A Fórum mentiu. Divulgou fake news

A revista eletrônica Fórum, que diz fazer “jornalismo independente e progressista”, chamou Augusto Nunes de “uma espécie de porta-voz da ditadura na mídia liberal”.

Augusto Nunes tem sido uma das vozes mais radicais na defesa de Jair Bolsonaro e do bolsonarismo. Por mais que isso seja motivo de imensa tristeza, desencanto, decepção para quem o conheceu, ser bolsonarista é um direito que ele tem. O direito de fazer opções – mesmo as que cada um de nós considera erradas, até mesmo demoníacas – é garantido pela lógica, pelo bom senso, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição da República Federativa do Brasil.

É um horror ver as posições que ele hoje defende. Agora, chamar Augusto Nunes de “uma espécie de porta-voz da ditadura na mídia liberal” é mentira porca, vagabunda, nojenta. Não é jornalismo independente e progressista – é mau jornalismo. É mal informar, é divulgar fake news.

Ele jamais foi qualquer coisa parecida com porta-voz da ditadura.

Quando conheci Augusto Nunes, em 1971, na ECA-USP, ele liderava uma chapa para o Diretório Acadêmico que estava à esquerda até mesmo daquela que tinha membros do Partidão. Dezenas de meus contemporâneos na época, muitos deles que viriam a ser dos melhores  jornalistas deste país, seguramente se lembram disso.

Estou falando de um grupo que incluía Adélia Borges, Cícero Bottino, Dilea Frate, Júlio Moreno, Lenita Outsuka, Lia Ribeiro Dias, Luiz Roberto Serrano, Marielza Augelli, Olga Vasone, Paulo Markun, Selma Santa Cruz, Sérgio Gomes, William Waack, Wilson Moherdaui, para dar apenas alguns nomes.

No início dos anos 70, Augusto Nunes trabalhou no Estadão – o jornal que combatia com firmeza a ditadura desde o AI-5, de 1968, e tinha censores dentro do prédio para decidir o que poderia ser publicado. O Estadão da época dos versos de Camões no lugar dos trechos censurados pela ditadura.

Em seguida fez uma bela carreira na Veja – a Veja de Mino Carta, Carmo Chagas, Ricardo Setti, Elio Gaspari, e de censores dentro do prédio. A Veja da época dos desenhos de diabinhos no lugar dos trechos censurados pela ditadura.

Como muito bem lembrou Marco Antônio de Rezende, que foi colega dele na revista, Augusto Nunes esteve na Veja na época em que ela passou de 100 mil para 1,1 millhão de exemplares de circulação paga, “na fase barra pesada do regime militar, quando era preciso driblar a cada edição a censura da ditadura”.

Quando, após o fim da ditadura, no final dos anos 80, deixou a direção da Veja para dirigir a redação do Estadão, levou para o jornal os talentos de Ricardo Setti, Carmo Chagas, Laurentino Gomes. Promoveu uma bela mexida no jornal, exatamente na mesma época em que Rodrigo Mesquita, com Sandro Vaia, Elói Gertel e uma equipe que me incluía, reinventavam a Agência Estado e promoviam um revolucionário aggiornamento da então gigantesca rede de sucursais e correspondentes. Depois haveria um período de guerra interna entre O Estado dirigido por ele e a Agência dirigida por Rodrigo, mas isso é outra história.

Agora, nos últimos anos, jogou seu brilhante passado na lata do lixo para apoiar o pior presidente que este país já teve, e por isso pode-se meter o pau no Augusto Nunes bolsonarista de todas as formas possíveis e imagináveis – mas mentir, não.

Ao divulgar a fake news de que Augusto Nunes foi “uma espécie de porta-voz da ditadura na mídia liberal”, a Fórum se iguala aos pasquins nojentos da direita raivosa, babante, furibunda.

Fica igualinha que nem o Allan Santos.

         15/9/2021

2 Comentários para “A Fórum mentiu. Divulgou fake news”

  1. Depois de velho, ele se transformou nesta pessoa que escolheu a versão errada. E o passado dele em Veja e no Estado não o exime dos pecados que vem cometendo. Apoiar o Bolso como ele faz não é simplesmente ter uma opinião politica diferente . É defender o que há de pior num ser humano. E prejudicar tudo pelo q nossa geração lutou, direitos trabalhistas e até a democracia.

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