Antes que eu comece a falar do Romeu Zema, que fique bem claro que amo os mineiros, que amo o Estado de Minas Gerais e que amo de paixão os vários amigos mineiros que tenho.
Gosto da simplicidade e do jeito “carmo” deles.
Gosto das comidas deles: do pão di quejo e do pernil pururuca que minha amiga Berenice Guimarães – mineirinha lá das banda de Oliveira, terra também dos queridos Lima Mitre – tempera e costura com esmero antes de assar. Do torresmim que precede a iguaria acompanhado de uma belíssima Espírito de Minas, gentilmente cedida pelo filho ilustre de São João Del Rey Gilberto Mansur, nosso padrinho de casamento (bença, padinho).
Do dodeleite embrulhado na palha que meu querido e saudoso amigo Dimir Fernandes trazia de Beraba.
Do queijo meia cura da Serra da Canastra apresentado a nós pessoalmente pelo amigo Melchíades Cunha Júnior quando nos levou pra passear na acolhedora Araxá das águas termais.
Gosto também das goiabada cascão com muito queijo, depois café, cigarro e um beijo…epa! Tô misturando estação.
Vamo deixá o João Bosco pra lá e vortá pro Zema.
Vejo o governador de Minas como um homem comum, simples, com cara de quem se lava com água benta e depois passa colônia com extrato de alfazema. (Combina com ele e até com o nome dele).
Diria que é um moço de bons modos e até de boa índole. O fato de ele ter apoiado Jair Bolsonaro na última eleição deve fazer parte da sua ingenuidade em relação às mardades desse mundo véio sem portera.
Ou será que essa cara de moço bão é só um disfarce usado por um perigoso golpista que quer o fim das Instituições como querem os bandidos que não respeitam a Constituição? Não, não pode ser. Lombroso não se enganaria a tal ponto.
Parece ser mesmo só um bobão.
E isso ele mostrou que é na entrevista que concedeu à Rádio Minas de Divinópolis na última semana.
Perdeu a chance de parecer um intelectual, ou pelo menos, uma pessoa bem-informada, quando recebeu de presente um livro da poetisa, professora, filósofa, romancista e contista Adélia Prado e perguntou: “Ela trabalha aqui”?
Tóim! Ficou visível a vergonha alheia do apresentador que antes de entregar o livro tinha dito ao governador que estava dando esse presente porque sabia que ele lia muito.
Quequi é isso, seu Zema? Como havera de não conhecer essa ilustre senhora Divinopolense, hoje com 87 anos, que já levou o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária? Ela que escreveu seu primeiro livro aos 40 anos e que foi apadrinhada por outro mineirim famoso naturar de Itabira, conhecido como Carlos Drumond de Andrade? (Só para esclarecer, governador, que o Cacá Drumond também não trabalha na Rádio Minas nem nunca trabalhou. Ele é aquele senhor que fica sentado num banco na Avenida Atlântica, lá em Copacabana o tempo inteiro. Suponho que você já o tenha visto e, quem sabe, até batido um papo com ele quando foi conhecer o mar do Rio de Janeiro.
E possivelmente, perguntado: “Você vem sempre aqui?”
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 17/2/2023.
Maravilhoso texto da Vera Vaia.
Acredito que deve ter sido apenas um erro de digitação ou interferência indevida do corretor.
Porém,. A terra Natal de Carlos Drumond de Amdrade é Itabira.
Itapira.e uma cidade do estado de São Paulo
Boa, Marinho. Vamos corrigir isso já!
Muito obrigado.
Sérgio
Olha aí uma legítima Vera Vaia. Delicioso texto, morri de rir, ganhei o dia. Vou terminar um trabalhinho que estou fazendo e ler de novo.
Vera Vaia é sempre genial!
Amo seus textos!