa política ambiental mesmo com a Amazônia e o Pantanal queimando aos olhos do mundo, converteu o auxílio emergencial em dólar e somou todas as parcelas para vender uma bonança dos mais pobres que é falsa e ainda inventou um conceito, a ‘cristofobia’, que, se bem explorado pelos seus ideólogos reacionários, pode fornecer mais empulhação para as eleições de 2022.
“Diante de tal acervo de sandices, os paralelos possíveis com Bolsonaro na ONU se situam na ficção e no baixo clero, de onde o nosso presidente veio e de onde nunca teria saído em condições políticas normais.”
E então a jornalista lembra histórias de Odorico Paraguaçu e Severino Cavalcanti, para concluir:
“Bolsonaro, com suas mentiras cínicas e deliberadas no momento mais grave da vida nacional neste século, rebaixa a Presidência a uma versão digital da Sucupira de Odorico.
“As agências de checagem já trataram de desmontar o discurso fake que ele fez. A mim restaram essas reminiscências envergonhadas. Levaremos anos para suplantar esse momento de rebaixamento do Brasil.”
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Um discurso que parece de vereador em caçamba de caminhão, definiu Elio Gaspari.
Guilherme Casarões, professor da FGV-EASP, em artigo para o Estadão, fez uma imagem semelhante: “Poderia ser somente um dia qualquer no cercadinho do Alvorada, mas foi a mensagem do Brasil às Nações Unidas”.
Eis o texto do professor:
“Em discurso reativo e agressivo, Jair Bolsonaro responsabilizou governadores pela má condução da pandemia e atacou a imprensa por incitar o pânico ao pedir às pessoas que ficassem em casa. Ao mesmo tempo, elogiou ruralistas por respeitarem ’a melhor legislação ambiental do planeta’, militares por sua participação em operações de paz, além dos liberais, responsáveis pela ’comprovada confiança’ do mundo no governo. Aproveitou para denunciar as inúmeras perseguições por ele sofridas, fruto de uma maligna aliança de conspiradores internacionais e brasileiros ‘impatrióticos’.
“Poderia ser somente um dia qualquer no cercadinho do Alvorada, mas foi a mensagem do Brasil às Nações Unidas. Não bastasse seu tom paroquial e conspiratório, a fala foi repleta de inconsistências: dados equivocados sobre comércio e investimentos, informações controversas sobre as queimadas no Pantanal e na Amazônia (que descobrimos ser culpa de ‘índios e caboclos’), promessas vazias sobre o compromisso brasileiro com as boas práticas internacionais.
“A cereja do bolo foi um chamado global para combater a ‘cristofobia’. É inegável que a perseguição a cristãos seja um problema em várias partes do mundo – como na Índia ou na Arábia Saudita, aliados de primeira hora da diplomacia bolsonarista. Mas aqui o problema é outro: enquanto católicos e evangélicos exercem livremente sua religião, minorias religiosas de matriz afro-brasileira são perseguidas pelos mesmos cristãos que reivindicam sua liberdade em nível global.
“Curioso e sintomático Bolsonaro ter começado seu discurso falando sobre a importância da verdade. Uma pena que, no Brasil fantasioso narrado no palco mundial, onde pobres ganharam mil dólares de auxílio emergencial e a cloroquina curou a covid-19, a verdade seja produto em falta.”
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O cara fez um discurso como se estivesse no cercadinho diante do Alvorada, falando para a sua claque de descerebrados que o saúdam com gritos de “mito”.
Bernardo Mello Franco deu ao texto da sua coluna no Globo desta quarta-feira o apropriadíssimo título “Na ONU, para o curralzinho”. Eis o texto:
”A pandemia esvaziou o plenário da ONU e obrigou Jair Bolsonaro a mandar seu discurso por vídeo. Para o Brasil, foi um bom negócio. O capitão se dirigiu ao mundo como se estivesse no curralzinho do Alvorada. O país voltou a passar vergonha, mas deixou de gastar com diárias de hotel em Nova York.
“Bolsonaro ignorou a comunidade internacional. Falou para seus seguidores fiéis, sem se preocupar com checagens ou desmentidos. Seu discurso empilhou mentiras, distorções e teorias conspiratórias. Tudo o que já estamos acostumados a ouvir por aqui.
“O presidente se disse vítima de ‘uma das mais brutais campanhas de desinformação’ sobre a Amazônia e o Pantanal. Em vez de explicar as queimadas, ele atacou quem se preocupa com o fogo. Vociferou sobre ‘interesses escusos’ e brasileiros ‘impatrióticos’.
“Desta vez, ele não tentou culpar o ator Leonardo DiCaprio. Atribuiu os incêndios a caboclos e índios que ‘queimam seus roçados’. O capitão mirou nos pequenos para proteger os grandes. Deixou de mencionar grileiros e latifundiários que devastam a floresta com a cumplicidade do governo.
“Bolsonaro disse ter ‘tolerância zero com o crime ambiental’. A frase não combina com os fatos. Sua gestão desmontou órgãos de fiscalização, reduziu a aplicação de multas, deu carona a garimpeiros em avião da FAB.
“Ao falar da pandemia, o presidente se esquivou da responsabilidade pelas quase 140 mil mortes. Preferiu atacar a imprensa, que teria ‘disseminado pânico’. Ele ainda fez a tradicional propaganda da cloroquina. Só faltou exibir, mais uma vez, a caixinha do remédio.
“De olho no eleitorado evangélico, Bolsonaro disse que o Brasil é um ‘país cristão’ e protestou contra a ‘cristofobia’. Duas impropriedades. A Constituição afirma que o Estado é laico, e a intolerância só tem sido uma ameaça aos cultos de matriz africana.
“O capitão ainda encontrou espaço para elogiar Donald Trump, que o ignorou no discurso seguinte. Não foi só ele. A imprensa internacional mal tomou conhecimento da performance de Bolsonaro. Sinal de que seus delírios não impressionam mais ninguém.”
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E, at last, but not at least, o texto de Eliane Cantanhêde.
Em seu artigo no Estado, ela enumera, didaticamente, 12 meias-verdades ou mentiras inteiras que Jair Bolsonaro contou aos representantes de 192 outros países.
E contou com uma cara de pau de fazer inveja a Paulo Maluf e Luiz Inácio Lula da Silva, dois dos maiores caras de pau que este país já teve, desde que Cabral – não o Sérgio Cabral Filho, o ladrão, mas o outro, o Pedro Álvares – desembarcou por aqui há 520 anos.
Eis o artigo:
O presidente Jair Bolsonaro usou a ONU para divulgar a sua realidade paralela, num discurso com pelo menos uma dúzia de armações controversas, meias-verdades e mentiras. Ei-las:
1) ‘Desde o início, alertei que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente’.
Não é verdade. Desde o início, o presidente não tratou a pandemia como um problema gravíssimo, que mata milhares. Negou o vírus, combateu o isolamento social, confrontou orientações médicas e científicas.
2) ‘Parcela da imprensa brasileira politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema ‘que em casa’ e ‘a economia a gente vê depois’ , quase trouxeram o caos social ao País’.
Nada mais falso. Graças à mídia, a população teve informações fundamentais sobre o vírus e como se prevenir. Informações que o governo se recusou deliberadamente a dar.
3) ‘Nosso governo (…) estimulou, ouvindo profissionais de saúde, o tratamento precoce da doença’.
Em vez de OMS, Ministério da Saúde e epidemiologistas, o presidente ouviu amigos, aliados e interesseiros para propagandear a cloroquina – que não tem comprovação científica em nenhum lugar do mundo.
4) ‘Temos a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo’,
‘preservamos 66% de nossa vegetação nativa’, ‘(temos) a melhor legislação ambiental do planeta’.
Graças ao quê? Aos governos anteriores, à evolução do setor agropecuário e ao Congresso, que acusam o governo justamente de ameaçar essas conquistas.
5) ‘Os incêndios acontecem (…) onde o caboclo e o índio queimam seu roçado’.
Ninguém protege melhor o ambiente do que o caboclo e o índio, enquanto a PF investiga em direção oposta: fazendeiros inescrupulosos.
6) ‘Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação’.
Será?
7) ‘No campo humanitário e dos direitos humanos, o Brasil vem sendo referência internacional’.
Não é o que as estatísticas dizem…
8) Houve ‘um aumento do ingresso de investimentos
(em 2020). Isso comprova a confiança do mundo no nosso governo’. Há controvérsias…
9) ‘Apresentamos ao Congresso duas novas reformas: a do sistema tributário e a administrativa’.
Não tem reforma tributária, só uma proposta pontual, e a administrativa só saiu sob pressão, um ano e meio depois.
10) ‘Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre Amazônia e Pantanal (…), com apoio de instituições internacionais a que se unem a associações brasileiras impatrióticas para prejudicar o governo e o Brasil’.
Se tantos e tão diversificados querem prejudicar Bolsonaro, como ele se sustenta no poder?
23/9/2020
Este post pertence à série de textos e compilações “Fora, Bolsonaro”.
A série não tem periodicidade fixa.
Ao acenar para caminhoneiros por 70 minutos, Bolsonaro demonstra à exaustão como é incapaz. (25)
olá,
Li e gostei muito do artigo, lúcido e certeiro em suas críticas.
Estamos indo de mal a pior!
Apenas uma observação, no texto há um erro de digitação (ortografia)..
No parágrafo 19, precisa arrumar a frase:
“Como todos os interessados o assunto sabe, os dados do Inpe sobre queimadas na Amazônia são públicos. Todos eles. Estão na internet. Qualquer um pode ver. Não existe isso de alguns dados serem divulgados, outros não.”
falta um N em “no” e um M em “sabe” – plural.
abraços Sérgio,
Bruno
Opa!
Obrigado, Bruno!
Vou lá corrigir o erro.
Um abraço.
Sérgio